Discurso durante a 166ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise de temas tratados em reunião, hoje, com a presença de vários Ministros e outras autoridades, referentes à Copa do Mundo de 2014.

Autor
Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA CONSTITUCIONAL. ESPORTE.:
  • Análise de temas tratados em reunião, hoje, com a presença de vários Ministros e outras autoridades, referentes à Copa do Mundo de 2014.
Publicação
Publicação no DSF de 26/09/2009 - Página 47613
Assunto
Outros > REFORMA CONSTITUCIONAL. ESPORTE.
Indexação
  • ANALISE, POLITICA NACIONAL, PRIORIDADE, ATIVIDADE, POLITICO, FAVORECIMENTO, ELEIÇÕES, FALTA, ATENÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS, FUTURO, PAIS, REITERAÇÃO, DEFESA, PLEBISCITO, DECISÃO, EXCLUSIVIDADE, ELEIÇÃO, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE, POSSIBILIDADE, REFORMA POLITICA, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMA AGRARIA, REFORMULAÇÃO, ECONOMIA, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, ORGANIZAÇÃO FUNDIARIA, OPORTUNIDADE, MODERNIZAÇÃO, BRASIL, BENEFICIO, DEMOCRACIA.
  • IMPORTANCIA, OCORRENCIA, REUNIÃO, MINISTERIO, REPRESENTANTE, ORGANIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, ESPECIFICAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, MUNICIPIO, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), SEDE, BUSCA, PREPARAÇÃO, DEFINIÇÃO, RESPONSAVEL, UNIÃO FEDERAL, ESTADOS, MUNICIPIOS, INICIATIVA PRIVADA, GARANTIA, INFRAESTRUTURA, ESTADIO, TRANSPORTE, TURISMO, HOSPEDAGEM, PLANEJAMENTO, APLICAÇÃO DE RECURSOS, PRAZO, OBRAS, DEBATE, FINANCIAMENTO, REGISTRO, DADOS, OPORTUNIDADE, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • NECESSIDADE, PREPARAÇÃO, BRASIL, RECEBIMENTO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, AMBITO, SEGURANÇA PUBLICA, TELECOMUNICAÇÃO, SAUDE, ENERGIA, MEIO AMBIENTE, FAVORECIMENTO, REPUTAÇÃO, PAIS.
  • RECONHECIMENTO, TRABALHO, GOVERNADOR, PREFEITO, BANCADA, CONGRESSISTA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), LOBBY, ESCOLHA, CAPITAL DE ESTADO, SEDE, CAMPEONATO MUNDIAL, REGISTRO, MOBILIZAÇÃO, EMPRESARIO, CONCLAMAÇÃO, UNIÃO, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, JAYME CAMPOS, SENADOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. OSVALDO SOBRINHO (PTB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente do Senado da República Senador Mão Santa, Senador Gilberto Goellner, do Mato Grosso, neste Congresso, o Senado da República realmente representa ou deveria representar a alma nacional. Falou aqui o senhor, colocando suas preocupações do Brasil que deseja e quer. Falou aqui, por último, o Senador Pedro Simon, trazendo uma mensagem doutrinária a respeito da história e da situação do Brasil, do Brasil que se tem e do Brasil que se quer. Na verdade, não foi bem, na parte filosófica, um discurso para hoje, mas para o amanhã, para o futuro. Foi um discurso de construção, de alerta, de dizer que o Brasil precisa pensar nas suas raízes, no seu projeto de futuro.

            Volto a repetir e a falar que, com todo o respeito que tenho ao nosso Congresso Nacional, sou um político ainda um pouco inexperiente. Eu tenho 35 anos de vida pública, é evidente. Várias vezes Deputado Estadual, Deputado Federal Constituinte, Vice-Governador do meu Estado, assumi o Governo por algum período, Secretário de Estado, Professor de carreira, ainda milito hoje na educação e agora assumi, por graça de Deus e bondade do Senador Jayme Campos, a cadeira no Senado da República.

