Discurso durante a 247ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do bicentenário de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Comemoração do bicentenário de nascimento de Louis Braille, inventor do Sistema Braille de leitura e escrita para cegos.
Publicação
Publicação no DSF de 16/12/2009 - Página 68823
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, ESCRITOR, DIRETOR, CINEMA, CRIANÇA, PRESENÇA, HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO, AUTOR, CODIGO BRAILLE, IMPORTANCIA, GARANTIA, ALFABETIZAÇÃO, CEGO, AMPLIAÇÃO, ACESSO, EDUCAÇÃO, ELOGIO, ATUAÇÃO, INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT, PUBLICAÇÃO, LIVRO, TREINAMENTO, ASSESSORIA, ATENDIMENTO, PESSOA PORTADORA DE DEFICIENCIA.
  • ELOGIO, FUNDAÇÃO, PRODUÇÃO, GRAVAÇÃO, LIVRO, TECNOLOGIA DIGITAL, PUBLICAÇÃO, CODIGO BRAILLE, SAUDAÇÃO, TRABALHO, ENTIDADE, ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), ATENDIMENTO, CIDADÃO, DEFICIENCIA, VISÃO, AREA, EDUCAÇÃO, SAUDE, ASSISTENCIA SOCIAL, CULTURA.
  • ANALISE, PERMANENCIA, CODIGO BRAILLE, SIMULTANEIDADE, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, GRAVAÇÃO, INFORMATICA, BENEFICIO, AUTONOMIA, INCLUSÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada.

            Eu quero agradecer ao Presidente Senador Mão Santa, bem como a presença dos meus colegas Senadores, especialmente a do Senador Flávio Arns, que propôs essa audiência.

            O Senador Mão Santa é do PSC do Piauí. O Senador Flávio Arns é do PSDB do Paraná. O Senador Paulo Paim é do PT do Rio Grande do Sul. O Senador Osvaldo Sobrinho é do PTB de Mato Grosso. O Senador Zambiasi é do PTB do Rio Grande do Sul. O Senador Pedro Simon é do PMDB do Rio Grande do Sul. O Senador Suplicy é do PT de São Paulo. Acho que falei de todos os nossos companheiros que estão aqui nesta tarde.

            Cumprimento, com carinho especial, o cartunista Maurício de Sousa, que trouxe aqui a sua turma. Ele não veio sozinho; veio trazendo toda a turma que faz a alegria das crianças do nosso País. É um orgulho para nós, brasileiros, termos figuras como essas, que são conhecidas nacionalmente e também internacionalmente. Hoje em nenhum lugar do País há uma criança que não conheça a Turma da Mônica. Portanto, é um prazer enorme tê-los aqui conosco, nesta tarde.

            Cumprimento o cineasta Ivy Goulart. Seja muito bem-vindo a esta Casa, que também é a casa da cultura. Nós temos trabalhado muito para fazer com que a cultura seja acessível a todos os brasileiros. Seja muito bem-vindo!

            Quero cumprimentar todos os presentes, especialmente as crianças que estão aqui, e dizer que Louis Braille merece, realmente, todo reconhecimento e homenagem.

            A humanidade lhe deve deferência, respeito e admiração, pois garantiu ao deficiente visual o direito de manipular a linguagem escrita. E é com essa evocação educacional e universal que estamos aqui para saudar o bicentenário do nascimento desse grande homem.

            Seus esforços científicos e seus métodos de leitura abriram uma janela muito ampla ao ser humano desprovido da visão. Para muitos cegos, nada substitui o prazer de ler um livro, de tocar os pontos com os dedos ou sentir a textura do papel.

            E, nesse aspecto, não podemos deixar de falar sobre o livro impresso. Sabemos que, das milhares de obras publicadas anualmente, poucas são as transcritas e, por isso, ainda há uma longa jornada para chegarmos à acessibilidade. Quero ressaltar aqui, no entanto,o trabalho do Instituto Benjamin Constant, do Rio de Janeiro, centro de referência nacional para questões de deficiência visual. O instituto capacita profissionais, assessora escolas e instituições, e é um dos maiores responsáveis por publicações em Braille no País.

            Também não posso deixar de falar da Fundação Dorina Nowill, que há 63 anos publica edições em Braille e também produz livros e revistas falados e obras acadêmicas no formato digital acessível. No ano passado, foram disponibilizados mais de 900 títulos nos três formatos. A Fundação Dorina Nowill tem a maior editora em Braille da América Latina e é a quinta maior do mundo. Isso é um orgulho para todos nós, brasileiros. Além disso, a produção é distribuída gratuitamente a pessoas com deficiência visual e a escolas, bibliotecas e organizações em todo o Brasil.

