Discurso durante a 209ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação em defesa dos aposentados.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Manifestação em defesa dos aposentados.
Publicação
Publicação no DSF de 13/11/2009 - Página 58461
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, CONDUTA, GOVERNO FEDERAL, OBSTACULO, APROVAÇÃO, PROJETO, GARANTIA, DIREITOS, APOSENTADO, BRASIL, VITIMA, INJUSTIÇA, EXPLORAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Gim Argello, que preside esta reunião de hoje, quinta-feira, 12 de novembro, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui no Parlamento e que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado:

            Gim Argello, hoje, represento o Partido Social Cristão. Deus disse: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Mandou seu filho Cristo aqui, na terra, e quem mais divulgou Cristo foi o Apóstolo Paulo. E ele disse... O meu Partido Social Cristão... O Apóstolo Paulo... Quem não trabalha não merece ganhar para comer.

            E o partido de V. Exª é o Partido Trabalhista Brasileiro. O primeiro que veio com essa idéia; o PT veio depois. Quem abraçou isso foi o partido de V. Exª, de Getúlio Vargas, talvez inspirado em nosso patrono Rui Barbosa, que disse: “A primazia tem de ser dada ao trabalho e ao trabalhador”. Ele vem antes. Ele é quem faz as riquezas.

            Então, juntando Deus, Rui Barbosa, Getúlio, do seu partido, e Cristo, do nosso: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. É uma mensagem de Deus para o trabalho! Que os governantes propiciem o trabalho! Temos de dizer aqui e agora, ô Presidente Luiz Inácio, que os nossos velhinhos, os nossos idosos, os nossos avós cumpriram a mensagem de Deus: trabalharam, trabalharam, trabalharam. Foram 20, 30, 35, 40 anos de trabalho, e a compensação do seu trabalho, em uma sociedade moderna, é o salário. Os nossos idosos, os nossos velhinhos, os nossos avós, Senador Gim Argello, eles cumpriram a mensagem de Deus: eles trabalharam, eles construíram. 

            Fizeram um contrato com o Governo, que somos nós. No Brasil, hoje, o Governo não é mais só o Presidente. É o Legislativo e a Justiça. Isso atinge todos nós. A Justiça, justiça tardia e justiça manifesta. Está demorando muito.

            Inventou-se um tal de fator redutor das aposentadorias. Gim Argello, isso não existe no mundo, em lugar nenhum. Nós já pesquisamos, já ouvimos os debates. Não existe. E contrato é contrato. Se não acreditarmos no Governo - o Governo somos nós três; não é só Luiz Inácio, não. Ele tem muita culpa, mas nós temos também. E o Judiciário ainda mais. Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça. Eles serão fartos. Mas eles não estão fartos, não. Eles estão sendo é enganados. Eles foram assaltados, foram explorados. Eles fizeram contratos, Gim. Trabalharam, tirou-se o dinheiro deles, fizeram os cálculos, pois eles deviam ter a sua velhice com dignidade.

            Gim Argello, Juscelino Kubitschek, cassado, humilhado, bem aqui desta cadeira tirado, uma das reflexões dele era: a velhice é triste. Desamparado, é uma desgraça. É o que nós estamos fazendo, Presidente Luiz Inácio, com os nossos velhos.

            Olha, um mal traz outro mal. Padre Antonio Vieira, Gim Argello, disse: “Todo bem é acompanhado de outro bem”. E a recíproca, por analogia, digo que um mal é acompanhado de outro mal. O mal de colocarmos nossos velhinhos amargurados, sofrendo, humilhados. E eles têm tanta vergonha que alguns deles são levados ao suicídio. Eu conheço casos. Nunca antes, como diz o nosso Presidente, ou nunca dantes, como dizia ..., houve tanto suicídio. Os velhinhos, não. É porque eles sonharam, eles planejaram, trabalharam, fizeram contrato para terem a sua velhice com dignidade. Agora, o velho, o idoso, os avós, eles não são só eles não; eles são, vamos dizer, a cumeeira da instituição mais importante, que é a família. Aí é que você vê, Gim Argello, essa barbárie na sociedade: as famílias estão acabadas, estão destruídas. E o avô, o velho, o idoso, são eles que mantêm a tradição.

