Discurso durante a 120ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comentário sobre resultado de pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o PNUD, que revela o desejo de mudança da sociedade brasileira, priorizando o restabelecimento de valores fundamentais.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. LEGISLATIVO.:
  • Comentário sobre resultado de pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o PNUD, que revela o desejo de mudança da sociedade brasileira, priorizando o restabelecimento de valores fundamentais.
Aparteantes
Alvaro Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 15/07/2009 - Página 32329
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. LEGISLATIVO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, DIVULGAÇÃO, RESULTADO, PESQUISA, PROGRAMA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), AVALIAÇÃO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MUNDO, DEMONSTRAÇÃO, INTERESSE, SOCIEDADE, BRASIL, AMPLIAÇÃO, RESPEITO, JUSTIÇA, PAZ, INTEGRIDADE, SOLIDARIEDADE, RESPONSABILIDADE, AUSENCIA, DISCRIMINAÇÃO, PRESERVAÇÃO, VALOR, MORAL, ETICA, TRANSFORMAÇÃO, PAIS.
  • DEFESA, EMPENHO, CONGRESSO NACIONAL, CORREÇÃO, ERRO, DESVIO, CONDUTA, RETORNO, CONFIANÇA, OPINIÃO PUBLICA, ATUAÇÃO, CONGRESSISTA, MELHORIA, TRANSFORMAÇÃO, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRA. MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente. É um prazer nós podermos falar novamente daquilo que interessa a nossa Casa e ao povo brasileiro.

            Mas eu quero dizer que estive, nesses últimos dias, visitando várias regiões do País, algumas aqui pelo Senado, como no período em que fomos ao Ceará, representando a Comissão de Águas e Meio Ambiente. Foi ótima a reunião em sua terra, em Fortaleza, na Assembléia Legislativa. Também fui, no final de semana, ao Acre, Rio Branco, já em uma missão partidária. 

         Aí, Sr. Presidente, eu pude constatar que a sociedade brasileira começa a se preocupar muitíssimo com as crises que estão acontecendo no País. É interessante notar que as pessoas estão se sentindo mais amarradas, acreditando menos no que as pessoas dizem, achando que o País não está no rumo certo.

            Hoje, há um artigo de Clóvis Rossi, na Folha de S.Paulo, que dá um pouco a justificativa do que está acontecendo no País. O Pnud, órgão das Nações Unidas, faz todos os anos uma avaliação da sociedade para estabelecer o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País. E sempre faz perguntas pontuais aos brasileiros. O que você acha disso? O que você acha daquilo? Pela primeira vez, o Pnud não fez nenhuma questão pontual. Deixou em branco, e fez uma pergunta aos brasileiros. O que deve mudar no Brasil para sua vida melhorar de verdade? Senadora Fátima Cleide, 500 mil brasileiros responderam, para surpresa do colunista Clóvis Rossi - como ele próprio está dizendo -, para surpresa dos técnicos do Pnud e para minha própria surpresa. Quinhentos mil brasileiros ouvidos, para o próximo levantamento do Pnud, deram as seguintes respostas majoritárias: respeito, justiça, paz, ausência de preconceito, humanidade, amor, honestidade, valor espiritual, responsabilidade e consciência. Tudo isso foi englobado no tema valores. Portanto, o Pnud, no ano que vem, vai fazer toda a sua pesquisa em cima dos valores.

            Eu quis colocar isso para dizer que, empiricamente, todos nós estamos realmente precisando de valores, de uma sociedade mais séria, de pessoas que deem o exemplo; que esta Casa dê o exemplo, que o Governo dê o exemplo, que os Governos deem o exemplo (não só o Governo Federal, mas também os Estaduais e os Municipais), que os organismos deem o exemplo, que as ONGs deem o exemplo. Quer dizer, é o conjunto da sociedade que precisa ser mais séria, que não compactue nunca com a imoralidade, com a indecência.