            Mas acredito e tenho certeza que o Congresso que temos aqui pode, mas não pode muito; quer, mas não quer muito; deseja, mas não deseja muito; faz, mas não faz muito e que onde temos uma Constituição que dá oportunidade ao exercício do voto - e o exercício do voto é que faz a democracia de verdade -, mas que a cada dois anos temos que voltar às urnas para fazer a eleição, é bem possível que este Congresso ou que nós, os políticos, pensemos mais na próxima eleição do que nas futuras gerações.

            É assim que tem acontecido. É assim que se passam as coisas e é dessa forma que vemos o Brasil. Estamos brigando por questões pequenas, minúsculas, por questões do dia a dia, do que posso agora, do que devo agora, do que quero agora, mas não estamos ainda pensando no que eu posso fazer para o amanhã, do que posso pensar para o futuro desta Nação, do que posso fazer para que ela deixe de ser uma nação emergente para ser, de fato, uma potência no mundo que aí está.

            Para que este Congresso Nacional, com todo o respeito que tenho às pessoas ilustres que há aqui, possa pensar no Brasil de amanhã precisa tomar medidas sérias, medidas urgentes.

            E aqui - volto a falar pela quarta vez em vinte dias que estou aqui no Senado Federal -, volto a falar que a única solução que temos é uma constituinte exclusiva. Convocar uma constituinte exclusiva para única e exclusivamente fazer uma nova Constituição. É a única solução que temos para modificar os grandes temas deste País.

            Não se fará reforma eleitoral com este Congresso que aqui está. Não faremos a reforma tributária com este Congresso que aqui está. Não faremos a reforma trabalhista, a reforma econômica, a reforma fundiária, a reforma agrária, não faremos com este Congresso que aqui está, porque estamos pensando, repito, na eleição do ano que vem, não estamos pensando nas gerações que virão após nós.

            E o Congresso constituinte exclusivo, Sr. Presidente, é aquele que deverá ser convocado. E aqui falou o Senador Pedro Simon, no ano que vem, teremos eleições. Tudo bem. Se não é esta Mesa que vai convocar nem o Presidente da República, mas que se faça um plebiscito nacional. Funciona o Congresso Nacional normal, este que aqui está com seus Deputados e Senadores, e ali, paralelamente, ao lado, funcionará o Congresso Nacional constituinte exclusivo, com a única finalidade: formular a nova constituição deste País. E esse constituinte exclusivo não vai se imiscuir nos assuntos aqui do Congresso Nacional, não; nem este aqui no de lá - e vice-versa. Aquele fará a Constituição para o tempo, para a história, para o Brasil novo que queremos edificar. E este aqui para normatizar o que as ruas já falam, o que as ruas já cantam, o que as ruas já exigem. As ruas exigem o constituinte, ou seja, o parlamentar sempre atrás das ruas. Os fatos vêm depois, o legislador vai normatizar.

            Lá, na constituinte exclusiva, não, nós vamos legislar para o futuro. Lá, sim, vamos fazer uma constituição vanguardeira, uma constituição, na verdade, que vai prever as coisas com elasticidade, para o futuro maior, para o que se precisa estar na primeira, segunda, décima sexta, sexagésima emenda constitucional, porque isso aí é fragilidade constitucional. E esse constituinte exclusivo não terá mais que pensar em candidatura e até poder-se-ia pensar o seguinte: é constituinte exclusivo? Você volta para a sua casa, você não vai ser candidato a estadual, a federal, a governador, a nada, pelo menos num período de dez anos. Não é pena, não, mas é para preservar o orgulho pessoal e as vaidades pessoais de que todos nós somos dotados; é para dizer que está ali para fazer uma coisa séria, não pensando em agradar o futuro cabo eleitoral da esquina nem o chefe político do bairro, mas para agradar à Nação, a sua história, no seu contexto, nas suas necessidades. É assim que penso que poderemos avançar.

