Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro de participação de S.Exa. como palestrante, na última semana, do Parlamento Latino-Americano - PARLATINO, em Havana, Cuba.

Autor
Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Registro de participação de S.Exa. como palestrante, na última semana, do Parlamento Latino-Americano - PARLATINO, em Havana, Cuba.
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2009 - Página 49544
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, HOMENAGEM POSTUMA, ENGENHEIRO, ESTADO DO MARANHÃO (MA).
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REPRESENTANTE, SENADO, CONVENÇÃO, PARLAMENTO LATINO AMERICANO, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, DISCUSSÃO, PROBLEMA, AMERICA LATINA, OPORTUNIDADE, PROFERIMENTO, CONFERENCIA, RESPOSTA, INTERPELAÇÃO, MELHORIA, SITUAÇÃO, BRASIL, EFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, BUSCA, ESTABILIDADE, ECONOMIA, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CONFERENCIA, ORADOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. OSVALDO SOBRINHO (PTB - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como o senhor vê, Sr. Presidente, Mato Grosso novamente se une, até para encerrar a sessão do Congresso, até porque são dois Estados que se gostam, nunca perderam os laços culturais. A classe política de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, e seu povo também, na verdade, se dão muito bem. Sentimos que fomos um Estado importante na Federação e, divididos, conseguimos crescer também na mesma harmonia, na mesma tranqüilidade.

            Mato Grosso do Sul ganhou e muito com figuras como o Senador Delcídio Amaral, uma pessoa da mais alta qualidade, um técnico renomado, homem público de escol, pessoa sem jaça, um homem que, verdadeiramente, honra o Senado Federal e honra a política do Brasil como um todo. Homem preparado, de quem tenho a felicidade e o prazer de dizer que sou amigo, porque gosto da forma como faz política.

            Portanto, quero me congratular com o senhor e também me unir aos pêsames ao cidadão brasileiro que o senhor citou há pouco, porque, na verdade, acredito que, vindo do senhor a referência do seu nome, logicamente é uma pessoa que enobreceu o Brasil e fez o melhor. Portanto, aqui, ao Senador Delcídio, deixo as minhas congratulações, na certeza de que, cumprimentando-o, estarei cumprimentado todo o povo de Mato Grosso do Sul e, principalmente, o meu povo querido de Fátima do Sul, onde eu tenho meus laços familiares.

            Mas, Sr. Presidente, Srs. Senadores da República, estive, na última semana, designado pelo Senado da República para ir a uma Convenção do Parlatino, na cidade de Havana, em Cuba, onde tive a oportunidade de representar este Senado da República naquela conferência importante para discutir os assuntos da América Latina.

            Tive a oportunidade de contatar representantes de 23 países, dos congressos desses países da língua latino-americana, que fizeram ali uma verdadeira profissão de fé com relação à vontade de que se possa, na verdade, produzir novos conceitos de política na América Latina como um todo e, principalmente, do Cone Sul, onde estamos inseridos.

            Tivemos a oportunidade de falar a eles que o Brasil regozija-se quando encontra com pessoas que pensam da mesma forma que nós, tentando unir um continente que tem praticamente as mesmas designações culturais, só que o Brasil falando a língua portuguesa, pela sua própria colonização, e os outros países da América do Sul, com a língua espanhola, evidentemente devido à sua colonização. Mas que nós não temos problemas de fronteira nenhum que venham a nos afastar. Muito pelo contrário, nós só temos fatos e atos que possam nos aproximar, fazendo com que os nossos povos possam ficar bem mais perto e, consequentemente, fazendo a interação cultural, fazendo uma interação desenvolvimentista, uma interação comercial, a fim de que possamos valorizar aquilo que aqui produzimos.

            Portanto, quero dizer que esse Parlamento Latino-Americano, através das suas políticas, visa acima de tudo a fazer com que busquemos políticas que possam valorizar o desenvolvimento regional. Acima de tudo também visa ao resgate de uma dívida social que têm as Américas, principalmente a América Latina, com os seus habitantes, com aqueles que fazem este continente e logicamente todos os países querendo, buscando soluções, buscando fatos e atos, para tentar pagar essa dívida social com as populações desses países, que evidentemente querem crescer, se desenvolver e que precisam se auxiliar mutuamente para que as coisas possam acontecer.

