Discurso durante a 23ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de aplauso ao Procurador-Geral da Assembléia Legislativa do Amazonas, Dr. Vander Laan Góes. Registro da realização do "Grito Manaus", festa que celebrou a cultura alternativa. Registro de que a Samsung vai voltar a produzir telefones celulares no Polo Industrial de Manaus. Transcrição de matéria publicada no Diário do Grande ABC, intitulada "A Terra de Mitos e Fatos". Comentários ao artigo intitulado "Os retrovisores da história", de autoria do articulista Lino Chixaro, do Diário do Amazonas. Manifestação de pesar pelo falecimento do cantor Johnny Alf, um dos precursores da bossa-nova.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
LEGISLATIVO. POLITICA CULTURAL. POLITICA INDUSTRIAL. TURISMO. ELEIÇÕES. HOMENAGEM.:
  • Voto de aplauso ao Procurador-Geral da Assembléia Legislativa do Amazonas, Dr. Vander Laan Góes. Registro da realização do "Grito Manaus", festa que celebrou a cultura alternativa. Registro de que a Samsung vai voltar a produzir telefones celulares no Polo Industrial de Manaus. Transcrição de matéria publicada no Diário do Grande ABC, intitulada "A Terra de Mitos e Fatos". Comentários ao artigo intitulado "Os retrovisores da história", de autoria do articulista Lino Chixaro, do Diário do Amazonas. Manifestação de pesar pelo falecimento do cantor Johnny Alf, um dos precursores da bossa-nova.
Publicação
Publicação no DSF de 06/03/2010 - Página 6037
Assunto
Outros > LEGISLATIVO. POLITICA CULTURAL. POLITICA INDUSTRIAL. TURISMO. ELEIÇÕES. HOMENAGEM.
Indexação
  • ELOGIO, PROCURADOR-GERAL, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), JUSTIÇA, PARECER, DEFINIÇÃO, NUMERO, DEPUTADO FEDERAL, SAUDAÇÃO, MOBILIZAÇÃO, DEPUTADOS, SENADOR, PRESENÇA, SESSÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), BUSCA, MELHORIA, REPRESENTAÇÃO POLITICA.
  • SOLICITAÇÃO, INCLUSÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DIFUSÃO, ALTERNATIVA, CULTURA.
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO, EMPRESA ESTRANGEIRA, RETOMADA, PRODUÇÃO, TELEFONE CELULAR, APARELHO ELETRODOMESTICO, POLO INDUSTRIAL, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ATENDIMENTO, MERCADO INTERNO, EXPORTAÇÃO.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELOGIO, PATRIMONIO TURISTICO, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ESPECIFICAÇÃO, FLORESTA AMAZONICA, SAUDAÇÃO, MELHORIA, LOGISTICA, EMPRESA DE HOTELARIA, ATENDIMENTO, DEMANDA, TURISTA, BRASIL, EXTERIOR.
  • SOLICITAÇÃO, PUBLICAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, JURISTA, ESTADO DO AMAZONAS (AM), DEFESA, VALORIZAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, EXPANSÃO, DEBATE, AUSENCIA, RESTRIÇÃO, COMPARAÇÃO, GOVERNO, RECONHECIMENTO, VANTAGENS, PERDA, GESTÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • HOMENAGEM POSTUMA, COMPOSITOR, CANTOR, LEITURA, TRECHO, MUSICA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, CULTURA, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, proponho um voto de aplauso ao Procurador-Geral da Assembleia Legislativa do Amazonas, Dr. Vander Laan Góes, parintinense da melhor cepa, pelo seu correto parecer a respeito da redefinição do número de Deputados Federais por Unidade da Federação. Teve uma atitude impecável, junto, aliás, com Deputados Estaduais que aqui acorreram. Penso até que nenhum outro Estado se fez tão presente quanto o Amazonas - os Deputados Federais, praticamente todos, não me lembro de exceção, e os Senadores, sem dúvida, presentes a todas as sessões do TSE -, porque o Amazonas não se conforma com ser sub-representado, e ele está sub-representado, há muito tempo, desde a constatação do Censo de 2000, por apenas oito Deputados Federais, quando deveria ter, no mínimo, nove. Isso lhe causa problemas não só políticos, mas também econômicos, com clareza, porque quem tem minoria tende a perder nas disputas econômicas nesta Casa.