            Esses dias, eu encontrei o ex-Deputado Federal Prisco Viana ali, numa sala do anexo IV da Câmara dos Deputados, e ele bateu no meu ombro e falou: “Sobrinho, isso que estão falando de reforma aí - estava aquela minirreforma eleitoral aqui, que eu achei que ela não passou mais do que um verniz -, isso aí não resolve nada, nada vai resolver. Nós perdemos a grande oportunidade de fazer na Constituinte essas grandes mudanças, nós ficamos brigando no periférico e esquecemos do central, o núcleo esquecemos dele.” E eu concordei com ele, e volto aqui - e Deus me deu essa oportunidade - para que eu possa pelo menos externar, como um humilde professor da minha terra, como uma pessoa que ainda é cheia de utopias, esperanças, para dizer que, na verdade, eu quero este Brasil moderno, eu quero um Brasil novo, eu quero um Brasil que respira democracia, um Brasil que seja feito e construído para as futuras gerações, um Brasil que se enquadre no mundo moderno e que possa ganhar com as novas tecnologias que foram inventadas pela competência do homem.

            Eu almejo esse Brasil, mas este Brasil tem de estar em consonância com as democracias modernas do mundo. Caso contrário, vamos perder a grande oportunidade de ser uma potência e ficaremos sempre nessa de Terceiro Mundo, Segundo Mundo, potência emergente e tal, Grupo dos 8, Grupo dos 20, e nada nos vai acontecer.

            Portanto, fico aqui muito feliz. Esse é o primeiro assunto de que queria tratar.

            O segundo assunto é que, neste momento, está havendo uma reunião entre os vários Ministros deste País e os representantes dos organizadores do maior evento, talvez do mundo, que acontecerá em 2014: a Copa do Mundo. Estão discutindo assuntos importantes, para dar condições a que este País possa receber esse grande evento, que não é algo comum. É como se ele fosse as Olimpíadas de Atenas, como se fosse, na verdade, um dos eventos que a História sempre fez.

             Agora, ele vai ser feito no Brasil. Tivemos aqui a última Copa na década de 50, e agora a teremos de novo em 2014.

            Neste momento, estão reunidos lá no Palácio o Ministro do Esporte; o do Turismo; o do Planejamento; o da Fazenda; o da Secretaria das Relações Institucionais da Presidência da República; a Ministra da Casa Civil; o Governador de Mato Grosso, Sinval Barbosa; o Prefeito da Capital, Wilson Santos; o Prefeito de Várzea Grande, Murilo Domingos, com toda a sua assessoria. Lá estive há pouco, para participar daquela reunião, em que estão discutindo os assuntos principais relacionados com a Copa do Mundo e as doze subsedes, entre as quais foi escolhida a nossa Capital de Mato Grosso, Cuiabá. E lá estão procurando saídas, procurando caminhos, procurando atalhos para organizar essas cidades para que se possa, verdadeiramente, fazer a Copa do Mundo em 2014.

            E dos principais objetivos daquela reunião e os principais temas a serem discutidos eu passarei a falar aos senhores. O objetivo geral daquela reunião qual é? Definir as responsabilidades de cada ente federado pela execução de ações e de projetos. Seriam as responsabilidades matrizes. O que cabe a quem? O que cabe ao Município? O que cabe ao Estado? O que cabe à União? O que cada um tem que fazer? O que cabe à iniciativa privada? A fim de que cada um, na sua divisão de responsabilidades, possa fazer o melhor, a fim de que se possa, realmente, ter um evento à altura do Brasil moderno que nós queremos construir.

            O processo se dividirá em duas fases. A primeira, definição de temas com necessidade de decisão imediata, por exemplo: estádios, mobilidade urbana, aeroportos, portos, turismo, toda essa gama de atividades que englobam grandes setores da sociedade, que são de responsabilidade dos Governos e da iniciativa privada, para que cada um possa ter a sua atuação, saber onde colocar os recursos, de que forma o fará, quais são os objetivos principais, o que se pode fazer nesse período de apenas seis anos para chegar lá.

