Discurso durante a 200ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa do fortalecimento do turismo no país, com preservação ambiental.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TURISMO. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Defesa do fortalecimento do turismo no país, com preservação ambiental.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2009 - Página 56335
Assunto
Outros > TURISMO. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, POTENCIA, TURISMO, LITORAL, BRASIL, FACILITAÇÃO, DESLOCAMENTO, TURISTA, INCENTIVO, CONSUMO, DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.
  • ANALISE, INEFICACIA, INFRAESTRUTURA, PORTO, BRASIL, RECEPÇÃO, TURISTA, DIFICULDADE, ACESSO, FALTA, CONEXÃO, LOCAL, CIDADE, COBRANÇA, INVESTIMENTO, NECESSIDADE, REDUÇÃO, BUROCRACIA, ENTRADA, NAVIO, AMBITO INTERNACIONAL, INTEGRAÇÃO, TRANSPORTE FERROVIARIO, TRANSPORTE TERRESTRE, TRANSPORTE AQUATICO, EXPANSÃO, HOTEL, ORÇAMENTO, CAMPANHA, DIVULGAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, OLIMPIADAS, PARTICIPAÇÃO, INICIATIVA PRIVADA, QUALIFICAÇÃO, MÃO DE OBRA, CELEBRAÇÃO, CONVENIO, ESTADOS, MUNICIPIOS, UNIVERSIDADE, TURISMO, ECOLOGIA.
  • IMPORTANCIA, POSSIBILIDADE, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), UTILIZAÇÃO, TRANSPORTE DE CARGA, HIDROVIA, BRASIL, PAIS ESTRANGEIRO, PARAGUAI, ARGENTINA, EXPECTATIVA, TRANSPORTE, PESSOAS, ELOGIO, ATUAÇÃO, SECRETARIA ESPECIAL, IMPLEMENTAÇÃO, PROJETO, DRAGAGEM, PORTO, ESTADOS.
  • IMPORTANCIA, BIODIVERSIDADE, RECURSOS NATURAIS, ESTADOS, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO TOCANTINS (TO), ESTADO DE RORAIMA (RR), ESTADO DE SERGIPE (SE), ESTADO DE GOIAS (GO), NECESSIDADE, INCENTIVO, TURISMO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, ELOGIO, TRABALHO, SERVIÇO SOCIAL DO COMERCIO (SESC), PANTANAL MATO-GROSSENSE, DIVULGAÇÃO, RIQUEZAS, ABERTURA, MERCADO DE TRABALHO, JUVENTUDE, DEFESA, INVESTIMENTO.
  • ELOGIO, EMPENHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO TURISMO, PRESIDENTE, INSTITUTO BRASILEIRO DO TURISMO (EMBRATUR), PREPARAÇÃO, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, PAIS, RECEBIMENTO, TURISTA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Presidente Mão Santa.

           Faço um agradecimento realmente muito especial pela generosidade do Senador Mozarildo Cavalcanti, que, sempre que estamos com pressa, por motivo de viagem, ou com algum problema, nos ajuda cedendo a vez. Obrigada, Senador Mozarildo.

           Em relação a essa questão, temos que esclarecer: não é fácil a conquista de um espaço para falar nesta tribuna. E um Senador, quando cede seu espaço, demonstra uma atitude grandiosa. Obrigada.

           Senador Mão Santa, quero falar um pouco - inclusive, meu discurso é meio longo; vou tentar reduzi-lo - sobre a questão do turismo no nosso País. A expectativa da Abremar, que trabalha com toda essa parte de temporadas, de cruzeiros, de navios etc., é a de que, em todo o Brasil, quase 900 mil passageiros, entre brasileiros e estrangeiros, estão viajando pela nossa costa, encostas e alto mar. No Rio de Janeiro, a previsão é de que chegarão 193 cruzeiros em 14 navios, 67% mais do que os 112 cruzeiros que levaram à cidade aproximadamente 270 mil turistas na temporada passada.

           A capacidade de geração de emprego dos cruzeiros é enorme, gerando renda por onde passam. Ao facilitar o deslocamento do turista, eles estimulam o consumo local, ajudando a distribuir a renda do turismo.