            Sr. Presidente, ainda quero dizer a V. Exª que, como em 79 outras cidades do País, o Amazonas ouviu e apreciou o Grito Manaus, a festa que celebrou a cultura alternativa. Em Manaus, o Grito ocorreu na parte interna do viaduto da Avenida Constantino Nery, bem em frente ao Olímpico Clube, com a Boulevard Álvaro Maia. Desse registro, incluo a íntegra da reportagem do jornal Amazonas em Tempo, para que passe a constar dos Anais do Senado da República.

            Do mesmo modo, Sr. Presidente, começo com uma boa notícia para o Amazonas e, por certo, para o Brasil: a Samsung vai voltar a produzir telefones celulares no Polo Industrial de Manaus. Com os novos investimentos da empresa, depois de seis anos sem fabricar celulares no Amazonas, será possível também a produção ali de condicionadores de ar. O Diretor de Negócios da Samsung, Dr. Benjamin Sicsú, em entrevista ao jornal Amazonas em Tempo, informou que, com essa nova linha, os condicionadores da marca deixarão de ser importados já que o Polo Industrial de Manaus (PIM) atenderá ao mercado nacional e também os exportará.

            Saúdo a boa nova e aproveito a oportunidade em que faço o grato registro para pedir inserção nos Anais do Senado da excelente reportagem do jornal Diário do Grande ABC. Com o título “A Terra de Mitos e Fatos”, a reportagem destaca os principais pontos turísticos do meu Estado, a começar pela própria floresta. A selva exerce fascínio e figura como inigualável atração. Aliás, ao lado do Rio de Janeiro, o Amazonas vira, cada vez mais, o destino preferido dos turistas estrangeiros. E eles não se frustram jamais diante de tantas e expressivas belezas. Hoje, felizmente, o Amazonas dispõe de excelentes condições de logística - poderia ser melhor ainda - e de hotelaria para atender à forte demanda de turistas do Brasil e do exterior.

            Peço que todos esses pronunciamentos sejam considerados na sua íntegra, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, estamos praticamente a seis meses das eleições de outubro. O que se espera, pelas manifestações que ouço no Amazonas e em outros Estados, é uma legítima demonstração de civismo, a mais expressiva delas. Ouço e pressinto que o povo resiste aos pregoeiros do caos, que, lamentavelmente, tentam amesquinhar o encontro do povo com as urnas. Não vão conseguir fazer isso, como bem nota o jornalista - na verdade, o grande jurista e, sem dúvida, articulista - Lino Chixaro, do Diário do Amazonas. Em recente artigo, o brilhante penalista Lino Chixaro observa e denuncia: “Estão querendo amesquinhar a campanha eleitoral. Querem colocar no centro dos debates uma tola comparação entre os Governos Lula e FHC”. E, a propósito, adverte Lino Chixaro: “Não dá para comparar. São governos ditados por circunstâncias históricas muito diferentes, o que torna insensato antecipar o julgamento da própria história”. Em outro trecho do seu artigo, diz o jurista e articulista:

O PSDB instituiu a moeda forte (o Real) e eliminou o ciclo histórico de inflação que corroia a mísera economia dos pobres. Instituiu o arcabouço do Estado Mínimo, com a economia privada e o financiamento de políticas sociais compensatórias antes usadas apenas pelas oligarquias. O PT foi virulentamente, contra tudo isso.

        No Governo, o PT caiu na real [é o que queremos]. É o que vemos. Embora chamuscado por práticas abomináveis de corrupção e apropriação do Estado, soube investir em uma política de inclusão social realmente positiva, que se expressa no aumento histórico do salário mínimo, no subsídio às populações carentes. O PSDB, mais maduro, não ficou contra.”