            Eu iria só a um quadro. Hoje, o mundo todo aplaude, segue, vibra. Recentemente, ganhou o Prêmio Nobel da Paz: Barack Obama. Eu li seus dois livros, o mais interessante é o primeiro quando conta sua vida. Ele é muito claro e verdadeiro e diz: Não sou um maconheiro hoje pela educação que tive dos meus avós. O lar dele, a mãe muito boa, casamentos, desacertos, mas foram os avós maternos que garantiram a formação do Barack Obama. Luiz Inácio, por isso que essa sociedade está uma barbárie. Eu não o culpo, ele parece que não teve os avós e tal, mas isso não é o normal, não. O normal, o avô é o maior patrimônio da família.

            Eu digo aqui, Gim Argello, porque eu sou muito melhor avô do que fui pai. Isso é o que acontece. Daí a família estar desestruturada. Daí a barbárie, a violência, a sociedade não percebe. Por que eu digo isso? Porque eu trabalhei, trabalhei muito, cirurgião; operava de noite, de madrugada, não sei o que, eram só esfaqueados, os pobres em uma Santa Casa. Então, eu quase não vi os meus filhos, estava em uma sala de cirurgia, estava quase sempre operando em uma Santa Casa. Foram educados pela mãe, pela Adalgisa, e hoje a vida, eu como Senador da República me possibilita acompanhar mais os netos. E isso é a sociedade.

            O próprio Deus não botou o Filho d’Ele, forte, querido, Cristo, sou do partido d’Ele, do Jesus, Partido Social Cristão, Ele não O desgarrou não, botou-O numa família, o Deus, numa família, Sagrada Família, Jesus, Maria e José. O próprio Rui Barbosa está aí, e todos nós aceitamos a sabedoria de Rui Barbosa. Ele disse: “A Pátria - a Pátria, Luiz Inácio, a Pátria - é a família amplificada”.

            A família, no Brasil, está destroçada, está se quebrando, está se desvirtuando. Qual o respeito que a criança está tendo pelos avós? Primeiro, o avô fez tudo direito, o idoso, o velhinho, trabalhou para ganhar, na sua velhice, a dignidade e felicidade, e ele fez compromisso, prometeu aos netos, vou pagar sua faculdade, vou lhe dar sua bicicleta, comprar o seu terno novo, vou lhe ajudar na sua profissão, os seus livros, e ele não está cumprindo, os nosso velhinhos, os nossos idosos, os nossos avós.

            Olha, Luiz Inácio, relembro a imagem do meu avô. Eu esperava o meu aniversário e o velhinho chegava sempre sete horas com um dinheirinho. Era depositado na Caixa Econômica, e com aquele dinheirinho a gente tirava umas férias e vivia feliz. Essa é a verdade. Então, se fala em distribuição de riqueza. Luiz Inácio, eu estou para te ensinar. Aprenda. Eu sou mais preparado que Luiz Inácio, mas muito. Luiz Inácio, distribuição de riqueza quem faz é avô, são os velhos, idosos. Eu vi, eu assisti, Luiz Inácio. Esse negócio de nunca antes... O Governo revolucionário, eu era médico, fez um troço bom danado. Eu sei história. Nós somos os pais da Pátria. Esse negócio de Funrural foi o maior avanço social. Era tudo... Aí, de repente, inspirado por João Paulo Reis Veloso, Ministro piauiense, os militares deram o ganho do trabalhador rural. No campo eram velhinhos dando dinheiro para sustentar as famílias. Essa é a verdade. Então, distribuição de riqueza, sabe o que se deve fazer? Vamos devolver! Vamos pagar aquilo que nós tiramos, capamos, como diz no Piauí, dos velhinhos. Eles fizeram um contrato. Atuariamente, V. Exª, Gim Argello, é um homem de altas finanças, os números estão aí.

            Isso é tudo mentira! Mentira, mentira. Eu falo. Eu sou do Partido Social Cristão, de Cristo. Ele dizia: “Em verdade, em verdade, eu vos digo...”

            V. Exª conhece o Senador Paulo Octávio? Inteligência. Ele tentou um projeto aqui que foi abortado. E diz a verdade. Vou contar. Ele me escolheu para ser Relator, como Paulo Paim me escolheu para ser o Relator e defender esse projeto que foi aprovado, mas a Câmara está enganando.