            O que a gente percebe na sociedade é que, realmente, as pessoas estão chegando num momento em que querem dar uma virada. E é um momento de crise, ninguém pode dizer que não seja um momento de crise; é sim. O Brasil não é um País isolado do mundo. Se o mundo está em crise, não tem como dizer que nós somos uma ilha da fantasia e aqui a crise passa ao largo. Nós estamos numa crise, numa crise econômica, mas estamos também numa crise moral. E aí eu falo desta Casa, que está passando também por uma crise moral. Eu falo dos problemas que o Governo Federal tem protagonizado nesses anos todos. Eu falo, sim, de uma CPI da Petrobras que precisa ser analisada e que a sociedade tem o direito de saber o que está se passando.

            Nós aqui nesta Casa, Senador João Durval, temos o direito de garantir a permanência da Petrobras como sendo a maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo. Se queremos que a Petrobras seja uma empresa grande e que nos orgulhe sempre, não podemos deixar, em nenhum momento, que ela sofra um ataque tão grande de forças políticas externas ou de pessoas cujos interesses pessoais talvez estejam acima dos interesses da sociedade brasileira; que a Petrobras tenha qualquer tipo de má conduta, prejudicando o andar de uma empresa que sempre foi o orgulho brasileiro e que a gente quer que continue sendo. Portanto, se não houver nada contra a Petrobras, será ótimo. Mas, se houver algum desvio, está na hora de corrigirmos. Todos os presentes e partidos políticos daqui vão querer isso independentemente de quem esteja no Governo.

            Essas questões levam o brasileiro a pensar um pouco e a refletir. Por exemplo, no meu Estado, em vários Municípios, Presidente, está havendo um intenso debate sobre o toque de recolher para os menores de idade. Por que isso? Em dois Municípios o juiz já deu o toque de recolher: às nove horas da noite, nenhum jovem mais na rua. Quero saber, Senador João, se é isso que vai diminuir a criminalidade, cujo maior índice está entre os jovens de até 24 anos. Há um índice muito grande de jovens encarcerados que praticam homicídios e morrem. Então, fazer com que o horário seja...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARISA SERRANO (PMDB - MS) - ... e que os jovens não possam sair às ruas, Sr. Presidente, será que isso vai fazer com que se resuma o problema da violência no País? Isso vai acabar com o uso das drogas pelos jovens? Diminuir o horário deles na rua vai fazer que os jovens sejam mais tranquilos? Tenham mais noção de moral, de ética, de direitos? Eu acho que não vai ser só diminuindo a permanência dos jovens nas ruas que se vai resolver esses problemas.

         Mas também quero dizer que diante de todos esses problemas que estamos vendo, dessa insegurança que estamos vendo, eu acredito, Sr. Presidente, e esse é o fulcro do meu discurso, que a educação é fundamental. É a garantia que nós temos. É a garantia, porque é o mais importante processo que nós temos de transformação. Para transformar o nosso povo, não há outra linha que não seja apostar na educação e na cultura,...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARISA SERRANO (PMDB - MS) - ...porque, primeiro, a educação emancipa, a educação ilumina e a educação humaniza. E eu quero dizer que para superar as nossas grandes desigualdades e transformar a nossa realidade social a porta é a educação.

            Eu quero dizer que nós podemos enaltecer os valores da sociedade. Numa sociedade cada vez mais consumista, numa sociedade cada vez mais hedonista, numa sociedade do individualismo, temos que apostar na educação.é importante a educação, porque é importante também que reconheçam todos os valores: os valores da família, a importância da família na educação e na formação da sociedade; das instituições do Estado, garantir as instituições, e esta Casa tem que ser garantida, porque ela é fundamental para a manutenção das nossas instituições. 

            Não podemos, Sr. Presidente, aceitar, em nenhum momento, que ganhe espaço na nossa sociedade e em nosso País a cultura do “jeitinho”. Todo mundo diz: “Essa é a cultura do brasileiro; todo brasileiro dá um jeitinho”.

         Nós não podemos aceitar isso. A hora em que estivermos aceitando que todo mundo pode transgredir a lei, pode dar um jeitinho para passar por cima dos outros, pode puxar o tapete dos outros, que o brasileiro é um cara que faz qualquer coisa para conseguir se sair bem na vida, na hora em que acharmos que o brasileiro é isso, fechamos este País. Então, não podemos aceitar isso. Não podemos aceitar nem a história do “jeitinho”, nem a história do “eu não sabia”. “Ah, eu não sabia, por isso que faço errado”.

