Discurso durante a 30ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lembrança, por ocasião do transcurso hoje, 15 de março, do aniversário de 60 anos de S.Exa.; balanço das atividades parlamentares desempenhadas até a presente data e agradecimentos a todos aqueles que interagiram com S.Exa. em todos esses anos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Lembrança, por ocasião do transcurso hoje, 15 de março, do aniversário de 60 anos de S.Exa.; balanço das atividades parlamentares desempenhadas até a presente data e agradecimentos a todos aqueles que interagiram com S.Exa. em todos esses anos.
Aparteantes
Geraldo Mesquita Júnior.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2010 - Página 7068
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, CUMPRIMENTO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ORADOR, DEPOIMENTO, BIOGRAFIA, TRABALHO, INFANCIA, PARTICIPAÇÃO, MOVIMENTO ESTUDANTIL, MOVIMENTO TRABALHISTA, LUTA, REDEMOCRATIZAÇÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, ENGAJAMENTO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO, DEFESA, EDUCAÇÃO, SEGURIDADE SOCIAL, APRESENTAÇÃO, MENSAGEM (MSG), BRASILEIROS, CONFIANÇA, POSSIBILIDADE, CONSTRUÇÃO, MUNDO, JUSTIÇA SOCIAL, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, BALANÇO, VITORIA, LEGISLAÇÃO, TRAMITAÇÃO, PROPOSIÇÃO, VALORIZAÇÃO, IDOSO, BENEFICIO PREVIDENCIARIO, JUVENTUDE, TRABALHADOR, POLITICA SALARIAL, REFORÇO, MERCADO DE TRABALHO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, EXTINÇÃO, VOTO SECRETO.
  • AGRADECIMENTO, CIDADÃO, INTEGRAÇÃO, ORADOR, UTILIZAÇÃO, INTERNET, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, Senador Papaléo, muito obrigado pelas palavras.

            Senadores, Senadoras, funcionários do nosso Senado e todos aqueles que estão assistindo a TV Senado ou ouvindo a TV Senado, é uma satisfação, neste momento, estar aqui na tribuna.

            Sr. Presidente, de fato, hoje, 15 de março, eu completo 60 anos. E ontem parei para escrever um pouco dessa minha caminhada. Quero, neste momento, dividir este momento da minha vida com vocês que estão, agora, me ouvindo ou me vendo pela TV Senado, com vocês que fizeram essa travessia comigo desde os anos 50.

            Fico eu imaginando, como se fosse um filme, quantos brasileiros e brasileiras já fizeram aniversário este ano e quantos irão festejar sua data ao longo de 2010. Meus parabéns, feliz aniversário, não somente para mim, mas para todos os brasileiros.

            É claro que aqui, Senador Mão Santa, por uma questão não só emotiva, de justiça, eu me lembro também de tantos amigos que já faleceram. Lembro-me do cantor Leonardo, para quem aqui fiz uma saudação e encaminhei voto de pesar pelo seu falecimento, muito recentemente. Enfim, foram tantos amigos e tantos que sequer conheci pessoalmente, mas que comigo, nessas décadas, de uma forma ou de outra, interagiram, com correspondência, com abraço, com caminhadas, ou mesmo pela TV, pelo rádio, pelos boletins, pelos jornais, enfim, no dia a dia.

            Falo de brasileiros de todos os Estados. Agradeço a muitos dos Estados que me concederam o título de cidadão, mas claro que a maioria dos meus amigos está lá no meu querido Rio Grande do Sul.

            Senador Mão Santa, pode parecer estranho para alguns, mas, ao olhar para o espelho, posso até não entender como o tempo passou tão depressa. Seis décadas, sessenta anos. Tenho consciência que foram sessenta anos muito bem vividos. Com alegrias? Claro, mas também com tristezas, com mágoas, com surpresas, dores. Mas a nossa mente registra tudo como se fosse passado um espaço de tempo muito pequeno. Percebo eu que nunca é tarde. O espelho conta a nossa história de erro e de acertos. Mas isso é bom, bom inclusive ao olhar o nosso corpo e perceber que as mudanças que só o tempo faz estão aí. Você olha para o seu corpo e percebe as transformações, percebe que aquele corpo que abriga o seu espírito já não tem o mesmo vigor de outrora e, daí, começa a passar o filme da vida, que registra cada uma das mudanças feitas pelo passar dos anos.

