O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Sr. Presidente, eu respeito a Presidência e esta Casa. Fui ao Aurélio para não dizer da tribuna impropérios. Se querem macular a Casa e a Casa não usa a sua Procuradoria para sua defesa, é um problema da Casa e da Mesa.

            A minha honra, não.

            Sr. Presidente, isso é um abutre, não é um jornalista. Entre os abutres, esse é um urubu. Isto não merece o respeito dos jornalistas brasileiros. Os senhores têm o direito, sim, de fazer a crítica ao Parlamento. Não contesto. Mas é preciso ter respeito, porque eu me respeito.

            Os nomes no meu gabinete, Senador Aloizio Mercadante, como no de V. Exª - aliás, no Portal da Transparência, a relação fica junto com a de V. Exª -, estão lá. Orgulho-me muito de todos que lá estão. Esses dois são irmãos - nenhuma relação comigo. Agora, como Senador, eu gostaria que os outros quatro Senadores citados pela matéria dessem explicações, porque, Sr. Presidente, não estou no Senado Federal para ser desmoralizado. Eu me respeito e exijo respeito. Eu exijo uma retratação do jornal e do jornalista. O comportamento é de abutre.

            Será que, diariamente, nobre Senador Eduardo Suplicy, não podem tirar o Senado das manchetes? O Senado praticando nepotismo? O que a imprensa brasileira vai dizer amanhã? Será espírito de corpo ou vai fazer o que os senhores exigem que nós, aqui no Parlamento, façamos também? Se não sair uma linha criticando esse comportamento, isso não é espírito de corpo. Isso é espírito de porco! Com todas as letras: espírito de porco e não espírito de corpo. E eu não admito isso.

            Já assumi posições nesta Casa e orgulho-me de todas elas. Minha vida foi vasculhada. Vejo com naturalidade. Tanto é, Sr. Presidente, para concluir, que nesta semana a revista Veja traz uma matéria - Até parece uma cadeira elétrica -, referindo-se à cadeira da Presidência do Senado. Na página seguinte diz: “Dá para alguém ser Presidente do PMDB?”

         E faz um relato acerca de cada um dos 19 Senadores do PMDB. A meu respeito, o primeiro pela ordem alfabética, diz: “Almeida Lima (Sergipe) desgastou-se com a maioria dos Senadores e com a opinião pública ao se credenciar como um dos mais ferrenhos defensores do ex-Presidente Renan Calheiros.”

            Agradeço à revista Veja, primeiramente, porque ela não conseguiu encontrar nada na minha vida que desabonasse minha conduta ético-moral.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha. Interrupção do som.)

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Vou concluir, Sr. Presidente.

            Apenas cometeu um equívoco quando disse que a maioria dos Senadores desgostou-se de mim, porque defendi o Senador Renan Calheiros. Não. Ao contrário. A maioria votou com meu parecer, que absolveu o Senador Renan Calheiros. E a minoria que votou contra é minha amiga ainda hoje. Relaciono-me muito bem com todos.

            Não é verdade o que estou a dizer, nobre Senador Arthur Virgílio? Não é verdade? Eu não me relaciono bem com V. Exª? Tenho certeza absoluta de que V. Exª não se desgostou de mim porque eu defendi o Senador Renan Calheiros. Em hipótese nenhuma. Tenho plena convicção disso.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - V. Exª me concede um aparte? 

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - Ah! Claro que sim.

            O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Eu prego a mais absoluta liberdade de expressão para todo mundo, até porque eu uso e abuso da minha própria liberdade de expressão. Então...

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha. Interrupção do som.)

            ...eu não misturo política com o pessoal, e seria um absurdo que eu, que uso e abuso do meu direito de dizer tudo o que eu quero sempre, sem nenhuma peia, censurasse quem quer que fosse. Eu não poderia jamais. Portanto, o apreço pessoal que tenho por V. Exª independe das posições que V. Exª adote aqui. E continue fazendo isso.

            O SR. ALMEIDA LIMA (PMDB - SE) - É claro. Mas eu agradeço o que a revista Veja diz a meu respeito, até porque, graças a Deus, ela não encontrou nenhum fato, salvo o de eu ter feito a defesa, que para mim me honra bastante, do nobre Senador Renan Calheiros. Nada além disso.

            Agora eu peço que esse jornalista, o Fábio, o que tem mestrado na Universidade em Londres, que não é nenhum bobo, o Zanini... Eu não vou aqui pedir para ele aprender, porque ele sabe que o nepotismo não se caracteriza sem a relação de parentesco. Eles não são meus parentes.

            Eu não estou proibido, nem legal, nem ética, nem moralmente, de chegar, digamos, o Senador Eduardo Suplicy, fosse um companheiro meu, defensor, nas minhas trincheiras políticas, lá em Aracaju, e eu nomeasse os dois filhos do meu amigo pessoal, companheiro de partido, Eduardo Suplicy, para a minha assessoria.

            Isso é um vexame que a imprensa faz, mas quer levar ao vexame o Senado Federal. Em cima do Senador Almeida Lima, não.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.