Discurso durante a 248ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Importância de melhora da educação no Brasil.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Importância de melhora da educação no Brasil.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 17/12/2009 - Página 72077
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • PRIORIDADE, DEBATE, DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL, SUPERIORIDADE, PROBLEMA, SETOR, VINCULAÇÃO, EDUCAÇÃO, POVO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL.
  • NECESSIDADE, MELHORIA, QUALIDADE, ENSINO, DIFICULDADE, AVALIAÇÃO, RESULTADO, CONCLAMAÇÃO, ESTUDO, SOLUÇÃO, FALTA, INTERESSE, ALUNO, MOTIVO, SUPERIORIDADE, ACESSO, INFORMAÇÃO, INTERNET.
  • COMENTARIO, PESQUISA, PARCERIA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), DIVULGAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), EXISTENCIA, COMPUTADOR, ESTABELECIMENTO DE ENSINO, INEFICACIA, PROFESSOR, UTILIZAÇÃO, INFORMATICA, IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, MAGISTERIO, DIREITOS, PISO SALARIAL.
  • REGISTRO, INICIATIVA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONCESSÃO, BONUS, SALARIO, PROFESSOR, SITUAÇÃO, MELHORIA, AVALIAÇÃO, APRENDIZAGEM, ALUNO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de dizer aqui - hoje nós estamos com a Casa cheia, as galerias lotadas - qual é o maior desafio do Brasil hoje. Eu acredito que o maior desafio é melhorar a educação; esse é o grande desafio, maior do que tudo o que se possa pensar, afinal de contas eu sempre digo que uma sociedade vai ser melhor, vai ser mais justa se o povo for mais educado e mais culto. Um povo bem educado produz mais qualidade e eficiência, e o sindicalismo sabe disto: mais qualidade e eficiência se o povo for mais educado. Um povo bem educado respeita o meio ambiente e evita o desperdício; só evita o desperdício e respeita o meio ambiente se o povo for educado. Um povo bem educado sabe prevenir doenças, epidemias e promover uma melhor qualidade de vida; para ter melhor saúde, tem que ter mais educação. Um povo bem educado consegue usufruir de todas as inovações tecnológicas; o que aparece de novo no País e no mundo um povo bem educado consegue usufruir de tudo isso.

            Há alguns anos, o grande desafio nosso era colocar toda a criança na escola; colocavam as crianças na escola. Conseguimos isso.

            Hoje, nós chegamos ao Rio Grande do Sul, que é o Estado com maior número de crianças na sala de aula, de sete a quatorze anos, e 98,9% das crianças estão nas escolas. Então, o desafio não é colocar a criança na escola. Qual é o desafio hoje? É a qualidade da educação. E a qualidade da educação não é vista, e ninguém sabe o que está acontecendo. Não é como o transporte escolar, quando falta o ônibus para levar a criançada para a escola; não é como quando a merenda falta. Aí, você vê, você sente. Quanto à qualidade da educação, você não tem essa percepção.

            Então, é necessário acharmos os mecanismos para melhorar a educação do povo brasileiro, porque as nossas crianças, os nossos jovens que hoje têm computador em casa ou vão à lan house acessar a internet, eles têm uma interface, uma proximidade com o mundo todo muito mais rápido do que qualquer um de nós. E ele acha que a escola é chata, que a escola não ensina, porque na internet ele procura e acha tudo aquilo que a escola não ensina e que a família, às vezes, não ensina.

            Assim, como melhorar a educação? Como fazer com que a educação brasileira melhore? Como fazer com que o jovem se interesse pela escola e não saia da escola? Quando entra, dizem: “Ah, entrou na escola. Ótimo!” Logo depois, ele evade da escola, porque acha a escola chata. Como fazer com que isso melhore?

            Então, quero colocar aqui que recursos nós temos os suficiente. Não tudo aquilo que nós gostaríamos, mas só com a desvinculação da DRU, que votamos este ano, no Congresso Nacional, a educação ganha no ano que vem, até 2012, R$9 bilhões a mais. Portanto, nós temos um pouco mais de recursos para a educação nos próximos anos.

