Discurso durante a 31ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário referente à matéria publicada na imprensa, intitulada "Brasil perdoa um bilhão e duzentos e cinquenta milhões de dívidas de países pobres". Defesa da renegociação da dívida dos pequenos agricultores do nordeste. (como Líder)

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIVIDA PUBLICA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Comentário referente à matéria publicada na imprensa, intitulada "Brasil perdoa um bilhão e duzentos e cinquenta milhões de dívidas de países pobres". Defesa da renegociação da dívida dos pequenos agricultores do nordeste. (como Líder)
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 17/03/2010 - Página 7795
Assunto
Outros > DIVIDA PUBLICA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, GOVERNO BRASILEIRO, PERDÃO, DIVIDA, PAIS, TERCEIRO MUNDO, NEGLIGENCIA, AUXILIO, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, BRASIL, CRITICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), DIRIGENTE, BANCOS, DESCONHECIMENTO, POBREZA, ZONA RURAL.
  • ANALISE, DIRETRIZ, GOVERNO FEDERAL, FAVORECIMENTO, BANCOS, NEGLIGENCIA, EMPOBRECIMENTO, PEQUENO PRODUTOR RURAL, DIFICULDADE, PAGAMENTO, DIVIDA AGRARIA, VITIMA, EXECUÇÃO, PERDA, BENS, APOIO, DECISÃO, BANCADA, OBSTRUÇÃO PARLAMENTAR, EXIGENCIA, EXTENSÃO, PRAZO, RENEGOCIAÇÃO, DEBITOS, CREDITO RURAL, SUSPENSÃO, EXECUÇÃO JUDICIAL, PERDÃO, DIVIDA, INFERIORIDADE, VALOR, AREA, ATUAÇÃO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE (SUDENE).
  • PROTESTO, SUPERIORIDADE, GASTOS PUBLICOS, SALARIO, CONTRATAÇÃO, CARGO EM COMISSÃO, DIREÇÃO E ASSESSORAMENTO SUPERIORES (DAS).
  • DEFESA, VALORIZAÇÃO, CAMPO, REGISTRO, DOCUMENTO, AGENCIA, BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A (BNB), ESTADO DE ALAGOAS (AL), BANCO DO BRASIL, REGIÃO NORDESTE, SUPERIORIDADE, AUMENTO, SALDO DEVEDOR, AGRICULTOR, IMPOSSIBILIDADE, PAGAMENTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Geovani Borges, que preside esta sessão de 16 de março, Parlamentares presentes, brasileiras e brasileiros aqui no plenário do Senado da República e os que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado.

            Senador Geovani Borges, eu represento o Partido Social Cristão. Meu nome é Francisco. Não é Mão Santa, não. Eu sou filho de mãe santa. Mãos que, guiadas por Deus, salvavam um aqui, outro acolá, no meu templo de trabalho que era uma sala de cirurgia da Santa Casa em Parnaíba, no Piauí. Mas a minha mãe era Terceira Franciscana, Senador Suplicy, de São Paulo! Minha mãe, Terceira Franciscana, ela me ensinou uma verdade que eu quero passar ao Luiz Inácio. Eu sei que a mãe do Luiz Inácio era uma pessoa fabulosa e tal, mas a minha Terceira Franciscana, ela dizia, Suplicy... Ô Suplicy! Atentai bem, Suplicy! Ela dizia assim: a caridade para ser boa começa com os de casa.

            Geovani Borges, a caridade, para ser boa, começa com os de casa. Que bacana!

            Brasília, 11. 09. 2007. “Brasil perdoa 1 bilhão em dívida externa. País consegue desconto do débito das nações pobres como forma de ajudá-las a alcançar os objetivos do milênio no prazo previsto.” Para a África foram praticamente 932 milhões e para outros países, 322 milhões. Dá mais de 1,2 bilhão. Muito bom o nosso Presidente da República. Mas entre Luiz Inácio e minha mãe fico com minha mãe. Terceira Franciscana, um santa, está no céu. Senador Roberto Cavalcanti, a caridade, para ser boa, começa com os de casa.