            E aí, se me permite, Senador Mão Santa, no meu Estado, Mato Grosso do Sul, o Instituto Sul-Matogrossense para Cegos Floriano Vargas (Ismac) se tornou referência nacional pelo excelente trabalho realizado em prol da emancipação das pessoas com deficiência visual. O Ismac atende quase 650 pessoas, do bebê ao idoso, e atua em três frentes: educação, assistência social e saúde. Quero parabenizar a Diretora Presidente do Instituto Florivaldo Vargas, Telma Nantes de Matos, que é também a 2ª Vice-Presidente da Organização Nacional dos Cegos do Brasil.

            O Instituto Florivaldo Vargas, de Mato Grosso do Sul, funciona desde 1957. É uma longa caminhada, atendendo e auxiliando portadores de deficiência visual em Mato Grosso do Sul. Ele oferece também o apoio pedagógico às crianças em período escolar. Aquelas crianças que estão incluídas na educação regular têm no Instituto Florivaldo Vargas o apoio de que necessitam para continuar estudando. Lá, além do ensino do braile, há também as atividades da vida diária. O Instituto ainda é um dos pontos de cultura do Estado, oferecendo cursos e apresentações de música, dança e teatro. O projeto que o Instituto levou ao ar, Livros que Falam, em parceria com a Petrobras, ganhou destaque no Brasil por valorizar e divulgar a cultura, a cultura do meu Estado, e, a partir de gravação em áudio de obras de autores sul-matogrossenses, percorreu todo o País.

            O Núcleo de Produção Braille e tipos ampliados é um centro de referência da rede municipal de ensino de Campo Grande. O objetivo é adaptar o material didático a fim de possibilitar a inserção de deficientes visuais no ensino regular. Atualmente são 250 beneficiados na rede municipal de educação de Campo Grande, que é a Capital de Mato Grosso do Sul.

            Portanto, quero dizer ao Senador Flávio Arns, aos Senadores presentes, ao Senador Mão Santa, quantas escolas, quantos professores, quantos alunos, quantas famílias têm sido envolvidas nesse formidável processo de aprendizagem graças ao método braile? É só pensar neste País nos milhões de pessoas que são envolvidas com o método braile.

            Sr. Presidente, como se sabe, há mais de 150 anos o braile é o meio usado por excelência pelos deficientes visuais para a leitura e a escrita. “Ler com os dedos” converteu-se em prática tão corriqueira para os cegos que, hoje em dia, não se pode pensar em qualquer programa de reabilitação que não passe pela aprendizagem do braile. Vale notar que, mesmo com o advento das novas tecnologias e o consequente aparecimento de formas de acesso alternativas, o braile prevalece como o melhor meio de tomar contacto com a escrita.

            No entanto, com a popularidade nos anos sessenta e setenta dos sistemas de áudio, que encontraram nas fitas cassetes uma ferramenta ágil e econômica de produção de informação, ensaiou-se uma tendência para o abandono do braile.

            Felizmente, tal tendência teve breve fôlego, estimulando inexauríveis processos de aperfeiçoamento do sistema. Nas décadas seguintes, diante do desenvolvimento das novas tecnologias, da eletrônica e da informática, registrou-se um incremento significativo do braile. Em larga medida, isso se deu graças ao aparecimento dos computadores, das impressoras e linhas braile, bem como aos programas de transcrição da grafia normal para a grafia braile.

            Autonomia, liberdade, inclusão, compartilhamento e autoestima são sentimentos que o sistema braile garantiu ao cego em todo o mundo.

            Louis Braille nos ensinou a não nos conformarmos, a buscar alternativas, a confiar na nossa capacidade criativa e a abrir portas.

            O livro, o áudio, o computador e a conquista da informação são o mergulho no conhecimento e na sua amplitude ilimitada.

            E Louis Braille é o símbolo da emancipação conquistada pelos deficientes visuais.

            Quando ele morreu, em 1852, deixando esse legado imprescindível para a população cega, seu manual, concluído definitivamente em 1829, já era usado em todo o mundo, revolucionando não só o uso da escrita por meio de textos e livros, mas facilitando atividades cotidianas dos deficientes visuais. Hoje vemos a expansão da linguagem braile para máquinas eletrônicas, para os elevadores, para diversos objetos e equipamentos.

            É por tudo isso que estamos comemorando o bicentenário do nascimento de Louis Braille, lembrando os feitos desse homem notável que orgulha a humanidade.

            Eram essas as minhas palavras, Sr. Presidente.

            Muito obrigada. (Palmas)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/12/2009 - Página 68823