            Senador Papaléo, neste momento, da tribuna, lembro da minha caminhada ainda menino, Senador Mão Santa, pescando, nadando. Eram lagos, eram rios, era jogando futebol, brincando pelas ruas noite adentro. Naquele tempo parecia que nada era perigoso.

            Recordo as minhas mãos pequenas amassando barro na fábrica de vaso Bovo. Eu tinha oito para nove anos. Mais tarde, minha voz infantil gritava lá na feira livre: eu vendia frutas na barraca do Sr. Neri, em Porto Alegre, dos dez aos onze anos.

            Lembro ainda de, eu guri, piá, quando, com doze anos, fiz um teste e passei no Senai. Lá fiz um curso técnico; depois, virei metalúrgico. Bons tempos aqueles de estudante. No Ginásio Noturno para Trabalhadores, com quinze anos, presidi o grêmio do Ginásio Noturno para Trabalhadores e, depois, do Ginásio Santa Catarina. Em seguida, passei pelo Cristovão. Depois, vejo-me com dezesseis anos gritando em passeatas para garantir a volta da democracia, a liberdade dos presos políticos, a ampliação dos direitos dos trabalhadores, dos estudantes, e exigindo o fim da ditadura.

            Mais tarde, vieram os filhos e os netos.

            Recordo-me, com uma enorme saudade, do carinho que via meus pais trocarem, dos conselhos que me davam. Que saudade! Eles já faleceram.

            Depois, vieram as disputas. Primeiro, a disputa sindical; depois, três mandatos de Deputado Federal, um deles como Constituinte, e, mais tarde, a chegada aqui ao Senado.

            Lembro-me de muitos fatos da Assembléia Nacional Constituinte: da luta pelos aposentados, da luta em defesa dos discriminados, dos trabalhadores, dos direitos dos sem teto e dos sem terra, dos estudantes, das mulheres, da luta pela livre orientação sexual, pela liberdade religiosa, pela liberdade sindical, pela educação e por recursos para a seguridade social, lutas que travo até hoje.

            Confesso a todos que olho para este corpo de 60 anos e percebo que ele me foi fiel. Pregou-me alguns sustos - é verdadeiro, é claro -, mas suportou meus abusos, minha falta de cuidados. Às vezes dava sinal, mas eu, naquele momento, estava ocupado demais para dar atenção a ele.

            Fico imaginando, neste momento, que você, idoso, com 60 anos ou mais, talvez tenha a mesma sensação. Quem sabe 60, 70, 80, 90 ou 100 anos. Não importa, ainda somos meninos sonhando em construir algo novo. Que bom que é assim! Mas também gosto de dizer que temos de andar com os pés no chão, viver o mundo real. Por isso, eu sei das dificuldades, do baixo valor das aposentadorias, da luta para pagar o aluguel, da luta pela casa própria, da falta do dinheiro até para alimentação, para comprar remédio, para pagar o plano de saúde, que você pagou durante uma vida e de que teve que desistir quando chegou aos 60 ou 70 anos, por causa do alto valor da prestação. Sei das dificuldades das casas dos idosos, dos centros de convivência, do tratamento indevido, sei do afastamento de muitos e muitos dos filhos que o idoso, às vezes, não vê há anos.

            Sr. Presidente, eu gostaria de lhes dizer nesta oportunidade que não desistam. Sempre valerá a pena. A vida, por si só, brilha como um estrela. Mesmo quando a estrela se apaga, não é que ela desapareceu, ela fez a viagem para a eternidade. E ela, com certeza, foi guiada pela fé, a fé em Deus. É essa fé que irradia, que encanta, que nos leva ao mundo derradeiro da felicidade.