            Na verdade, nessas áreas de atividade, o que se terá de fazer, quais as que já estão certas, quais as em que não se precisa fazer nada, quais precisam de investimento mais maciço, quais precisam de menos investimento, qual a criatividade que se tem para gastar menos recursos, onde se buscará esse dinheiro, onde se buscarão os recursos, se é nos Governos, na iniciativa privada, se é por meio de um consórcio de ações.

            Então, essa é a primeira linha desse processo que se buscará para começar a organizar a Copa, que se está discutindo agora lá no Palácio.

            A segunda linha: definição dos demais temas como promoção do País: segurança, telecomunicações, saúde, energia, meio ambiente. Nós não podemos trazer uma Copa para cá, quando o mundo todo estará voltado para o Brasil, e as manchetes dos jornais mostrem que, na verdade, morrem cinco ou dez em cada fim de semana por falta de segurança, que os bandidos estão soltos nas ruas e que o Estado, lastimavelmente, não tem condições de coibir este tipo de exorbitância humana, que é a desorganização social no campo da segurança.

            Nós não poderemos dar segurança ao turista que vem para a Copa, se, na verdade, ele sabe que não pode sair às ruas e que o País, institucionalizado, a União, não está se dando conta da subversão que aí está instalada e que, na verdade, forma um Estado paralelo, de que o Estado original não tem condições de dar conta.

            Também é muito difícil falar de um tema dessa magnitude quando, na verdade, nós não temos condições de saúde, de energia, de proteção ao meio ambiente. Por exemplo, quanto ao meio ambiente, você traz uma Copa para cá, o mundo todo vem para cá conhecer Brasil e, de repente, as manchetes dos jornais dizem que este é o País que mais queima, é o País que mais deteriora a terra, é o País que mais derruba florestas, é o País que acaba com o seu Pantanal.

            Então, evidentemente, nós precisamos tomar medidas equilibradas para que se possa, no conjunto de ações, na generalidade das ações, na universalidade das ações, chegar, em 2014, com um Brasil, pelo menos, mais humano; um Brasil, na verdade, com mais condições de receber visitantes, com a casa limpa ou, pelo menos, que os donos da casa estejam em condições de fazer o melhor para que, na verdade, isso possa ser um retrato para o mundo.

            O objetivo específico da primeira fase das reuniões é, acima de tudo, discutir a matriz de responsabilidade dos temas propostos. De que forma fazer isso? A origem, como será discutida? Apresentar um modelo de financiamento de estádios e seus condicionados. Que modelo seria? Com financiamento do Governo? Com a iniciativa privada? Uma vez construído pelo Governo, que destinação se dará a esse estádio logo após a Copa do Mundo? Uma vez construído pela iniciativa privada, o que se fará com esse elefante branco depois da Copa do Mundo?

            Essas coisas todas têm que ser dimensionadas, porque, na verdade, os recursos são poucos e nós temos que fazer a melhor utilização deles.

            Apresentar critérios para a seleção de projetos de mobilidade urbana. Nós sabemos que as nossas cidades estão praticamente destruídas com a imensidade de veículos que adentraram nelas. Há dez anos, não era tanto problema, mas hoje até uma cidade como Brasília, que foi construída como uma cidade moderna, já com tecnologias modernas, com ruas largas, avenidas, já tem problema de mobilidade, tem problema de trânsito. Hoje, para sair do centro, no final da tarde, e ir ao aeroporto de Brasília, você já perde, praticamente, a tarde toda. Isso em Brasília, que é uma cidade moderna, de vias largas. Calcula como será na minha Cuiabá, que foi feita em 1718, que tem ruelas por onde passavam somente carroças. Modernizou? Modernizou, mas ainda não atingiu o ápice que nós precisamos, principalmente para um evento como esse, que vai trazer milhares e milhares de pessoas. É preciso modernizar nossas vias, pontos de estrangulamentos que, hoje, na verdade, tiram a vida das cidades, perturbam a população e tiram a paz dos cidadãos. As cidades precisam, na verdade, principalmente essas doze sedes de Copa, ter um olhar diferente, um olhar mais periférico, mas também centralizando as questões básicas que são necessárias para que se possa, verdadeiramente, fazer um evento digno da altura deste Brasil moderno que nós queremos hoje.

