Discurso durante a 243ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos 370 anos da Expedição Amazônica de Pedro Teixeira, desbravador português considerado o "Conquistador da Amazônia".

Autor
Sérgio Zambiasi (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RS)
Nome completo: Sérgio Pedro Zambiasi
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 370 anos da Expedição Amazônica de Pedro Teixeira, desbravador português considerado o "Conquistador da Amazônia".
Publicação
Publicação no DSF de 11/12/2009 - Página 66493
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • IMPORTANCIA, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM, ANIVERSARIO, EXPEDIÇÃO, PEDRO TEIXEIRA (MG), PORTUGUES, NAVEGAÇÃO, RIO AMAZONAS, SUGESTÃO, ORADOR, CONSELHO, EDITORA, SENADO, PUBLICAÇÃO, LIVRO, HISTORIA, PIONEIRO, AMPLIAÇÃO, FRONTEIRA, TERRITORIO NACIONAL, SIMBOLO, LUTA, PRESERVAÇÃO, SOBERANIA NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, AMBITO, DEBATE, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, OPORTUNIDADE, CONFERENCIA INTERNACIONAL, ALTERAÇÃO, CLIMA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Vou tentar usar apenas cinco minutos, Presidente Mercadante.

            Inicialmente, saúdo o Presidente Aloizio Mercadante, cumprimentando-o pela iniciativa extremamente válida, bem como a todos os componentes da Mesa, senhoras e senhores que aqui estão presentes. Trago aqui um depoimento acima de tudo muito pessoal, Presidente Mercadante. Nós estamos vivendo uma sessão histórica muito especial para o Brasil.

            Na realidade, venho lá do extremo sul brasileiro, lá das fronteiras com a Argentina e com o Uruguai. Venho do Rio Grande do Sul e confesso que eu desconhecia este importante personagem da história do Brasil. Foi quando tomei conhecimento desta sessão especial que busquei um pouco na história do Brasil a trajetória dessa impressionante figura, o Capitão-Mor da Armada Portuguesa Pedro Teixeira. Com isso pude estudar um pouquinho, inclusive, da questão amazônica, Senador Mercadante. Aliás, ouvindo o seu pronunciamento, imaginei que poderíamos encaminhar ao Conselho Editorial desta Casa a publicação de uma pesquisa, de um livro que trate deste tema: a epopeia de Pedro Teixeira. Aqui, nas publicações desta Casa, eu pude conhecer, por exemplo, um pouco mais o meu Estado. Foi pesquisando na biblioteca do Senado que encontrei um livro intitulado Viagem ao Rio Grande do Sul, um diário de viagem de Saint Lair, escrito em 1820, quando começavam as tensões que acabaram eclodindo na Revolução Farroupilha. Ele vai descrevendo o cotidiano, o dia a dia de um Estado que estava se formando. Conheci um pouco da Região Amazônica, Senador Mercadante, também lendo um livro daqui do Senado intitulado Viagem ao Brasil, escrito por um casal de botânicos suíços, em 1865, e entendo que o Conselho Editorial desta Casa poderia acrescentar e enriquecer a nossa cultura e o nosso crescimento publicando um pouco da história da Amazônia brasileira por meio da epopeia de Pedro Teixeira.

            Quando o Senador Mercadante comentou essa impressionante aventura de dez mil quilômetros, em 1637, eu olhei para o Rio Grande do Sul - e aqui estava presente o Governador de Roraima - e lembrei-me dos gaúchos que saíram, nos anos 70, do Rio Grande do Sul para ajudar a desenvolver a Região Norte do Brasil; os gaúchos de Rondônia e de Roraima, que são milhares. E separam Roraima do Rio Grande do Sul menos de seis mil quilômetros. Isso nos anos 70, e já foi uma epopeia. Dá para imaginar esse homem, com seus poucos soldados, suas canoas e suas centenas de índios remando contra a maré, singrando aquelas águas.

