Discurso durante a 49ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Avaliação do encontro nacional realizado pelos PSDB, DEM e PPS, em Brasília, no último sábado, para o lançamento da pré-candidatura de José Serra à Presidência da República.

Autor
Cícero Lucena (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PB)
Nome completo: Cícero de Lucena Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Avaliação do encontro nacional realizado pelos PSDB, DEM e PPS, em Brasília, no último sábado, para o lançamento da pré-candidatura de José Serra à Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2010 - Página 13690
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • REGISTRO, ENCONTRO, AMBITO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), DEMOCRATAS (DEM), PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), LANÇAMENTO, ESTUDO PREVIO, CANDIDATURA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SUPERIORIDADE, PARTICIPAÇÃO, AUTORIDADE, ASSOCIADO, CONFIANÇA, CAMPANHA ELEITORAL, LEITURA, TRECHO, COMENTARIO, DISCURSO, APOIO, AECIO NEVES, EX GOVERNADOR, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONCLAMAÇÃO, POPULAÇÃO, ATENÇÃO, MANIPULAÇÃO, GOVERNO, OPINIÃO PUBLICA, APRESENTAÇÃO, COMPROMISSO, DEMOCRACIA, ETICA, PLANEJAMENTO, CONSTRUÇÃO, JUSTIÇA, MELHORIA, FUTURO, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CÍCERO LUCENA (PSDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Generosidade de V. Exª, Sr. Presidente.

            Srs. Senadores, Srªs Senadoras, venho a esta tribuna para fazer uma avaliação do encontro nacional promovido pelo PSDB, DEM e PPS no último sábado, aqui, em Brasília, que oficializou a pré-candidatura de José Serra à Presidência da República.

            O encontro foi um absoluto sucesso. Superou todas as expectativas de público: mais de três mil pessoas lotaram o local do evento. Caravanas de todos os Estados do Brasil, com jovens e adultos, todos, todos confiantes, atentos, para ouvir os nossos líderes e, sobretudo, o nosso principal comandante nas próximas eleições, o nosso amigo, o amigo do Brasil, José Serra.

            Senador Mão Santa, com cuja presença tivemos a honra de contar, eram Vereadores, Prefeitos, lideranças locais, além de Deputados Estaduais, Federais, Senadores, ex-Governadores, ex-Prefeitos e todos os que lá se encontravam demonstravam a confiança na construção de um Brasil que pode mais.

            O calor humano, a vibração, a participação popular, o apoio e a sustentação política não nos faltaram em nenhum momento.

            Estivemos todos juntos, unidos em um só sentimento, em uma só emoção. Juntos iniciamos essa caminhada e juntos haveremos de seguir por todo o País, porque, como bem frisou Serra, “o Brasil pode mais”.

            Quero aqui, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, destacar pontos importantes dos pronunciamentos do último sábado.

            Ressalto o discurso do ex-Governador Aécio Neves, que, com sua competência e sabedoria, nos fez recordar o passado, confirmando nossa preparação e destemor para enfrentar, em qualquer circunstância, o debate sobre as nossas práticas e o trabalho que, ao longo da nossa história, prestamos ao Brasil.

            Frisou Aécio Neves:

Estamos preparados para o debate sobre o presente, mas, se quiserem, como alguns têm dito, vamos discutir e debater o nosso passado, porque não há nada que nos envergonhe.

            O jovem ex-Governador de Minas, que representa o futuro do País, como bem lembrou o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, reportou-se a fatos históricos para fundamentar a trajetória de lutas democráticas encampadas com garra por membros do PSDB e dos partidos aliados.

            Mais uma vez abro aspas:

Companheiros e companheiras, ao contrário do que muitos querem permanentemente fazer crer, o Brasil não foi descoberto em 2003. Os avanços que hoje ocorrem, e eu reconheço, no Brasil, vieram a partir da luta e do trabalho de muitos democratas que hoje estão aqui participando deste ato.

Ao PT, partido com o qual disputaremos principalmente essas eleições, também não é lícito julgar que a sua história se resume aos oito anos de governo do Presidente Lula.

A história do PT vem de longe e vamos, portanto, a este debate. Porque se o Brasil é hoje um Brasil melhor foi porque em 1985, ainda sem fundarmos o PSDB, todos que estamos aqui estivemos ao lado do Presidente Tancredo Neves para reconstruirmos a democracia. Eles [o PT] não. A ele negaram o seu voto porque o projeto partidário para eles era e sempre foi prioritário.

