Discurso durante a 15ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reverencia à memória da Dra. Zilda Arns Neumann, fundadora da Pastoral Nacional e Internacional da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa; do Dr. Luiz Carlos Costa, representante da ONU; e dos militares brasileiros vitimados pelo terremoto no Haiti.

Autor
Rosalba Ciarlini (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: Rosalba Ciarlini Rosado
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. POLITICA SOCIAL.:
  • Reverencia à memória da Dra. Zilda Arns Neumann, fundadora da Pastoral Nacional e Internacional da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa; do Dr. Luiz Carlos Costa, representante da ONU; e dos militares brasileiros vitimados pelo terremoto no Haiti.
Publicação
Publicação no DSF de 24/02/2010 - Página 3986
Assunto
Outros > HOMENAGEM. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ZILDA ARNS, MEDICO, LIDER, ENTIDADE, IGREJA CATOLICA, AUXILIO, CRIANÇA, IDOSO, SITUAÇÃO, POBREZA, ABANDONO, REPRESENTANTE, BRASIL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), MILITAR, FORÇAS ARMADAS, VITIMA, ABALO SISMICO, PAIS ESTRANGEIRO, HAITI.
  • RELEVANCIA, TRABALHO, ZILDA ARNS, MEDICO, FORÇAS ARMADAS, GARANTIA, DIREITOS HUMANOS, PROMOÇÃO, CIDADANIA, PAIS ESTRANGEIRO, HAITI, IMPORTANCIA, SOLIDARIEDADE, ENTIDADE, IGREJA CATOLICA, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL, MUNICIPIO, MOSSORO (RN), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), BRASIL.
  • REGISTRO, EMPENHO, ORADOR, LUTA, JUSTIÇA SOCIAL, DEFESA, VIDA, GARANTIA, DIREITOS SOCIAIS, CRIANÇA, ESPECIFICAÇÃO, SAUDE, EDUCAÇÃO, EXPECTATIVA, APROVAÇÃO, SENADO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, EXTENSÃO, TOTAL, TRABALHADOR, MULHER, LICENÇA-MATERNIDADE, IMPORTANCIA, EXTINÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, POBREZA, INJUSTIÇA, BRASIL, AUMENTO, RECURSOS, SAUDE PUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª ROSALBA CIARLINI (DEM - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente Mão Santa, senhores convidados aqui presentes, esposas, mães, parentes de maneira geral dos nossos heróis que partiram, aqui viemos, nesta tarde, ao Senado Federal para unir nossas vozes, nossos pensamentos e nossos corações nesta homenagem. Não poderíamos deixar de registrar, para ser lembrado sempre, o exemplo, a luta, a coragem desses homens e dessa grande mulher, que, no cumprimento de sua missão, não deixaram, em instante algum, de colocar seu coração e sua solidariedade na busca de reconstruir o Haiti, de salvar vidas, de solucionar questões, de valorizar os direitos humanos, de fazer valer a cidadania.

            Na homenagem que fazemos a todos eles, eu gostaria dar um depoimento pessoal também sobre a colega e médica pediatra Zilda Arns. Conheci a Drª Zilda quando eu ia para um curso, quando participava de um encontro sobre saúde da criança. Tivemos a oportunidade de conviver por alguns dias. Eu não era política. Aliás, na realidade, políticos todos nós somos, mas eu não tinha cargo público naquele momento. Depois, pelo meu destino, fui Prefeita da minha cidade e fiz uma administração voltada prioritariamente para a criança. As lições e o ideal da Pastoral da Criança, como o combate à mortalidade infantil, tudo isso vi na minha cidade, Mossoró, onde cheguei recém-formada em 1977. Aquelas crianças, quando chegavam à presença da médica, estavam morrendo de fome e de desnutrição, e já não havia muito o que pudéssemos fazer. Quantas vidas se perderam porque faltava soro caseiro e porque ainda não havia uma campanha como as de hoje?

            Nisso a Drª Zilda foi fundamental, foi importante. Ela conseguiu passar esse ideal para muitos, para milhares de companheiras, de amigos, de pessoas da sua comunidade, do seu bairro e da sua rua, que abraçaram essa missão de fé e a responsabilidade social de dar um pouco àquela mulher que precisava de orientação na gravidez, de acompanhar aquela criança que estava precisando de orientações ou de fomentar programas como o que apresentou a multimistura, que salvou muitos e muitos desnutridos neste País e que continua salvando vidas. E ela não se preocupava apenas com a criança, mas também com a mãe, por entender que esta, quanto mais conhecimento tivesse - a educação da mãe também é fator fundamental -, quanto mais conseguisse crescer pelo caminho da educação, mais consciente e preparada estaria para tratar melhor seus filhos, para cuidar melhor dos seus filhos. E, assim, mais vidas poderiam ser salvas. Não acredito que, no mundo, alguém tenha conseguido fazer essa corrente de solidariedade e de fraternidade, chegando a todos os recantos, chegando principalmente aos mais pobres, aos mais carentes, aos mais necessitados.