            Conhecer projeto da cidade sede para os temas. Conhecer essas cidades todas, conhecer os projetos que estão sendo elaborados. São projetos de boa técnica? São projetos de boa engenharia? São projetos que estão vendo também os recursos poucos que temos? Existem projetos mais econômicos que têm a mesma rentabilidade ou o mesmo efeito? Tudo isso são os assuntos que estão sendo tratados agora por essas autoridades lá no Palácio do Governo.

            Discutir, especificamente, os projetos de mobilidade urbana. Esses são os importantes. Cuiabá, por exemplo, é uma cidade que precisa fazer vários viadutos, fazer transporte de massa.

            Será que tipo que se vai buscar? Será bonde? Será metrô? Será trem? Será com a abertura de novas avenidas, com desapropriação de vilas inteiras para fazer grandes avenidas? Alguma coisa tem que ser feita porque, da forma como está lá, não tem como receber evento nenhum.

            Graças ao bom Deus, as nossas autoridades estão pensando, estão buscando soluções para que se possa verdadeiramente responder a esses grandes desafios que lá estão.

            Quanto à matriz das responsabilidades, o que fazer? Digamos sobre o tema portos, com seus terminais de passageiros, com a urbanização do entorno. De quem será a responsabilidade? Acredito que será dos três entes federativos: União, Estado e Município. Quanto aos aeroportos? Quanto ao terminal de passageiros e pistas, à urbanização do entorno? De quem será a responsabilidade? Acredito também que deverá ser da União, do Município e dos Estados. Quanto à construção, reforma, manutenção, o antes e o depois da construção dos estádios, de quem será a responsabilidade? Aí, acredito, tem que ser mais dos Estados e Municípios, evidentemente, com a cobertura da União. A mobilidade urbana, de quem será a responsabilidade? De todos, da sociedade como um todo, pela terceirização ou pelo Governo Federal, ajudando com recursos do BNDES ou da Caixa Econômica. A hotelaria? De quem será essa atividade? O Estado não pode mais investir na atividade privada. Então, vamos chamar as grandes cadeias hoteleiras do mundo para ajudar a construir os hotéis, que é indiscutivelmente uma grande atividade econômica. Cuiabá hoje já precisa de novos hotéis, e hotéis de primeira categoria. É necessário que se faça isso.

            Portanto, acredito que nessa luta para buscar recursos, que são poucos em um País que precisa tanto como o nosso, é necessário haver divisão de responsabilidades, a divisão de oportunidades também. A União, que detém o maior bolo deste País,

            Os Estados e Municípios têm que dar as mãos, para que se possa verdadeiramente conseguir os recursos. E convocar a iniciativa privada, que visa ao lucro, para que ela possa entrar nesse setor privado, na atividade produtiva, principalmente na atividade de hotelaria, para que tenhamos, muito rápido, sem maiores delongas, o projeto acabado, feito; e que se possa delimitar a ação e a função de cada um.

            Quanto ao financiamento dos Estados, temos a resolução do Conselho Monetário Nacional, que criará uma linha de financiamento aos entes para aplicação nos Estados. As principais características desse financiamento serão da seguinte forma, Sr. Presidente, Srs. Senadores, quanto ao valor: o setor público, por meio talvez do BNDES, financiará até 75% do valor desses projetos, que será limitado a quatrocentos milhões por Estado.

            Segundo os Srs. Ministros que lá estão, vamos ter cinco bilhões de reais para esse projeto todo nas doze capitais. Então, dividindo por doze é possível que tenhamos uma média de quatrocentos milhões por estado, que não será dinheiro dado. Não será custo perdido. Esses recursos terão que ser devolvidos à União, por meio de um financiamento de longo prazo. E o que eles propõem é o seguinte: taxa de juros da TJLP mais spread de 1,9% ao ano; dois anos de carência e após a contratação, dez anos para se pagar após a carência.