            O projeto do Paulo Octávio - atentai bem, Gim Argello... Aí me botaram, porque votei em 1994 no Luiz Inácio. Eles tinham certeza - então me mandaram ser Relator - de que eu ia me curvar ao poderoso, de que eu ia trair a minha consciência e os meus ideais, de que eu ia atrás de uma boquinha, de um empreguinho para a minha família. Colocaram-me como Relator. Eu me debrucei e vi que Paulo Octávio tinha razão. O Senador tem uma estrutura de consultores para fazer projetos de lei bons. Mas o Paulo Octávio tinha, porque ele é rico mesmo, ele é empresário. E ele fez um projeto de lei que me encantou, e os homens do Governo pensavam que eu vinha lá do Piauí para me curvar, para me vender, para me avacalhar.

            E o Paulo Octávio dizia só o seguinte, Gim Argello... Uma lei muito simples que eles não deixaram passar. Verdade, verdadeira. Pega-se o dinheiro da Previdência que vai para um fundo tudo junto e ali serão administrados os fundos, os juros, as correções monetárias. E provou, com todos os técnicos de que ele dispôs, que jamais, jamais, jamais a Previdência seria deficitária. Tanto é que, no mundo, não há esse assalto de fator redutor, esse fator genocídio dos velhinhos que estão fazendo aí, não. Não existe. Então, eu fui.

            Pressão, usaram de todos os meios - uns legais, outros imorais, indecentes - para eu dar o parecer contra. Olhe como essa gente é. Foi então que começou. Votei em 1994 nessa corriola, nesses aloprados. Ainda avisei para o emissário: “Não quero. O que vou fazer com vocês é o seguinte. Atentai bem!”

            Defendi aqui a tese do homem, porque é boa mesmo e vai beneficiar os velhinhos para o resto da vida: “Hoje, não venho, mas na outra eu venho. Preparem-se.” E o Governo se preparou. Gim Argello, olhe para cá! O senhor está vendo um cabra de moral aqui, do Piauí, Gim Argello. Agora, você olhou. É um homem de vergonha. Gim Argello, você sabe qual foi o resultado? O Governo reuniu-se todinho, os bichos com medo e eu ali. Preparei-me para a CAE. Meu amigo, a pegar ali fui um dos primeiros. O projeto é de Paulo Octávio. Está ali: sete a sete.

            Fui o primeiro que tive a coragem de enfrentar esse aloprado. Mercadante e todos gritaram, pularam ali; e eu defendi a tese. Quem decidiria era o Presidente, Ramez Tebet. Está no céu. Deram um jeito, ele estava meio doente mesmo, você sabe, aí botaram outro Presidente, não é? Você entendeu? Aí, desempatou, para enterrar esse projeto, que é da verdade. Foi! Mas eu dei um susto nesses aloprados aí, para enterrar. Ainda foi 7 x 7, mudaram de Presidente, aproveitando a doença do Ramez Tebet, que votaria em mim. Ele não foi para votar contra. Viu, Gim Argello? Entendeu o negócio?

            Isso foi em 2003. Desde lá, os velhinhos vêm aí. Paulo Paim fez uns projetos e foi buscar quem, Gim Argello? Mão Santa, para ser Relator. Ele viu que eu não abria. Não, no comecinho, rapaz, para enfrentar esses bichos... Gim Argello, aí nós fizemos. São três projetos que queremos. Três! O PTB está conosco, e é da base. Mais fidelidade do que você tem feito aqui, Gim Argello! Mas isso aí, não. Uma coisa é apoiar o Governo, e outra coisa é fazer esse holocausto, esse genocídio, esse martírio, esse assassinato aos velhinhos. Aí o PTB falou: “Eu estou aqui, porque vi o meu líder lá, Gim, leal.

            Imprensa. Eu saí daqui para ver votarem, Gim Argello. E conto aqui como Gonçalves Dias. Agnaldo, Dr. Agnaldo, você já leu Gonçalves Dias, professor Agnaldo? Juca Pirama. Ele diz: “Meninos, eu vi!” E eu digo: brasileiras e brasileiros, eu vi a cena mais feia, que V. Exª, como Líder do PTB...

            Aqui eu fui Relator do projeto do Paim, enterrando esse redutor. Venci na CAE, na Comissão de Justiça, de Direitos Humanos e defendi aqui. Fui eu, e muito bem feito, porque quem faz a lei não pode defender. Aqui foi por unanimidade. Então, isso me enche.

