Discurso durante a 164ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao Dia Mundial do Turismo.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. TURISMO.:
  • Comemoração ao Dia Mundial do Turismo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/09/2009 - Página 47107
Assunto
Outros > HOMENAGEM. TURISMO.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO, HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, TURISMO.
  • COMENTARIO, AUMENTO, FLUXO, TURISMO, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), IMPORTANCIA, RECURSOS NATURAIS, HISTORIA, MUNICIPIOS, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, BODOQUENA (MS), BONITO (MS), JARDIM, GUIA LOPES DA LAGUNA (MS), ATRAÇÃO, TURISTA, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL, CRESCIMENTO, OFERTA, EMPREGO.
  • DEFESA, NECESSIDADE, CRIAÇÃO, ESCOLA TECNICA, MELHORIA, QUALIFICAÇÃO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, SETOR, TURISMO.
  • IMPORTANCIA, INICIATIVA, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, MINISTERIO DO TURISMO, INCENTIVO, TURISMO, BRASIL, SOLICITAÇÃO, ORADOR, APOIO, ROTA, MUNICIPIOS, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRA. MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente. Quero cumprimentar o Senador Neuto de Conto, que é o nosso Presidente e nos dirige aqui em relação ao turismo; cumprimentar com um carinho especialíssimo o Senador Leomar Quintanilha, que fez a proposta desta sessão, que nos deixou e preside, com muito orgulho, tenho certeza, para todos os tocantinenses, a Secretaria de Educação daquele Estado. Tenho certeza de que ele será um excelente Secretário de Educação. Mas a gente não deixa de querer tê-lo aqui daqui a um ano e meio. Ouviu, Senador Quintanilha?

            Quero cumprimentar o Marcelo Teixeira, meu querido amigo, Deputado Federal - a turma do turismo aqui sempre se une e fico muito feliz em ter o Marcelo aqui. E mais feliz estou porque a Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, a Srª Nilde Brum, é do meu Estado e é Presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul. Seja bem-vinda, Nilde.

            Senhores e senhoras, primeiro eu queria ressaltar uma questão que penso importante. Tenho certeza de que todos os que aqui falaram sabem melhor do que eu que o turismo está crescendo muito no mundo, mas principalmente no Brasil, pois conjuga lazer, entretenimento, cultura, ambientalismo, gastronomia, proximidade e intercâmbio entre os povos, além, é claro, de gerar renda e emprego. Portanto, não há como não ficarmos felizes ao falarmos sobre o turismo. Isso é uma observação que fazemos alegres porque é tudo de bom.

            Quando acontece algo de ruim, como a Senadora Lúcia Vânia acabou de dizer, da prostituição infantil, é algo que temos que atacar mesmo, com força, para extirpar aquilo que pode conspurcar a caminhada do turismo no nosso País. Essa tem que ser a nossa fala.

            Além disso, quero trazer alguns dados que considero importantes. Falamos muito que o turismo gera economia e uma economia saudável e positiva para o País. São dados da Organização Mundial do Turismo e do Banco Central sobre a receita cambial gerada pelo turismo em nosso País.

            Em 2002, foi de US$ 2 bilhões; em 2003, já foi US$ 2,5 bilhões; em 2004, saltamos para US$ 3,2 bilhões; em 2005, para US$ 3,9 bilhões. E nos últimos anos, só com exceção de 2008, em que tivemos uma queda, estamos subindo. E a previsão é que cheguemos em 2018 com US$ 140 bilhões de arrecadação nossa com o turismo, receita cambial brasileira.

            Então, temos que ficar mais felizes ainda por sabermos que estamos gerando riqueza para o nosso País.

            E aí quero falar um pouquinho, Nilde, sobre o nosso Estado, o Mato Grosso do Sul. O fluxo turístico de 2008 movimentou 10 milhões de passageiros, quatro vezes mais do que os habitantes de Mato Grosso do Sul. Quer dizer, quatro vezes mais que os nossos habitantes natos, naturais de lá, foram oriundos do turismo, Nilde.