            Assinala ainda o articulista: “Se o PT, com aquela visão míope, estivesse no governo no lugar do PSDB, o Brasil ia virar um caos e fechar para balanço. Se o PSDB continuasse no governo, o País não teria um processo de inclusão social tão rápido”. Para concluir, sugere Chixaro, em seu artigo no jornal Diário do Amazonas: “Ambos os partidos são ricos em erros e acertos. O importante agora é saber o que cada um promete fazer pelo País daqui para frente. Olhar para um retrovisor não é bom. Bom é olhar para todos os retrovisores da História”.

            O artigo do qual acabo de ler alguns trechos é bom espelho do momento, às vésperas do grande pleito de outubro. Melhor mesmo é olhar para frente, analisar o que está na plataforma de cada partido, para que o Brasil, como um todo, possa continuar trilhando o bom caminho pavimentado no Governo Fernando Henrique, que ensejou à atuação da administração federal meios para impedir retrocesso. Nem sempre, lamentavelmente, houve essa compreensão. O povo, estou certo, haverá de escolher o melhor para o Brasil.

            Peço que seja publicado, na íntegra, o artigo do articulista e grande penalista, repito, Lino José de Souza Chixaro.

            Finalmente, Sr. Presidente, tenho de dizer que o Brasil nunca pode esquecer quem faz sua cultura erudita ou popular. Por isso, requeiro voto de pesar pelo falecimento de Johnny Alf - na verdade, João Alfredo -, um dos precursores da Bossa Nova, e requeiro que ele seja levado ao conhecimento dos familiares do artista.

            Reconhecido como um dos maiores intérpretes da música popular brasileira, faleceu em São Paulo, no dia 4 de março de 2010, o cantor Johnny Alf. Ele foi um dos precursores da Bossa Nova, ao lado de Dick Farney e de Lúcio Alves. Suas composições refletiam as características da chamada classe média cool - estilo cool, leve. Ele tocava por cifra com muita semelhança aos acordes do jazz.

            Contristado pela morte de Alf, requeiro esse voto de pesar como homenagem póstuma ao grande compositor e peço que os Anais do Senado abriguem a letra imortal de uma de suas melhores composições:

            Ah, se a juventude que essa brisa canta

            Ficasse aqui comigo mais um pouco

            Eu poderia esquecer a dor

            De ser tão só pra ser um sonho

            Daí então quem sabe alguém chegasse

            Buscando um sonho em forma de desejo

            Felicidade então pra nós seria

            E, depois que a tarde nos trouxesse a lua

            Se o amor chegasse, eu não resistiria

            E a madrugada acalentaria a nossa paz

            Fica, ó brisa, fica, pois talvez quem sabe

            O inesperado faça uma surpresa

            E traga alguém que queira te escutar

            E junto a mim queira ficar

            E junto a mim queira ficar

            E junto a mim queira ficar

            E junto a mim queira ficar.

            Eu nunca me atreveria, Sr. Presidente, a repetir o que talentosos colegas nossos já fizeram da tribuna, que é cantar, mas faço questão que essa poesia bonita seja inserida nos Anais do Senado.

            Digo a V. Exª que o ex-Senador Luís Fernando Freire foi também um belíssimo compositor de Bossa Nova, autor, por exemplo, de Menina Flor e de muitas outras composições festejadas. Comentei com ele, certa vez, que, indo aos Estados Unidos, mantive contato - o Senador Adelmir Santana estava junto - com o então Presidente do Partido Democrata americano. Meu Deus, quero lembrar agora o nome dele! Nossa Senhora, não me pode dar branco agora! Eu já lembro o nome dele. Foi uma figura essencial na articulação da campanha de Barack Obama. Nem sei - não entendo bem a mecânica da política americana - por que ele não assume, hoje, um cargo proeminente. Não sei se é interesse próprio dele estar fora ou qual é a lógica. Mas o fato é que ele foi governador de Vermont, que é um pequeno Estado, altamente intelectualizado, um Estado de atores, de artistas plásticos, de figuras de enorme senso crítico. Ele postulou a Presidência da República - talvez, V. Exª me ajude -, começou como um fenômeno, mas, depois, perdeu peso, e o consagrado na Convenção Democrática foi John Kerry, que perdeu a eleição para George Bush, antes da eleição de Obama. É uma injustiça esquecer o nome dele. Vou pedir à Taquigrafia um espaço para fazer essa correção.