            Atentai bem! Por que o Senador da República, nós - e eu que aqui lidero o Partido Social Cristão - obstruímos essa medida provisória? O que nós pedimos? Pedimos ao Governo, ao Ministro Mantega, ou manteiga, que tenha sensibilidade para com os pobres. Conheço essa gente de banco. Esse povo, quanto maior é o banco, quanto mais ele tenha dado, só conhece os office-boys. O Bird, o BID, o Banco Mundial, o Banco de Londres, nunca viram um pobre, um homem do campo, não. Eu conheço essa gente, viu, Suplicy!

            Então eu quero dizer: bonito, o Luiz Inácio aqui... O Brasil perdoou R$1 bilhão e 250 milhões de dívidas de países pobres. Muito bom!

            E o que nós pedimos? Os nossos homens do campo estão lascados mesmo. Eu conheço. Está vendo, Suplicy? Isso tudo é mentira. Essa fantasia do Governo de vocês... Eu fui prefeitinho, eu fui Governador... Interessante... Roberto Cavalcanti, eu me lembro de que nos anos 80 - aí está o Itamar Feitosa - era Governador Lucídio Portella, irmão do Petrônio, eu era Líder, com o Tapety, do Governo dele. O Lucídio não gostava - está ouvindo, ô, Líder do PSDB, Arthur Virgílio, Líder maior da história do Amazonas? - de ir às inaugurações, ele me mandava inaugurar energia elétrica nas fazendas, isso nos anos 80. Está ouvindo, Roberto? Era uma festa! Era carneiro, era peru, era rio, era tudo... Era uma fartura enorme. Piorou. E eu agora... Fui Governador, fui Senador... A gente chega ao campo... Olha, Suplicy! A gente chega no campo, no semiárido, os pobres estão lascados. Quer dizer, eu fiquei mais importante... Quando era Deputado Estadual, representante do Governador, era peru, era galeto, era carneiro, era farra, se passava bem.

            Mas agora, quando eu vou, estão mais pobres; os pratos estão rachados; as cadeiras quebradas; a luz cortada, cara como o quê. Estão mais pobres. Estão empobrecidos. Roberto Cavalcanti, eu sei que V. Exª é empresário e entende muito de dinheiro.

            Aí, esse negócio do banco... Ninguém nega a bondade de Luiz Inácio. Dizem até que ele é o pai dos pobres, mas eu digo que é a mãe dos banqueiros. Aí é que está, que tem que se entender. Olha, Suplicy, você é professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, na qual eu também me formei em Gestão Pública. É o seguinte: mãe dos banqueiros. Faliu um banco nos Estados Unidos, um banco na Inglaterra, um banco na Espanha, Santander. Eu pergunto, brasileiros e brasileiras: Qual foi o banco do nosso Brasil que faliu? Não existe. Com a “mãe” Luiz Inácio, estão todos bem. E, agora, os desgraçados estão tomando as coisinhas dos pobres, do pequeno produtor, do pequeno fazendeiro, do pequeno homem do campo do Nordeste, do semiárido. Arthur Virgílio, estão tomando a vaquinha, o carro de boi, a caminha do casal. Esses banqueiros estão executando... Então, o que nós pedimos aqui?

            Ó, Luiz Inácio, ó Luiz Inácio, tudo é mentira. Tudo é invenção do Goebbles, do Duda. Isso tudo é mentira. Este País vai mal. Pergunte aos aposentados. Este Governo rouba aquilo que eles construíram ao longo dos anos e que lhes foi tirado e resgatado em um contrato para devolver em uma aposentadoria. Os de dez salários estão ganhando quatro ou cinco; os de cinco, dois. Nunca antes houve tanto suicídio de velhos, idosos, porque eles são honrados, são decentes e são dignos. Planejaram seu futuro. Fizeram compromisso para estudar, formar os netos, ajudar os filhos, a família, comprar seus remédios e agora não podem, porque o Governo tira...

