Discurso durante a 124ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato de viagem feita por S.Exa. a diversos municípios de Mato Grosso.

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Relato de viagem feita por S.Exa. a diversos municípios de Mato Grosso.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 06/08/2009 - Página 34624
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • ANALISE, ETICA, AMBITO, POLITICA, APERFEIÇOAMENTO, PACTO, GOVERNO, COMUNIDADE, NORMAS, DEMOCRACIA, CONFIANÇA, LEGITIMIDADE, REGISTRO, VISITA, INTERIOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), SAUDAÇÃO, EXERCICIO, CIDADANIA, BUSCA, AMPLIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, GESTÃO, SETOR PUBLICO.
  • OPINIÃO, NECESSIDADE, REFORÇO, POLITICA PARTIDARIA, ENGAJAMENTO, CIDADANIA, BENEFICIO, FISCALIZAÇÃO, GOVERNO, GOVERNANTE, CONTROLE EXTERNO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, SAUDAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, DEMOCRATAS (DEM), INTERIOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), BUSCA, CONSTRUÇÃO, PAIS, ELOGIO, MOBILIZAÇÃO, COMICIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, DIVERGENCIA, ANALISE, PERDA, REPUTAÇÃO, CLASSE POLITICA, MOTIVO, RECEBIMENTO, RESPEITO, COMUNIDADE, OCORRENCIA, SUPERIORIDADE, FILIAÇÃO PARTIDARIA.
  • REGISTRO, VISITA, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), DEBATE, HIDROVIA, RIO TAPAJOS, IMPORTANCIA, ALTERNATIVA, LOGISTICA, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, DEFESA, INVESTIMENTO, SETOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Paulo Paim, demais Senadores, pretendo ser rápido nas minhas palavras.

            Apenas complementando as palavras do ilustre Senador Mão Santa, realmente as pessoas têm que se resignar diante de fatos que lamentavelmente acontecem no seio das famílias brasileiras. V. Exª relatou um fato aqui desse fax, deste e-mail que recebeu. E eu imagino o sofrimento dessa família, até porque, como o senhor bem disse, perder um filho, verdadeiramente, é perder um pedaço de si mesmo.

            Fiquei uns dias, naquela oportunidade, lá atrás, de ter em meus braços um filho meu, e nós temos que conviver com essa dor, suportar, mas superar realmente na crença, na esperança de que, certamente, está em bom lugar o meu querido e estimado filho Jayminho, moço, com 27 anos, que perdemos numa tragédia, num acidente automobilístico lá em Cuiabá. Mas não tenho dúvida alguma de que Deus está dando a ele um lugar reservado e nos confortando, sobretudo a mãe, que sofre muito até hoje - já faz cinco anos -, mas suporta essa dor, realmente resignada, fazendo com que seja superada e convivendo no seu cotidiano.

         Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao mesmo tempo em que exige o exercício persistente da tolerância, a democracia impõe regras sólidas para convivência entre contrários. Respeito e franqueza são apenas algumas delas. Amizade não significa cumplicidade, nem tampouco lealdade pode ser confundida com a subserviência. A confiança é o pilar mais forte da sustentação dos princípios da legitimidade popular e da coerência política, requer posições firmes na busca de relações maduras entre o Poder Público e a sociedade.

            Propõe um diálogo sóbrio e plural, em que o principal idioma é o compromisso moral em defesa dos direitos da Minoria. Por isso mesmo, a transparência deve representar a abertura de mecanismos mais efetivos de controle social sobre as várias esferas de Governo.

            Nos tempos atuais, a palavra “ética” não deve ser empregada como sinônimo de retaliação e punição de imperfeições administrativas ou de incorreções administrativas ou de incorreções burocráticas, mas sim como uma oportunidade de revisar métodos e de permitir um pacto duradouro entre núcleos de poder e a comunidade.

            Digo isto, caros Senadores, porque acabo de percorrer o interior do meu Estado, Mato Grosso, ouvindo o pequeno comerciante, o lavrador, o funcionário público e o cidadão comum. Regressei dessa jornada mais confiante e mais seguro de nosso papel como agentes das transformações políticas que os brasileiros tanto esperam, pois, ao contrário do que muitos fatalistas pregam, eles não adquiriram ojeriza à política. Em vez disso, eles querem revitalizar meios para influenciar a gestão pública. Eles anseiam por participar da formulação de estratégias governamentais. Eles desejam se engajar!

            Sr. Presidente, estou cada vez mais convencido de que a reinserção da sociedade nacional no debate político passa, necessariamente, pelo fortalecimento do instituto partidário. Não falo aqui da renovação dos privilégios das castas dirigentes; mas sim do soerguimento das bases políticas e do aprimoramento das legendas como fórum de discussão permanente dos temas nacionais.

