Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solicitação à Corregedoria do Senado Federal para que interpele o Deputado Estadual Bordalo, do Partido dos Trabalhadores do Pará.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SENADO. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Solicitação à Corregedoria do Senado Federal para que interpele o Deputado Estadual Bordalo, do Partido dos Trabalhadores do Pará.
Aparteantes
Cícero Lucena, Flexa Ribeiro, Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/2009 - Página 35597
Assunto
Outros > SENADO. ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, SENADO, PREFEITO, MUNICIPIO, ANAJAS (PA), ESTADO DO PARA (PA), ILHA DE MARAJO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELOGIO, COMPETENCIA.
  • COMENTARIO, ANTERIORIDADE, CRITICA, CONDUTA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA), PRESENÇA, BAR, CONSUMO, BEBIDA ALCOOLICA, RECEBIMENTO, PROTESTO, DEPUTADO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REITERAÇÃO, COMPROMISSO, ORADOR, DEFESA, INTERESSE, AMBITO ESTADUAL, SAUDAÇÃO, ANUNCIO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), INTERVENÇÃO, BUSCA, REDUÇÃO, VIOLENCIA.
  • SOLICITAÇÃO, CORREGEDOR, SENADO, INTERPELAÇÃO, DEPUTADO ESTADUAL, CALUNIA, ORADOR, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, REPRESALIA, CRITICA, CONDUTA, GOVERNADOR, ESTADO DO PARA (PA).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Presidente Expedito, primeiro, é uma honra vir a esta tribuna e ver V. Exª presidindo esta sessão.

            Antes de começar o meu pronunciamento, Sr. Presidente, eu quero registrar, com muita alegria, Senador Tuma, a presença de um dos melhores Prefeitos da Ilha de Marajó, Prefeito Edson, da cidade de Anajás; é um Prefeito competente, operoso, que nos orgulha por ser do nosso Partido, o PSDB. É um Prefeito que, na última eleição, ajudou este Senador com mais de 80% dos votos da cidade de Anajás. Oitenta por cento, Senador Expedito, é muita coisa. Por isso eu registro esse fato com enorme satisfação.

            Mas, Presidente Expedito, eu fiz um pronunciamento, como sempre faço aqui, nesta tribuna, voltado a meu Estado do Pará, meu querido Estado do Pará, que hoje vive em situação muito precária nas áreas da saúde e educação.

            Eu fiz um comentário, nesta tribuna, Sr. Presidente, observando a má conduta da Governadora Ana Júlia Carepa, porque S. Exª tinha como rotina sair do seu trabalho e ir a bares, na grande cidade, ingerir bebida alcoólica. Eu me referi à Governadora. Eu não me referi à mulher Ana Júlia. Eu me referi à Governadora Ana Júlia.

            Senador Tuma, eu queria que V. Exª ficasse só um pouquinho porque eu vou precisar de V. Exª. E aí eu criei uma verdadeira fúria nos Deputados do PT da capital paraense. Primeiro, eu quero dizer - já disse isso várias vezes e quero dizê-lo, novamente, à minha Governadora - que eu não tenho nada pessoal contra ela. Mas, obrigatoriamente, Senador Tuma, eu vim para cá defender o meu Estado. Eu vim para cá representar o meu Estado e, como tal, eu tenho a obrigação de fazer isso. Eu não posso ser omisso sobre o desleixo da nossa Governadora. Eu não posso ter a informação concreta de que a população paraense, tanto do interior quanto da capital, tomba nas ruas, assassinada. São 12 mortes em cada final de semana, meu Prefeito querido. São três mortes por dia. Os hospitais do meu querido Estado estão sem nenhuma condição de atender a população. Então eu faço isso, meu Presidente, para tentar ajudar e ainda sou ofendido.

            Agora mesmo, recebi um ofício do Ministro da Justiça dizendo que vai intervir no Estado do Pará, buscando diminuir a violência. É uma ajuda que eu estou dando à Governadora do meu Estado. O Ministro se sensibilizou, mandou uma correspondência para mim, Senador Flexa Ribeiro, dizendo que vai tomar as providências para tentar diminuir a violência no meu Estado.