            Agora, o pobrezinho do campo... Os filhos de Lula... Os donos do banco estão executando os pobres coitados, tomando os carros de boi, as vaquinhas, as camas, as mesas. Essa desgraceira temos que parar aqui mesmo. Daí a Oposição obstruir e o PSC está com eles. Vou lhe dizer só o que exigimos.

            É, Luiz Inácio, V. Exª está errado. Pedro II, culto, preparado, estudioso, deixava a coroa, o cetro, e vinha ouvir os Senadores da República. V. Exª fica ouvindo os aloprados que o rodeiam.

            Olha o que exigimos: estender o prazo para renegociação dos débitos originários de crédito rural para final deste ano.

            Concede fôlego para aqueles que não conseguiram por diversos motivos renegociar suas dívidas. Estão tomando os carros de boi, a ruralzinha velha, os bodes, as cadeiras... Os fazendeiros estão lascados!

            Propõe a suspensão das execuções de dívidas, durante o ano de 2010, para aqueles que manifestarem interesse na renegociação das dívidas. Dá tranqüilidade para os produtores em processo de renegociação; ficam remidos os débitos originários de crédito rural, referentes aos empreendimentos localizados na área de atuação da Sudene, cujo valor seja inferior a R$15 mil (benefício de cunho social mais elevado do que o desembolso do Tesouro).

            Senador Eduardo Suplicy, que sabe de tudo; é o mais esforçado Senador que eu já vi. É o primeiro que chega, o último que sai. Trabalha muito! V. Exª sabe quanto ganha por mês um aloprado que recebeu um DAS-6 do Presidente da República? Eu governei o Piauí! Existe o DAS-1, DAS-2, o DAS-3 e o DAS-4. A Presidência da República tem a 5 e a 6 - Direção de Assessoria Superior.

            Senador Eduardo Suplicy, V. Exª tem conhecimento de quanto ganha um aloprado beneficiado com a assinatura do nosso Presidente, para entrar pela porta larga, sem concurso, com as facilidades, com DAS-6? (Pausa.) Vai me responder o Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Tenho a convicção, Senador Mão Santa, de que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao designar alguém para uma tarefa de responsabilidade, que mereça uma remuneração como a que V. Exª está mencionando, certamente espera que essa pessoa trabalhe com muito denodo, com muita capacidade e demonstre que o faz. Ela continuará a merecer a confiança do Presidente Lula se estiver agindo de acordo com o interesse maior da população brasileira.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O valor, V. Exª não sabe; pois agora vai saber: um DAS-6, brasileiras e brasileiros - cerca de cinquenta a sessenta mil entraram, por uma assinatura, pela porta larga, aloprado ou não aloprado, ele diz que uns que trabalham, mas há outros que nós sabemos que não trabalham, que não têm o preparo devido, não fizeram concurso - e ganha R$11.848,00. Arthur Virgílio, aprendeu? Onze mil! É trabalho, é esforço... E o nosso homem do campo que trabalha desde antes de o sol nascer - ficam lá a mulher e o filho... É a luta do homem do campo, sofrido e ameaçado agora pelos filhos de Lula, que são os banqueiros poderosos deste Brasil.

            Aí, estão tomando, Arthur Virgílio, os carros de boi, estão tomando os bodes, as vaquinhas, as cadeiras, os banquinhos; executando... E sabem quanto é a dívida? Inferior a R$15 mil. Um mês de salário de um aloprado que entrou sem esforço nenhum no Governo Federal! É essa a dívida. Acima de R$15 mil, as dívidas serão renegociadas nas mesmas condições. Nós queremos para os pequenos.

            Dispensa a cobrança de encargos de inadimplemento na renegociação dos saldos devedores das dívidas dos Fundos Constitucionais.