            E aí? Só isso basta?

            Eu quero colocar que nesta semana a Folha de S.Paulo soltou uma pesquisa da Fundação Victor Civita, em parceria com o Ibope e a USP, dizendo que 98% das escolas, Senador Romeu Tuma, das principais cidades brasileiras têm computador ligado à Internet.

            Aí eu pergunto: Mas se tem computador ligado à Internet, os professores o utilizam? É melhoria do ensino? Não. Os professores só usam o computador como máquina de escrever. A grande maioria dos professores. Eles não sabem acessar os assuntos que possam transformar sua sala de aula num local mais agradável. Eles não têm condições de buscar, na ferramenta que é a Internet, a melhoria da qualidade para a educação dos seus alunos.

            E aí a gente está buscando alternativas. Minas Gerais achou uma alternativa. Qual foi? Garantir um plus, um dinheiro a mais para as escolas que oportunizassem aos alunos a melhoria da qualidade, isto é, que nas provas efetuadas as crianças mostrassem que sabem mais. São Paulo está fazendo a mesma coisa. Se a criança aprendeu mais, os professores ganham. A escola ganha. É aquele bônus que todo mundo quer quando trabalha mais.

            Os sindicalistas aqui pedem o bônus se trabalha mais, se produz mais, se a empresa ganha. Por que a escola não pode também ter esse bônus? Por que a escola não pode ganhar também, e os professores ganharem, se a educação está sendo feita? Se as crianças estão aprendendo? Se as crianças estão em sintonia com aquilo que acontece no mundo?

            Senador Romeu Tuma, o Senador... Não sei se eu posso, Presidente Mão Santa, oferecer mais um? Porque já era Ordem do Dia e me deram a concessão. Mas eu gostaria de ouvir o Senador Romeu Tuma.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Se o Presidente permitir é só um segundo, Senadora. Quando V. Exª fala não se aparteia, porque estamos aqui para ouvir e aprender. Sobre educação V. Exª é uma especialista e muito dedicada; fala mais com a alma, com o coração do que propriamente qualquer sentido cultural. Tem V. Exª pela escola um amor invejável e se dedica de corpo e alma a melhorar a educação no Brasil. Eu só pedi um aparte, Senadora, porque há pouco dei uma entrevista que me amargurou um pouco. O repórter fez uma pergunta dentro do conceito que V. Exª traz do professor e do aluno, perguntou-me - ele estava falando sobre segurança e houve aumento da criminalidade do menor e as crianças não têm ido à escola - como eu via, em um presídio de segurança máxima, o preso custar R$4.000,00 e com a criança na escola se gastar menos de R$1.000,00. Eu falei que o erro não são os R$4.000,00 que se gasta com o preso de segurança máxima, é o aluno que é mal dirigido, o investimento errado. Tem-se que se preocupar com o investimento com aluno, não é com o preso, o preso é outro tipo de administração. E o Professor ganha menos do que se gasta com a manutenção do preso; não é preso que temos que olhar, temos que olhar o professor e o trabalhador da segurança. Eles é que têm que ganhar o razoável para corresponder a vocação de escolher essas profissões. A Senhora me desculpe por interrompê-la, mas eu fiquei profundamente amargurado, porque não dá para comparar essas coisas, Senador. Nós temos que investir na educação e investir na segurança para ter aquilo que a senhora deseja sempre nesta tribuna.

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - É um prazer ouvi-lo.

            Colocou V. Exª o ponto que eu queria me referir aqui.

