Discurso durante a 126ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

O exemplo do Vice-Presidente da República, José Alencar.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA INTERNACIONAL.:
  • O exemplo do Vice-Presidente da República, José Alencar.
Aparteantes
Alvaro Dias, Cristovam Buarque, Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 08/08/2009 - Página 34920
Assunto
Outros > HOMENAGEM. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO. POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • GRAVIDADE, CRISE, POLITICA NACIONAL, DIVULGAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, DESEMPREGO, VIOLENCIA, EPIDEMIA, CORRUPÇÃO, DIFERENÇA, NOTICIARIO, SITUAÇÃO, CANCER, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEMONSTRAÇÃO, DIGNIDADE, LUTA, SAUDE, DETALHAMENTO, BIOGRAFIA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, APRESENTAÇÃO, VOTO, HOMENAGEM.
  • COMENTARIO, CRISE, SENADO, CRITICA, INTERFERENCIA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CONGRESSO NACIONAL, PREJUIZO, DEMOCRACIA.
  • COMENTARIO, ERRO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INSTALAÇÃO, BASE MILITAR, FORÇAS ESTRANGEIRAS, TERRITORIO, PAIS ESTRANGEIRO, COLOMBIA, CRITICA, INCENTIVO, CONFLITO, QUESTIONAMENTO, AUSENCIA, SOLICITAÇÃO, TROPA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), EXPECTATIVA, POSIÇÃO, PAZ, GOVERNO BRASILEIRO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON( PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a gentileza do Senador Mozarildo de fazer a permuta comigo.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nestes tempos de turbulência política, em que, tenho a mais absoluta convicção, nenhum de nós gostaria de navegar, sempre buscamos em outras marés algo que nos reconforte e que nos dê um norte. Pode ser, quem sabe, no aconchego da família. Pode ser, quem sabe, na palavra de conforto dos amigos. Pode ser, quem sabe, no recolhimento da fé.

            Ligamos a televisão e nos vemos, corpo e alma, como protagonistas do emaranhado das piores notícias que têm povoado a mídia nesse início de século e de milênio. Somos construtores diretos de uma história política que, tenho certeza, não servirá de boa referência para as gerações que virão.

            Mas, repito, Presidente Paim, buscamos também na mídia, com olhos de esperança, algo que esteja além das novas doenças e dos velhos hábitos. Esta semana, para mim, por exemplo, é um desses momentos de procura por bonança. Uma necessidade individual, no bojo de uma adversidade coletiva. Uma busca pessoal, a partir de uma evidente perda institucional. Haveria de ter algo que me devolvesse as boas energias e as canalizasse para as melhores causas.

            Confesso, Presidente, que tem sido difícil encontrar boas notícias nesses nossos tempos de perda de valores e de perda de referências. Desemprego, violência, não necessariamente como causa e conseqüência. A volta de moléstias que pareciam exterminadas. Novas epidemias. Velhos males que ainda parecem imunes ao programa da ciência.

            De repente, eu me deparo, na tela que traz o mundo para minha sala, com um único ser humano que traz no seu âmago, dentro de si, um muito de tudo o que vivo, ao mesmo tempo em que tudo do muito que eu busco. A turbulência e a bonança. A dor e a fé. A adversidade e a esperança. O cansaço e a perseverança. A ciência e a religião. A vida e os desígnios de Deus.

            José Alencar Gomes da Silva.

            Ao vê-lo, ao ouvi-lo, perdi ainda mais o direito de esmorecer, por um único dia que seja, na luta pela minha própria vida. E pela existência digna, sempre, de tantos outros josés, de tantos outros silvas, como ele.

            Velha doença. Turbulência. Frágil ciência.

            Esperança. Bonança. Fé que tudo alcança.

            O Zé Alencar é hoje uma das nossas melhores referências. Como ser político e como ser humano. Ser, enquanto substantivo, positivo. Mas que deveria ser também, enquanto verbo, normativo. O Zé Alencar é como deveria ser o político e o humano. Como deveríamos ser todos nós, seres políticos e seres humanos. A verdadeira encarnação da ética, do bom profissionalismo, do equilíbrio, da serenidade, da perseverança, da humildade, da modéstia, da esperança e da fé.

           Pela modéstia e pela humildade, nem parece que o Zé Alencar seja um dos empresários mais bem sucedidos da história deste País. Começando do nada, sem herança, dia a dia, com sua luta, com seu suor, com sua competência, começando com um armazenzinho, tornou-se um fantástico empresário.

           Pela esperança e pela fé, nem parece que o Zé Alencar tenha superado tantas intervenções cirúrgicas.

           “Eu não tenho medo da morte”, disse ele, depois da décima quinta cirurgia. Creio que também a morte tenha-lhe o maior respeito. Talvez, no máximo, ela se curve, respeitosamente, ante a sua vida. Até mesmo a morte deseja-lhe uma longa existência, porque sabe da importância da sua vida.

            José Alencar não se nega a falar da morte, mas faz uma opção clara e firme pela vida. Como no filme “O Sétimo Selo”, de Bergman, ele sabe que, como todos nós, a morte é a única certeza absoluta que nos habita. E que baterá à nossa própria porta um dia. Mas ele não deixa que ela assuma o controle daquilo que lhe é primordial: a vida. Uma vida que ele se dispõe a compartilhar na sua opção pela melhor política.

            José de Alencar não se contenta em viver sua própria história. Faz uma evidente opção por construí-la coletivamente. As múltiplas cirurgias e o tratamento experimental de José de Alencar não são, portanto, uma atitude meramente individual. Com fé, ele dedica sua própria existência à causa coletiva, como voluntário ao progresso da ciência.

            Quem vê e ouve o Zé Alencar de hoje tem a sensação de uma versão mais experiente do mesmo homem de décadas atrás. Nem o poder, nem o dinheiro, nem mesmo os seus múltiplos tumores abalaram sua maneira simples, digna, correta e serena de viver. Um homem que ama a vida e que fez dela a referência e o sustento de tantas outras vidas.

            Quem o conhece desde longo tempo diz não perceber diferença, na maneira de ser, entre o patrão da Coteminas, império têxtil de hoje, e o empregado de “A Sedutora”, pequena loja de tecidos da sua Muriaé. Alencar Gomes é o mesmo José da Silva.

            Eu havia pensado em me dirigir hoje, diretamente, ao meu irmão, ao meu querido amigo, ao homem por quem tenho a maior amizade, o maior respeito e a maior identificação ao longo da minha vida pública, Zé Alencar, para lhe dar forças nessa sua luta pela vida. Quem sou eu? Melhor seria que eu lhe pedisse força, eu pedir força a José Alencar. Quem dera se eu tivesse sua energia, sua perseverança, sua fé, sua coragem, sua bravura!

            Não é à toa, portanto, que, neste momento de busca pela bonança, em meio a tamanha turbulência, eu me espelho em José Alencar, neste momento mesmo em que ele luta com tamanha fé contra o mal que a ciência, apesar de tantos e tantos avanços nos mais diferentes campos, ainda não deu conta de debelar. Pode parecer contradição, mas é no calvário de José Alencar que devemos buscar força para ultrapassar a nossa turbulência.