            E havia outro, que instituiu uma missão que era resgatar as perdas do velhos. Íamos restituir 16%. Os aloprados foram ao nosso querido Presidente Luiz Inácio; meteram-lhe na cabeça, e ele vetou. Foi a maior maldade que fizeram com o Luiz Inácio.

            E o outro do Paim é aquele que é a coisa mais certa: se há aumento para quem está trabalhando, há para o aposentado. Igualdade, é a democracia. Igualdade, liberdade, fraternidade. Os velhinhos não podem fazer greve, não podem protestar, mas eu vi.

            Gim Argello, saí daqui para acompanhar na Câmara Federal. Meninos, eu vi. Sou orgulhoso de ser Senador da República, porque aqui a gente diz mesmo, e está dito. Para fechar isso é complicado, já tentaram. O Chávez disse que era o jeito. Só havia um jeito: fechar o Senado. Fizeram a maior campanha aí. Ele está é rindo. Eu ando na rua, só dando autógrafo e tirando retratos. Estou em dúvida sobre se esse Roberto Carlos tira mais retrato do que eu no meio do povo. Estou em dúvida, porque o povo não é besta, não. Isso aqui eles sabem, Senador. Fomos ver lá. Eu vi. Qual foi o jornal que colocou o que vi? Qual foi o jornal? Por isso, aqui nós salvaguardamos. Nós somos a verdade. Qual foi o jornal? Qual foi a revista? Você vai ver agora, Gim. Fui acompanhar lá.

            Cheguei lá, fiquei orgulhoso do meu partido. Hugo Leal, o Líder, falou lá do jeito que V. Exª falou aqui. O PTB está querendo enterrar o fator redutor previdenciário, que garfa, que rouba, que assalta os velhinhos. Ele falou lá. Quando ele estava falando... Ele me disse que ia falar, e eu fui. Está entrando o Senador Mão Santa. Aplaudiram, os velhinhos “tudinho”. “Tudinho” em aplausos. E eu vi. E fiquei orgulhoso do Líder Leal, do meu partido, como o seu agora, o PTB. Aí foi falar o Líder do Partido dos Trabalhadores. Agora, por que não há essa fotografia? Por que não sai nas televisões, nos jornais? Tantas revistas bonitas... Aqui é o Maracanãzinho. Lá é o Maracanã, grandão.

            Olha, o que tinha de idoso, de velhinhos, de vovô, nas galerias. Aí bateram palma para o Mão Santa. E a Presidência: “Não pode aplaudir. Se continuar a balbúrdia, vamos pedir para a polícia tirar.” Aí foi falar o Líder do PT, do Partido dos Trabalhadores. Viu, Argello? Pessoa até boa, conheço-o, é um médico, Vaccarezza.

            Estou contando: meninos, eu vi! Brasileiros e brasileiras, eu vi! A imprensa não bota; o Governo é que paga, é a Petrobras que paga, a gasolina mais cara. As revistas, os jornais, as propagandas que existem são do Governo. Então, não saio, mas eu vi. Na hora em que o homem foi falar, o Vaccarezza, defendendo o indefensável, que os velhinhos deveriam ser roubados, assaltados, humilhados, execrados, desmoralizados, avacalhados... Aí sabe o que os velhinhos fizeram? Ô velho macho! Estou orgulhoso dos meus avós; estou orgulhoso dos meus velhinhos, dos meus aposentados. Mas o Zé tem vergonha. Eles têm vergonha. Quem não tem vergonha somos nós - o Presidente da República, o Congresso e a Justiça! Poder Judiciário, isso é injustiça! Foi feito o contrato, por que ele não manda uma liminar, o diabo? Não mandaram os vereadores para votar? Outro dia, não se pode mudar de partido. E não se cassa gente aqui? Por que eles... Vamos aqui, nós! Todos! A vergonha geral. Mas os velhinhos, sabe o que fizeram? Não podiam falar. Não podem fazer greve, não podem dar porrada, não podem nada: os velhos viraram as costas. Todinhos, rapaz. No maracanã ali, que é a Câmara Federal, eu, olhando. Essa foi a reação de grandeza e de vergonha dos nossos aposentados.