           Recebi da Abremar, Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas, precioso relatório nominado “O potencial e o Impacto dos Cruzeiros Marítimos no Brasil”. Apesar de o Brasil ter imenso potencial para o turismo, haja vista nossas praias, montanhas, florestas, além das inúmeras atrações históricas ou de entretenimento, oferecidas por nossas cidades, o País ainda se encontra bastante atrás dos principais polos mundiais de recepção turística.

           Enquanto, em 2007, a Turquia obteve US$18 bilhões em receitas no setor turístico, o Brasil conseguiu apenas US$4 bilhões - e a Turquia é apenas o décimo país do mundo em receitas com turismo.

           Pois bem, se o Brasil se encontra em posição bastante desfavorável, existem alternativas para alterar esse quadro. Por exemplo, o público dos navios. geralmente tem alto poder aquisitivo, buscam férias e lazer em curto espaço de tempo. O Brasil é o sexto maior mercado mundial de turismo de cruzeiro. Há a expectativa de que até abril o setor movimente US$400 milhões, mas precisamos de mais investimentos para dotar nossos portos de maior infraestrutura, para que navios de grande calado não tenham problemas para atracar. Isso já vem sendo feito com iniciativa da Secretaria Especial de Portos, na implementação dos projetos de dragagem em vários portos brasileiros.

           No meu Estado, o Mato Grosso, temos ainda o privilégio de contar com o transporte de cargas pela hidrovia Paraguai-Paraná, que sai desde Cáceres, descendo até Nova Palmira, na Argentina. Com certeza, com o novo projeto, em breve poderemos também transportar pessoas por essa longa hidrovia de entrada e saída dos países do MERCOSUL - este Mercosul que está sendo tão discutido, debatido e polemizado aqui no Senado da República.

           Roteiros de três, quatro, sete ou catorze dias são facilmente possíveis para o Brasil. Precisamos, no entanto, de medidas que melhorem as condições para recepção turística.

           Em primeiro lugar, os portos brasileiros não têm condições satisfatórias para recepcionar turistas. São insuficientes os berços de atracação e de difícil acesso, sem conexão com outras partes das cidades. Sem dúvida, necessitamos de aprimorar nossa matriz multimodal e envolver todos os setores das áreas ferroviárias, terrestres, aquaviárias no desenvolvimento do multimodalismo brasileiro.

           Em segundo lugar, os cruzeiros internacionais têm enfrentado entraves burocráticos no Brasil. O resultado é que, enquanto no resto do mundo os cruzeiros vêm se intensificando, no Brasil o resultado é o oposto, ou seja, em 2004/2005, houve 218 escalas no Brasil e, em 2008/2009, o número despencou para 116. Isso representa uma queda de 40%.

           Os portos são essenciais também para a realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016, no tocante à oferta de acomodação, pois, com a impossibilidade de se expandir a rede hoteleira, os navios podem facilmente ofertar hospedagem. Então, quanto mais berços tivermos nos principais portos de atracação, mais navios poderemos receber.

           O pouco espaço de tempo entre os dois eventos colocaram o Brasil no centro da atenção mundial, despertando o interesse do mundo por conhecer este imenso País tropical, com sol o ano inteiro e muita diversidade cultural, étnica e ambiental.

           O Brasil tem um enorme potencial turístico, isso é fato, e deverá ser vastamente explorado, por conta de toda a promoção que esses eventos estão trazendo ao País; tanto o evento de 2014 quanto o evento de 2016.

           Como a própria Presidente da Embratur disse - e aqui deve ser elogiada, a Srª Janine Pires, mulher extremamente competente, comprometida, e que vem fazendo um belíssimo e grandioso trabalho: o País precisa, realmente, de orçamento para uma campanha de divulgação, como a que tivemos com o anúncio da escolha do País como sede desses dois grande eventos esportivos.