            É lógico que nós sabemos que temos Estados como o nosso, por exemplo, que não têm mais capacidade de endividamento. E aí tem que se buscar a criatividade, para que possa esse dinheiro chegar e, consequentemente, as obras não paralisarem.

            Quanto à mobilidade urbana, seleção de critérios, através de projetos. Primeiro, atender ao sistema de transporte público. Esse é o mais importante, é o principal, é necessário se pensar: não vai mais aguentar o Brasil e o mundo, nem Cuiabá aguentará, para as próximas décadas, essa estrutura de vias urbanas que nós temos aí, com essa imensidão de carros entrando todo dia no mercado. Com a democratização da compra do carro, da aquisição do carro, do veículo, hoje quase todas as pessoas podem ter o seu veículo pessoal. E portanto, é necessário organizar a cidade para que isso possa acontecer. E eu quero crer, meu amigo Coutinho, que representa a imprensa do meu Estado, que é necessário se pensar claramente nessa possibilidade de, agora, tentar buscar recursos abundantes para atender ao sistema de transporte urbano das cidades, e principalmente das cidades mais antigas, como Cuiabá.

            É necessário também uma vinculação direta com a Copa, para melhorar a ligação, o acesso ao estádio, o acesso à zona hoteleira, nos aeroportos, nos portos e nas rodoviárias. Essas vias têm que estar bem claras, bem definidas, bem arrumadas, largas, em condições para ter uma solução rápida, do ir e vir nessas vidas da cidade. Caso contrário, nós vamos criar um pandemônio para as cidades, principalmente Cuiabá, que é uma cidade bastante antiga.

            Temos também que estudar, dentro desse projeto de mobilidade urbana, temos que buscar a existência de projetos básicos executivos mais rápido porque, se não houver rapidez nesse negócio, logicamente que as coisas não fluirão. E essa fala de que não há recurso, dinheiro, na verdade, existe muito dinheiro no mundo; o que falta são bons projetos, projetos exequíveis, para que possam as pessoas se entusiasmarem, as instituições se entusiasmarem e colocarem dinheiro para que seja feita essa atividade.

            Atender ao cronograma da Copa: nós não podemos errar em um prazo. Têm que ser duras as punições para aqueles que atrasarem prazos. Porque, pense bem o senhor, vamos receber a Copa de 2014, você falar que vai concluir o estádio em 2013 e, de repente, atrasa a obra com um mandado de segurança, alguma coisa, e você vai concluir o estádio lá para 2018. Já foi a Copa; não precisa mais de estádio, não precisa mais de nada.

            Então, as punições têm que ser duras nessas licitações, nos editais, para cobrar daquele que assumir a responsabilidade de fazer uma boa obra pública. E se ganhar a licitação, tem que fazer sob qualquer custo, senão, nós estaremos desmoralizados perante essa constelação dos Países do mundo.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, nós precisamos pensar na integração intermodal. As cidades que têm estradas de ferro, linhas férreas, ou têm linhas urbanas ou somente para ônibus, têm o metrô, todas elas fazerem uma forma de integração para que possa uma auxiliar a outra e nós termos condições de andar com mais tranquilidade.

            Quanto à definição dos operadores desse processo, tem que ficar definido que nós teremos duas ou três eleições para frente, pelo menos três eleições, e, se cada um que entrar quiser colocar o seu modelo de administrar, nós não vamos chegar a lugar nenhum. É impossível fazer isso. Deve haver um modelo só, certeiro; é um tiro só que nós temos. Errou, acabou. Se a cada eleição, cada governante que vier mudar o estilo das coisas, nós não teremos Copa do Brasil em cidade nenhuma. É necessário ter normas rígidas, normas sérias, com pessoas honradas e competentes, para que possamos verdadeiramente atingir os objetivos a curto prazo de que precisa para esse grande evento mundial.