            Em defesa do meu Estado, não foi nem com o sentido de crítica, foi um pedido, eu pedi encarecidamente à Governadora que respeitasse o povo do meu Estado. Nós estamos passando um momento difícil no Estado do Pará. Creia, Senador; acredite, Senador. É um momento de angústia, um momento de terror nas ruas de Belém. Os próprios Deputados Estaduais já foram assaltados nas ruas de Belém.

            Aí veio um Deputado ontem, até o perdoo... Então eu digo ao Deputado Bordalo: V. Exª está perdoado. Mas eu gostaria de pedir ao Corregedor do Senado que interpele esse Deputado porque ele me chamou de traficante na tribuna da Assembleia, tudo porque eu faço isso em defesa do meu Estado, porque eu estou todo dia aqui defendendo o meu Estado, porque estou preocupado diariamente com aqueles que tombam mortos nas ruas do interior e da capital, porque eu zelo pelos meus conterrâneos, porque eu me preocupo com os meus irmãos que estão morrendo sem hospital - e os hospitais de referência do meu Estado estão fechando as portas. E a nossa Governadora não dá a mínima bola. Eu peço que ela respeite o povo do meu Estado, que beba na sua casa, que não vá diariamente aos bares se expor. Ninguém é obrigado a se meter na vida de ninguém. Não tem por que eu me meter na vida da Governadora, gente. Mas é um pedido que faço a ela, é apenas um pedido que faço a ela de um humilde Senador; que ela respeite o momento por que passa o Estado do Pará, porque ela mesma fez esse mal momento, ela é a responsável por esse mal momento. E esse Deputado me chamou de traficante.

            Por isso eu gostaria que V. Exª, Senador Romeu Tuma, como Corregedor deste Senado, o interpele e peça a ele que prove o que falou na tribuna da Assembleia Legislativa. Eu gostaria que V. Exª interferisse nesse assunto, porque é uma palavra, é uma expressão forte, é uma palavra de um teor muito condenável, é uma palavra que, diante da família, repercute mal e eu não tenho nenhum motivo para aceitá-la. Eu peço a V. Exª que interpele, como Corregedor deste Senado - eu estou interpelando na Justiça -, que peça ao Deputado para provar que eu sou traficante. Eu sei o porquê, logicamente, da fúria do Deputado. Eu sei o porquê. É porque a Governadora, diante da minha postura neste Senado de defender o meu Estado, deve ter chamado o coitado do Deputado, que deve ser submisso à Governadora - aquele Deputado que cumpre ordens -, e deve ter-lhe dito: “Vá à tribuna da Assembleia Legislativa amanhã, menino! Tu tens que fazer isto: ofende aquele Senador”. E o coitado foi para a tribuna, empolgou-se! Primeiro mandato, menino novo, sem experiência, empolgou-se e usou uma palavra inadequada.

            Agora é preciso esclarecer isso à população. Somos homens públicos, e é preciso que cada um de nós ande nas ruas com o nariz em pé, com o rosto levantado. Eu ando, Senador. Eu falo tudo o que falo aqui, paraense, sem medo. Sempre digo aqui nesta tribuna que não tenho medo de nada porque não devo nada. Não tenho nada. Olha, esse PT do Pará há anos procura alguma coisa do Mário Couto e não consegue, porque não tem nada. A minha vida pública é limpa, cristalina. Não devo nada a ninguém. Por isso, tenho moral, Senador, de chegar aqui e bater nesta tribuna, falar o que eu quero, dizer o que eu quero. Não vivo de cargos públicos. Não vivo de favor. Tenho direito moral de reclamar, de criticar, defender o povo do meu Estado. Faço sem nenhum receio. Meu travesseiro não tem espinhos, e jamais colocarei espinhos no meu travesseiro. Quero ter sempre a minha noite tranquila. Não quero ter insônia de atos cometidos contra a população.