           Conseguimos esses dois grandes eventos, 2014 e 2016, mas precisamos, com determinação, realmente, organizarmo-nos. Senador Mozarildo, Senador Mão Santa, o País tem que se organizar, para colocar o turismo à vista do mundo, porque o mundo estará presente no Brasil. Não são só os doze Estados sedes da Copa do Mundo, nem o Rio de Janeiro sede das Olimpíadas de 2016 e a Copa do Mundo de 2014. Não são só esses que serão vistos e buscados, Senador Mão Santa. 

           Eu tenho certeza de que no seu Estado - conheço - tem coisas incríveis para se ver. Eu já estive lá, agora, mas me esqueci, sinto muito. Mas é onde existem aquelas cavernas... Em São Raimundo Nonato, não é? É espetacular.

           O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Na Serra da Capivara.

           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Serra da Capivara, fantástica, fantástica. Já estive lá. Quem do mundo não quer ver aquilo, lá, no Piauí, Senador Mão Santa? Todo mundo quer ver aquilo que tem lá na Serra da Capivara e, com certeza, no Estado do nosso Senador Mozarildo Cavalcanti, que me cedeu, gentilmente, este espaço e que fala, também, que tem maravilhas para serem vistas.

           Concedo o aparte ao Mozarildo Cavalcanti.

           O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senadora Serys Slhessarenko, V. Exª faz um pronunciamento muito importante. Uma indústria como o turismo, que é uma indústria não poluente...

           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Limpa...

           O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Limpa e de alto valor de agregação e geradora de empregos de toda a ordem. Num País como o Brasil, que tem paisagens e belezas de toda a natureza, do Caburaí ao Chuí, com coisas fantásticas, como o Pantanal, a Amazônia; o nosso litoral é insuperável. Eu não entendo por que, realmente, o País não investe mais em infraestrutura para isso. E nós estamos vivendo num País de cheques pré-datados: é a Copa em 2010, as Olimpíadas em 2014, o pré-sal, a entrada da Venezuela, que, agora, depende muito do Paraguai do que de nós, porque só vai poder entrar quando o Paraguai aprovar. O Paraguai sequer está discutindo no Parlamento. Mas se está pré-datado, nós sabemos que em 2010 tem uma Copa...

           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - As Olimpíadas são em 2016; a Copa, em 2014.

           O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - A Copa será na África em 2010. Em 2014, será no Brasil a Copa; as Olimpíadas, em 2016; temos o pré-sal não sei para quando, temos a Venezuela no Mercosul não sei para quando... E por que não investimos, já que está tudo pré-datado, de maneira coerente, sem essa questão de aceleração de crescimento? Fazemos um plano pé no chão, estabelecendo prioridades como essa. A prioridade número um para o Brasil deveria ser o turismo, de fato. Vejo que casaríamos vários interesses: os dos ambientalistas, os dos empresários e os do trabalhador. Portanto, quero cumprimentar V. Exª pelo tema e dizer que no meu Estado, por exemplo, somos ali colados na Venezuela, vem gente de todo mundo - vinha, pelo menos, até há bem pouco tempo - até Canaima, na Venezuela, para ver as belezas de Canaima, e não iam a Roraima, onde há belezas tão ou mais importantes que lá. Por quê? Porque não tem infraestrutura para o turismo. Então, é importante que o País pense nisso, até para eliminar as desigualdades regionais.

           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador Mozarildo. É isso mesmo. Inclusive, a nossa grande presidente, essa mulher, Jeanine Pires, vem buscando isso por intermédio da Embratur, assim como o nosso Ministro do Turismo, que tem um empenho grande. Eu diria que o Governo Federal tem de ter esse empenho reforçado com vistas justamente à Copa de 2014, às Olimpíadas de 2016. Cada Estado brasileiro tem de se movimentar, mesmo aqueles que não são sede da Copa em 2014. Por quê? Porque aqueles que não serão subsedes da Copa em 2014 poderão mostrar as suas belezas, independentemente das pessoas que estão no Estado subsede. Se souberam divulgar, se souberem fazer a promoção de suas belezas, receberão também esses turistas. Quando andamos no exterior, Senador que preside esta sessão, Senador Mão Santa, as pessoas falam que elas querem conhecer isso ou aquilo, o Pantanal, a Região Amazônica, etc e tal.

