A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente. Realmente eu me sinto muito feliz em ser norte-rio-grandense. O povo norte-rio-grandense, o povo potiguar, tem na sua história muitas marcas de lutas e feitos que ficaram históricos, de vanguarda, como a libertação dos escravos na cidade de Mossoró, e a resistência ao bando de Lampião. Foi uma cidade do Nordeste que o bando de Lampião não conseguiu subjugar, porque o povo reagiu. Foi onde Jararaca também ficou porque, na realidade, foi morto na cidade. Essa luta está na história do nosso povo e nós relembramos, a cada ano, a resistência ao bando de Lampião, num espetáculo chamado “Chuva de balas no país de Mossoró”, que foi criado quando eu era Prefeita, dentro do Mossoró Cidade Junina. Todo mês de junho, nós temos as grandes festas juninas, mas o diferencial do São João, por exemplo, de Campina Grande, de Caruaru, que são tão grandes quanto o nosso - o nosso já é considerado o terceiro maior - é que a nossa festa junina tem essa base forte na cultura, no resgate da história, na valorização dos nossos artistas, porque esse espetáculo é feito todo com artistas da terra, em praça pública, em frente à Igreja de São Vicente, que foi um dos palcos dessa resistência.

            Então, há vários pontos em que houve essa resistência que são preservados. Como Prefeita, tive todo o cuidado de preservar o Palácio da Resistência, a própria Igreja de São Vicente, a estação ferroviária que transformamos na Estação das Artes, que encontramos abandonada...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Naquele cinema da praça, assisti a muito filme namorando a Adalgisa. À noite, eu ia para Recife e repousava lá. Não tinha um cinema?

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - Senador Mão Santa, infelizmente, o Cine Pax, que faz parte também da história da cidade,...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Bem no centro.

            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN) - ...hoje está transformado em um centro comercial, mas já há um shopping na cidade em que várias salas de cinema serão abertas.

            E por falar em cinema, aprovamos ontem, na Comissão de Educação, uma emenda na área cultural exatamente para criar, nas cidades de vinte a cem mil habitantes - esse não é mais o nosso caso, porque temos quase trezentos mil -, espaços para o cinema; além de fomentar, apoiar a indústria cinematográfica e dar à população brasileira mais este espaço de lazer: espaços multiusos de salas de cinema que podem também ser utilizados para outras atividades culturais.

            Como o senhor estava falando de feitos que marcaram a nossa história, hoje, quando realizamos a sessão solene em homenagem à igualdade racial pelo Dia de Zumbi, que será amanhã, mas que hoje já foi comemorado, já foi reverenciado nessa sessão solene, também lembramos a luta pela igualdade feminina, cuja representante, no nosso Estado, foi Nísia Floresta, uma mulher que estava à frente do seu tempo, além de tantas outras que, com certeza, estimularam e deram cada vez mais força para que, lá na cidade de Mossoró, tivéssemos o primeiro voto feminino por Celina Guimarães Viana.

            É tudo isso que me faz sentir cada vez mais orgulhosa, no bom sentido, de ser uma brasileira nordestina norte-rio-grandense, Estado que admiro cada dia mais. Em todos os recantos onde tenho oportunidade de ir, encontro beleza, valores e principalmente a grande hospitalidade do nosso povo. Daí por que é necessário que tenhamos políticas de incentivo por parte do Governo Estadual - e há muitas falhas nesse sentido - para divulgar o potencial do nosso Estado e promover o turismo, que é uma fonte geradora de emprego e renda. Já estivemos em situação melhor como destino turístico. Hoje, já estamos atrás da Bahia, de Pernambuco e do Ceará, com todo o respeito ao Ceará do Senador Inácio Arruda e do Senador Tasso, mas estamos perdendo para eles. Os voos internacionais reduziram-se, e isso é muito preocupante. Esse voos que chegavam em Natal estão chegando agora em Fortaleza. Isso é algo no qual o Governo do Estado tem que tomar uma providência, divulgando e tendo realmente vontade política, sem se acomodar, sem permitir que o nosso Estado tenha esse prejuízo, porque, quando diminui o turismo, diminuem também os empregos e as oportunidades no nosso Estado.

            Mas, na realidade, Sr. Presidente, Srs. Senadores, vim aqui falar da reunião que tivemos, hoje, na Comissão de Infraestrutura, onde, além de outros projetos, apreciou-se um relatório muito bem feito e competente do Senador Francisco Dornelles, sobre as emendas da Comissão de Infraestrutura, que é presidida pelo Presidente Collor e cujo Vice-Presidente é o nosso colega Eliseu Resende, grande Democrata, esse mineiro que é um mestre para todos nós. E, na Comissão, foram apresentadas inúmeras emendas, apesar de serem necessárias apenas quatro, além das emendas de remanejamento. A emenda que apresentei, minha e do Senador Inácio Arruda, era voltada para que pudéssemos fazer a duplicação, continuar a obra de duplicação da BR-304.