O tempo passou. Tivemos a Constituição, uma discussão extremamente complexa. Aprovamos na Constituinte de 88 a nova Constituição brasileira. Mais uma vez eles [o PT] a negaram através de suas mais eloquentes vozes.

Passou-se o tempo, um presidente foi afastado do governo por impeachment. O Brasil ainda fragilizado na sua tenra democracia. Assume o governo um grande brasileiro, meu ilustre conterrâneo Itamar Franco, que convocava as forças do bem deste País para que lhe dessem sustentação naquele processo [tão difícil] de transição. Lembra-se bem nosso Presidente Fernando Henrique, nosso maior líder, nós estivemos lá, ao lado do Presidente Itamar. Eles [o PT] mais uma vez não, porque o projeto partidário sempre foi prioritário.O tempo passou. Veio o Governo do Presidente Fernando Henrique. E aí a mais fecunda e profunda transformação na vida dos brasileiros e, principalmente, dos brasileiros mais pobres, que foi o Plano Real com o fim da inflação. Nós estivemos lá ao seu lado garantindo a estabilidade da economia. Eles [o PT] mais uma vez não. Negaram o seu voto [ao Plano Real,] à estabilidade econômica.

O Brasil se modernizou. Veio a Lei da Responsabilidade Fiscal, o mais importante marco da administração pública moderna. Nós a compreendemos e votamos a favor dela. Eles [o PT] mais uma vez não. Modernizamos, sob o comando do Presidente Fernando Henrique, a economia brasileira. Privatizamos, sim, setores [que hoje a sociedade considera como importantes] que precisavam ser privatizados, como a telefonia, como a siderurgia [e a modernização da economia]. E eles, mais uma vez, não. Negaram espaço à eficiência.

Lembro-me, Presidente Fernando Henrique, da luta, do trabalho, da obstinação da dona Ruth Cardoso ao construir uma nova proposta de transferência de renda para os mais pobres, partindo absolutamente do nada [o que hoje é chamado Bolsa Família]. Criando cadastros que não existiam; o início do programa de transferência de renda que teve o nosso apoio. Mas o deles [do PT, mais uma vez] não, porque não era deles a proposta.

            O discurso de Aécio Neves levantou o público e preencheu de confiança os brasileiros e as brasileiras que acreditam no potencial do nosso País.

            O encontro nacional promovido pelo PSDB, DEM e PPS - e por outros Partidos presentes - foi coroado com o discurso do nosso pré-candidato, José Serra, que falou ao Brasil com a alma e coração entregues aos filhos e filhas deste País.

            Serra tem conhecimento dos desafios do Brasil e, mais uma vez, pontuou nossas principais metas. O nosso pré-candidato tem experiência comprovada, tem história de luta e tem, sim, compromisso com o Brasil.

            Abro aspas para o discurso proferido por Serra:

Venho hoje, aqui, falar do meu amor pelo Brasil; falar da minha vida; falar da minha experiência; falar da minha fé; falar das minhas esperanças no Brasil. E mostrar minha disposição de assumir esta caminhada. Uma caminhada que vai ser longa e difícil mas que com a ajuda de Deus e que com a força do povo brasileiro será com certeza vitoriosa.

Alguns dias atrás, terminei meu discurso de despedida do Governo de São Paulo afirmando minha convicção de que o Brasil pode mais. Quatro palavras, em meio a muitas outras. Mas que ganharam destaque porque traduzem de maneira simples e direta o sentimento de milhões de brasileiros: o de que o Brasil, de fato, pode mais. E é isto que está em jogo nesta hora crucial!

            Serra prosseguiu e fez questão de demonstrar o falso discurso dos que estão no Governo e tentam transmitir à opinião pública a falsa imagem de um País construído a duas mãos e em sete anos do Governo. Uma farsa que eles tentam construir com dinheiro público na publicidade governamental.

Nos últimos 25 anos, o povo brasileiro alcançou muitas conquistas: retomamos a democracia, arrancamos nas ruas o direito de votar para presidente, vivemos hoje num país sem censura e com uma imprensa livre. Somos um Estado de direito democrático.

Fizemos uma nova Constituição, escrita por representantes do povo. Com o Plano Real, o Brasil transformou sua economia a favor do povo, controlou a inflação, melhorou a renda e a vida dos mais pobres, inaugurou uma nova era no Brasil.

Também conquistamos a responsabilidade fiscal dos governos. Criamos uma agricultura mais forte, uma indústria eficiente e um sistema financeiro sólido. Fizemos o Sistema Único de Saúde, conseguimos colocar as crianças na escola, diminuímos a miséria, ampliamos o consumo e o crédito, principalmente para os brasileiros mais pobres.