            Faço 60 anos hoje, mas desde muito caminho ao lado desses homens que andam mais devagar, e as mulheres também. Essa foi, inclusive, a razão de ter apresentado e aprovado, por unanimidade, o Estatuto do Idoso. Hoje é lei. O Estatuto é um jovem de seis anos, uma criança. Nós o elaboramos pensando em melhorar a sua qualidade de vida.

            A partir de hoje, eu também passo a ser considerado um idoso, mas posso garantir para vocês que meu coração e minha alma são portadores da mesma coragem, da mesma rebeldia de décadas atrás, quando eu estava lá, nos bancos escolares, brigando contra a ditadura.

            Sou daqueles que diz que a alma não tem idade, ela apenas amadurece, vai ficando mais sábia, e isso, claro, é bom.

            Aconteça o que acontecer, não deixem que somente o espelho do retrovisor conte a história da sua vida. Liguem também os faróis para que a luz projetada no horizonte ilumine os seus caminhos, porque o futuro é como o infinito, só a Deus pertence.

            Continuo me sentindo um ser humano com capacidade, cheio de ideais, com muita vontade de fazer o melhor, fazer o melhor que posso, de contribuir para mudar aquilo que deve e pode ser mudado. Acredito que é assim que os idosos devem se sentir. E, por isso, combatemos diariamente e fazemos o bom combate contra qualquer tipo de discriminação.

            Independentemente da idade ou de gênero, todos têm que ter o direito a um lugar ao sol. Sei o quanto vocês já lutaram e o quanto ainda podem pelear na busca de melhorar a qualidade de vida de todos nós - repito - independentemente da idade. Mesmo que fosse um único dia, ainda assim ele seria muito precioso e não deve ser desperdiçado.

            Sei que os anos vão passando, a vista já não é a mesma - se eu tirar os óculos, claro que não vou ler com a mesma precisão -, mas, embora a vista já não seja a mesma e os passos da nossa caminhada estejam ficando mais lentos, estamos mais atentos. Os cabelos grisalhos são uma realidade. Muitos me dizem: “Paim, que bom, nós estamos entrando na idade do condor’. Claro que isso tem dupla interpretação: uma delas diz respeito à força da águia, à força do vento, à força das asas, à força da liberdade, da independência; mas a outra diz que a idade do condor é a idade das dores, a idade que nós passamos a sentir. Por isso, a idade do “com dor”, a idade das dores. Mas tudo bem.

            Eu digo: sou daquele que gosta de olhar as fotos, as fotos de um álbum, por mais antigo que ele seja, ou mesmo no computador; sejam as fotos de 50, 60, 100 anos atrás, lembrando-me dos meus avós, dos bisavós ou a foto de ontem. Vivo esse passado, mas podem ter certeza de que as imagens da minha mente, no presente, apontam para o futuro.

            Meus amigos, olhem só quantas conquistas vivemos juntos. Construímos o Estatuto do Idoso, que hoje é lei, no Senado, depois de muitas vigílias, Senador Papaléo Paes, Senador Mão Santa, que estiveram conosco aqui, assim como tantos outros. Aprovamos alguns projetos importantes que quero aqui destacar para a nossa caminhada de vida. O PLS nº 672/2007 estabelece que todo idoso com pelo menos cem anos tem direito a um benefício no valor de dois salários mínimos - o benefício é a partir dos sessenta anos, e aquele que chegar aos cem anos terá direito não a um salário mínimo, mas a dois salários mínimos. O PLS nº 216/2007 permite que o trabalhador com mais de 60 anos de idade saque os recursos acumulados no Fundo de Participação PIS/PASEP, e o PLS nº 302/2007 isenta o aposentado de sessenta anos por invalidez do exame médico pericial. Temos ainda o PLS nº 187, de autoria do Senador César Borges, que todos nós defendemos e aprovamos, que garante que o Imposto de Renda com isenção seja, conforme manda o Estatuto, já a partir dos sessenta anos. E o que dizer aos nossos aposentados, que há tanto tempo aguardam a valorização dos seus benefícios? Salário mínimo, reposição de perdas. Por que não destacar o PLS nº 58, que atualiza as pensões e aposentadorias, também aprovado por unanimidade aqui no Senado, felizmente, por todos os Senadores, do qual tive a alegria de ser o autor, e o PLS nº 296, de 2003, que acaba, Senador Mão Santa, com o Fator Previdenciário. Tive a alegria de ser o autor desse projeto, e V. Exª foi o Relator.