            É bom dizer também que, em geral, os turistas ficam no Estado três dias, mas geram uma economia de, no mínimo, R$360 milhões anuais. Certo, Nilde? Então, pode-se ver o quanto o setor é importante para um Estado como Mato Grosso do Sul, um Estado pequeno, de população pequena, mas de grandes reservas naturais e de história, facilitando muito a atração do turista nacional e internacional.

            O IBGE tem um dado que acho interessante: o desenvolvimento turístico de uma região, qualquer região, gera impacto em 52 itens da economia local. Então, não se trata apenas de pensar no turismo em si, mas é importante que nos lembremos da infra-estrutura, de todos os ativos da sociedade e da comunidade que são impactados com a chegada do turista à cidade ou à região.

            Gera emprego? Claro que gera. Estamos com o representante dos trabalhadores no turismo. Gerar emprego é o que mais nós queremos. É um emprego que nós queremos cada vez mais qualificado, mas também gera emprego para aqueles que mais precisam, aqueles que não têm a qualificação necessária - aquele que trabalha como camareiro, como recepcionista, enfim, que não tem um emprego altamente qualificado, mas que está tendo uma oportunidade.

            Num País de grandes diversidades regionais, como é o caso do Brasil, de dificuldades que temos na educação brasileira, essa é uma questão que precisa abarcar, cada vez mais, todos aqueles que acreditam em desenvolvimento, porque vai dar à sociedade brasileira condições de emprego.

            Quanto à profissionalização, é claro que queremos a profissionalização do profissional de turismo. Precisamos ter um Ensino Médio voltado para o turismo. Com relação a essas escolas técnicas que o Governo está criando, costumo dizer que não é só criar o prédio, mas fazer com que elas funcionem a favor do desenvolvimento brasileiro. Eu acho que essa tem que ser uma luta de todos aqueles que trabalham no turismo: fazer, Nilde, com que as novas escolas técnicas... Qual é o currículo delas para o turismo? Por exemplo, a escola técnica de Mato Grosso do Sul está voltada para o turismo? Está qualificada para isso? Isso é importante que a gente garanta, para que os estudantes saiam com Ensino Médio suficiente. Não é só o profissional que sai das universidades; nós precisamos de um ensino técnico de segundo grau para qualificar melhor os nossos profissionais.

            Além disso, eu queria colocar aqui, porque acho importante também, que na diversidade cultural que nós temos, diante de todo o quadro brasileiro, a gente vai falar assim: “Puxa, mas nós estamos melhorando muitíssimo o turismo”. Sabe quanto nós impactamos no mundo? O Brasil representa apenas 1% no ranking do PIB do turismo mundial, o que é muito pouco ainda para esta imensidão de país. E fala-se assim: “É só uma imensidão de país?” Não, grandes reservas naturais, belíssimas reservas naturais, uma cultura diversificada, nós fazemos fronteira com diversos países, temos rota aérea com todos os países do mundo, temos uma facilidade enorme de receber o turista, e bem recebê-lo, porque o Brasil tem um povo afável, o brasileiro é um povo afável e, mesmo assim, nós ainda representamos muito pouco para o mundo em termos de turismo.

            Tenho que confessar uma coisa para vocês: eu sou uma Parlamentar de oposição ao Governo Federal, mas tenho que reconhecer que a criação do Ministério do Turismo, em 2003, foi muito importante, foi um marco importantíssimo para o turismo brasileiro. (Palmas.)

            E dizer que, ainda que a reorientação ainda seja insuficiente em alguns aspectos - e é mesmo, porque não há condições de ser perfeita -, apesar do bom trabalho desenvolvido por todos os titulares que passaram pela pasta, e aí não faço distinção, nós ainda precisamos muito mais. Sabem por quê? Porque não há como se criar e transformar políticas públicas se não tiver orçamento. Se não tiver dinheiro, não vai. Se o orçamento do turismo é pequeno do jeito que é, para o que nós gostaríamos que fosse, para a grandeza do País que é, para as belezas naturais que nós temos, nós temos que brigar, Nilde, para que a gente tenha um orçamento mais equitativo.