Tudo isso em 25 anos. Não foram conquistas de um só homem ou de um só Governo, muito menos de um único partido. Todas são resultado de 25 anos de estabilidade democrática, luta e trabalho. E nós somos militantes dessa transformação, protagonistas mesmo, contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso País. Nós podemos nos orgulhar disso.

Mas, se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E, se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje.

Mas para isso temos de enfrentar os problemas nacionais e resolvê-los, sem ceder à demagogia, às bravatas ou à politicagem. E esse é um bom momento para reafirmarmos nossos valores. Começando pelo apreço à democracia representativa, que foi fundamental para chegarmos aonde chegamos. Devemos respeitá-la, defendê-la, fortalecê-la. Jamais afrontá-la.

            No seu discurso, José Serra também recordou sua infância e orgulho de ser filho de um homem humilde que trabalhou sua vida inteira para educar seus filhos.

Minha história pessoal está diretamente vinculada à valorização do trabalho, à valorização do esforço, à valorização da dedicação. Lembro-me do meu pai, um modesto comerciante de frutas no mercado municipal: doze horas de jornada de trabalho nos dias úteis, dez horas no sábado, cinco horas aos domingos.

Só não trabalhava no dia 1º de janeiro. Férias? Um luxo, pois deixava de ganhar o dinheiro da nossa subsistência. Um homem austero, severo, digno. Seu exemplo me marcou na vida e na compreensão do que significa o amor familiar de um trabalhador: ele carregava caixas de frutas para que um dia eu pudesse carregar caixas de livros.

            Serra foi mais adiante e destacou o trabalho desenvolvido quando Ministro da Saúde no Governo Fernando Henrique. Eu pude testemunhar seu trabalho no Governo Federal, porque Deus me deu a oportunidade de ser Ministro, trabalhar pelo Brasil e construir uma grande amizade com Serra. Dividimos o mesmo prédio. Ele na Saúde, eu na Integração Nacional.

Podemos e devemos fazer mais pela saúde do nosso povo. O SUS foi um filho da Constituinte que nós consolidamos no governo passado, fortalecendo a integração entre União, Estados e Municípios; carreando mais recursos para o setor; reduzindo custos de medicamentos;

Enfrentando com sucesso a barreira das patentes, no Brasil e na Organização Mundial do Comércio; ampliando o sistema de atenção básica [na saúde] e o Programa Saúde da Família em todo o Brasil;

Prestigiando o setor filantrópico sério, com quem fizemos grandes parcerias, dos hospitais até a prevenção e promoção da Saúde, como a Pastoral da Criança; fazendo a melhor campanha contra a AIDS do mundo em desenvolvimento; organizando os mutirões; fazendo mais vacinações; ampliando a assistência às pessoas com deficiência; cerceando o abuso do incentivo ao cigarro e ao tabaco em geral.

E muitas outras coisas mais. De fato, e mais pelo que aconteceu na primeira metade do governo, a Saúde estagnou ou avançou pouco. Mas a Saúde pode avançar muito mais. E nós sabemos como fazer isso acontecer.

            José Serra concluiu seu discurso com uma mensagem muito significativa. Um alerta aos que pensam ser donos do Brasil e da sabedoria dos brasileiros:

O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma ‘boquinha’; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes; aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida.

Este é o povo que devemos mobilizar para a nossa luta; este é o povo que devemos convocar para a nossa caminhada; este é o povo que quer, porque assim deve ser, conservar as suas conquistas, mas que anseia mais. Porque o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais. E, por isso, tem de estar unido. O Brasil é um só.

Juntos, vamos construir o Brasil que queremos, mais justo e mais generoso. Eleição é uma escolha sobre o futuro. Olhando pra frente, sem picuinhas, sem mesquinharias, eu me coloco diante do Brasil, hoje, com minha biografia, minha história política e com esperança no nosso futuro. E determinado a fazer a minha parte para construir um Brasil melhor. Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais.

            Fiz questão, Srªs e Srs. Senadores, de relatar um pouco do que representou o encontro promovido no último sábado aqui em Brasília.

            José Serra está à disposição do Brasil e suas palavras merecem ficar gravadas nos Anais do Senado Federal. Por sua trajetória democrática e pelo futuro de prosperidade que haverá de construir neste País.

            Um Brasil que pode muito mais!

            Meu muito obrigado, que Deus proteja a todos!


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2010 - Página 13690