            Sr. Presidente, poderíamos falar que todos os anos temos estado juntos para tentar conseguir que os aposentados recebam o mesmo índice de reajuste concedido ao salário mínimo. Aprovamos aqui também, no Senado. Lá na Câmara é o PL nº 1, que aprovamos aqui por unanimidade, depois de o termos aprovado em todas as comissões. Espero que a Câmara acompanhe o Senado, aprove o PL nº 1, para que o aposentado receba 100% do PIB, como é dado ao salário mínimo.

            Sr. Presidente, todos esses projetos nasceram dessa energia que nos une, geração a geração. Nós temos coesão. Isso faz meu coração se sentir apertado de tanta alegria e, pode ter certeza, batendo mais forte.

            Nós temos lutado sem cansar contra a violência praticada contra os idosos, contra o arrocho salarial imposto aos idosos e aos aposentados e pensionistas, contra a violência às mulheres, contra a violência às crianças, contra a violência que ataca nossa juventude.

            Queremos valorizar o idoso no mercado de trabalho, se for essa a sua vontade ou necessidade. Temos lutado pela valorização da jovem mulher e da mulher idosa também. Temos estado juntos em diversas frentes de batalha.

            Eu me sinto honrado por ter trilhado esse caminho com vocês. Sinto-me gratificado. Cheguei aos 60 anos, sou um idoso e, agora, somos um grupo da terceira idade, lutando juntos. Pertenço com orgulho a esse time de homens e mulheres de cabelos prateados - no meu caso, barba também prateada. Eu só peço a esses grandes moços que acreditem nos idosos, que escutem mais os conselhos dos idosos. Eu diria: amem o seu próximo que a vida os fará felizes.

            Saibam como é bom olhar para trás e poder dizer: eu estive lá, na trincheira do bem, ao lado de todos, das crianças, dos adolescentes, dos jovens, daqueles da meia idade e dos idosos. É bom saber que essa é uma idade mais madura, mas não menos idealista. É a idade em que o tempo nos ensina como caminhar tranquilos na busca dos objetivos em que acreditamos, independentemente da época e do tempo.

            Sessenta anos! Como é bom estar lutando pela PEC da Juventude! Como foi bom, naquele dia, Senador Mesquita, Senador Dornelles, ver as galerias lotadas! Eram 250 jovens. Fui à tribuna pedir apoio à PEC da Juventude, e todos os Senadores que aqui estavam disseram: “Nós aprovaremos a PEC da juventude”, sob palmas das galerias.

            Sr. Presidente, como é bom dizer que o Estatuto do Idoso, que hoje é lei, como eu dizia, melhorou a vida de 26 milhões de brasileiros! Como é bom lembrar do Estatuto da Igualdade Racial, que vai contemplar diretamente e indiretamente mais de cem milhões de brasileiros! Como é bom lembrar do Estatuto da Pessoa com Deficiência, que beneficia 28 milhões de brasileiros! Todos, aqui encaminhamos, aqui aprovamos, estão na Câmara dos Deputados.

            Registro, Sr. Presidente, que recebi hoje, no meu gabinete, a Associação dos Deficientes Auditivos, Pais, Amigos e Usuários de Implante Coclear - Adap. Deles, eu recebi um mimo, Senador Mão Santa. Recebi esse relógio e prometi usá-lo aqui, na tribuna, em homenagem a eles. É um simples relógio. Está escrito aqui Adap, a Associação dessas pessoas com deficiência. Eu o usarei com muito carinho, em homenagem a todas as pessoas com deficiência do nosso País.

