Discurso durante a 159ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à portaria do Ministério da Justiça que dá posse de terra a grupo indígena em Santa Catarina.

Autor
Neuto de Conto (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/SC)
Nome completo: Neuto Fausto de Conto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA FUNDIARIA. POLITICA INDIGENISTA.:
  • Críticas à portaria do Ministério da Justiça que dá posse de terra a grupo indígena em Santa Catarina.
Publicação
Publicação no DSF de 18/09/2009 - Página 44900
Assunto
Outros > POLITICA FUNDIARIA. POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • REGISTRO, SUPERIORIDADE, CONFLITO, COMUNIDADE, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MOTIVO, PORTARIA, DECRETO FEDERAL, INCONSTITUCIONALIDADE, MEDIDA, TERRAS, INDIO, QUILOMBOS, AUSENCIA, ANTERIORIDADE, OCUPAÇÃO.
  • REGISTRO, ORGANIZAÇÃO FUNDIARIA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MAIORIA, PEQUENA PROPRIEDADE, ECONOMIA FAMILIAR, SUPERIORIDADE, PRODUTIVIDADE, ALIMENTOS, REGULARIDADE, TITULO, PROTESTO, TENTATIVA, GOVERNO, ONUS, PRODUTOR RURAL, SOLUÇÃO, PROBLEMA, COMUNIDADE INDIGENA, QUILOMBOS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. NEUTO DE CONTO (PMDB - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho sido convidado e participado de inúmeras reuniões, quase semanais, para buscar uma solução para os problemas sociais que estão sendo produzidos por portarias e decretos do Governo junto às comunidades catarinenses, quando se solicita a medição de terras para índios e quilombolas.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a grande maioria das terras catarinenses - que correspondem a 1,3% do território nacional e que são responsáveis pela quinta maior produção de alimentos do País -, hoje está dividida em 188 mil propriedades rurais, e 90% delas não atingem 50 hectares. Portanto, são propriedades rurais administradas e a produção feitas pelas próprias famílias. Consequentemente, dão-nos a oportunidade, na sua defesa e na defesa daqueles que sistematicamente conduzem até contra a nossa própria Constituição, com portarias para buscar terras para os povos indígenas e para os quilombolas.

            Se nós falássemos mais, se nos aprofundássemos na questão do meio ambiente - corredores dos parques, várzeas, campos de altitude, reservas permanentes e matas ciliares - chegaríamos à conclusão de que o meio ambiente tem de ser protegido.

            A lei de Santa Catarina visa à proteção, porque é o primeiro caminho para a vida. Mas os agricultores de Santa Catarina que compraram suas terras, pagaram por elas e as registraram em títulos e documentos, não podem, sob hipótese nenhuma, pagar pelo passivo social que o Governo, os Governos ou o poder público, tem com esses dois segmentos sociais. Não pode pagar com seu suor e sacrifício esse pequeno punhado de pessoas que fizeram seu patrimônio do suor e o sacrifício de suas famílias.

            Quanto a pretender medir novas extensões rurais, a Constituição de 1988 é muito clara: somente pode pertencer aos índios, aos quilombolas quando estivessem habitadas. E as terras de muitos Municípios catarinenses não estavam habitadas e, consequentemente, não podem ser medidas para que lá possam ir povos indígenas, já que lá estão pessoas e famílias trabalhando e produzindo há mais de uma centena de anos, para alimentar o Brasil e para ajudar a alimentar o mundo.

            Não podemos, Sr. Presidente, Srs. Senadores, nos calar, pois entendemos que temos que respeitar e dar as terras aos povos indígenas, temos que respeitar e dar as terras aos quilombolas, mas quem deve fazer isso é o poder público, é a Nação. Não pode meia dúzia de produtores, que compraram suas terras do próprio Governo e que pagaram por elas, ser desapropriados sem direito a indenização, tornando mais pessoas sem terra, quando já há filas de movimentos de pessoas que buscam terras para produzir. Em vez de darmos terras, estaremos tirando de pessoas que estão trabalhando e produzindo, tornando-as sem-terra.

            Este é o nosso protesto, Sr. Presidente, é a nossa indignação. Estamos, junto com os prefeitos, junto com os sindicatos, junto com a lei, lutando para que se faça justiça, para que portarias não suplantem a nossa Constituição. Que as portarias passem a ser respeitadas quando elas respeitam a Constituição nacional.

            Era essa a nossa manifestação, o nosso protesto, em defesa do homem do campo, das 180 mil famílias do meu Estado, das pequenas propriedades rurais de Santa Catarina, que dão ao Brasil, ao primeiro produtor e ao exportador de frangos e de suínos, oportunidade de ajuda a acrescentar divisas à balança comercial, um pequeno Estado que a grandeza econômica da nossa terra e da nossa gente.

            Muito obrigado pela oportunidade.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/09/2009 - Página 44900