            Também o Parlamento Latino-Americano tenta fazer a consolidação de uma democracia para a América Latina e a promoção do bem-estar para a nossa coletividade como um todo.

            Tive a oportunidade de fazer uma palestra naquele congresso, quando, na verdade, fui indagado e todos tinham a curiosidade de saber como passa o Brasil, como vai o Brasil, o que o Brasil tem edificado e tem feito para se manter numa posição de destaque no Cone Sul, tendo em vista que eles guardam muito a memória, Sr. Presidente, Srs. Senadores, do Brasil que tínhamos há vinte anos, do Brasil da hiperinflação, do Brasil desregrado, de um país praticamente beirando a catástrofe, de um país que, na verdade, não andava bem das pernas, um país com uma inflação de 85% a 90% ao mês nos últimos meses do Governo do Presidente Sarney, que fez tudo para colocar o Brasil no seu caminho, furar a onda que girava contra o País como um todo. Depois, com a política que ele fez na Constituinte, harmonizando a classe política, depois, com os outros Presidentes que vieram, o Brasil foi se enquadrando e hoje é este País respeitado no exterior, em todos os lugares, porque conseguiu achar o seu verdadeiro caminho, alcançou a harmonia social, a harmonia política, conseguiu, na verdade, entender que somente através da paz social e do acordo político se consegue crescer e colocar um país rico como o nosso em seus verdadeiros trilhos.

            O Brasil, realmente, é motivo de especulação lá fora, porque querem saber como nós achamos tão rapidamente o nosso caminho. E eu falei a eles que foi através do trabalho, através da luta, da concórdia política, da harmonização, através da busca de soluções por meio do diálogo, da conversa franca e do entendimento entre os contrários. É assim que nós estamos fazendo para fazer com que o Brasil cresça e se desenvolva em seu cenário sul-americano e na constelação de países do mundo como um todo.

            Eu tenho certeza de que os motivos que fizeram com que o Parlatino se sobressaísse e, ao longo de mais de vinte anos, tivesse sustentação nesse cenário político, foram, acima de tudo, as bases sobre as quais ele nasceu, as bases sólidas firmadas com os objetivos que Nelson Carneiro queria - ele foi um dos seus fundadores -, principalmente a democracia e a integração regional, sempre tentando buscar o princípio da autodeterminação dos povos, que determina que cada um trace o seu destino, que cada um busque o caminho que lhe aprouver, mas que respeite também os seus vizinhos nos seus ideais e nos seus objetivos.

            Essa pluralidade política e democrática que nós brasileiros pregamos é também o que nós queremos para todos aqueles povos que residem aqui na América e, principalmente, professam os mesmos ideais que nós. O Brasil sempre buscou solucionar seus conflitos por caminhos pacíficos, sempre buscou uma forma de viabilizar a convivência perfeita com suas fronteiras. É com esse Brasil em mente que nós tentamos dizer lá fora que queremos a cooperação entre todos os Estados estrangeiros que estão ao nosso lado para que possamos juntos crescer. Ninguém crescerá sozinho se não houver harmonia entre nossas fronteiras e nossos povos, se não harmonizarmos os nossos desejos, os nossos ideais, sempre respeitando os ideais dos outros, como mostra nossa política com o Mercosul, com a América do Sul, com o Cone Sul, com os países latinos e assim sucessivamente.

            Portanto, Sr. Presidente, eu diria que foi um encontro espetacular, valeu a pena ter ido lá. Falei sobre a crise que avassalou o mundo e que nós tivemos também problemas com ela. Disse que fomos os últimos a entrar e, talvez, os primeiros a sair desse processo todo, porque fomos conduzidos por pessoas responsáveis, que fizeram uma política consentânea, uma política de responsabilidade, às vezes até com dissabores, mas que conseguiu colocar o Brasil no seu trilho, no seu caminhou verdadeiro.