            Como é bom dizer que o Estatuto do Motorista, que eu estou construindo, dialogando com empresários e trabalhadores, está avançando e trará benefícios diretos e indiretos, eu diria, a todos os brasileiros! Ele vai tratar do transporte de cargas, como também do transporte de pessoas.

            Como é bom lembrar a luta pela valorização do salário mínimo! Eu sempre disse, há anos, que se o salário mínimo ultrapassasse a barreira dos US$100, ele ia fortalecer o mercado interno e teríamos mais milhões de pessoas trabalhando, produzindo, recebendo e consumindo. E hoje o salário mínimo está na faixa dos US$300.

            Como foi bom ter sido Relator da Comissão Mista, que aprovou o projeto de política para o salário mínimo, acompanhando o crescimento do PIB! Porque lá, nós já dizíamos que o aposentado deveria receber este mesmo percentual de reajuste: a inflação mais o PIB. Falo mais: lá, aprovamos a inflação e dobro do PIB, mas sabíamos que, na negociação, íamos terminar - e foi positivo e eu defendi - a inflação mais o PIB que levou o salário mínimo, hoje, para US$300.

            Como é bom saber que o debate do pré-sal avança! A Senadora Presidente da Comissão de Assuntos Sociais, Rosalba Ciarlini, me indicou como Relator do Fundo Social do pré-sal. Com certeza, lá nós vamos destinar dinheiro para a Previdência. A Câmara já apontou e, aqui, na Comissão de Assuntos Sociais... Porque tem que ser coerente com um projeto que apresentei há mais dois anos, em que eu dizia que no Fundo Social do pré-sal tem que haver recursos também para a Previdência, como adota a Dinamarca e outros Países. O Fundo contempla, pelo projeto original, infraestrutura, meio ambiente, educação e cultura. Entendo eu que tem que haver um quinto elemento: a Previdência, que vai contemplar 190 milhões de brasileiros.

            Como é bom poder dizer para vocês que a CCJ já aprovou o Fundep, que é a PEC nº 24, de nossa autoria, que vai garantir um Fundo de investimento para o ensino técnico profissionalizante! E para esse não sai dinheiro do pré-sal, não é nenhuma nova contribuição para a sociedade. Ele vai trabalhar com dinheiro do FAT.

            Como é bom dizer que, lá na CCJ, já aprovamos a PEC que desvincula a DRU da seguridade social, onde está saúde, assistência e previdência, e está pronta para ser votada aqui no plenário! Ela vai gerar cerca de R$50 bilhões para investimento em previdência, saúde e assistência.

            Como é bom dizer para todos que já aprovamos na CCJ a PEC 50 que acaba com o voto secreto! Ela está pronta há mais de um ano para ser aprovada aqui no plenário do Senado.

            Para concluir, Sr. Presidente, quero agradecer a todos os Senadores; vou passar em seguida para o Senador Geraldo Mesquita Júnior - e V. Exª faz o aparte no momento em que mais gostaria.

            Como é bom ter essa relação que tenho - e quero dizer aqui da tribuna - com todos os Senadores e Senadoras, independentemente de partido político!

            Como é bom este trabalho de interação com todos os Parlamentares desta Casa, buscando a construção de propostas que sejam de interesse do povo brasileiro!

            E quero aqui dizer muito obrigado a todos, Senadoras e Senadores. Como foi importante para mim ter recebido o apoio de todos vocês naquele momento mais difícil da minha vida, quando um dos meus filhos estava entre a vida e a morte depois de onze operações, e todos, todos, independente de partido ligaram para mim. Hoje o meu filho está salvo, está concluindo o Curso de Direito e já está trabalhando.

            Muito obrigado a todos, todos os Senadores e Senadoras.