            Tive, e ainda tenho hoje, no exemplo, no trabalho de todos os que fazem a Pastoral - hoje, a Pastoral é mais ampla, já olha também para os da terceira idade, já cuida deles com muito carinho -, algo para me espelhar, para fazer crescer mais as nossas ações. Hoje, com a responsabilidade que tenho e que me foi dada pelo povo norte-rio-grandense, de ser a primeira mulher do meu Estado no Senado Federal, luto pelas causas sociais, colocando sempre em primeiro lugar nossa criança. Foi isso que me trouxe aqui. Defendo também a saúde como bem maior, porque é vida, porque diz respeito à defesa da vida em todos os seus aspectos. Nada é mais importante do que isso.

            Neste mandato, procuro conseguir isso, com meu trabalho, com minha luta. E essa luta não é somente minha, mas de todos os que aqui estão, daqueles que comungam desse mesmo sentimento, como nós, médicos, Senador Mão Santa, e como a Senadora Patrícia, que começou o trabalho para ampliar a licença-maternidade e que fez um projeto, já aprovado e sancionado, em que as empresas podem aderir a esse programa. Foi exatamente por relatar esse projeto que apresentamos uma proposta ainda mais ampla, uma proposta de emenda à Constituição, para que todas as mães, todas as mulheres - não apenas aquelas que trabalhassem em empresas que fizessem essa opção - pudessem contar com a licença-maternidade de seis meses. Tenho de dizer, Senadora Patrícia, que V. Exª deu esse primeiro passo decisivo. Estou nessa estrada e sei que estamos lado a lado, porque essa proposta de emenda à Constituição visa a mudar de quatro para seis meses o período da licença-maternidade. Esse período é fundamental para que a criança seja amamentada, para que a criança conte por mais tempo com a presença de sua mãe, para que a criança possa ser mais forte, mais saudável. Com isso, ganha o nosso Brasil, pois o custo da saúde no Brasil, com certeza, irá diminuir. Essa proposta, Senadora, já foi aprovada nas Comissões e se encontra pronta para entrar em plenário. Quero, aqui, pedir aos Srs. Senadores, ao Líder José Agripino e aos demais líderes de partido que nos ajudem, para que essa proposta seja logo encaminhada ao plenário, para ser aprovada e dar esse direito maior à mulher, à mãe, mas, principalmente, às nossas crianças.

            Tenho a certeza de que a Drªa Zilda, de onde estiver, mandará sua luz, uma luz realmente importante para uma proposta como essa, porque era algo que ela defendia e cuja importância ela conhecia.

            Então, é justa a homenagem que hoje aqui prestamos à Drª Zilda Arns e aos dezoito heróis brasileiros que perderam suas vidas nesse momento trágico, nessa fatalidade. Mesmo assim, o Exército brasileiro continua de cabeça erguida, trabalhando mais do que nunca para que o trabalho humanitário que vem realizando ganhe ainda mais força.

            Temos de nos colocar lado a lado e de somar esforços nessa ajuda humanitária em benefício daqueles que estão desprotegidos, que estão numa situação de calamidade e que muito sofreram com o terremoto em seu país. É preciso dizer a todos os brasileiros: temos de nos inspirar no exemplo de homens e mulheres como esses para reunir mais força, mais coragem, mais garra e mais determinação para lutar por justiça, por um mundo de paz, por um mundo onde, realmente, possamos dizer que somos iguais, por um país onde o povo seja, realmente, feliz e não chore as crianças que morrem por fome, por desnutrição e por falta do aleitamento materno.

            Esse era o sonho da Drª Zilda Arns. Sua morte foi bonita, porque ela morreu fazendo aquilo em que acreditava. Aqui, queremos nos somar e dar as mãos para dar continuidade a esse trabalho, acreditando, sim, que esse é o caminho que levará à superação das desigualdades, à superação das injustiças, à superação dessa grande pobreza que ainda existe em nosso País, onde as mulheres ainda morrem no parto. É inadmissível o número de mulheres que morrem no parto por falta de uma estrutura melhor nas maternidades, por falta de um pré-natal bem acompanhado!

            Aqui, clamamos por mais recursos para a saúde, por mais estrutura, por mais ação, porque os recursos para a saúde são recursos que têm retorno no bem-estar da população. Um povo que tenha uma saúde que esteja, realmente, dentro dos parâmetros, dentro da normalidade, é um povo que vai trabalhar mais, que vai fazer este País ainda mais forte, que vai fazer deste País o país que desejamos e com que sonhamos para nossos filhos e para nossos netos.

            Muito obrigada. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/02/2010 - Página 3986