           Então, precisamos divulgar, precisamos organizar em primeiro lugar, tem de estar organizado o turismo, e aí a divulgação é fundamental para que as coisas aconteçam e a gente não tenha um momento pontual. O ano de 2014 é um momento pontual da Copa, acabou, acabou; 2016 é um momento pontual das Olimpíadas, acabou, acabou. Não, que não seja só uma coisa pontual, que isso seja para a posteridade. E vamos fazer um jogo, um jogo entre nós, Estados, para ver quem consegue mostrar que tem mais potencial dessa indústria limpa, como disse o Senador Mozarildo agora há pouco. É aquela indústria que não polui e que gera muito emprego. Vamos ver quem é mais capaz de mostrar as suas belezas turísticas, vamos dizer assim, o que ele tem em termos de turismo para oferecer, para que fique para depois. Vamos pensar no dia seguinte da Copa, vamos pensar no dia seguinte das Olimpíadas, para que as pessoas realmente saiam divulgando pelo mundo, já que a melhor propaganda ainda é aquela feita por aquele que volta para o seu país e fala “eu vi isso lá no Brasil”, porque logo depois vem um outro.

           Que a gente consiga se organizar, que a gente consiga mostrar o que a gente tem para depois, porque o pontual é importante, Senador Mão Santa, que preside esta sessão. Aquele momento da Copa é importante, aquele momento da Olimpíada é importante, mas o depois, o que vai ficar para depois, o bem querer dos turistas estrangeiros para chegarem no Brasil e também dos brasileiros... Muita gente não sabe da Serra da Capivara - eu agora peguei a Serra da Capivara porque estive lá um tempo atrás e fiquei assim realmente apaixonada -, não sabe o que tem na Serra da Capivara, no Piauí. Não imagina.

           Eu tenho convicção de que o Piauí tem ali um potencial extraordinário, sem tamanho, para realmente trazer divisas para o Estado e melhoria de qualidade de vida. Isso sem falar... Eu agora resolvi falar do Piauí. O Senador Mão Santa deve estar achando que eu estou querendo ir para lá disputar com ele, não é, Senador? Mas não, eu vou falar do meu Pantanal mesmo, que é o meu Mato Grosso. Eu estou falando tanto do Piauí que ele vai ficar preocupado.

           Nós temos o nosso Mato Grosso, que tem uma diversidade incrível das lavouras de florais brancos imensos, das quais não se vê o final, de algodão na florada. Há o Observatório dos Pássaros em Alta Floresta, que é o mais importante - o maior, pelo menos - do mundo, está lá em Alta Floresta, em Mato Grosso. Observatório de Pássaros, é um negócio incrível. Há muito estrangeiro por lá - brasileiro nem aprecia mais, porque há tanto canto de pássaro à volta -, no meio da floresta, naquele observatório fantástico. Há o Cristalino ali na região. Aonde a gente for, tem o Pantanal, a nossa Chapada dos Guimarães. Na Chapada dos Guimarães, para qual o Prefeito de lá está buscando um grande e importante projeto agora, que é construir o Caminho de Guimarães. Mas, mesmo enquanto o Caminho de Guimarães não está com condições de se apresentar como possível para o turismo, há belezas na nossa Chapada dos Guimarães. A nossa Cuiabá oferece muito, por meio do seu Rio Cuiabá, por meio da sua cultura do cururu, do siriri, daquele pessoal que está ali mostrando no São Gonçalo Beira Rio, mostrando as riquezas da nossa cultura mato-grossense. É incrível.

           E eu diria, continuando aqui a minha fala, que o Governo Federal iniciará um ambicioso projeto de divulgação do País no exterior com o término da Copa do Mundo no ano que vem na África do Sul. Como muito bem disse o Senador Mozarildo, ano que vem, nós teremos a Copa do Mundo na África do Sul. Após ela, temos de começar nosso trabalho aqui para valer em todos os sentidos de organização e divulgação.

           A previsão para 2010 é de um orçamento de mais de R$200 milhões para ações de divulgação, cerca de 50% maior do que o deste ano, que foi de R$135 milhões, orçamento anual da Embratur.