            Senador Geraldo Mesquita Júnior.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Querido amigo Senador Paulo Paim, eu ia passar direto para a minha sala, mas percebi, na chegada, que V. Exª estava na tribuna e fiz questão de parar aqui para lhe fazer um aparte. V. Exª alinhavou, nesses últimos minutos, uma série de iniciativas suas e de alguns outros Parlamentares que poderão se constituir em benefícios para os trabalhadores brasileiros, para o povo brasileiro. Parabéns ao povo brasileiro, parabéns aos trabalhadores brasileiros! V. Exª - vamos usar aqui uma figura de linguagem - está na iminência de presentear os trabalhadores brasileiros, o povo brasileiro com alguns benefícios, como já o fez durante toda a sua vida de Parlamentar. Eu queria aqui me permitir o direito de lhe oferecer um presente hoje, já que hoje é seu aniversário. Eu estava pensando: o que uma pessoa da envergadura do Senador Paim poderia receber de um humilde companheiro dele? Ocorreu-me, Senador Paim, que o melhor presente que eu poderia lhe ofertar é uma declaração pública do meu reconhecimento a esta grande figura que V. Exª é, à sua retidão, à sua obstinação. Eu já falei reiteradas vezes, nesta Casa, referindo-me a V. Exª, que V. Exª é daqueles Parlamentares que não estão no Congresso Nacional defendendo coisas e, sim, defendendo causas, uma diferença fundamental. Como presente pelo seu aniversário, repito, reitero, quero lhe oferecer o meu pleno reconhecimento, a minha satisfação e a minha alegria de ter convivido esse tempo todo com V. Exª aqui, a pontinha de ciúme que eu tenho do povo gaúcho de ter um representante como V. Exª, ciúme positivo. Senador Paim, o convívio com V. Exª foi uma das gratas satisfações, um dos maiores prazeres que eu tive aqui nesta Casa. Estou lhe dizendo isso com absoluta sinceridade. V. Exª sabe disso e todos que me ouvem sabem disso também. Meus parabéns a V. Exª, extensivo a seus familiares muito queridos, a seu filho, que como V. Exª lembrou há pouco aqui, graças a Deus, se restabeleceu. Que Deus continue a iluminá-lo e a dar-lhe essa energia toda que V. Exª tem de, incansavelmente, diuturnamente, permanecer aqui no Congresso Nacional, brigando para que coisas boas aconteçam em prol do povo brasileiro. Meus parabéns ao povo gaúcho, que tem um representante como V. Exª aqui no Congresso Nacional e meus parabéns a V. Exª, essa pessoa iluminada, essa pessoa simples, humilde, mas de uma grandeza incomensurável. Um grande abraço e a amizade perene do seu companheiro aqui. Obrigado.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Senador Geraldo Mesquita Júnior, nosso querido Senador do Acre, deixa eu dizer aqui da tribuna algo que talvez eu nunca tenha dito aos Senadores e Senadoras: Toninho do Diap, uma pessoa muito séria, que faz uma análise dos Parlamentares do Brasil, quando V. Exª se elegeu Senador, disse-me: “Paim, pode saber que você receberá no Senado um grande lutador das causas sociais.” Falava de V. Exª, Senador Geraldo Mesquita Júnior.

            Toninho do Diap, fique tranquilo porque aquilo que você me disse, no dia a dia, eu comprovei que é mais do que verdadeiro. Esse, de fato, é um grande Senador de todo o povo brasileiro. Eu dou esse depoimento e estou trazendo e dividindo a responsabilidade com Toninho, que é um articulista político que tem feito aquele trabalho Os Cabeças do Congresso Nacional. Depois, consultando os 100 cabeças, escolhem os dez cabeças do Congresso. Esse depoimento Toninho me deu, eu nem o conhecia pessoalmente.

            Eu quero aqui dizer, Toninho, que você está com a razão: Geraldo Mesquita Júnior é um grande Senador, foi relator de inúmeros projetos de minha autoria, inclusive aqueles que garantiram a política de salário mínimo. Muito obrigado, Senador, pelo seu depoimento.

            Sr. Presidente, como é bom ainda olhar e saber que este mandato de Senador me fez dialogar com todos os setores da sociedade - com governantes, com empregados, com empregadores. Posso afirmar que, ao longo dessas décadas, tenho estabelecido uma política, Senador Geraldo Mesquita Júnior, com todas as centrais - todas! -, com todas as confederações, com todas as federações, com todos os sindicatos, associações e comissões de trabalhadores, tanto da área pública e da área privada, como também do campo e da cidade.