            Capacidade de endividamento dos entes federativos. Tem que analisar rapidamente se a Prefeitura de Cuiabá, se o Governo do Estado tem condições de pegar financiamento. Se não tiver, buscar outras formas, outras fontes, a fundo perdido, alguma coisa. Tem que buscar, porque, na verdade, não é um compromisso de Cuiabá, não é um compromisso de Mato Grosso; é um compromisso do Brasil com o mundo. E aí, nós teremos a maior vitrine do mundo para mostrar nossas riquezas, nossos potenciais turísticos. Tudo aquilo nós podemos no Brasil. Portanto, não é só o evento Copa 2014, mas é o reflexo que dará essa atividade esportiva ao longo do período de dez, quinze, vinte anos para frente, e será o êmbolo de propulsão para que se possam realmente vender as riquezas naturais que existem neste País.

            O financiamento, como já disse aqui, é de apenas R$5 bilhões para as 12 capitais, as 12 cidades. Portanto, darão uma média de R$400 milhões para cada uma delas. É pouco? É pouco. Mas, se trabalharmos com justiça, com responsabilidade, tenho certeza de que as coisas acontecerão.

            Portanto, Sr. Presidente, quero aqui, neste momento, concitar as autoridades do meu Estado - Governador, Secretários de Estado, Deputados Estaduais e Federais, Senadores, Prefeito da capital, Prefeito de Várzea Grande, Prefeitos do entorno cuiabano - para terem o devido senso público, o civismo necessário, o patriotismo necessário. E que isso sirva também para as outras capitais.

            No caso específico, essa é a grande oportunidade que teremos nos últimos 50 anos. Se perdermos, ninguém vai nos perdoar. Portanto, é necessário cabeça, inteligência, humildade, neste momento histórico.

            Brigas partidárias para os palanques. Briga da Copa para dentro. Todo mundo brigando por um só objetivo. Definidos os parâmetros, todos brigando por um só objetivo. Por que, na Bancada do Nordeste, sempre acontece tudo que eles querem? Porque, aqui, eles brigam no periférico pelas coisas de cada um. Se têm de buscar, buscam mais no central, brigam conjuntamente. Vão buscar. Não tem PTB, não tem PT, não tem PSDB, não tem PP. Eles brigam pelo Partido do Nordeste.

            É assim que temos de fazer, principalmente no caso do Partido de Mato Grosso. Temos de ter um Partido único agora. É o Partido da construção do nosso Estado, do aproveitamento das grandes oportunidades, do aproveitamento dessa fase feliz para o nosso Estado quando ganhamos essa Copa. Foi um trabalho de graça? Não. Cuiabá foi escolhida só por ser o Portal do Pantanal? Não, também. Cuiabá foi escolhida porque ali é uma forma de se começar um novo adentramento para o oeste Brasileiro e para o norte Brasileiro. É como se fosse - este momento agora - aquilo que Getúlio Vargas fez em 1953 e em 1954: o avanço para o oeste. Modernizando hoje Cuiabá e Manaus, essas cidades todas vão ter tranquilamente a oportunidade de serem cidades com recursos necessários para que possam ser propulsoras do desenvolvimento dessa grande região ainda inóspita, que é o Centro-Oeste Brasileiro e o Norte do Brasil.

            Portanto, a Copa é apenas um estímulo, um começo, uma forma de mobilizarmos recursos para essa atividade. Mas, partindo dela, é que vamos começar um novo Brasil, um novo Mato Grosso, uma nova Cuiabá. Desse modo, quero concitar, mais uma vez, todas as autoridades do meu Estado, de todos os Partidos, para que possamos nos dar as mãos. É um momento de conciliação mato-grossense e cuiabana. O que nos importa agora é que cada um possa dar o que tem de melhor.

            Nem Deus há de deixar, mas, se acontecer, se Mato Grosso perder essa Copa - não vai acontecer -, não salva um político vivo. Às vezes, fazemos algumas coisas na política de forma irresponsável: “Vou fazer isso, porque vou me salvar. O outro vai se ferrar, mas vou me salvar”. Nessa, se perder, ninguém se salvará. Todos vão morrer politicamente, porque o povo não vai perdoar. E política tem uma fama horrível neste País. E não podemos atrapalhar uma cidade que vai receber milhões de reais para incrementar seu desenvolvimento e dar condições melhores de vida a seu povo. Não se pode, por meio de politicagem barata, pequena e miúda, fazer com que a cidade venha a perder essa grande oportunidade.