            Digo que não é contradição, porque o ser mais importante da história também teve no calvário o mais sublime momento para mudar e salvar toda a humanidade. Para todo o sempre.

            Por isso, senhores, quero apenas dizer ao meu irmão, velho amigo e companheiro, José Alencar que, mesmo neste seu momento de dor, quem sabe o Deus-Pai tenha lhe conferido um papel dos mais importantes para transformar uma realidade de perda de valores. Para que, em vida, e que ela seja longa, você, irmão, possa continuar sendo uma das nossas melhores referências. Para que essa mesma vida exemplar possa tocar corações e mentes, a exemplo do que acontece comigo e com tantos milhões no Brasil, sempre que lhe vejo e ouço falar de vida na sua plenitude.

            Não quero dizer com isso que Deus escolhe os melhores corações para lhes confiar os fardos mais pesados. Aí, sim, seria uma contradição em escala divina.

            Eu apenas acho que este mesmo Deus, Todo-Poderoso e justo, deu-lhe uma missão das mais sublimes nesta nossa história contemporânea. Uma missão de fé e, quem sabe, queira este mesmo Deus, de ciência. Muitas vezes, a ciência renega a fé. No seu caso, a fé ilumina a ciência. Quem sabe Deus esteja lhe reservando também um momento sublime para mudar e para salvar muitos outros seres humanos. Igualmente para todo o sempre.

            Por isso, hoje, sinto que as forças e o exemplo que busco em você, companheiro e irmão, amigo, estou certo de que vêm de Deus, Zé Alencar.

            Então, é a esse mesmo Deus que eu me dirijo neste instante, que Ele lhe reserve ainda muito mais energia para enfrentar a sua turbulência pessoal, e que sua via-crúcis seja não em vão, para que tantos outros josés, e igualmente outros silvas, sejam abençoados pela sua fé, no sentido de que a ciência encontre, no menor prazo possível, a cura para esse mal que ainda teima em nos conduzir para o calvário.

            Eu ainda me lembro, com emoção, quando do nosso encontro, querido Zé, juntamente com os outros irmãos franciscanos da América Latina e Caribe, que participaram, em Brasília, da celebração dos 800 anos do Carisma Franciscano. Era parte do programa entregar, na Presidência da República, a Carta de Brasília dos irmãos franciscanos, com as principais conclusões e reivindicações do evento. Recordo-me da aparente decepção de um dos participantes menos avisados ao saber que não ia ser recebido pelo Presidente, representante das classes populares e menos favorecidas, e sim por alguém das fileiras da classe empresarial. Uma decepção que se dissipou e se transformou de pronto em encantamento, logo nas suas primeiras palavras de boas-vindas. Ali, naquele momento - com milhares de franciscanos da América inteira na frente do Palácio do Planalto, e V. Exª, em nome da Presidência da República -, estava provado que o verdadeiro franciscano não é necessariamente aquele que reparte o que tem, mas o que divide o que é. Todos os franciscanos sentiram-se em casa, embora em um ambiente típico de palácio.

            A política é também ciência. Mas, igualmente aí, ela não encontra o melhor destino sem fé. É preciso resgatar a fé na política, tão desacreditada nestes nossos tempos. E esse mesmo resgate também não se fará através de uma espécie de decreto, ou de medida provisória, que nos usurpe a capacidade exatamente de fazer política.

            É por isso que ainda precisamos de referências políticas como José Alencar. A sua crítica, a mais construtiva, como no caso dos juros escorchantes. O seu apoio mais que necessário, como nas votações mais importantes deste plenário, quando o objetivo era a melhor causa coletiva.

            Que Deus ilumine, cada vez mais, esse nosso irmão e companheiro, através da sua fé inabalável! Para que todos nós possamos continuar no aprendizado da sua lição de vida. Uma vida que, queira Deus, seja longa e bem vivida.

            Quanto à política, navegar é preciso, embora as turbulências. Velear sem veleidades. Espelhados no exemplo de José Alencar, haveremos de encontrar o melhor rumo. Impulsionados pelos ventos da ética. Sem os encalhes da vaidade. Nem a calmaria paralisante da omissão. Com fé, esperança e perseverança. O modo José Alencar de fazer política. O modo Zé Alencar de viver.

            Eu tinha de falar isso, Sr. Presidente. Era um pronunciamento que eu vinha levando tempo e deixando para o dia seguinte.

            Mas, agora, quando o Zé sofre duas cirurgias, uma mais dramática do que a outra. E, com galhardia, vai aos Estados Unidos para, como uma humilde cobaia, se submeter a um tratamento que é apenas uma esperança. E consegue, porque essa é uma das grandes qualidades nos Estados Unidos, as experiências, a luta que eles fazem para descobrir remédios contra os males. E, nesse tratamento, as cobaias têm de ir lá, porque eles exigem que seja feito no hospital, para que eles tenham a certeza absoluta de que as coisas estão conforme eles planejam.

            José Alencar conseguiu, pela primeira vez, que o medicamento lhe fosse entregue, e ele fará o tratamento aqui, no Sírio Libanês.

            Saiu de sua segunda longa cirurgia. Pegou o avião e foi aos Estados Unidos. Ficou lá algo em torno de 24 horas, um pouco mais. Pegou o medicamento e voltou para o Hospital Sírio Libanês, para fazer aqui, no Brasil, a experiência de lá, dos Estados Unidos.

            Que exemplo fantástico, Sr. Presidente! Que exemplo de grandeza!

            E quando lhe perguntam o que ele acha da operação, primeiro, ele agradece a Deus: “Eu agradeço a Deus. Eu estou numa luta. Eu estou num duelo, eu e o meu câncer. Ganho umas, perco outras. Mas eu estou aqui. Mas eu vou até o fim. Eu vou lutando”.

            E assume a Presidência da República nos afastamentos de Lula. É interessante isto: como Lula teve a felicidade de encontrar um Vice como José Alencar! Não só agora, mas desde o início, quando, inclusive, ele estava cheio de saúde, apesar das divergências que ele tinha - e ele é que estava certo com relação aos juros escorchantes e outras tantas coisas. Cada vez que ele assumia a Presidência, ele o fazia com dignidade, com seriedade, com austeridade.

            A gente tem de conhecer a vida de José Alencar, Sr. Presidente. Ele não é filho de milionário. Ele não herdou uma herança e a levou adiante. É filho de uma família muito simples, muito pobre e muito humilde.

            O pai lhe deu a maioridade, assinou, aos dezesseis anos. Ele foi para a capital ou para uma cidade vizinha, não me recordo, e ali se empregou como caixeiro de uma empresa. Ele tinha de viver. Onde é que ele ia morar? Chegou a uma pensão, e a dona da pensão olhou os quartos, e tudo que ele ia ganhar não dava para pagar o quarto e as refeições. Então, ele disse que não podia. E a dona da pensão perguntou: “Mas o que tu podes fazer?”. Ela ficou entusiasmada com aquele guri e com a disposição que ele tinha. E ele responde: “Não, eu tenho isso, mas, se eu pagar pelo quarto, não vou ter como comer”. E a dona da pensão ficou tão impressionada, que deu não um quarto, mas, no fundo do corredor, um canto onde ele pudesse dormir. Ele começou seu trabalho e foi adiante. E foi crescendo. Seu irmão lhe emprestou um dinheiro, e, com esse dinheiro, ele montou uma loja. E foi adiante e foi crescendo. Hoje, é uma empresa fantástica.

