Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização do décimo quinto Encontro Nacional da Cultura Maçônica, do qual resultou a "Carta de Brasília". Anúncio de que o PTB irá apoiar a candidatura de José Serra à Presidência da República, mas que os diretórios estaduais do partido estão livres para fazer as alianças.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL. DIVISÃO TERRITORIAL. POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Registro da realização do décimo quinto Encontro Nacional da Cultura Maçônica, do qual resultou a "Carta de Brasília". Anúncio de que o PTB irá apoiar a candidatura de José Serra à Presidência da República, mas que os diretórios estaduais do partido estão livres para fazer as alianças.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2010 - Página 13993
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL. DIVISÃO TERRITORIAL. POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • LEITURA, DOCUMENTO, BALANÇO, ENCONTRO, MAÇONARIA, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), CONCLUSÃO, AUSENCIA, AMEAÇA, EVOLUÇÃO, TECNOLOGIA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, EXISTENCIA, IMPRESSÃO GRAFICA, JORNAL, DEMONSTRAÇÃO, IMPORTANCIA, ESCRITOR, TRANSMISSÃO, PERPETUIDADE, CULTURA, ENTIDADE, SUGESTÃO, CRIAÇÃO, FACULDADE, CAPITAL FEDERAL, OBJETIVO, ACELERAÇÃO, EXPANSÃO, DESENVOLVIMENTO.
  • ANUNCIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SEMINARIO, DEBATE, ATUALIZAÇÃO, DIVISÃO TERRITORIAL, ESTADO DO PARA (PA), APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, DECRETO LEGISLATIVO, AUTORIZAÇÃO, REALIZAÇÃO, PLEBISCITO, COMENTARIO, TRAMITAÇÃO, PROJETO, APROVAÇÃO, SENADO, POSSIBILIDADE, CRIAÇÃO, ESTADOS, POSTERIORIDADE, PARECER, POPULAÇÃO.
  • REGISTRO, ENCONTRO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), LANÇAMENTO, CANDIDATURA, JOSE SERRA, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB), COMENTARIO, LIBERAÇÃO, DECISÃO, DIRETORIO ESTADUAL, REALIZAÇÃO, COLIGAÇÃO PARTIDARIA.
  • ELOGIO, POSIÇÃO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DEFESA, NECESSIDADE, ANALISE, ANTERIORIDADE, CONDUTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CRITICA, DESVIO, FUNDOS PUBLICOS, IMPORTANCIA, DESVINCULAÇÃO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, FAVORECIMENTO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, MANIFESTAÇÃO, COMPROMETIMENTO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, GARANTIA, PACIFICAÇÃO, CLASSE SOCIAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, agradeço a V. Exª. Saiba que eu tenho paciência treinada há muito como obstetra. Obstetra que não tem paciência não faz parto.

            Mas eu quero, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, fazer aqui um registro. Aliás, repetir aqui um registro que fiz anteriormente, mas aqui dando já o resultado de um evento maçônico da maior importância que aconteceu aqui na Capital Federal, nos dias 8, 9 e 10 de abril, que foi o XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa Maçônica e por outras instituições também da cultura maçônica brasileira, organizado pelo Grande Oriente do Distrito Federal, com apoio do Grande Oriente do Brasil.

            Quero comentar também que, nesse evento, não só maçons da Grande Oriente do Brasil, mas maçons das grandes lojas, da Comab, estiveram presentes e, portanto, maçons de todas as Potências Maçônicas e do Brasil inteiro.

            E a Carta de Brasília está assim redigida - resultado desse encontro:

Na abertura do evento, o jornalista Carlos Chagas enfocou a epopeia da construção de Brasília, citando particularidades da sua convivência com o Presidente Juscelino Kubitschek, um homem que, mesmo não pertencendo aos quadros de obreiros da Ordem Maçônica, constituiu-se em notável exemplo na prática dos princípios maçônicos.

Durante três dias foram proferidas várias palestras sobre história, filosofia, posturas e ética maçônicas, por irmãos de notório saber do universo maçônico, transmitindo aos participantes informações de grande relevância para a difusão e aplicação da cultura maçônica.

Como mensagem final do XV Encontro Nacional da Cultura Maçônica, destacou-se a convicção de que a evolução tecnológica dos meios de comunicação não conflita e não ameaça a existência de jornais, revistas e livros impressos, demonstrando que o escritor maçom é importante para transmissão da cultura e perpetuação da tradição maçônica. Reforçando a importância das academias para a propagação da cultura maçônica, conclamou-se por maior apoio dos Grãos-Mestres e Veneráveis Mestres às Academias Maçônicas de Letras, suas congêneres e lojas de pesquisas.

O crescimento do número de autores maçônicos tem despertado o interesse dos intelectuais para as letras maçônicas, salientando que o esforço do meio cultural maçônico, a exemplo deste XV Encontro Nacional, vem obtendo reais resultados. O “comprometimento” maçônico, em detrimento do “envolvimento” é o caminho necessário para o desenvolvimento cultural nas lojas, entre obreiros.

A criação de uma Faculdade/Universidade Maçônica a partir do Distrito Federal é a solução que se vislumbra para aceleração da pretendida expansão da cultura maçônica no Brasil.