         Agora, atentai bem, Arthur Virgílio! V. Exª é muito importante. As Oposições vão conseguir alternância de governo - José Serra e Aécio, seja quem for, depende muito de V. Exª, porque foi V. Exª que comandou e fortaleceu as Oposições do Brasil. Sabe quanto dá, Arthur Virgílio? Sabe quanto dá isso aqui? Um bilhão. E está aqui o documento - bota aí - que Sua Excelência pagou um bilhão e duzentos e cinquenta milhões para outros países, para sair na mídia.

         E eu fico com minha mãe que disse: “A caridade para ser boa começa com os de casa”. Como é que os de casa estão tudo... Roberto, que é lá do nosso Nordeste, sabe isso. O Cícero também... É praticamente o mesmo valor. E não dá para os de casa. Eu estou com minha mãe, Luiz Inácio. Minha mãe é santa, é Terceira, disse: “A caridade para ser boa começa com os de casa”. Esses aí dão uma bilhão. Essa sofreguidão, esse sofrimento, essa angústia, essa humilhação que estão fazendo com os nossos homens do campo... Mas eu digo: a ignorância é audaciosa, Geovani.

         Olha, Franklin Delano Roosevelt, Presidente do maior...

(Interrupção do som.)

         O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Ele foi quatro vezes Presidente do maior país do mundo, disse o seguinte: “As cidades poderão ser destruídas e elas ressurgirão do campo; o campo maltratado, as cidades morrerão de fome”. E aí os Estados Unidos são prósperos e grandes pela produção de grãos e do campo, mas o nosso País está maltratado.

         Para terminar, eu diria que um quadro vale por dez mil palavras. Olha o Banco do Nordeste: na cidade de Ouro Branco, em Alagoas, os líderes que estiveram aí me deram os documentos. Tinha um, Arthur Virgílio, que tirou 5 mil reais. Cinco mil reais, no começo de 2000. Está devendo 261 mil reais. E tudo o que ele tem: um carro velho de boi, uma Rural, tirando a família, a Adalgisinha dele, a família que não pode levar, não dá 8 mil. Está aqui, é na Agência Ouro Branco, os líderes estavam aí.

            Tem outro aqui que eles trouxeram. Eles trouxeram um do Banco do Brasil, de um mil que ele tirou e deve 15 mil. E o seguinte, o pior é o seguinte, Arthur Virgílio, V. Exª que sabe tudo do Itamaraty, mas dinheiro é com Roberto Cavalcanti. Eles pegaram essas dívidas para enganar, para dizer que o Governo é bom e criaram uma estrutura que se chama Ativos S/A. Nenhuma medida provisória para anistiar, pega mais porque eles já venderam. Os bancos já venderam e o Ativos diz que não é do banco, que é do Governo, e está executando. Olha a malandragem e o sofrimento dos pobres! Ativos S/A. O Banco do Brasil já vendeu, e o pior, ó Luiz Inácio, ó Luiz Inácio, ó Luiz Inácio, eu estou lhe ajudando, o pior é que esses desgraçados se juntaram aí com esse Ministério Público, sabe o que é que estão fazendo? Estão cortando as aposentadorias dos velhinhos. Os velhinhos aposentados, além de os executarem, estão cortando as aposentadorias.

            O Presidente Sarney me disse que a mãe dele, santa Kiola dizia: “Meu filho, não deixe que persigam os velhinhos.” É. Santa Kiola. E a minha mãe também santa Janete disse: “A caridade para ser boa começa de casa.”

            Luiz Inácio, Vossa Excelência maltrata os aposentados, os velhinhos enfraquecidos, injustiçados e estão destruindo a família, porque o avô é fundamental para a família.

            Basta dizer que o Presidente dos EUA - Arthur Virgílio -, Barack Obama, disse: “Olha, eu não sou maconheiro porque os meus avós me educaram.” Os avós aposentados. Capamos suas aposentadorias. E agorinha o velho do campo.

            Então, é esse apelo que faço a Deus, à Dona Marisa. Afastai, Deus e Dona Marisa, esses aloprados que estão a orientar - entre eles, o Mantega - essa perseguição aos pobres do Brasil.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/03/2010 - Página 7795