            Estamos saindo de um problema sério, que quebrou milhões de empresas, que transformou em cinzas praticamente cinquenta trilhões da economia mundial e que fez com que 6,5 milhões de pessoas ficassem pobres. O Brasil teve seus problemas, mas conseguiu solucioná-los porque tomou medidas profiláticas, com tempo, não foi buscar a política pueril, mas foi buscar a política econômica que pudesse ser adaptada a uma economia como a nossa que, na verdade, tenta se modernizar. Portanto, foi um momento muito feliz.

            Também tive oportunidade de confraternizar com os cubanos pela situação de miserabilidade em que vivem hoje, pelo cerco econômico que fazem os Estados Unidos àquela ilha tão pequena. Logicamente, há problemas envolvendo a democracia, há problemas de convivência, mas, quando se fala num mundo globalizante, num mundo globalizado, em uma economia que transcende fronteiras, é impossível se querer colocar todo peso em cima daquela ilha, achando que ela vai tomar conta do mundo.

            Temos de mostrar nossa solidariedade e abrir porteiras para todos os povos do mundo e também deixar que cada um dirija os seus destinos. Se assim é bom para eles, se estão felizes assim, que assim continue. Se não serve para nós, mas serve par eles, está bom demais. O melhor regime político do mundo é aquele que faz o seu povo feliz, é aquele que faz o seu povo alegre, é aquele que traz felicidade. Se eles estão sentindo assim, se não reagiram, é porque está bom. Não cabe a nós, dentro da nossa política constitucional de autodeterminação, querer dar palpite na economia e na vida dos outros. Na verdade, o que se pode sentir é que aquele país tem sofrido muito ao longo do tempo em função desse embargo econômico que lhe é imposto.

            Aliás, os democratas têm de começar a pensar sobre dois povos que sofrem muito no mundo: o povo cubano e o palestino. É preciso encontrar uma forma, sem querer excluir o outro pais, pela qual possam conviver harmonicamente, tentando eliminar as diferenças, diminuir as suas distâncias e fazer com que possam verdadeiramente situar-se num panorama de convivência pacífica.

            Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, quero aqui agradecer a oportunidade, mesmo com poucos dias aqui na Casa, de representar este Parlamento, que, evidentemente, honra a Nação brasileira.

            Quero também, Sr. Presidente, pedir a V. Exª que o discurso que eu fiz no Parlatino seja transcrito nos Anais deste Parlamento. A palestra que fiz naquela conferência foi sobre o tema: “Uma nova arquitetura econômica e financeira para a América Latina”.

            Peço, então, Sr. Presidente, com sua vênia, que eu possa colocar nos Anais desta Casa, junto com meu pronunciamento, essa palestra que foi feita, para que a história possa registrar a presença do Parlamento brasileiro naquele congresso lá em Cuba, que, tenho certeza, muito engrandeceu o relacionamento do nosso povo com o povo cubano.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pela oportunidade que me deu de falar nesta hora já tão distante da hora em que acordamos - todo mundo meio cansado, mas com o prazer do dever cumprido, de estar representando o seu povo, a sua Pátria e tentando fazer o melhor para honrar o voto que recebeu do povo do seu Estado. Aliás, o Senado da República é aquele que segura o pacto federativo, é aquele que dá tranquilidade ao povo, porque permeia esta Casa a experiência de homens como V. Exª, que já governou Estado, que já foi Prefeito, que já foi tudo na vida, mas se dispõe a renunciar a sua vida privada e vir aqui engrandecer este Congresso com a sua sabedoria, com a sua justiça política e, evidentemente, com a sua prática de fazer política com honradez, com seriedade e com responsabilidade.

            Quero dizer a V. Exª que, ao término deste dia exaustivo, de grande trabalho, após participar de tantas comissões e aprovar tantas matérias, sinto-me honrado de terminar o dia com V. Exª presidindo uma sessão em que faço um pronunciamento. Deus me deu essa oportunidade e vou agradecer a Ele eternamente.

            Muito obrigado.

            Boa noite a todos.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SENADOR OSVALDO SOBRINHO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Uma nova arquitetura econômica e financeira para a América Latina” (Palestra no Parlatino).


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2009 - Página 49544