            O interessante é que ele é um desses nomes. Vejo nomes na política brasileira, na economia brasileira. Um homem pelo qual tenho um carinho... Estou entrando, Sr. Presidente, com um voto de pesar pela morte do filho do companheiro Antonio Ermírio de Moraes. Triste fiquei ao saber disso. Foi surpreendente. O Antonio Ermírio era uma dessas pessoas. Eu ficava impressionado. Fui falar com o Antonio Ermírio, fui procurá-lo, em nome do Itamar, para convidá-lo para ser Ministro das Minas e Energia. Estava lá ele com uma roupa de confecção, de confecção barata, conversando com a gente. Só fui encontrá-lo no Hospital da Beneficência, porque, na sexta-feira à tarde, no sábado e no domingo, ele passa o tempo todo lá.

            Num carrinho pequenino, ele, grandão, colava a cabeça no teto, guiando o carrinho dele. Não aceitou o Ministério. Lembro da emoção minha e da emoção do Itamar. Ele disse: “Não posso aceitar o Ministério das Minas e Energia, Presidente. A minha empresa é uma das empresas que mais funcionam em termos de minas e energia e não posso ser um bom presidente da minha empresa e um bom ministro. Eu, como bom presidente da minha empresa, tenho de conduzir os interesses da minha empresa, mas, como bom ministro, tenho de dirigir os interesses nacionais”. E não aceitou. Não houve jeito de ele aceitar. Não aceitou.

            É uma geração, e nós não temos muitos. José Alencar é desses homens. Você vê pela biografia dele que ele cresceu ponto por ponto, passo por passo, começando do zero. Você não vê nenhuma conta extra, nenhum deslize na cobrança do Imposto de Renda ou de qualquer outro tipo de imposto, nenhum dinheiro que veio de fora. Você não vê absolutamente uma vírgula que José de Alencar não tenha feito dentro da normalidade. E foi Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais. E foi Senador da República. Por oito anos, é Vice-Presidente e, por cinquenta vezes, ocupou a Presidência. É o Vice-Presidente que mais vezes ocupou a Presidência. Em mais de um ano dos oito anos de Lula, ele foi Presidente. E é o mesmo homem. Não há uma nota, um ato, uma ação em que se diga: “Não, ele cresceu, mas o Banco do Brasil lhe deu esse dinheiro; ele cresceu, mas ele ganhou aquela concessão; ele cresceu, mas ganhou aquela concorrência”. Não há uma vírgula nesse sentido. Nos oito anos em que ele está na Vice-Presidência e em um ano em que ele esteve na Presidência, não houve um ato, um gesto dele nesse sentido. Ele entregou a empresa para o filho. O filho que se vire! E, diga-se de passagem, está indo muito bem, obrigado. Esse é o José Alencar, esse é o José Alencar.

            Eu me lembro de quando fui a Minas Gerais, em uma homenagem prestada a ele, e me lembro da sua eleição. Lembro-me de um fato surpreendente: a genialidade do Lula quando o escolheu para Vice-Presidente. Talvez, ali, esse fato tenha sido um dos grandes fatores para a eleição do Lula, que perdeu três eleições: perdeu a primeira para o Collor, a segunda para o Fernando Henrique e a terceira para o Fernando Henrique. Numa das eleições, o Brizola era o Vice; noutra, o Vice era o Mercadante; e, na outra, sei lá eu quem era o Vice. Quando o colocou como Vice, ele deu força. Sua presença tinha uma personalidade, tinha uma autoridade, tinha uma credibilidade, e ele entrou. Entrou nas áreas empresariais de São Paulo, nas Minas Gerais, porque os empresários nele acreditaram e o respeitaram, bem como os trabalhadores. E é impressionante ver as várias manifestações, em todos os lugares, dos trabalhadores com relação a José Alencar, ao longo de seu trabalho e ao longo da administração na sua empresa.

            É importante salientar, é importante salientar: ah! Meu Deus, se os empresários brasileiros todos seguissem o estilo de José Alencar! Ah! Meu Deus, se todos os políticos brasileiros seguissem o paradigma José Alencar!

            Tenho dito e repetido muito desta tribuna: o Brasil hoje não tem referências, Sr. Presidente. Vim de épocas em que havia Juscelino - e Juscelino era uma bandeira nacional -, em que havia Getúlio Vargas. Agora, no nosso País, vejo referências ao fato de que José Sarney foi o homem da transição democrática. Com todo o respeito, os homens da transição democrática foram Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Teotônio Vilela, Mário Covas, Montoro e muitos outros. E, nessa transição democrática, chegamos aos dias de hoje sem ter uma referência.

            Outro dia, meu querido Cristovam - perdoe-me, V. Exª foi reitor -, recebi a informação - e isso me machuca - de que, conforme pesquisa feita na faculdade de Jornalismo da sua universidade, um percentual altíssimo não soube dizer quem foi Ulysses Guimarães. Na Capital do Brasil, em Brasília, numa universidade excepcionalmente importante, de conteúdo, a imensa maioria não sabia quem tinha sido Ulysses Guimarães. Triste País este que não tem memória. Triste País este que não tem história.

            De repente, estamos debatendo, e o ilustre Presidente Sarney vai àquela tribuna e diz: “Tenho minha biografia, tenho minha história”. Ele falou contra o AI-5, mas ele foi o líder que comandou a derrocada da Emenda das Diretas Já, como Presidente do Partido. Ele comandou a extinção do MDB e da Arena como dirigente do Partido. Não, ele não é referência. E reconheço que, na Presidência - em que ele não devia estar; quem devia estar lá era o Presidente da Câmara dos Deputados -, ele agiu com dignidade. Convocou a Constituinte, é verdade. Fui Ministro, indicado por Tancredo, e fiquei um ano com ele e não tenho uma vírgula a mostrar com relação à dignidade, à seriedade. Várias vezes, propus questões dramáticas com relação ao combate à corrupção. Ele topou todas.

           Sou obrigado a dar esse depoimento, dou esse depoimento, mas as referências que tenho são Teotônio, Tancredo, Dr. Ulysses - o primeiro deles -, Mário Covas. Mas e hoje, Sr. Presidente? E hoje? E hoje? Onde está um Dom Helder Câmara? Onde está um Dom Evaristo Arns? Onde está aquele bravo gaúcho, Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na hora mais dramática? Onde está a União Nacional dos Estudantes (UNE)? Onde está a Central Única dos Trabalhadores (CUT)? Meu Deus! Meu Deus!

           Digo: para mim, hoje, José Alencar é uma grande referência. Para mim, hoje, José Alencar é a grande referência da nossa geração, para termos fé no nosso futuro. Ah, meu Deus, se o Dr. Lula ouvisse mais o José Alencar! Ah, se os grandes amigos do Lula fossem o José Alencar, o Frei Betto, aqueles nomes do velho e querido PT, que lutaram para transformar o PT em uma organização de ideias e de princípios! Mas os homens do Lula, hoje, os heróis do Lula são o Dr. Sarney, o Dr. Renan, o Dr. Collor.