            Tenho dialogado também, sim, com os empresários de todos os setores da economia brasileira. Tenho combatido o dumping, fortalecendo a produção nacional com valor agregado e, consequentemente, gerando emprego, mas também sabendo valorizar a importância do setor exportador.

            O fortalecimento do mercado interno é uma fonte de água cristalina que deve ser cuidada. Essa fonte é o símbolo da distribuição de renda. Ela pode e deve dar água a todos que tenham sede.

            Cito com muito orgulho que, em um desses meus aniversários, Senador Geraldo Mesquita Júnior - lá no sul se faz uma festa, como será feita uma no Parque da Harmonia, no próximo domingo, no chamado Galpão Gaúcho, quando se encontrarão duas, três, quatro mil pessoas, dependendo do momento, pois essa é a expectativa para este fim de semana -, recebi uma charge do cartunista Aroeira, que me permitiu publicá-la como eu bem entendesse, se eu me identificasse com ela. Então, ele fez um mapa do Brasil com uma caricatura minha, em que estou falando: “Sou a favor do lucro. A favor do lucro para todos.”

            Por isso, tenho um projeto neste sentido no Congresso Nacional.

            Enfim, como é bom dizer que estamos vivendo este bom momento do Brasil. O Brasil pode ser uma das cinco maiores economias do mundo. Como é bom dizer que estamos vivendo este momento! Acredito que isso trará benefícios para toda a nossa gente: para vocês, idosos, e vocês, jovens.

            Aliás, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), até 2025, o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas. Nos últimos 40 anos, o número de brasileiros idosos quintuplicou, passando de 3 milhões em 1960 para 14 milhões em 2002. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2020, esse número chegará a 32 milhões. Daqui a dez anos, seremos 32 milhões de homens e mulheres com mais de 60 anos. Temos de estar preparados para esses números. Precisamos entender a bela caminhada dos nossos idosos, assegurando a eles melhores condições de vida. Essa é nossa luta.

            Senhores, termino dizendo que não posso reclamar do presente nem dos presentes que Deus me deu. Vocês são um deles. Eu digo isso para vocês, porque me sinto orgulhoso de ter unido a minha voz às suas vozes.

            E, juntos, estaremos todos chamando a sociedade para que tenha consciência sobre o processo de envelhecimento do nosso povo, da nossa gente.

            Eu, Senador Geraldo Mesquita Júnior, escrevo alguns livros. Ao longo desses 60 anos que faço hoje, creio que escrevi uns dez livros. Mas aquele de que mais gosto é um livro de poesia que eu chamei Política, Cumplicidade e Poesia. E numa das poesias eu digo: “O idoso sonha com o que ainda pode realizar, pois ele está vivo, e muito vivo. E a cada novo sol ele sabe que há um ideal a comunicar, uma experiência de vida a espalhar.”

            Como idoso que passo a ser a partir de hoje, eu lhes digo: vamos seguir lutando juntos, estamos irmanados mais do que nunca.

            Esta data é muito especial.

            Eu me socorri da história e da Internet, para descobrir que eu pertenço, no calendário chinês, ao ano do Tigre, que significa muita luta, muita batalha e a expectativa de muitas vitórias para todos nós. O que diz a Internet sobre esse ano? As pessoas nascidas no ano do Tigre costumam ser generosas, corajosas, extremamente impulsivas e curiosas, mas também rebeldes, contestadoras e liberais. Na cultura chinesa, o ano do Tigre é sempre o ano de decisões, e no aspecto político, marcado como um período de mudanças sérias em todas as esferas da sociedade.

            O ano de 2010 promete ser interessante em todos os aspectos e praticamente todos os signos do zodíaco serão muito bem sucedidos, porém a situação financeira poderá ser relativamente instável.