            Luiz Inácio, eu o parabenizo: quando, anos atrás, V. Exª era Deputado Federal... V. Exª, naquele tempo, era macho, tinha coragem, disse que naquela Casa havia 300 picaretas. Eu vi todos os velhinhos, que só tiveram uma reação; o único protesto que eles podiam fazer era ficar de costas, e o orador - vocês estão de frente. E o Brasil... A televisão não botou; lá há televisão. Por que não colocou os velhinhos de costas? Eu vi aquilo, os velhinhos entrando humilhados no campo nazista de concentração. Metiam lá, botavam o gás, e o velho estava morto. Aqui não tiveram coragem de usar o gás, então, eles iam morrendo devagar, nas dívidas, sem dinheiro para remédio, sem atenderem seus sonhos.

            E quero dar um quadro. Tive um padrinho do Rotary, o melhor homem que conheci. Quando se entra no Rotary, a pessoa que convida é padrinho. Foi muito importante estar presente a esse negócio de federação de comércio. No fim da vida, ele teve um status importante. Aliás, foi o melhor homem que conheci: nenhum Senador; na Câmara não há nenhum. A gente tem que julgar.

            Quando vi aqui, suicidou-se, porque, casado há 60 anos, lá na minha cidade, não tinha dinheiro para pagar o hospital da sua esposa, que vivia há mais de 60 anos. É duro. Foi um homem que trabalhou a vida toda, foi decente, exemplar, o melhor que conheci. Deus não vai julgar por um instante. Fez isso tudo.

            Os amigos, pela própria idade, vão rareando, e o velhinho que tinha direito, como muitos, a vinte salários mínimos, está recebendo oito; quem tinha direito a dez está recebendo cinco; quem tinha cinco está recebendo dois.

            Olha, Luiz Inácio, esse negócio de dizer que nós temos dinheiro e que vamos emprestá-lo para o FMI... Eu seria melhor Presidente do que Vossa Excelência. Se tem dinheiro, eu iria pagar os velhinhos. Daria uma banana para o FMI, daria uma banana para os outros países.

            Aprendi com minha mãe, no colo dela, que a caridade começa com os de casa, com os velhinhos, os idosos, os nossos avós. A minha mãe me ensinou que a caridade começa com os de casa. Eles são de casa. Esta Casa não é nada porque se desmoralizou. Tem corrupção aí? Tem, já estão prendendo. A Polícia Federal e o diabo. Tem gente que ganha mais do que a lei manda. Não foi isso. Sou Senador e ando na rua. Escutei Ulysses, quando disse: “Ouçam a voz rouca das ruas.” O que desmoraliza este Congresso é isto, é não ter coragem. A lei está ali. Não se pode ficar aí enganando.

            O PTB pulou fora. Está aí Gim Argello! Ninguém foi mais governista do que ele não; ele vota até na Dilma. Foi o cara que ouvi dizer que é Dilma.

            Mas, nisso aí, uma coisa é outra. Essa de massacrar os velhinhos, e o Luiz Inácio, esse negócio de 80%.

            Eu fui prefeitinho e fui Governador de Estado. Eu vou ter pena é do Luiz Inácio quando ele sair do Governo. Eles dizem aí: ‘Não, o velhinho não influi, o velhinho a gente bota para fora, não aguenta, está para morrer, não compra remédio, vai morrer, vão se acabar”. Na eleição, não tem! Eles têm filhos, eles têm netos. E eles são vítimas das injustiças. Está no Livro de Deus: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, bem-aventurados os perseguidos pela justiça, eles terão o reino dos céus”.

            Então, os nossos velhinhos, nós esperamos, e as nossas palavras são para sensibilizar. Eu acredito que o Luiz Inácio foi desorientado. São os aloprados que querem esse dinheiro aí para se locupletarem, para fazerem essas nomeações fáceis, R$60 mil, DA-6, um ganha R$10.148,00. Esse negócio da soberba, de dizer que tem dinheiro, que está dando para o mundo todo, que a Petrobras, o pré-sal e o diabo... Se nós estamos tão bem, temos muito dinheiro, por que não vamos pagar o que devemos aos nossos velhinhos?

            Então, esta é a nossa esperança antes do Natal: que Deus inspire o nosso Presidente da República a devolvermos aquilo que os velhinhos, os aposentados, os trabalhadores fizeram.

            “Comerás o pão com o suor do seu rosto” - o trabalho. Eles trabalharam, trabalharam, trabalharam e agora foram enganados, enganados, enganados.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/11/2009 - Página 58461