            Então, acho que temos uma obrigação com a história do Brasil, conhecendo um pouco mais as nossas fronteiras, porque esse homem exerceu uma política fundamental para a demarcação das fronteiras brasileiras. Acho que foi um dos primeiros passos nesse sentido, demarcando essas fronteiras e fazendo com que se conformasse a geopolítica do norte brasileiro, inicialmente fazendo a Amazônia portuguesa e, em consequência, a partir dali, a Amazônia brasileira.

            Então, simbolicamente, nós podemos dizer e fazer algumas conexões: se Nóbrega e Anchieta são símbolos de São Paulo; Tomé de Sousa, de Salvador; Estácio e Mem de Sá, do Rio de Janeiro; Duarte Coelho, de Olinda e Recife; Garibaldi e Bento Gonçalves, do Rio Grande do Sul; Pedro Teixeira, realmente, simboliza o herói lusitano amazônico.

            Vejo - e percebi - que, apesar do desconhecimento de seu nome e de sua história lá no sul brasileiro, ele não está esquecido no norte, não. Ele é lembrado pela Marinha do Brasil, com seu nome em um dos navios de patrulha fluvial, P 20 Pedro Teixeira: “Onde a Amazônia precisar, o Boto vai chegar”.

            Lá na cidade de Tabatinga, Amazonas, na histórica São Francisco Xavier de Tabatinga, funciona a Escola Estadual Pedro Teixeira, em sua homenagem. Inaugurada em 1893, tem um significado muito especial, pois, mais de três séculos depois de sua morte, ainda existia a lembrança do conquistador da Amazônia. A cidade de Manaus também o homenageia com uma avenida. Então, a gente vai pesquisando e vai encontrando elementos históricos que resgatam esse impressionante personagem da história brasileira.

            A figura de Pedro Teixeira representa, também - eu estava acompanhando Jefferson Praia comentando sobre a questão amazônica -, o símbolo da luta pela preservação da soberania brasileira sobre a Amazônia.

            Esse resgate de sua memória ocorre em um momento muito especial para a humanidade. De fato, é muito oportuno que, séculos depois, a questão amazônica esteja no cerne das discussões sobre o futuro da humanidade. Hoje, exatamente nesta semana, assistimos à realização de uma conferência mundial que tem, entre os temas discutidos, a preservação de nossa Amazônia.

            Realmente, não dá para falar da Amazônia sem falar da preservação do meio ambiente, do desenvolvimento sustentável e do aquecimento global. Está tudo intimamente ligado.

            A COP15, a conferência climática das Nações Unidas, reúne, desde segunda-feira, líderes de 192 duas nações em Copenhague, para buscar um acordo internacional em relação ao aquecimento global e, através desse acordo, atingir a chamada justiça climática; justiça para as famílias das milhares de pessoas que morrem, todos os anos, devido às alterações climáticas; justiça para aqueles cujas comunidades e economias estão arruinadas pelos ciclones, inundações, secas, com plantações devastadas; justiça para os jovens e as gerações futuras, que enfrentarão maiores catástrofes se algo não for feito hoje. É justiça para todos, porque, se nada for feito, todos seremos afetados em algum dia cada vez mais próximo.

            Uma nova forma de convivência entre os povos terá de surgir e emergirá a partir da consciência de que os ensinamentos que a natureza, a floresta, os rios oferecem à humanidade devem ser mais bem entendidos e assimilados para serem capazes de gerar uma nova sociedade.

            Por isso, ao exaltar a imagem do desbravador Pedro Teixeira nesta sessão, eu não poderia deixar de cumprimentar o Senador Mercadante pela iniciativa e de dar aos visitantes as boas-vindas. Que bom termos essa integração Brasil-Portugal, pois somos irmãos, e essa integração sul-americana, que é fundamental, levando o Mercosul ao norte brasileiro, lá na região Amazônica, mas também o registro da importância da preservação da Amazônia, sobre o que, certamente, teríamos o apoio integral do nosso homenageado.

            Muito obrigado.

            (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/12/2009 - Página 66493