            A qualidade da gestão das escolas; professores bem pagos. Quem ganha piso salarial de R$950,00 - e há inúmeros Municípios do País que pagam menos do que isso - para os seus professores, como é que nós queremos uma sociedade mais educada, mais culta? Como é que nós queremos um País melhor se o professor ganha uma miséria, se as escolas que têm no interior deste País estão caindo aos pedaços, se o professor não tem acesso às tecnologias? Se o professor não tem a competência técnica que deveria ter e que nossas crianças têm direito? Se a educação não está boa hoje, e não está, isso vai contra um País desenvolvido. Falar que nós queremos um País desenvolvido, um Brasil melhor, sem falar na educação?

            Eu queria terminar este ano, nessa tribuna falando daquilo que eu tenho dedicado os 40 anos da minha vida: falar da educação. Falar que eu não acredito que o nosso País seja melhor se nós não dermos as nossas crianças uma educação de qualidade. E a educação está involuindo e não evoluindo neste País. E isso é um perigo. É um perigo, porque vai aumentar, sim, o número de presidiários nas nossas cadeias; vai aumentar, sim, o número de pessoas inconformadas neste Pais; não vai oferecer a oportunidade que nós queremos que todo o brasileiro tenha, oportunidade se o povo for educado, se estudar mais, se tiver condições de buscar a melhoria e a esperança, e a esperança vem se nós tivermos realmente dado as nossas crianças a educação que elas merecem.

            Mas quero dizer que nem tudo é ruim. Nós estamos terminando 2009, um ano difícil, um ano extremamente difícil.

            É claro que queremos que a crise que se abateu durante este ano no País passe para 2010, aí, sim, como uma marolinha, porque nunca foi a marolinha que disseram. Mas que, em 2010, consigamos fazer com que o PIB nosso seja positivo. Este ano vai ser negativo ou vai ser zero. Então, se vai ser zero, é porque não crescemos. E não adianta vir com propaganda enganosa, porque o PIB no Brasil, este ano, vai ser zero ou próximo de zero.

            Portanto, quero dizer que a crise este ano nos deixa várias lições, mas uma delas é importante: que a gente tenha humildade de reconhecer os nossos erros e buscar achar aquilo que acertamos e que podemos melhorar. Essa humildade que nos falta, às vezes, desse ufanismo do brasileiro achar que está tudo bom, e a gente sabe que não está. E este ano, com todas as crises que tivemos, problemas que tivemos nesta Casa, no País, a crise de corrupção que estamos vivenciando, tudo isso dá a impressão de que este ano não foi bom. Mas quero dizer que todos os anos, como todos os governos, a gente tem de olhar para trás e ver aquilo que passou, o que foi de bom e que ficamos no presente, construímos no presente e aquilo de bom para o futuro que podemos levar deste presente.

            Então, não há jeito de nós...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - ...deixarmos de achar, para terminar, Sr. Presidente, que os governos não constroem. Os Governos têm erros e acertos. O Governo Fernando Henrique teve erros e acertos. O Governo Lula está tendo erros e acertos. O próximo governo vai ter erros e acertos. Agora, a gente tem de aprender com os erros da gente. Um país que aprende com seus erros e não quer escamotear com mentiras os seus próprios erros, aí, sim, aprende.

            Então, quero terminar a minha fala, agradecendo ao Presidente a oportunidade de eu poder falar mesmo durante a Ordem do Dia. Eu não queria deixar de falar na educação do povo brasileiro, da importância que é garantir tudo de bom ao nosso povo e garantir a ele um bom 2010. Mas um bom 2010 não é só ter uma economia melhor, a economia para poucos. Nós queremos que as benesses da economia sejam para muitos, seja para todo o povo brasileiro e que o povo brasileiro saiba utilizar...

(Interrupção do som.)

            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS) - ...dessas benesses. Agradeço ao Presidente a oportunidade e desejo a todos que este ano de 2009 fique na nossa lembrança como o ano que não é para esquecer, mas um ano em que a gente tem que levantar a cabeça, ver o que fizemos de errado, saber o que fizemos de errado, e propor um 2010, um ano mais brilhante e melhor para todo o povo brasileiro.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/12/2009 - Página 72077