            Pois não, Senador.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Eu queria cumprimentá-lo, antes de assumir a responsabilidade, para cumprir o pedido correto de V. Exª. Quero cumprimentá-lo pela dignidade de buscar retorcer uma acusação infundada, uma injúria, uma calúnia, que de graça é oferecida a V. Exª. Eu só retiraria a palavra “coitado”, porque quem faz um papel deste, acusando sem base jurídica, sem prova, não é coitado, Presidente, é alguém que praticou um crime em tese. Então eu vou retirar da boca de V. Exª a palavra “coitado”. Ele é responsável a explicar aquilo que da tribuna usou para ofendê-lo. E V. Exª dá um exemplo bom aqui. Nós não podemos mais aceitar ofensa sem retorquir da tribuna na hora e exigir providências. Eu farei o mais rápido possível, e peço a V. Exª que continue a pedir apoio e segurança aos cidadãos do Pará.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Muito obrigado.

            Eu sempre o admirei pela sua postura e tenho certeza que V. Exª o fará, que V. Exª virá a esta tribuna, falando depois sobre a solução da questão que nós estamos colocando aqui e que é muito séria.

            Mas olhe, Senador...

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Senador Mário Couto...

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Eu vou já terminar... Ah, pensei que fosse o Mão Santa, me cobrando que descesse da tribuna. Mas V. Exª me dá um orgulho muito grande ao me apartear.

            O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Senador Mário Couto, quero primeiro dar uma palavra de solidariedade e tenho certeza de que a minha posição reflete o sentimento maior do Estado do Pará, até pela defesa que V. Exª faz daquele Estado, em todas as áreas. Quer sejam os problemas da mortalidade infantil, o hospital de Belém, quer seja o não funcionamento dos hospitais do interior, quer seja a cobrança da segurança, sempre V. Exª é um exemplo, embora como Senador, com uma preocupação nacional, mas sempre cobrando e defendendo os temas que são importantes para o Pará e para o seu povo. Então, as minhas palavras são de solidariedade. Segundo, dizer da minha tristeza, porque também na Paraíba estamos vivendo um momento de insegurança muito grande. Basta dizer a V. Exª e aos demais Senadores e Senadoras aqui presentes e ao Brasil como um todo que, há cerca de 15 dias, se comentava na Paraíba que o índice de homicídio tinha aumentado muito, que a nossa capital tinha ocupado uma posição indesejável por muitas capitais deste País. E o Secretário de Segurança foi à imprensa dizer que reconhecia esse agravamento. Estou falando do Secretário de Segurança do atual Governo, que há aproximadamente seis meses está no mandato, fruto da judicialização do processo eleitoral que cassou o nosso Governador, que teve mais de um milhão de votos - e hoje ainda se está discutindo se quem deve assumir o mandato é o segundo colocado ou se deve ter nova eleição. Pois bem, o Secretário de Segurança disse que reconhecia essa dificuldade, mas que o que ele tinha a dizer à Paraíba é que iria piorar. V. Exª imagina que as ações que nós verificamos do atual Governo é exatamente nesse sentido!? Um dos primeiros decretos que o atual Governo baixou foi retirar R$16 milhões da autonomia da Universidade Estadual da Paraíba - UEPB -, para gastar não em segurança, mas em propaganda. O corpo universitário, a universidade, a comunidade toda reagiu. Ele cancelou esse decreto. Mas, pasme V. Exª: ele baixou novo decreto no mês passado remanejando R$9 milhões da segurança, e sabe para o quê, Excelência? Para propaganda. E sabe o que hoje a Paraíba está a se perguntar? Como é que a família que foi vítima da insegurança do Estado vai ficar em frente à televisão, vendo a propaganda do Governo, com os olhos cheios de lágrimas por ter perdido um ente querido? E por falta da verdadeira responsabilidade do Governo na segurança. Daí eu me posiciono ao seu lado, ao lado de todos aqueles que defendem os seus Estados e sabem que, entre tantos outros problemas, um dos mais sérios é o da segurança. Para nós, que defendemos a questão do aposentado, quero dizer que se encontra na Câmara Federal a PEC nº 300, que busca uma equiparação entre os agentes de segurança, policiais militares e civis; uma equiparação mínima neste País. E todos nós aqui do Senado devemos ter o compromisso de agilizar, quando aqui chegar o projeto para melhorar o salário desses funcionários, da PEC nº 300, que são os soldados militares e todos da carreira militar e também da civil; que nós possamos dar o apoio a eles, juntamente com equipamentos e com a decisão política de quem está na frente, quer seja o Governo Estadual, quer seja o Governo Federal. Então eu trago essas palavras e quero repetir a minha solidariedade para com a justa reivindicação e cobrança de V. Exª.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Muito obrigado, Senador Cícero.