            Portanto, fica aqui minha oração, minha profissão de fé, minha esperança no sentido de que possamos verdadeiramente buscar essa oportunidade - que não podemos perder nunca - para dar condições e justificar nossa vida na vida pública do Estado do Mato Grosso, que é pujante, forte, de pessoas grandes, que realmente têm feito a diferença no Brasil.

            Quero daqui mandar meu reconhecimento ao trabalho que o Governador Blairo Maggi fez para essa Copa e também dizer àqueles que trabalharam, o Prefeito Wilson Santos, o Prefeito Murilo Domingos, o Senador Jayme Campos, o Senador Goellner, que também tem feito o máximo nesse sentido, os nossos Deputados na Câmara Federal, que todos estão lutando e jogando nessa direção, os Estaduais da Assembléia Legislativa e toda a sociedade.

            O nível empresarial mato-grossense já está se mobilizando para a construção de hotéis e oportunidades. Quero mandar a minha mensagem positiva a todos eles. É hora de nos unirmos, é hora de fazermos o melhor para Mato Grosso, é hora de demonstrar o que falamos em palanques, em tribunas, que amamos Mato Grosso e que somos filhos de lá. É hora de mostrarmos com fatos concretos, com dados concretos, com idéias concretas, com coisas que, na verdade, possam ser palpáveis, possam acontecer e que possamos mostrar que realmente gostamos dessa terra. É unir, é fazer o melhor, é trabalhar para que a Copa possa vir e ficar em Cuiabá, a subsede, e que possamos, com grandeza, recebê-la e, com grandeza, transmitir ao povo do Estado de Mato Grosso.

            Homenageio aqui todos aqueles que, de uma forma direta, estão contribuindo para isso e quero agradecer. Recebi, hoje, pela manhã, uma ligação do Senador Jayme Campos, que disse que gostaria de estar presente nessa reunião de hoje, mas pediu que eu o representasse lá. Ele, na verdade, tem a mesma preocupação que eu tenho, porque Jayme é um mato-grossense por completo. Foi Prefeito três vezes, Governador do Estado, Senador da República e é uma pessoa que, verdadeiramente, tem colocado seu coração nas causas mato-grossenses. É incrível o que podemos dizer dele.

            Jayme é um homem que não tem curso superior - vejam as coisas da vida -, mas que se revelou como um grande homem público e que, quando foi Governador, criou duas universidades para Mato Grosso. Uma universidade a distância e uma universidade estadual, que se chama Unimat. Vejam a visão do homem público: ele não teve condições para si, mas deu oportunidade para milhares de brasileiros.

            Ele está entusiasmado com esse negócio da Copa. Ele mandou dizer que tudo tem que ser feito, que a união tem que ser procedida e que temos que fazer tudo que for necessário para que possamos, verdadeiramente, dar condições para que a nossa Cuiabá, a centenária Cuiabá, possa receber os efeitos desse novo momento por que passa o Brasil.

            Sr. Presidente, quero dizer que estou imensamente honrado de ser dirigido na sessão por V. Exª, por estar aqui nesta manhã de sexta-feira. V. Exª é também um Senador operoso por Mato Grosso, que está aqui dando a sua força, a sua contribuição para o Estado. Na verdade, eu me orgulho do seu trabalho aqui. V. Exª é um homem que ajudou a abrir as fronteiras de Mato Grosso e hoje, aqui, no Senado, deixa a sua inteligência, a sua competência, a serviço deste Estado e desta Nação. Hoje, para felicidade minha, aqui, num momento ímpar da minha vida política, tenho a oportunidade de fazer um pronunciamento vanguardeiro para Mato Grosso e, ao mesmo tempo, ser liderado e presidido por V. Exª.

            Parabenizo-o e agradeço por esta oportunidade.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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