            Nesse aspecto, o ano do Tigre não será muito promissor, no entanto - por isso que falo tanto em fé -, espiritualmente, o ano será muito positivo pois os problemas de dinheiro serão facilmente superados pela fé.

            Isso é tão verdadeiro que a força espiritual, digo eu, move montanhas. Vejam bem, o PIB deste ano foi praticamente zero. A projeção para o PIB do ano que vem é de ultrapassar os 6%. Ou seja, nós, que lutamos tanto para que o aumento do salário mínimo e dos aposentados acompanhe o PIB, poderemos ter um aumento real, em 2010, de 6%. Se conjugarmos o que diz a política do salário mínimo e dos aposentados, na minha ótica, poderemos ter um reajuste em torno de 12%, se os nossos projetos forem também aprovados na Câmara como aprovamos aqui no Senado por unanimidade.

            Enfim, quero dizer muito obrigado a todos que se correspondem comigo ou que torcem para que as nossas propostas sejam aprovadas. Vocês é que me ensinaram a ser uma pessoa melhor a cada dia.

            Quero agradecer muito, mas muito mesmo, a todos os que estão interagindo comigo, contribuindo com os projetos: os ‘twitteiros’, o pessoal do Orkut, o pessoal do blog, os que assistem a “TV Paim” - na minha página, aparece uma televisãozinha onde falo com o nosso povo - os que contam a sua história e a relacionam com os meus projetos, com os nossos projetos; aos que enviam cartas, e-mails, Voz do Cidadão, os que telefonam, os que participam de pesquisa. Enfim, todos que fazem parte dessa grande interação. Se contarmos todos, Senador Geraldo Mesquita Júnior, e o 0800 do Senado pode ajudar como depoimento, são milhões de pessoas que, ao longo desses oito anos, interagiram com a gente aqui no Senado.

            Quero agradecer também aos que criaram ou estão criando comunidades e pequenos vídeos falando do nosso trabalho aqui no Senado da República. Tenho Deus no meu coração. É essa fé que guia a minha caminhada pela estrada da vida.

            Meus amigos e amigas, idosos de todas as idades, para finalizar, quero lhes dizer que, se nós tivermos consciência de que a vida tem um tempo, saberemos também que cada minuto é precioso e que vivê-lo bem é a melhor proposta que podemos dar ao próprio tempo.

            Vivam o melhor que puderem - é o que desejo a todos.

            Meu abraço bem apertado, meu profundo respeito e carinho e minha promessa de seguir lutando com vocês por nossos direitos. É o que, neste final, eu gostaria de aqui deixar, de aqui dizer.

            Olhem sempre com firmeza e com o coração aberto para o caminho que se estende à sua frente. Ele se abre para vocês, basta apenas que vocês façam o gesto de sorrir para ele, que, com certeza, vocês encontrarão o caminho da felicidade.

            Era isso que eu gostaria de dizer.

            Obrigado, Senador Mão Santa, pela tolerância. Sei que foram cinquenta minutos...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Pensei que fosse durar sessenta, um minuto para cada ano de vida.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Para dar exatamente os sessenta anos.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Mas estou aqui do lado do Francisco Dornelles, uma das figuras mais sábias do nosso País...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Com certeza absoluta. Ele nos ajudou muito na regulamentação de inúmeros direitos dos trabalhadores.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - E me veio à mente um dos Prefeitos mais sábios do Brasil, do Nova Friburgo: Heródoto, que é o nome de um historiador. E ele é do Partido Social Cristão. Então, em um congresso de Prefeitos, do modelo administrativo do Partido Social Cristão, o partido que mais cresce no Brasil - seu genro está tomando posse, em Canoas, como Presidente. Fui lançar o Expedito Júnior agora, uma candidatura popular que vai dar um banho. E o Senador é do Partido Social Cristão. Mas o Heródoto, 84 anos, falou sobre a experiência de Prefeito. Foi quatro vezes prefeito. Heródoto diz assim: “Não tenho idade, eu tenho vida”. E Paim tem uma vida dedicada ao próximo, servir ao próximo e amar o próximo.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2010 - Página 7068