           Nesta hora, o Brasil chora e ora por José Alencar. Ó Deus, meu Deus, com todo carinho, entendo a Tua vontade, Tu sabes qual é o caminho, Tu sabes qual é o momento, Tu sabes quais são os desígnios de cada um de nós. Vou cometer um pecado, entre os muitos que tenho cometido, mas não tenho entendido nem compreendido. Deus tinha de permitir que José Alencar tivesse pelo menos a saúde necessária para chegar até o fim do mandato de Vice-Presidente.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte, Senador?

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Já lhe darei o aparte, com o maior prazer.

            Que ele pudesse ter o mínimo da saúde necessária para, do alto da sua dignidade, com sua história, com seu amor, ir até o Lula, exatamente nesta hora em que, ao contrário da humildade, da grandeza, da beleza de José Alencar, o Lula, por quem tenho muito respeito - acho que Lula, hoje, junto com Obama, é a grande liderança mundial, excepcionalmente positiva -, tem um problema muito sério: a vaidade. A vaidade se adornou em Lula. É tanto prestígio! Obama disse: “Esse é o homem”. O Presidente da França o chama para abraçá-lo. Ele é chamado para fazer o entendimento no Oriente Médio. O Presidente da Colômbia vem aqui para pedir orientação. Nesse contexto - que coisa engraçada! -, José Alencar, milionário, empresário vitorioso, está lá, conserva sua simplicidade. E Lula corre o perigo da vaidade, corre o perigo da vaidade. Ele deve estar feliz. Ele convidou Collor, Renan e Sarney, que foram ao Palácio. E fizeram não sei se foi festa, mas reunião de confraternização, de alegria, pela vitória que ele, Lula, teve aqui.

           Não vamos nos enganar. Não tenho mágoa alguma. Sarney fez o que achou que deveria fazer. Equivocou-se. Mas quem deu força para ele fazer isso foi o Presidente Lula. Tenho dito isso à imprensa. A vitória foi de Sarney? A vitória foi do Renan? A vitória foi dos combatentes? Não. A vitória foi de Lula. Foi o Presidente da República, de maneira grosseira, de forma que nenhum ditador ou general de plantão fez com o Congresso Nacional, foi ele que, humilhando seu próprio Partido, o Presidente, o Líder da sua Bancada, a sua Bancada, tomou uma posição acima do bem e do mal. É muito triste. Ele ganhou. Ele é o herói. Mas a imprensa está publicando a foto do Lula, do Renan, do Sarney e do Collor. Essa é a equipe forte do Governo.

            Cuidado com a sua eleição, Presidente! Sua eleição para o Senado é uma nomeação, mas, se V. Exª aparecer com esses quatro, desculpe-me, não sei o que poderá acontecer no Rio Grande do Sul, juro que não sei. O Rio Grande do Sul conhece V. Exª, mas não identifica V. Exª nem com o Sarney, nem com o Renan, nem com o Collor. Identifica-o com o Lula de ontem, mas não com esse Lula que está impondo essa questão.

            Por isso, meu Deus, tenha piedade, tenha piedade! É um ano. Redobre as forças de José Alencar, para que ele possa, com sua bondade e com sua grandeza, interferir nisso. Não vejo ninguém mais do que José Alencar que possa exercer uma influência positiva em tudo isso. Não vejo ninguém assim dos dois lados. Não estou dizendo do lado de cá ou do lado de lá, do lado do Sarney, do lado do Pedro Simon. Mas que ele possa interferir, para encontrarmos o entendimento.

            Na segunda-feira, desta tribuna, eu dizia: “Hoje, minha mensagem é uma luta de fé, de paz; hoje, é o último dia. Ou hoje fazemos o entendimento, ou não sei o que vai acontecer na quarta-feira”. Aconteceu o que era previsto. Aconteceu o que era previsto que iria acontecer.

            Não vejo ninguém com autoridade hoje, ninguém que pudesse vir aqui, sentar-se com a gente, ninguém que pudesse acalmar, tirar do Presidente Lula a paixão que ele tem pelo Sarney e pelo Renan, não vejo outra pessoa assim senão José Alencar.

            Meu Deus, tende piedade de nós! Meu Deus, o Senhor tudo pode, o Senhor tudo pode. Peço ao povo brasileiro que me está assistindo: vamos todos rezar, seja qual for a nossa religião, cristãos, judeus, muçulmanos, aqueles que acreditam que existe um ente superior, aqueles que acreditam na fé, no amor, no entendimento.

            Aliás, já está acontecendo isso. Vamos todos fazer um apelo dramático, uma oração profunda a Deus.

            Meu Deus, tenha piedade do Brasil. Meu Deus, seja qual for o desígnio que V. Exª reservou ao vosso servo José Alencar, dê-lhe condições, dê-lhe condições, para que, daqui a algum tempo, ele possa recobrar a saúde e entrar com uma grande paz, com amor e bondade no encaminhamento dessa sessão. Meu Deus, o Senhor tudo pode. Claro que os seus desígnios são outros. Olhe para nós; olhe para esta Casa, olhe para a mágoa, para o ressentimento, para a tristeza; olhe para os jornais, olhe para o que está acontecendo aqui. Tenha piedade de nós! Não que a gente mereça, mas o povo brasileiro merece. O Senhor sabe que o povo brasileiro é um povo bom; o Senhor sabe que o sentimento do povo brasileiro é um sentimento de grandeza. O povo brasileiro não tem as mágoas, os ressentimentos, os ódios, as malquerenças; o povo brasileiro é um povo simples, humilde, trabalhador. Tenha piedade de nós. E tu, meu irmão, faz tua oração ao teu Deus, à tua fé, a um ente superior, a quem tu achares, para que Ele dê chance ao José Alencar. Que José Alencar fique, em algum tempo, com condições de participar desse evento. Não há ninguém, não há ninguém, na soberba do Lula, que se considera... Meu Deus, não vejo ninguém que não seja José Alencar que ele possa receber e conversar. E, cá entre nós, aqui no Congresso, não vejo ninguém que venha aqui, que nos reúna e que tenha o respeito de todos, que não José Alencar.