            É só você olhar onde é que se corta nos orçamentos do País. Corta-se no turismo, corta-se na cultura, corta-se no lazer, porque isso não é tão importante porque o povo não vai gritar. Então, nós temos que gritar. Temos que nos unir, todos, para gritar, Senador Leomar - que vai ser nosso eterno Senador -, para que o turismo tenha aqui um orçamento mais condizente.

            Eu quero colocar ainda que nós temos visto, ultimamente, uma relação muito saudável entre a União e os Estados, e entre o setor privado e o setor público. Eu acho que esse é um casamento necessário. É isso que faz o mundo girar, é isso que faz com que aconteçam as coisas no mundo, quando a sociedade privada se une ao Poder Público com o mesmo objetivo, o objetivo de crescer e se desenvolver.

            Não posso deixar, é claro, de citar as belezas naturais do meu Estado, e que hoje se projetam como os mais importantes atrativos turísticos do mundo. Posso falar do Pantanal. Nós temos mais da metade, 67% do Pantanal dos dois Mato Grossos. Além disso, temos Bonito, que é um apelo já internacional, e temos Corumbá, que é a capital nossa do Pantanal, que é uma cidade antiga e que, a cada dia, com a recuperação e a restauração dos seus prédios antigos está se tornando uma cidade belíssima. Quero lembrar aqui que vocês vão ouvir falar muito de Bodoquena, que é próxima a Bonito. Agora, o Governo do Estado, junto com a União e o Bird, está começando o asfaltamento entre as duas cidades. Vocês vão ouvir falar muito de Bodoquena. Na minha concepção, vai passar Bonito, é mais bonita do que Bonito. Só que, para se chegar até lá, passa-se por estrada de terra e então as pessoas não vão. Mas acho que agora vocês vão ouvir falar de Bodoquena.

            Eu queria falar de Jardim, que é próxima a Bonito também e que tem belezas naturais incríveis, e de Costa Rica, que fica lá no norte e que vai ser descoberta também. Está difícil ir a Costa Rica, mas ela é uma das poucas cidades brasileiras em que se vê, ao se chegar à cidade, uma cortina de água imensa caindo. É como Costa Rica recebe o visitante. Uma queda d’água maravilhosa do rio Sucuriú desce e cai justamente dentro da cidade. É uma coisa belíssima. Também vão ouvir falar de Costa Rica muito proximamente.

            Mas eu quero dizer que o incentivo para esses novos roteiros turísticos é muito importante, porque, sempre que podemos, aqui, nesta Casa, discutimos questões do turismo e fazemos proposições voltadas para o setor.

            Eu mesma fiz uma proposta junto à primeira Fundação de Cultura do meu Estado para que a gente pudesse fazer um museu em Guia Lopes da Laguna, uma cidade que - para se chegar a Bonito passa-se por Guia Lopes - é o centro histórico de uma das maiores facetas do País, que deve ser recontada, porque não está bem contada, que é a Guerra do Paraguai. Guia Lopes foi quem guiou os brasileiros na retirada da Guerra do Paraguai. O museu seria na velha Prefeitura, que está lá só esperando - nenhum Prefeito toca nela porque sabe que lá vai ser um museu um dia. Queremos que não seja apenas um museu da Guerra do Paraguai, mas que seja um museu, por exemplo, da saga dos guerreiros índios guaicurus daquela região, que ajudaram e tiveram pelotões junto com os brasileiros na Guerra do Paraguai. Pouca gente sabe disso, mas eles são dali.