           Não é só o aumento de turistas estrangeiros que esses eventos proporcionarão. O turismo doméstico também será beneficiado, estimulando a população a conhecer melhor seu próprio País, visitar o pantanal, a Amazônia, os pampas no Rio Grande do Sul, no Sul como um todo, as chapadas, as serras, as praias de Norte a Sul.

           Devemos aproveitar para divulgar outras regiões do meu Estado, Mato Grosso, como Nobres, Alta Floresta, Chapada dos Guimarães; a Serra da Capivara e o Delta do Parnaíba no Piauí; as lindas cidades das serras do Espírito Santo; o Jalapão, em Tocantins; o Monte Roraima e os lindos igarapés em águas transparentes em Roraima; a Chapada dos Veadeiros em Goiás; o Cânion Xingó em Sergipe. Enfim, temos muitas belezas a serem conhecidas e que não são tão divulgadas para o próprio brasileiro.

           Temos oportunidade finalmente de estruturarmos o turismo de Norte a Sul do Brasil. Precisamos convencer o setor privado a atuar em conjunto com o setor público para qualificar mão-de-obra e estruturar de forma mais satisfatória a nossa indústria turística, estabelecendo um padrão que agrade o exigente mercado internacional e o próprio crescente mercado interno.

           O Ministério do Turismo, como nosso querido Ministro tão dinâmico, informou-nos que o projeto de qualificação voltado para a Copa do Mundo de 2014, que também beneficiará o Rio nas Olimpíadas de 2016, prevê investimentos de quase R$14 milhões para cursos a distância, de inglês e espanhol, para cerca de 80 mil pessoas, trabalhadores. Os cursos começam em 2010 em todas as cidades que vão sediar jogos da Copa. Além disso, os hotéis também terão linha de crédito especial no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES.

           Isso é importantíssimo, senhores e senhoras. Porém, não pode ficar restrito apenas às sedes da Copa, como eu já disse. Os governos estatuais e municipais devem procurar firmar convênios com as universidades públicas e privadas para ofertarem cursos de línguas em todas as regiões, em todos os municípios com potencial turístico.

           Peço que os nossos gestores analisem com carinho essa minha proposta e se organizem para não perderem a grande oportunidade que temos de desenvolver de uma vez por todas a indústria do turismo brasileira.

           Somente com a realização dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, deverá aumentar o fluxo de turistas estrangeiros no Brasil em até 15% em relação ao ano anterior à Olimpíada. Número que não podemos desprezar, se levarmos em conta que a média mundial é de crescimento de 1% a 2% ao ano.

           Como uma defensora do desenvolvimento sustentável, que estive agora, três ou quatro dias atrás, em Copenhague, discutindo saídas ecologicamente sustentáveis para o desenvolvimento econômico, vejo no turismo a mais promissora indústria para desenvolvermos em nosso País!

           Os investimentos são relativamente baixos, o lucro previsto é grande e os impactos indiretos enormes. Quer dizer, vemos mais vantagens que desvantagens. Fazer uma estruturação com consciência ambiental pode significar o desenvolvimento sem uma única árvore derrubada, um pingo de água contaminado, um ecossistema em desequilíbrio.

           Nossas praias são lindas, um grande chamariz de estrangeiros e brasileiros, mas precisamos desenvolver outras áreas, como já disse, e devemos investir no ecoturismo, que pode levar um rumo para o desenvolvimento econômico de regiões de floresta. E não de florestas também, como temos a nossa querida Jaciara, em Mato Grosso, que não é uma região de floresta, mas extremamente propícia e com um turismo incrível - Jaciara, em Mato Grosso.

           Se no mundo estima-se que o turismo detém 10% do PIB mundial, cerca de US$3,4 trilhões, o ecoturismo representa 10% deste total. Pode até parecer um número tímido, mas se olharmos para taxa de crescimento do ecoturismo de 20% ao ano, o turismo comum cresce a 7,5% ao ano. Já podemos vislumbrar que em pouco tempo teremos esse segmento como um dos mais desenvolvidos, o ecoturismo.