            Fiquei muito impressionado. Conversamos com estrangeiros em geral e vemos que, principalmente, os americanos cuidam muito dos assuntos deles. É difícil ver um americano que universalize, que, até pelo tamanho econômico e pela pujança militar do seu país, se preocupe com os detalhes dos outros povos. Há americanos fantásticos, e admiro muito um país que, com a idade do nosso, soube avançar tão mais do que o nosso. Mas há este defeito, eu diria: conversamos com eles, e os mais velhos, ao falarem de música, lembram Carmen Miranda, e os menos idosos lembram Tom Jobim, o que é genial, lembram a canção Garota de Ipanema e, com isso, acham que satisfizeram nosso ego. Esse cidadão, esse líder americano a que me refiro - não é possível que eu esteja esquecendo o nome dele agora; é uma coisa, realmente, complicada - conhece a Música Popular Brasileira a fundo. Tomei o cuidado de pedir ao Luís Fernando Freire que me obtivesse os melhores clássicos da Bossa Nova e mandei para ele. Mandei para ele um monte de fitas, de fato, com preciosidades, com praticamente toda a história da Bossa Nova ali contida. Na conversa que teve conosco, ele, primeiro, não era nem de leve ignorante sobre a Amazônia, ou seja, não dizia aqueles três ou quatro lugares-comuns; segundo, ele não era ignorante sobre o Brasil - percebíamos que, se não era um erudito, um homem capaz de fazer um doutoramento sobre a Guerra dos Emboabas, ele também não era um ignorante de jeito algum, não era um alienado -; terceiro, não era um alienado em relação à America Latina. Ele entendia que a América Latina deveria ter um peso maior na preocupação política do seu país. A América Latina estava fora - e está fora, na verdade - das prioridades dos Estados Unidos um pouco por culpa dos Estados Unidos, um pouco por culpa nossa também. E ele demonstrou conhecer, pelo ângulo dessa manifestação de apreço à nossa cultura musical, muito de Bossa Nova.

            O que me deixa bastante intrigado com esses lapsos de memória que temos é que tenho certeza de que, assim que eu acabar o discurso, vou lembrar o nome dele. É uma figura que foi candidato a Presidente dos Estados Unidos, que foi candidato a candidato a Presidente dos Estados Unidos, que fez uma campanha bonita e que se perdeu no meio dela. Mas me impressionou muito como ele conhecia de música. Portanto, eu queria lembrar uma figura singular, que sai fora daquele lugar comum. Um dirigente partidário ou político americano ou de qualquer país sabe que vai receber uma delegação de brasileiros e aí prepara algumas curiosidades para falar sobre o nosso País: fala em Amazônia e, se quiser sofisticar, fala em Cataratas do Iguaçu, mas, no fundo, percebemos que não há profundidade, percebemos que não há um entendimento real da nossa alma, do nosso sentimento, do que somos como País, como Nação. Mas ele, ao contrário, demonstrou isso espontaneamente, até porque não vi ali papel ou anotação, não vi assessor. É Howard Dean o nome dele. Eu tinha de sair daqui só depois de citar o nome de figura tão ilustre: Howard Dean.

            Foi fluindo a conversa, e, depois, cheguei perto dele um pouco. Ele conversou por alguns minutos comigo sobre música, perguntando: “E fulano? E beltrano? E sicrano?”. Daí a necessidade que senti de, já que ele estava tão bem-informado sobre o que se faz na música brasileira hoje e tinha algum conhecimento de Bossa Nova, reunir tudo que eu pudesse reunir. O Senador Luís Fernando Freire foi muito gentil e me deu um acervo enorme. Eu disse: “Nossa! Tenho de cumprir isso mesmo!”. A vontade era de ficar com tudo aquilo para mim. Mas mandei para o Howard Dean o que eu tinha, o que o Luís Fernando Freire me passou. Ele deve estar ouvindo aquele acervo, ali, aos poucos. Como era um caixote, ele deve estar ouvindo, ali, aos poucos, as músicas.