            Nem podemos aceitar as mentiras. É aquela história “de tanto você falar uma mentira ela se torna verdade”. Não podemos aceitar isso. Não podemos aceitar que ela se torne verdade principalmente porque o brasileiro acha que aqui é o País da impunidade. Se é o País da impunidade podemos tudo neste País.

            Nesse aspecto eu queria dizer, e quero deixar um exemplo para terminar a minha fala. É importante darmos destaque àquilo que vimos nas últimas duas semanas nos maiores jornais de circulação nacional: a divulgação pelo Portal do Governo - não foi outra entidade que divulgou não - do currículo da Ministra Dilma Rousseff.

            Eu acho que ela não tem a idéia de quanto isso é prejudicial para a juventude brasileira.

            Refiro-me à idéia de que podemos maquiar qualquer coisa em nossa vida para nos darmos bem, para mostrarmos uma verdade onde não existe verdade, que possamos aceitar isso. A partir do momento que um jovem...

(Interrupção do som.)

         A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Acredito que a hora em que o jovem acha que pode maquiar sua vida, seu currículo, a sua história... Isso é simbólico. Essas simbologias são importantes. Essa simbologia calca duro e profundamente a consciência da nossa juventude. É o exemplo que temos que dar. Se o exemplo vem de cima, de uma Ministra que quer ser Presidente do País, que maquia seu próprio currículo e coloca isso para todo mundo, mostrando uma coisa que ela não é, como se fosse verdadeira, isso significa compactuarmos com aquilo que não é verdade, com aquilo que é mentira.

         Senador Alvaro Dias.

         O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senadora Marisa Serrano, V. Exª, como sempre, com muita competência, serenidade e maturidade política, aborda questões fundamentais para o País. E a propósito...

(Interrupção do som.)

         O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Na verdade, estamos em sessão extraordinária, o tempo é de cindo minutos e não há aparte. É muita liberalidade da Mesa, mas o farei em função da nossa oradora e da responsabilidade imensa que tem o Senador Alvaro Dias. Sei que Exª fará isso de forma muito breve.

         A SR. MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Agradeço, Sr. Presidente.

         O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Pois não. Eu apenas queria dizer que essa história de apresentar diploma que não existe é falsidade ideológica. E dizer também que o Presidente Lula não pode afrontar a lei como vem afrontando.

         Ainda ontem, em Alagoas, usou dinheiro público - o aerolula tem a chancela dele, mas foi comprado com dinheiro público -, transformou o aerolula em um palanque voador. Em Alagoas, mais uma vez, além de fazer os elogios que fez, renegando o seu passado...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Alvaro Dias (PMDB - PA ) - O som está difícil.

            O Presidente Lula fez campanha eleitoral ontem, aberta, explícita. E não podemos, de forma alguma, ficar calados diante dessa afronta à legislação. É um desrespeito ao Tribunal Superior Eleitoral. O Presidente da República brinca com o Tribunal Superior Eleitoral, afrontando a legislação continuadamente, de forma repetitiva.

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Obrigada, Senador Alvaro.

            As suas palavras vêm confirmar aquilo que o País está precisando: de mais seriedade.

            Termino meu pronunciamento dizendo que não se pode jogar em cima das oposições, da luta política, problemas que são de ética, de moral e de consciência da sociedade brasileira.

            Quero terminar minha fala dizendo que acredito muito na educação. Acredito na educação como pilar da sociedade. Acredito...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - ... enormemente na vida da população.

            Digo a todo o povo brasileiro que me senti hoje realizada na hora em que li a coluna do Clóvis Rossi, na Folha de S.Paulo. Senti-me realizada. Senti que a sociedade brasileira não quer apenas maquiar os problemas. A sociedade brasileira, para resolver os problemas, quer seriedade, compromisso, paz, dignidade, e nós estamos aqui querendo dar a virada nesta Casa para mostrar à sociedade que pode contar com os 81 Senadores, que foram eleitos para cumprir aqui o desejo da sociedade brasileira.

            Obrigada, Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/07/2009 - Página 32329