            Dirijo-me aqui, da tribuna do Sendo Federal, aos militantes partidários. Ao homem do interior, que faz do seu partido uma profissão de fé nos destinos do País. Quero falar em especial aos meus companheiros democratas de Colíder, de Alto Garças, de Cáceres e de Barra do Garças, Municípios onde realizamos encontros regionais nos últimos dias.

            O partido não é uma flâmula pregada numa parede ou um estatuto depositado em uma gaveta qualquer; o partido é a reunião de corações e almas irmanadas no ideal e no amor ao Brasil.

            Somente o aperfeiçoamento da instituição partidária concorrerá para uma fiscalização mais eficaz de governos e governantes. As legendas são verdadeiros instrumentos de controle externo da gestão pública. Mas esta é tarefa da base que não se deixa seduzir pelo brilho do poder; lá no interior e nos bairros da periferia, a realidade é feita de lama e sofrimento. Lá, quem se filia a uma legenda é porque de fato comunga com os seus ideais.

            Pois o verdadeiro espírito partidário não toma assento nas poltronas das capitais; o verdadeiro espírito dos partidos se espalha pelos diretórios municipais, pelas Câmaras de vereadores e pelas ruas deste País. Lá estão os democratas que não precisam de broche para defender o seu estatuto; lá estão os peemedebistas, os tucanos, os petebistas, os petistas e demais militantes de outras siglas que trazem nas veias o sentimento de respeito e devoção às cores e à filosofia de suas agremiações.

            Agora mesmo, Senador Mão Santa, nas andanças que empreendemos pelo interior mato-grossense, vi no semblante dos meus companheiros democratas gente humilde, curtida pelo sol, a fé e a esperança em dias melhores. Eles acorreram ao nosso encontro acreditando que a participação faz a diferença, contando que os seus lideres partidários podem irrigar em seus corações a chama da confiança.

            Cada encontro partidário se torna um ato de fé, uma demonstração de credo no nosso País. Nossos militantes são pessoas simples, honestas e honradas; acreditam no Brasil e constroem a grandeza da Pátria com o suor do seu próprio rosto. São agentes anônimos que empunham bandeiras e carregam cartazes nas praças desta Nação afora. Eles são a estrutura humana que mantém de pé as instituições políticas nacionais.

            A militância partidária é o sangue que corre nas veias da democracia brasileira. Quero aqui, desta tribuna, render minhas homenagens aos militantes do Democratas de todo o País, em especial aos meus companheiros mato-grossenses, pois, sem a sua força, a sua crença inabalável, o Brasil já teria sucumbido à crise moral e às armadilhas do derrotismo.

            Militantes partidários, vocês são a força que sustenta a democracia do Brasil.

            Concluindo, Sr. Presidente, quero dizer que tive a primazia de percorrer várias cidades do interior do Mato Grosso, e o que me chamou muito a atenção foi que, em pleno sábado de manhã, no interior do Mato Grosso - imagino o Piauí e o próprio Rio Grande do Sul -, a pessoa trabalha ainda na roça, no seu comércio, enfim, na sua atividade comercial, empresarial ou privada. E vi, num pequeno encontro numa cidade do interior do Mato Grosso chamada Colíder, cidade próspera, desenvolvida, em pleno sábado de manhã, mais de mil pessoas nos aguardando no CTG daquela comunidade. E chamou-me muito a atenção o fato de que ainda tem esperança o nosso povo brasileiro na classe política, apesar de, lamentavelmente, vivermos nesta Casa uma crise, uma crise que confesso não saber as razões e os motivos. Dá a entender que nós próprios, Senadores, criamos esta crise, que, lamentavelmente, diante da opinião pública brasileira, pesa sobremaneira nos ombros de todos nós. Contudo, tenho percebido que a sociedade ainda espera de todos nós realmente aquilo que é a nossa obrigação: fazer um trabalho operoso, competente, ético e, acima de tudo, fazer aqui leis para que possa haver boas políticas públicas neste Brasil.

            Por isso, Senador Mão Santa, não é bem assim, como acham ou pensam algumas pessoas ou os próprios Senadores ou Deputados: que a sociedade não sabe avaliar a classe política. Sabe, sim, perfeitamente. Ninguém mistura realmente água com óleo. É muito bem separado. Os bons políticos têm realmente o respeito da sociedade. Lá em Mato Grosso, está claro e inequívoco isso. Em que pese a todas as dificuldades deste Congresso, aonde chega o Senador Jayme Campos, não existe uma comunidade em que não haja 100, 200, 300, 400, muitas vezes mil pessoas aguardando-o, naquela expectativa, naquela esperança de que possamos transmitir ali realmente uma mensagem de fé, na esperança de que possamos construir um Brasil melhor.