            Se V. Exª me permite dar os apartes, Sr. Presidente, primeiro ao Cristovam, o primeiro que solicitou.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Pedro Simon, de fato, esse é um discurso que o Senado estava devendo há algum tempo; um discurso de referência a essa figura história ímpar que é o nosso Vice-Presidente José Alencar. E fico feliz que tenha sido o senhor que tenha tomado a iniciativa, não só por sua convivência com ele nesta Casa, pela paridade de idade que têm vocês, mas, sobretudo, porque o senhor é capaz de tratar da alma de uma pessoa, como fez agora com a sua prece, e, ao mesmo tempo, de tratar do papel histórico dessa pessoa no momento atual. Nossa primeira preocupação tem que ser em manifestar nossa solidariedade a essa grande figura humana; depois disso, nosso respeito pela luta que ele leva adiante de uma forma infatigável. Eu tenho a impressão de que qualquer um de nós aqui, a essas alturas, já se teria entregado: “Já cumpri meu papel.” Mas ele diz: “Não. Ainda tenho muito que fazer”. Em nome desse “muito que fazer”, luta. E a gente esquece o sofrimento que deve representar cada cirurgia, cada tratamento. Não é uma coisa simples submeter-se a tudo isso. E ele se submete pela sua força, pela sua coragem, pela sua persistência em estar aqui vivo, não apenas como um ser humano qualquer, mas como um ser histórico que é. O senhor trata também do papel que ele tem. De fato, talvez seja o único nome hoje, que a gente tem, capaz de ter uma ascendência sobre a República inteira. Este é um tempo em que o Brasil está órfão de líderes: não há os nomes que a gente teve no passado, chamados até de cardeais, que se reuniam e conseguiam pôr ordem no caos e definir um rumo. Hoje estamos órfãos. O Presidente Lula abandonou esse papel que teria. Ele poderia exercer esse papel se, além do carisma e do apoio popular que tivesse, fosse capaz de chamar cada um dos sublíderes como nós e dizer: “Gente, vamos pôr uma ordem nisso”. Ouvir, ouvir, ouvir e depois dar uma sugestão de caminho. Mas ele abandonou esse lado, porque, para fazer esse lado, tem-se de ter uma neutralidade em relação aos diversos lados, Senador Paim, que o País tem. Ele preferiu abandonar essa espécie de neutralidade, assumir um lado e, aí, em vez de reduzir, agrava o conflito. O único, talvez, que tenha ascendência hoje sobre ele é o Senador Vice-Presidente José Alencar. Por isso seu apelo a Deus por ele é tão importante como seu apelo a ele, na medida do possível de suas forças, pelo Brasil. Deus cuidando de José Alencar e José Alencar ajudando a cuidar do Brasil. Quem dera que, nos próximos dias, essa força possa surgir graças a esse novo tratamento, e ele ainda possa dar essa contribuição a todos nós! Eu tinha sentido e visto, mas não com a perspicácia que o senhor falou aqui, nesses últimos tempos, José Alencar como o Dr. Tancredo, doente. Ele doente, e a gente esperando dele a palavra que poderia surgir, para pôr uma ordem naquilo que era o pós-período militar. Não tivemos Tancredo, porque a sua doença foi praticamente fulminante, embora ele tivesse durado tantos dias ainda, mas sem condições físicas. Mas nós tivemos Ulysses Guimarães. Ulysses era o árbitro nas disputas. Era ele quem punha uma palavra final nos conflitos que aconteciam aqui na Constituinte, nos conflitos que aconteciam no Governo no momento de tomar decisões. Nós hoje estamos sem nenhum desses, salvo - e o senhor lembrou bem: ainda enfraquecido, mas lutando - o nosso Vice-Presidente. Que Deus o tenha vivo conosco e que o Brasil possa contar com ele nas próximas semanas! O senhor disse bem: se, nas próximas semanas, não conseguirmos resolver esse problema aqui no Senado, eu não sei o que vai acontecer com a estrutura atual da democracia brasileira. Então, eu lhe agradeço, como brasileiro, como ser humano, esse seu discurso, que foi capaz de tocar na alma de uma pessoa e na alma da Nação brasileira e de tentar casar as duas, como uma forma de encontrar um caminho para este momento de impasse que vivemos.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço muito o aparte de V. Exª. Tenho muita identidade com V. Exª. Tenho muito respeito por V. Exª, porque vejo que V. Exª, por onde passou, tem o espírito de buscar a verdade; o espírito da pureza, da dignidade, da seriedade.

            Essa caminhada de V. Exª pela educação parece até uma caminhada isolada, mostrando que não há desenvolvimento que se possa dizer que se some para a Nação enquanto não se coloque isso a serviço da educação - da educação de qualidade.

            Vejo, na palavra de V. Exª, uma palavra de quem quer ajudar; de quem quer entender. Não vejo nem paixão, nem radicalização. V. Exª tem feito todo o esforço necessário no sentido de buscar o entendimento, não abrindo mão das suas ideias e dos seus princípios.

            V. Exª assinou e eu assinei o requerimento que mostrava que a melhor solução era o Presidente Sarney pelo menos aceitar a sua licença, para que se pudesse conduzir o processo.

            Meus cumprimentos a V. Exª.

            Senador Alvaro Dias. Depois, V. Exª.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Pedro Simon, eu creio que bastaria dizer que subscrevo o discurso de V. Exª para economizar tempo. Mas quero também aduzir que considero José Alencar a valorização do ser humano, com o que há de mais belo nas virtudes humanas. Essa resistência, essa persistência, esse denodo com que enfrenta o mal da doença é uma lição que certamente deve ser aprendida por todos aqueles que vivem vicissitudes semelhantes no seu itinerário de vida. José Alencar, como homem público, é inatacável - e sou da oposição; posso, com tranquilidade e insuspeição, afirmá-lo. E o que destaco neste momento... Apesar de que decência, honestidade, honradez, dignidade são produtos em falta na prateleira da política nacional; são produtos escassos - eles existem, mas são escassos, na ótica da opinião pública, sobretudo. Então, José Alencar é também um exemplo em relação à atividade pública, mas estou me referindo, sobretudo, a esse exemplo que ele oferece como ser humano, no dia a dia do ser humano, na luta do ser humano comum, frente aos desígnios que se abatem muitas vezes de forma indecifrável sobre as pessoas. E ele vai, como um grande combatente, com bom humor, resistindo. O que impressiona realmente é a forma bem-humorada com que ele enfrenta as situações mais adversas que se pode enfrentar. E V. Exª., oportunamente, vem à tribuna para trazer esse exemplo. Esse exemplo tem que ser difundido; esse exemplo tem que ser divulgado. É claro que ele é um alento para as pessoas que sofrem também. Portanto, Senador Pedro Simon, os meus cumprimentos a V. Exª pelo oportuno discurso, pelo brilhantismo e, sobretudo, por ressaltar as virtudes de um ser humano que, circunstancialmente, é um homem público; é um político brasileiro.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Veja a beleza de quem é José Alencar. V. Exª talvez seja hoje o político que, lá no Palácio, tem mais mágoa. V. Exª comandou essa CPI da Petrobras, com muita galhardia, e eu assinei. Mas o Governo tem uma mágoa profunda de V. Exª.

            Eu sou um dos apaixonados pela Petrobras. V. Exª não tinha nascido; eu era um gurizinho e estava lá, nas praças de Porto Alegre, fazendo a torre da Petrobrás - “o petróleo é nosso”. A gente apanhava da Polícia, porque defendia isso.

            Lamentavelmente, as coisas mudaram. Eu sou fã da Ministra Dilma Rousseff, porque, como Ministra das Minas e Energia, lutou para conservar e preservar a Eletrobrás e a Petrobras, com técnicos, com pessoas responsáveis. Ela perdeu para o PT, para o PMDB, para o PC do B e para o Presidente Sarney, que queriam botar políticos. E os técnicos pelos quais a D. Dilma lutava caíram fora.

            Aí, no Banco do Brasil, na Petrobras, uma Diretoria para o PC do B, outra para o PMDB, outra para o PT, outra para não sei quem. E, aí, terminou nisso que V. Exª está pedindo, que é a CPI. Mas, mesmo assim, V. Exª, que está nessa posição, não digo radical, mas ultrapositiva - e veja como é importante -, na hora de lembrar José Alencar, curva-se e reconhece que ele é o homem do grande entendimento que pode fazer esse grande papel.