            Senador Flexa, eu vou lhe dar um aparte, para encerrar, na tarde de hoje, Senador Mão Santa.

            Digo o seguinte, Senador Flexa, brilhante Senador do meu Estado, tudo isso aí é porque eu aconselhei, pedi à Governadora que evitasse ir aos bares quase todos os dias. E disse do meu sentimento. Eu sentia que era uma falta de respeito, não da mulher Ana Júlia, mas da Governadora Ana Júlia. Se ofendi, se criei polêmica, Senador Jarbas Vasconcelos, eu vou aqui retirar o que falei. Eu vou aqui dizer o seguinte: Governadora, desculpe-me! Desculpe-me, Governadora, pelo conselho que lhe dei. Vá aos bares. Continue bebendo. Continue mostrando as farras. Libere geral, Governadora. Faça o que quiser. Pronto! Está tudo resolvido. Não vou mais incomodá-la. Não vou mais falar. Nunca mais eu falo e nem dou conselho a V. Exª nesta questão de bebida. Nunca mais! Estou aqui me redimindo do erro. Pode fazer o que V. Exª quiser. Toda vez que for para o interior, pegue um pileque. Toda vez que terminar de liberar no Palácio dos Despachos, vá a um bar e pegue um pileque. Pronto, Governadora! Faça isso, que o povo vai lhe dar a resposta em 2010. O povo paraense vai lhe dar a resposta.

            Para encerrar, ouço o Senador Flexa Ribeiro.

            O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Mário Couto, V. Exª vem à tribuna hoje para um desabafo da agressão sofrida na Assembleia Legislativa pelo Deputado do PT, e teve o apoio em aparte de seus Pares no Senado, que conhecem a forma destemida, corajosa, competente com que V. Exª luta pelo Estado do Pará. Lamentavelmente, Senador Mário Couto, nós só temos más notícias para informar do Estado do Pará. V. Exª enumerou várias delas, como a questão da saúde, e a segurança. Eu estive, no dia 2, em Altamira - e vou fazer um pronunciamento sobre isso -, e é lamentável. A Governadora deveria ouvir o seu conselho, sim. A Governadora deveria ouvir a população do Estado do Pará, deveria começar a trabalhar. Ela leu a Bíblia e não entendeu! Ela leu a Bíblia e não entendeu! Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Acho que ela entendeu o contrário. Ela resolveu descansar seis dias e trabalhar no sétimo. E com isso quem sofre é o povo. São os nossos queridos irmãos do Pará que sofrem, porque até hoje a Governadora não disse a que veio, no Estado do Pará. E, como bem V. Exª diz, ela vai ter a resposta, já no próximo ano, já no final de Governo. Ela já está chegando à fase em que nem cafezinho vão servi-la mais, tal o desgaste que ela está tendo em todo o Estado do Pará. Eu quero me solidarizar com V. Exª. Continue, porque V. Exª tem o apoio deste seu companheiro de Senado para que possamos defender, porque é isso o que fazemos aqui, o nosso Estado do Pará.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Sem dúvida nenhuma, Senador Flexa, jamais vou me curvar a qualquer crítica, jamais alguém vai me calar nesta tribuna. Continuarei defendendo o meu querido Estado do Pará.

            Senador José Sarney eu iria ler mais um requerimento aqui, mas eu sei que a Ordem do Dia está atrasada e eu quero respeitar a Ordem do Dia. Vou ler este documento depois, com folga.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/2009 - Página 35597