            O Alfredo é uma figura excelente do Ministério da Cultura, deste Governo ao qual me oponho, ao qual faço oposição. Ele é Secretário-Executivo do Ministério da Cultura. Quero dizer que, num momento aqui em que votamos, se não me engano - não foi o Vale-Cultura; este votamos depois -, orçamentos, procuramos caprichar no atendimento das reivindicações de um Ministério que é importante para o País, embora nem sempre se reconheça essa importância. Não imagino como é que o País possa se imaginar com um futuro se não dá importância ao seu Ministério da Cultura. Digo isso para V. Exª com muito agrado, até pela boa obsessão que V. Exª tem em insistir tanto em fazer a revolução educacional e a revolução cultural no País. Mas eu estava conversando com o Alfredo, depois da reunião toda, e ele me disse: “Olha, tenho uma surpresa para você”. Ele sabe que sou cinéfilo e me deu um caixote com o que faltava eu ter de filme brasileiro do passado. Ainda não vi todos, até porque não dá para fazê-lo. Terei de parar com tudo e ficar vendo os filmes. Aí brinquei com ele e disse-lhe: “Olha, Alfredo, suborno não é, porque você me diz isso depois da votação. Por outro lado, está bem acima dos R$100,00 que dizem que os Ministros podem receber e que, por analogia, se aplicam a nós. E, terceiro, era muito mais fácil, se eu fosse subornável, e não sou, alguém me subornar me dando filmes do que dinheiro. Mas estou solidário com sua luta, com seu esforço para obter recursos para lá”. E conversamos muito, brincamos muito. Ele, que é um cinéfilo, inclusive com curso de pós-graduação no exterior sobre cinema, é uma figura interessante. Não sei se V. Exª o conhece, mas ele é uma figura muito interessante, que julgo um moço de diálogo, um moço de fraternidade, típico de quem realmente se dedica à questão cultural. E, se se dedica à questão cultural e não é de diálogo, não é saudável na conversa, é porque quer impor. Aí, vira Mussolini, vira Hitler. Entendo que a cultura do povo deve ser apoiada. O povo está fazendo aquilo; então, vá lá e apoie. Não coloque sua marca, não coloque sua suástica particular. Apoie o que o povo está fazendo, e acabou, senão, é manipulação; senão, é populismo barato; senão, é reprodução dos modelos da alienação, da ignorância. Não vejo que seja essa a cabeça do Alfredo.

            Mas eu disse tudo isso, porque eu queria encerrar esta fala, dizendo que não dá para deixarmos passar em branco - eu estava ouvindo discursos e mais discursos muito importantes de companheiros, todos eles trazendo contribuições fantásticas para a Casa - a morte do Johnny Alf. Se fosse a morte de um ídolo musical, de um grande compositor, de um grande intérprete do presente, a todos nos comoveria. Alguém do passado não nos comove, como se houvesse morte para quem é imortal? Quem produz uma obra cultural do porte da de Johnny Alf não morre, é imortal, e, por isso, a homenagem que fiz e deixei para o final.

            Tratei de assuntos do meu Estado, como gosto de fazer quando estou aqui às sextas-feiras, e peço a V. Exª que, portanto, acolha essa homenagem, imaginando que esse voto de pesar será aprovado com rapidez e pela unanimidade dos meus Pares.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I, §2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- “’Grito Manaus’ celebra a cultura alternativa” (Plateia);

- “Samsung volta a produzir celular no PIM”;

- “Turismo Amazonas: A Terra de Mitos e Fatos, Encontro das águas que não se misturam, Selva Adentro” (Diário do Grande ABC);

- “Os retrovisores da história”, de Lino Chixaro.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/03/2010 - Página 6037