            Meus cumprimentos pelo aparte de V. Exª.

            Primeiro V. Exª, Senador Suplicy, depois meu irmão de partido.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Caro Senador Pedro Simon, ontem, em função de eu estar presente no Fórum Internacional sobre Políticas Sociais que o Ministério de Desenvolvimento Social está realizando e que se concluirá hoje à tarde, inclusive com a presença, outra vez, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva... Trata-se de um fórum conduzido pelo Ministro Patrus Ananias...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não entendi, V. Exª. vai se encontrar com o Presidente hoje?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Se eu estiver de tarde neste fórum social, outra vez, aí o encontrarei, porque ele anunciou que estará na conclusão da discussão dos programas sociais no Brasil, inclusive com a Ministra Dilma Rousseff. Mas, como dizia, e também por acompanhar V. Exª, os Senadores Eduardo Azeredo, Flexa Ribeiro - enfim, éramos cinco Senadores - junto ao Presidente Álvaro Uribe ali na Base Aérea... E depois V. Exª teve a gentileza de me deixar no aeroporto para seguir para São Paulo...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu só deixei V. Exª no aeroporto porque não sabia. Quando eu cheguei aqui... Se V. Exª soubesse, tinha vindo para cá comigo. O ambiente estava difícil aqui.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Justamente eu quero lhe dizer que, em função dos episódios ocorridos hoje, eu tive que estar em São Paulo na noite de ontem, mas avaliei que era importante estar aqui hoje para refletir, com V. Exª e todos os Senadores sobre...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª foi ontem, no final da noite, e voltou hoje para a reunião?

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim.

            O SR PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª é fantástico!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu achei que...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Meus cumprimentos!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - (...) hoje era um dia de eu estar aqui.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª é extraordinário!

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Inclusive liguei para V. Exª...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Voltou de São Paulo para Brasília, numa sexta-feira, para este ambiente que estamos aqui, que V. Exª soma e dignifica.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Hoje é um dia...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É importante salientar isso; é importante salientar isso.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu avaliei que precisava estar aqui.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Senador Suplicy, ontem, depois de nós termos uma conversa com o Presidente da República da Colômbia...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Certo.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - (...) onde a Comissão de Relações Exteriores fez sentir ao Presidente da República nossa preocupação com bases americanas na Colômbia...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Estavam também...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Nós demos a nossa solidariedade a ele na luta, mas que não fizesse bases americanas.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Certo.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª foi para o aeroporto, foi para São Paulo e, agora, às 9 horas, chega aqui para participar de uma reunião de sexta-feira, sem Ordem do Dia, sem nada.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas hoje é a reflexão...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª é uma pessoa fantástica, Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É muito importante...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pena que o Lula não entende isso.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Ele entenderá. V. Exª sabe que o Presidente Lula, com muita freqüência, liga a TV Senado, senão agora, de noite, para acompanhar o que nós falamos aqui.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ele liga, por exemplo... A informação que eu tive foi que, na primeira hora de anteontem, telefonou e manteve toda a estrutura dele ficar atenta para quando o Presidente Sarney fosse falar, porque ele queria ouvir o Presidente Sarney.

            E a informação que eu tenho é que, realmente, ele ficou atento ao debate entre nós, o Presidente Collor e o Presidente Renan. Ele ficou tão contente com o Presidente Renan e o Presidente Collor que os convidou ao Palácio e houve uma confraternização com relação ao desempenho, aqui, na segunda-feira.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu sou testemunha, Senador Pedro Simon, dos momentos em que vi o Presidente Lula, recentemente, às vezes, bravo, em desacordo com V. Exª, assim como também sou testemunha dos momentos em que eu percebi V. Exª agindo com muita amizade, de forma mais construtiva, com o Presidente Lula. E desde os primeiros momentos que eu cheguei aqui no Senado, inclusive quando V. Exª era líder do Presidente Itamar Franco... E, certo dia, nós dois fomos dialogar com o Presidente Lula. Aliás, no meu gabinete, V. Exª, eu e o Presidente Lula conversamos, preparando o diálogo que depois aconteceu, com respeito à campanha de Betinho e de Dom Mauro Morelli...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O Presidente Lula...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Certo.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - (...) queria - vamos ser sinceros - entregar um plano muito bom para o Ministro, não me lembro se era da Fazenda... Mas queria entregar o plano. Eu falei com o Itamar e disse: “Esse plano é importante demais”. E, para surpresa do Lula, o Itamar, ele e todo o grupo econômico e social do Ministério receberam o Lula e a proposta do Lula.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Sim, e V. Exª...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - E aceitou e lançou o plano da fome. Entregou para o Betinho e...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - E D. Mauro Morelli.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sim; Dom Mauro Morelli, que levou o negócio adiante. Ideia do Lula aceita pelo Itamar.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - E eu, portanto, sou testemunha de como houve momentos na história sua com o Presidente Lula de sinceridade, de amizade, em prol de objetivos muito relevantes para o nosso País. Eu, quando dialogo com o Presidente Lula a seu respeito, sempre tenho procurado dizer: “Olha, o Pedro Simon, quando faz críticas, ele as faz do ponto de vista de quem é um amigo, de quem o quer bem, de quem quer o melhor para o País”. Primeiro, quero registrar o meu cumprimento pela sua oração pelo restabelecimento completo do Vice-Presidente José Alencar. Eu mesmo tenho estado com ele; eu o visitei recentemente e, inclusive, fui testemunha, porque soube que o próprio Presidente José Sarney, quando a sua senhora, D. Marly, esteve hospitalizada no Sírio Libanês, de como ambos conversaram. E eu próprio, quando visitei o Vice-Presidente José Alencar, que foi nosso colega no Senado, muito interessado nas coisas e, portanto, na Casa a que ele pertenceu, aqui tendo tantos amigos, ele se interessou por saber das coisas que aqui estavam acontecendo. Ainda hoje de manhã, liguei para o Senador Cristovam Buarque que com V. Exª e outros Senadores, ontem, assinaram um manifesto sugerindo, da forma mais respeitosa e construtiva, ao Presidente José Sarney que se afaste da Presidência durante o período em que se está realizando a apuração dos fatos, agora oficialmente, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Eu, que já havia manifestado opinião nessa direção, quero aqui transmitir àqueles que leram e assinaram aquele documento - como eu não pude estar no momento em que foi assinado pelos Senadores e lido pelo Senador Cristovam Buarque, aqui registro - que estou de acordo com as palavras daquele documento encaminhado ao Presidente José Sarney. Aqui transmito também a minha recomendação, como a de V. Exª e dos outros que assinaram, de que o Presidente José Sarney possa se afastar da Presidência do Senado durante o período em que se está examinando a representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Eu acho importante que ele tenha iniciado a sua defesa, e o fez aqui perante nós, Senadores, o Plenário. Mas, conforme se pôde detectar essa semana, esse assunto vai demandar esclarecimentos, detalhamentos. Há polêmicas que surgiram, e eu avalio que, no Conselho de Ética, será próprio que o Senador José Sarney inclusive dialogue conosco sobre aquelas questões todas que foram objeto de seu pronunciamento. Eu acho, aqui quero dizer e vou ainda usar da tribuna, Senador Pedro Simon, para explicar um pouco do meu sentimento, inclusive diante de tudo aquilo que, por toda parte por onde ando, no Brasil, em São Paulo, mas em qualquer parte; daquilo que tenho escolhido e que as pessoas esperam de nós... Tanto na minha ida para São Paulo quanto na volta, agora, são os passageiros que nos dizem: “Senador, nós o elegemos”. De cada dois votos em São Paulo, uma pessoa votou em mim. Então, não é à toa... Agora, ao sair do avião, uma senhora me disse: “Senador, você tem que falar. Nós votamos em você, confiamos em você, e você tem que falar o seu sentimento”. E eu quero aqui dizer, portanto, da minha recomendação, que é a recomendação de milhões de brasileiros que estão dizendo ao Presidente José Sarney que, para o seu bem, para o bem do Senado Federal, será próprio ele demonstrar grandeza e isenção e se afastar durante esse período do cargo da Presidência, que lhe confere poderes maiores que o de todos nós, Senadores. Então, é algo consistente com aquele que quer realizar uma defesa e garantir isenção para aquilo que acontece. Eu falarei mais sobre esse tema quando usar da tribuna, porque já me inscrevi. Mas gostaria, também, de dizer uma coisa sobre o nosso diálogo ontem com o Presidente Álvaro Uribe. V. Exª, inclusive na Comissão de Relações V, ressaltou que tem uma preocupação que, com essas bases,... O Presidente Alvaro Uribe nos esclareceu não será uma base norte-americana; é uma base colombiana onde haverá a colaboração da inteligência dos Estados Unidos. Mas aqui quero até ressaltar um ponto de afinidade que houve entre V. Exª e o Senador Fernando Collor, que ontem fez um pronunciamento alertando que a base ali colombiana norte-americana poderá gerar como um fenômeno de corrida armamentista; que isso irá causar males ao propósito de termos na América do Sul, na América Latina, uma área onde a guerra esteja muito longe de propósitos de quaisquer povos e governantes. Portanto, essa preocupação une inclusive os dois que estiveram em lados opostos; mas neste ponto foi comum. Se V. Exª ler o discurso de ontem do Senador Fernando Collor, verá que há aí um propósito comum. Mas acho muito importante. Inclusive o próprio Presidente Lula, pela manifestação do Ministro Celso Amorim, não ficou inteiramente satisfeito com aquilo que está definido sobre essa questão das bases colombianas. Então, eu queria aqui transmitir a preocupação, que é comum também entre nós, que possa o Brasil colaborar para que a Colômbia resolva o seu conflito interno. O Presidente Álvaro Uribe disse que a guerrilha de 60 anos, de marxista agora se tornou de narcotraficantes. Mas será que é apenas isso? Porque eu avalio que, na Colômbia, se resolverá o problema de guerra civil tão prolongada na medida em que resolvermos os problemas sociais de profundidade. Meus cumprimentos a V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Obrigado a V. Exª.