            Vocês falaram ainda de outra saga, da cultura da erva-mate. Há uma fazenda ali perto, chamada Fazenda Margarida, indo-se para Porto Murtinho, em que você entra e não acredita. Todos os móveis da fazenda, todos os objetos da fazenda são ingleses. Eles vieram ainda pelo rio Paraguai, na época da grande corrida da erva-mate em Mato Grosso do Sul.

            O SR. PRESIDENTE (Neuto de Conto. PMDB - SC) - Senadora Marisa Serrano, peço permissão para convidar o Ministro do Turismo, Sr. Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, para que faça parte da nossa Mesa. (Palmas.)

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - Eu já disse ao Ministro que falei bem dele antes de ele chegar. Isso é bom. (Pausa.)

            Mas quero, Sr. Presidente, dar mais um exemplo só para encerrar a minha fala.

            Além do museu em Guia Lopes, que vai ser uma parada obrigatória para os turistas que se dirigem a nossa região próxima a Bonito, Jardim, quero dizer que, junto com a Nilde e a Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, e tenho certeza absoluta que com o apoio do Ministro e do Ministério dele - não é, Nilde? -, vamos conseguir um outro sonho nosso no Estado: criar uma rota turística da Retirada da Laguna. O Exército faz isso.

            Todos os anos o Exército faz uma caminhada, Ministro, a pé, pelo caminho da Retirada da Laguna, com jovens, geralmente alunos. Vão parando pelas fazendas, acampando e seguindo. O Exército faz isso sempre, todos os generais participam.

            Mas queremos muito mais, Ministro. Queremos muito transformar essa em uma rota turística, para que os turistas possam acompanhar também e fazer essa caminhada junto com o Exército e com as outras entidades, porque é mais um apelo para a nossa região.

            Quero terminar a minha fala dizendo que vale a pena apostar nas rotas definidas pelo Ministério de Turismo, principalmente na travessia do Pantanal, que, modéstia à parte, é uma das mais bonitas rotas que o Ministério fez. É algo de que estamos cuidando com todo carinho. A Nilde está aí puxando e vamos atrás. Acreditamos que esse é o futuro grande, brilhante e grandioso para Mato Grosso do Sul.

            Portanto, quero terminar aqui dizendo, Sr. Presidente, senhores e senhoras, que nós temos aí, como disse a Senadora Lúcia Vânia, a Copa do Mundo e, depois, as Olimpíadas. Não podemos perder essa oportunidade de apostar mais no turismo, de trabalharmos mais, de abrirmos mais rotas turísticas. E aí, Nilde, eu falo de várias rotas. Falo da rota do Aporé, que pega lá em Costa Rica, mas também da costa leste, que pega Três Lagoas e região. São rotas que nós temos que implementar no nosso Estado. Mas em cada Estado do País eu acho que nós temos que implementar. Não interessa se não teremos a Copa do Mundo em Campo Grande; interessa que nós podemos atrair o turista internacional e o turista nacional com as nossas belezas.

            Portanto, quero terminar a minha fala agradecendo pela oportunidade, cumprimentando, mais uma vez, o Senador Quintanilha pela oportunidade que nos deu de estarmos aqui juntos hoje, cumprimentando o Ministro e dizer a ele que nós estamos contentes - digo isto aqui, mesmo sendo Parlamentar de Oposição - porque V. Exª está fazendo um excelente trabalho e nós acreditamos na sua condução, mesmo com todas as dificuldades.

            Eu já disse aqui que temos que ajudar o senhor no Orçamento, porque sem isso o senhor não caminha. Tenho cuidado muito do orçamento da Cultura...

            O SR. MINISTRO DE ESTADO DO TURISMO (Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho) - Essa é uma boa lembrança. (Palmas.)

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - ...temos brigado muito pelo orçamento da Cultura, Ministro, mas agora acho que nós temos que dividir um pouquinho - principalmente eu - com a Cultura e a Educação, para que possamos garantir recursos. Depois vão ser contingenciados, mas, pelo menos, se houver um bolo grande, o contingenciamento vai ser menos sentido.

            Um abraço a todos e muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/09/2009 - Página 47107