           E neste contexto o Brasil pode virar o principal destino do mundo, porque pouquíssimos países do mundo têm tamanha diversidade ambiental. Devemos nos espelhar em países como a Nova Zelândia e a Costa Rica, que transformaram o ecoturismo e o turismo de aventura no carro-chefe e estão colhendo muitos, quer dizer, muitos dólares deste investimento.

           Já está provado que este é um mercado lucrativo por ser esse tipo de turistas o que mais gasta ao viajar. A busca por belezas incomparáveis é mais importante que o preço pago e, principalmente, acreditam na importância de pagar um pouco mais para garantir a preservação. Enquanto que um turista de lazer gasta em média US$76 ao dia, os ecoturistas chegam a gastar US$104 dia. Uma pesquisa feita pela consultoria francesa TNS Sofres com turistas europeus mostrou que 69% concordam em pagar até 30% mais para garantir a preservação ambiental dos destinos.

           Olhem a importância disso, Srªs e Srs Senadores, senhoras e senhores que nos ouvem! Turistas se dispõem a pagar 30% mais para fazer turismo em determinado País, e no Brasil isso pode acontecer em grande proporção, desde que esse turismo tenha garantida a preservação ambiental.

           Portanto, isso é algo novo. É algo importante. É mudança de mentalidade. Vamos fazer turismo, mas garantindo a preservação ambiental.

           Senhoras e senhores, Senadoras e Senadores, essa é a saída para os nossos Estados, principalmente os amazônicos, mas também os pantaneiros. Por exemplo, investir na estruturação de uma rede de ecoturismo que atraia mais e mais turistas para o Brasil, deixando recursos que ajudem a preservar nossas florestas, nossas matas, em pé.

           Lá em Mato Grosso temos o Sesc Pantanal. É um conglomerado que mostra não tudo o que temos, pois temos muitas coisas, mas realmente uma grande parcela de belezas que o meu Mato Grosso tem. A organização do Sesc Pantanal é extremamente relevante, mas ele precisa ser ampliado e outros mais precisam chegar nesse sentido em nossa região. Além de criar uma nova perspectiva para os jovens do município e do interior, que poderão fazer carreira no ramo turístico, criando cooperativas de guias que poderão oferecer passeios a preços mais atrativos e competitivos.

           Enfim, senhoras e senhores que nos veem e que nos ouvem, são muitas as possibilidades para o nosso País, basta desenvolvê-las. E o turismo, a meu ver, é a principal, a que pode fazer a diferença no futuro.

           Concluo esse breve pronunciamento com o intuito de sensibilizar cada vez mais o nosso querido e tão promissor Ministério do Turismo, para que tenha uma atenção especial para com esse setor. Ele já vem tendo essa atenção especial. Estamos vendo o esforço grandioso do nosso Governo, do Governo do Presidente Lula, que criou o Ministério do Turismo, e dos Ministros que por lá passaram, nossa Ministra que deixou uma grande marca, a Ministra Marta Suplicy, e agora nosso querido Ministro Luiz, que vem fazendo um esforço grandioso. Mas é uma determinação e uma vontade do Presidente Lula que realmente o setor turístico no nosso Brasil se organize e seja mostrado para o mundo, porque é a forma de trazer divisas, é a chamada indústria limpa, trazer divisas para o País sem poluir o País. É a indústria limpa que mais realmente rende, vamos dizer assim, recursos para o nosso Pais, sem estragar o meio ambiente.

           E agora com essa vontade, com essa determinação de muitos turistas estrangeiros, já com mentalidade modificada de que não se incomodam de pagar até 20% ou 30% a mais do que deveriam pagar, desde que esteja garantido que eles estão fazendo um turismo protegido ambientalmente. Realmente isso é da maior relevância.

           O Governo do Presidente Lula tem promovido esse círculo virtuoso de crescimento econômico. E tenho certeza de que turismo é um área que merece atenção nas próximas etapas do Programa de Aceleração do Crescimento.

           Vamos continuar e aprofundar cada vez mais a construção do desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental para o nosso País.

           Muito obrigada, Senador Mão Santa, que preside a sessão, e especialmente o Senador Mozarildo que me cedeu o momento da sua fala.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2009 - Página 56335