            Em primeiro lugar, Senador Suplicy, sou um fã permanente de V. Exª. Lembro-me quando V. Exª, o único Senador do PT nesta Casa, agitava e complicava todo mundo. Tenho orgulho de ver V. Exª defendendo hoje, quando o PT está no Governo, os mesmos princípios que defendia ontem; V. Exª não mudou. V. Exª não tem aquela filosofia de na Oposição é guerra, é ataque; no Governo, é acomodação. Para os companheiros, tudo; para o adversário, a lei.

            V. Exª está sofrendo neste momento. A imprensa publicou - não sei se é verdade - que, na viagem que V. Exª fez no avião presidencial, V. Exª mandou num papel...

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Escrevi num guardanapo de papel.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... no guardanapo ao Presidente Lula: “Se o senhor pensar num candidato que fez nove milhões de votos em São Paulo, estou à disposição”. Não houve resposta.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Ele disse que seria bom que o PT fizesse uma pesquisa.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Nem o nome de V. Exª foi incluído na pesquisa, botaram o Ciro Gomes.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não colocaram meu nome na pesquisa, mas...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Botaram o Ciro Gomes, botaram a ex-Prefeita, botaram não sei mais o quê, mas o nome de V. Exª não botaram.

            V. Exª é uma pessoa mal vista no Governo do PT, porque V. Exª diz as coisas que devem ser ditas. V. Exª, também como eu, não deve ser muito bem visto lá, porque V. Exª irrita, como eu irrito, o Presidente Lula, porque, de certa forma, estamos chamando a atenção dele daquilo que ele é e que não é mais, daquilo que ele foi e não é mais.

            Vamos deixar claro aqui, tenho dito isso com toda clareza. Você, meu irmão, que está assistindo pela televisão, não foi vitória do Dr. Sarney, nem do Dr. Renan, nem do Dr. Collor, a vitória foi do Presidente Lula. Qual a força que o Presidente Sarney tinha? Em primeiro lugar, o Presidente Sarney não pensava em ser Presidente do Senado, foi o Lula que insistiu para ele ser Presidente do Senado e apoiou-o contra o candidato do PT. Votei no candidato do PT, votei no companheiro do Acre, Viana, mas o Presidente Lula mandou e elegeu. Toda a imprensa publicou que o Presidente Sarney estava magoado, estava machucado e estava disposto a se afastar, o Presidente Lula não deixou. Foi ele que atuou, foi ele agiu, foi ele que fez, e isso está marcado. E dizem alguns que, na campanha do ano que vem, a foto que a Oposição usará será esta: Lula, Sarney, Collor e Renan. Sendo que o vitorioso é o Presidente Lula. Isso é soberba, Sr. Presidente! Ele não teve a modéstia, ele não teve a grandeza... De repente, ele considera que está acima do bem e do mal. É uma pena que isso aconteça. Mas eu digo algo muito importante a V. Exª... Realmente, eu solicitei... E nós conseguimos à última hora - em um gesto de grandeza do Presidente da Colômbia, quando de seu embarque de retorno, depois da conversa que ele teve com Lula - que ele recebesse a Comissão. Longamente, falamos com ele lá no aeroporto, onde nós deixamos clara a nossa posição.

            Eu digo desta tribuna: sou fã do Presidente Obama, acho que ele vem com grande capacidade e grande disposição, mas esse é o primeiro grande erro que o Sr. Obama vai praticar. E vai marcar o governo dele. Ele está agindo, nota 10, lá no Oriente; ele está agindo, nota 10, no diálogo com a Rússia. O Sr. Bush havia determinado a construção de uma base nuclear, do lado da Rússia (a pretexto de se defender do Irã), para combater a Rússia. Ele foi lá, dialogou, diminuiu um percentual (nunca tão alto) de armas atômicas e vai suspender a base. Pela primeira vez vai o seu representante falar no Oriente Médio, não apenas para dizer que um dos lados faça o que bem entender. Não! Ele quer o Estado Palestino e quer que se respeite a soberania de Israel, mas quer que Israel pare de construir as residências dos agricultores na área que é uma área ocupada - está agindo assim.