            No início da reunião, ficamos apreensivos e tristes, porque o Relator não tinha acatado essa emenda, mas apresentamos o argumento de que a emenda era muito localizada, praticamente só beneficiando dois Estados nordestinos. Seria a duplicação da BR-304, Natal-Mossoró, Mossoró-Fortaleza. Na verdade, não chega a Fortaleza, mas ao entroncamento, porque essa BR vai até o entroncamento da BR-116, que liga o Ceará ao Rio Grande do Sul. Ele argumentou que seria rejeitada porque era localizada e as emendas deveriam ser mais amplas, de caráter nacional. Quero até aqui agradecer, porque o Senador Inácio Arruda, subscrevendo a minha emenda, contra-argumentou com muita propriedade: Como não é de caráter nacional? Se a BR interliga, no nosso Estado do Rio Grande do Norte, com a 405; interliga com a 226, que vai pelo interior do nosso Estado, cortando até chegar ao Sul; e que, no Ceará, ela interliga com a BR-116, que vai ao Rio Grande do Sul; e com a 101, que liga Touros, no Rio Grande do Norte, ao Porto do Rio Grande, no Rio Grande do Sul. A BR-116, que também liga ao Rio Grande do Sul, vai pelo interior; e a BR-101 vai pelo litoral.

            Então, quem vem do Norte para o Sul e quem vem do Sul para o Norte deverá, em qualquer momento, passar pela BR-304. O que está acontecendo? Essa BR está super-congestionada, o trânsito perigoso e difícil. Há um congestionamento de carros pesados, caminhões, porque é o tráfego das frutas, da fruticultura que sai de toda a nossa região e também do Ceará; de sal - todos sabem que o Rio Grande do Norte produz 96% do sal que é consumido no Brasil; é uma região petrolífera; e é uma região que, além de outros produtos, produz castanha. Enfim, há uma mobilidade muito grande, uma movimentação intensa no tráfego, em função do ir e vir e do escoamento da produção.

            O Senador Francisco Dornelles, sensibilizado com as nossas argumentações, conseguiu colocar a emenda, já que a obra - é bom que fique bem claro - a BR-304, no trecho compreendido entre a cidade de Parnamirim, próxima a Natal, e Macaíba, também uma cidade do Rio Grande do Norte, já foi duplicada, a obra está praticamente concluída. E no outro trecho, de mais de 27 quilômetros, que sai de Macaíba até o trevo da BR-226, já está sendo aberta uma licitação para os estudos necessários para a viabilidade técnica, econômica e ambiental da obra.

            A obra já está iniciada, o que é uma das prerrogativas para ser incluída no Orçamento; já está no PPA (Plano Plurianual), 2008/2011; e está com indicação do PAC. Então, não havia nada que impedisse de ela ser acatada.

            O Senador, então, entendeu a necessidade de que também tivéssemos emendas para o Nordeste para rodovias, ferrovias, porque a emenda de ferrovia ficou para a Ferrovia Norte-Sul; a de rodovia, Senador, beneficia aqui o entorno de Brasília com Goiás, na altura de Águas Lindas. Por que o nosso Nordeste fica sem nada? Mas, graças à sensibilidade do Relator, conseguimos encontrar um meio, e foi acatada essa indicação nossa e do Senador Inácio Arruda.

            Então, quero dizer que fizemos a nossa parte. Aqui conseguimos colocar como emenda de comissão uma obra que é importantíssima para o desenvolvimento, para diminuir os riscos, o perigo, para salvar vidas, porque o número de acidentes é imenso, com vítimas fatais naquele trecho, e que vai com certeza promover o desenvolvimento, as oportunidades para o Nordeste.

            Então, fico feliz de termos conseguido colocar a obra no Orçamento, dentro de uma emenda de remanejamento. Alguém pode dizer que é difícil. Difícil seria se não tivéssemos colocado no Orçamento. Difícil seria se não tivéssemos fazendo a nossa parte. Estamos fazendo, cumprindo com a nossa obrigação, com o nosso dever, defendendo o nosso Estado, defendendo a nossa região e o que é bom para o povo do Rio Grande do Norte.

            Agora, uma andorinha só não faz verão, aliás, não é somente uma; uma no Rio Grande do Norte e outra no Ceará, que é o Senador Inácio Arruda. Nós precisamos, para que essa obra seja agilizada, para que haja viabilidade para ser realizada, que todos da Bancada estejam atentos, trabalhando, somando. E que a Governadora, que tem a responsabilidade de conduzir ações em nosso Estado e que é da base aliada do Presidente também esteja determinada, com vontade política para realizar uma obra que é fundamental para o nosso Estado.

            Quero aqui dizer a este Plenário, ao Brasil que muito mais esperamos poder defender em benefício da população brasileira. Neste caso, estamos defendendo os brasileiros, porque pode ser algo que, aparentemente, fica localizado no Nordeste. E por que não no Nordeste? Por que só pensar no Sul? O Nordeste é tão forte, tão importante e tão merecedor quanto qualquer outra Região e merece ainda mais porque é uma Região carente que vem, muitas vezes, sendo discriminada por falta até de mais apoio e mais infraestrutura.

            Então, era isto que eu queria dizer: da minha satisfação de termos conseguido vencer essa batalha. Sei que ainda não vencemos a guerra, mas vamos convocar todos para continuarmos nessa luta para, se Deus quiser, ao final, podermos gritar bem alto a nossa vitória.

            Muito obrigada, Sr. Presidente e Srs. Senadores.

            Era isso que eu tinha a apresentar nesta tarde.

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