            Construir um Brasil com mais justiça social, um Brasil com mais emprego, um Brasil onde possamos ter mais saúde, mais segurança pública, mais habitação.

            Por isso, eu estou nesta tribuna para dizer que o meu partido, em Mato Grosso, o Democratas, é um partido que tem respeitabilidade e, acima de tudo, tem a confiança daquele povo. Tenho certeza de que nós - não tenho dúvida alguma, Senador Paulo Paim, Senador Mão Santa, -, em que pese às dificuldades por que a Casa passa, nós temos respeitabilidade, pela nossa trajetória, pela nossa maneira séria, responsável, de fazer política. Nós fazemos política...

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Senador Jayme Campos.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Pois não, Senador Mão Santa.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Eu quero dar um testemunho. Hoje mesmo eu peguei um livro escrito pelo jornalista político ímpar Sebastião Nery, que tem vários livros sobre folclore político. Eu acho que ninguém, vamos dizer, conhece as entranhas políticas do País. Ele foi político em Minas, na Bahia e no Rio de Janeiro. Teve mandato. E ele escreveu um livro muito bom, falando por que Collor ganhou a Presidência. E eu lendo, os líderes lá, quer dizer, há vinte anos atrás, V. Exª liderava lá o povo. Ele descreve a emoção do povo, as carreatas, os comícios, e V. Exª era Deputado. V. Exª era Deputado.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Prefeito.

            O Sr. Mão Santa (PMDB - PI) - Prefeito. Mas eu fui recentemente lá, convidado pelo Vereador Aluízio, da Associação de Vereadores, e vi o entusiasmo. E tinha Vereadores de todos os partidos, mas todos, não só do Democratas, mas tinham respeito e admiração por V. Exª. Isso é trabalho, isso é credibilidade e isso é o que enriquece a democracia.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Obrigado, Senador Mão Santa pelo seu aparte e, sobretudo, pelo seu testemunho. Isso é fruto certamente de um trabalho sério, honrado, respeitoso que sempre fizemos diante da sociedade mato-grossense.

            Por incrível que pareça, Senador Paulo Paim, nesses últimos dias, em que pese a essa crise, que para mim é uma crise que está superada, nós filiamos mais de cinco mil novos filiados. No Democratas de Mato Grosso, para que V. Exª tenha conhecimento, temos 62 mil filiados. Imagino que não seja igual ao PT do Rio Grande do Sul, mas é um número bastante substancial, tendo em vista que o nosso colégio eleitoral é bem menor que o do Rio Grande do Sul. Imagino que seja igual ao do Piauí. Temos dois milhões de eleitores.

            Fico tão contente, feliz, porque a sociedade ainda acredita na classe política. Eles sabem muito bem separar o joio do trigo. Isso nos dá a certeza de que vamos superar os momentos de crise, de dificuldade e fazer com que a classe política ainda pode ser respeitada diante da opinião pública.

            Não podemos, em hipótese alguma, abrir mão da procuração, que recebemos do povo. Confesso, de público, nesta oportunidade, que fico até me sentindo pequeno diante, muitas vezes, de questão tão pequena que esta Casa vem debater, vem discutir e que não tem nada a ver com o que realmente esta Casa se compromete a fazer em relação a políticas públicas, por meio das leis, por cuja feitura somos responsáveis.

            Entretanto, quero encerrar dizendo que, como Senador da República pelo meu Estado de Mato Grosso, tenho procurado fazer o melhor, haja vista que, no dia de hoje, estive no Ministério do Transporte debatendo uma hidrovia muito importante para Mato Grosso, que é a hidrovia Tapajós. Certamente, quando tivermos lá essa hidrovia, seremos um dos Estados muito bem contemplados com relação à logística, porque nos permitirá escoar nossa produção e sermos competitivos não somente no âmbito de mercado nacional, mas também na nossa comercialização com o mercado internacional.

            Mato Grosso tem um dos maiores potenciais hidráulicos do mundo, e podemos não só construir grandes usinas hidrelétricas, mas também permitir que esses rios sejam navegáveis. No dia em que o Brasil tiver, realmente, investimentos nesse setor, será outro país, um país que certamente poderá escoar sua produção, ser mais competitivo e, acima de tudo, um país sem poluição.

            Lamentavelmente, o Brasil hoje transporta 77% da sua produção em cima de pneus; apenas 8% a 10% são transportados por ferrovias, e coisa parecida por hidrovias.

            Encerro, agradecendo a oportunidade e dizendo do meu prazer, da minha alegria de falar pelo Democratas do Mato Grosso.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/08/2009 - Página 34624