            Com relação ao Irã, ele baixou a bola. Ele está dialogando e pediu até que o Lula intercedesse para fazer o diálogo com o Irã para baixar a bola. Com relação à Coréia, ele procurou a Rússia e a China para fazerem um entendimento com relação à Coréia. Em outras palavras, o Obama está fazendo um movimento 1.000% certo para esvaziar a guerra fria do lado de lá. Mas a está trazendo para a América Latina. Está trazendo conflitos de lá para cá. Numa hora como esta que tem problemas de Venezuela, de Colômbia, etc. e tal. Nós temos que agir no sentido de buscarmos o entendimento. Mas colocar sete bases americanas na Colômbia, pelo amor de Deus.

            Eu vi o Presidente muito preocupado e o Chanceler brasileiro: “Não. Eu quero saber se essas bases vão agir só lá na Colômbia ou se tem algum problema de fronteira?” É piada, não é? Se elas estão ali, elas estão ali. O que vai acontecer no futuro, não se sabe.

            O apelo que fizemos, ontem, ao Presidente da República. Em primeiro lugar, prestamos solidariedade a ele. Achamos que somos contrários ao Presidente da Venezuela, a essa política armamentista ridícula. Somos radicalmente contrários à Venezuela em querer fazer um acordo Venezuela-Rússia. Isto é ridículo, mas se acharmos que isto pode ser resolvido e deve ser entendido sem base na Colômbia.

            Perguntamos até por que não fazer como no Haiti, onde existem tropas da ONU e representantes. Por que não pedir isto? O problema é sério, é difícil, é problema do narcotráfico, é problema dos revolucionários, sei lá qual o nome que se dá às Farcs da Colômbia. O problema é sério? É. Então vamos fazer como no Haiti, vamos colocar um grupo da ONU, representando. Ou, disse eu, vamos fazer uma representação dos Estados americanos. Ou, o Lula falou e falou muito bem, no sentido da organização que o Jobim está criando em defesa da América Latina para discutir. Não base americana. Não base americana. Esse é o primeiro pecado mortal do Obama. Começa assim e não sabe como termina. O Kennedy, que era um grande nome, iniciou e tentou inclusive invadir Cuba, e até hoje está aí, 50 anos. Eu acho que o Presidente Lula não deve ceder.

            Ao nobre companheiro, ilustre representante da tropa de elite, como diz a imprensa, melhorou muito. Eu achava tropa de choque uma coisa muito pesada, agora, tropa de elite é um termo elegante e à altura de V. Exª.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, eu estou em paz hoje. A primeira parte do discurso de V. Exª sobre o nosso querido José Alencar, sobre o Estado de Minas...

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Aliás, meus cumprimentos a V. Exª. José Alencar é um ilustre representante das Minas Gerais. Ele representa exatamente o que é o mineiro, o político mineiro, que tem esse gesto de grandeza, como foi o Juscelino, foi o Tancredo, enfim, pessoas que colocam o espírito público... Vejo com carinho, vejo com admiração, vejo com respeito esse espírito mineiro, essa maneira de fazer política do mineiro. E o José Alencar é grande um exemplo disso.

            O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador, V. Exª me contaminou pelo amor passado na primeira parte do discurso de V. Exª. A paz, esse seu lado franciscano que eu não via há muito tempo, estava aqui. V. Exª passando esse amor do coração que não se via há muito tempo. Sei que V. Exª é franciscano, sei que V. Exª fez voto de pobreza. Eu não via esse lado de V. Exª há muito tempo. Estava aqui me sentindo bem. Inclusive todo o Senado Federal, até mesmo pelas colocações dos demais Senadores. Então, quero dizer que não quero falar de política e de combate neste momento. Estou aqui sentindo o amor e o espírito que vem de dentro de V. Exª, que eu não via há muito tempo. Quero agradecer, mas não tem nem como agradecer, pelo Estado de Minas Gerais, um Estado que tem a fé acima da lei dos homens. E V. Exª conhece muito bem. Mas também não vou agradecer porque V. Exª tem um carinho especial pelo José Alencar, ele foi seu colega da tribuna. Mas, como representante de Minas, queria realmente dizer que estou sensibilizado pelo seu discurso com o nosso grande político e grande mineiro, grande brasileiro, José Alencar. O restante, vamos deixar para outra oportunidade, porque, neste momento, estou contaminado pela bondade, pelo carinho, pela paz, pela religiosidade que saíram do coração de V. Exª na primeira parte. Na parte de guerra Irã/Iraque já não prestei atenção, porque estava contaminado ainda pela primeira parte. Então, sinto-me muito bem com esse amor que V. Exª espalha hoje, aqui, neste Senado. Não só por mim, tenho certeza de que o Senador Cristovam, o Senador Alvaro... Vê-se até que o tom de voz é conciliador, um tom, vamos dizer assim, amoroso. Estou realmente contaminado pelo discurso de V. Exª hoje e sinto-me feliz de pertencer a uma Bancada do Senado que tem V. Exª no meu Partido e também nesta Casa. Então, só isso que eu queria colocar para V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu agradeço muito o aparte de V. Exª, mas muito mesmo, até por me fazer voltar às origens do meu discurso. Mas V. Exª há de me fazer justiça de que não fui eu quem saí, os apartes é que me conduziram. Mas eu, com toda sinceridade, agradeço a V. Exª e encerro voltando à origem.

            Realmente, o importante hoje é nós nos dirigirmos ao José de Alencar. Zé amigo, o Brasil confia em ti. Você já está sendo, mesmo sem imaginar, Zé, o grande orientador, o grande oriente, a grande referência do povo brasileiro. Por onde a gente anda, em todos os jornais, em todos os noticiários de rádio e de televisão, nas conversas que a gente tem em qualquer lugar, há um carinho, há uma devoção imensa a José de Alencar.

            Olha, Zé, meu querido Zé, claro que nós temos que nos sujeitar aos desígnios de Deus. Ele sabe mais do que nós. Mas, cá entre nós, meu Deus, dê-nos a chance de que José de Alencar tenha recuperação.

            Que nestes meses que estão aí, ele possa agir, falar e ser a grande referência pela qual o Presidente Lula tenha um carinho muito grande, pela qual - diga-se de passagem - o Brasil inteiro tenha um carinho muito grande. Peço ao divino Mestre que nos dê essa chance. E a ti, José de Alencar, ao meu querido amigo José de Alencar, meu abraço muito fraterno. Dona Marisa, que mulher fantástica! Que mulher fantástica a esposa do Vice-Presidente! Ela realmente é o esteio, a força, a garra. Ela dedica-se de corpo e alma a seu marido. Meu abraço muito fraterno, Zé.

            Com humildade, existe a passagem que diz que há momentos da nossa vida em que, seja qual for a posição em que se encontra nosso corpo, nossa alma está sempre ajoelhada. Quem disse isso foi Victor Hugo. Eu diria que, mesmo nesta tribuna, minha alma está ajoelhada diante do Senhor: pecador e sem autoridade. Mas peço ao Senhor que nos dê a chance de contar com José de Alencar nestes próximos meses, para que ele possa realmente influenciar todos nós numa hora tão difícil.

            Muito obrigado, querido Presidente e companheiro Paim, pela gentileza da tolerância de V. Exª.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/08/2009 - Página 34920