            E, aí, datado de Brasília, 10 de abril de 2010.

            Assinam o documento o Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, que foi o grande idealizador e o homem que se articulou para a realização desse XV Encontro, o nosso irmão Jafé Torres, e também os irmãos Antônio do Carmo Ferreira, Edenir Gualtieri, Absaí Gomes de Brito e Élio Figueiredo.

            Como maçom, com muita honra, peço a V. Exª para que seja transcrito na íntegra o documento lido.

            Tive o prazer de participar da abertura do Encontro e quero dizer aos irmãos maçons que devemos não só promover esses encontros com mais assiduidade, com mais frequência, até regionalizando esses encontros também, mas divulgá-los de maneira aberta. Era aberto, é verdade, o Encontro, mas é preciso motivar a sociedade para que ela possa entender melhor a maçonaria e, por outro lado, a maçonaria interagir melhor com a sociedade.

            Falando em maçonaria, Senador Mão Santa, neste final de semana, Senador Romeu Tuma, eu iria a Belém, a convite do irmão Martins, que é Presidente da Poderosa Assembleia Legislativa Estadual, quero dizer, da Pael, que é o órgão legislativo do Grande Oriente Estadual e que está promovendo, sob os auspícios do Grão-Mestrado do Grande Oriente do Brasil no Pará, uma palestra em que vamos discutir, Senador Romeu Tuma, a questão da redivisão territorial do País, no caso, especificamente, da redivisão territorial do Pará. Como bem pregamos na maçonaria, temos de ter liberdade, que é o pilar principal da nossa ordem - a liberdade de expressão, a liberdade de pensamento, a liberdade religiosa, a liberdade de posturas, desde que dentro de um padrão ético bem traçado.

            Então, vamos lá expor aos irmãos os projetos que eu tenho a respeito da redivisão territorial do Pará e dizer o porquê... Aliás, projetos, quero esclarecer, que apenas autorizam a convocação de um plebiscito para que a população - essa, sim - decida sobre a criação ou não de novos Estados na área que hoje corresponde ao Estado do Pará. Portanto, não é já a criação de novos Estados, é apenas um decreto legislativo autorizando a realização do plebiscito.

            Esse projeto para a redivisão do Pará já foi aprovado aqui no Senado, tanto o que cria o Estado de Tapajós quanto o que cria o Estado de Carajás. E repito: que tenta fazer o plebiscito, para, depois, sim, apresentar a lei complementar que vai criar os Estados.

            Outro evento importante que quero registrar aqui, deste final de semana que fiquei em Brasília, por essa questão maçônica e também pelo lançamento da pré-candidatura do ex-Governador José Serra à Presidência da República, é que o meu Partido, o PTB, ainda não tem uma posição fechada a respeito do apoio. Mas eu estava nesse evento, juntamente com o Presidente Nacional do Partido, Roberto Jefferson. E há um encaminhamento muito certo, Senador Romeu Tuma, nós dois que somos do PTB, no sentido de que o PTB vai apoiar, sim, a candidatura de José Serra. Mas, desde já, os Diretórios Estaduais estão livres para fazer as alianças, e a tendência majoritária desses diretórios é realmente apoiar a candidatura de José Serra.

            Gostei muito do que ouvi lá, tanto do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, como do ex-Governador Aécio Neves, de Minas Gerais, quanto do candidato José Serra, porque, em síntese, o que foi dito, Senador Flexa Ribeiro, foi que precisamos viver um novo momento no País. Um novo momento que seja um avanço, que de fato represente algo mais para o Brasil.

            Eu gostei muito das palavras de todos eles, mas ficaram gravadas em minha cabeça algumas coisas. Por exemplo, que é preciso, sim, comparar o passado. É preciso comparar a postura do PT no passado e nos diversos momentos da história política deste País com a postura hoje dos partidos que fazem oposição ao Presidente Lula. E é preciso, principalmente, quando alguém, o eleitor vai votar em algum candidato a Governador ou a Presidente da República, que ele analise, sim, o currículo dessa pessoa. Por acaso alguém contrata alguma pessoa para fazer um trabalho na sua casa sem ter a certeza de que essa pessoa sabe fazer o trabalho? Uma pessoa contrata alguém apenas por que disse que sabe fazer ou coloca uma faixa: “conserta-se isso”, e você vai contratar? Não, você procura informações. Então, o eleitor tem de se informar bem.

            E de tudo, o que é mais importante é que essa campanha foi colocada assim: o que se quer é fazer a união da Nação, e não a desunião da Nação. O que se quer, de fato, é que não haja luta de classes, que não haja guerra entre ricos e pobres, pobres e ricos; entre brancos e negros, negros e índios; enfim, que a Nação seja pacificada, que haja efetivamente um Presidente que governe não para um partido ou para um grupo de partidos, mas um Governo que governe para a Nação.

            E de tudo eu ali vi uma coisa, Senador Romeu Tuma: a gente não precisa falar mal de ninguém, mas é preciso dizer a verdade. Se alguém erra, não tem por que ficarmos omissos diante do erro; se alguém comete os absurdos que foram cometidos no Governo do Presidente Lula, infelizmente, de desonestidade, de fatos que foram verdadeiras agressões ao Patrimônio Público, ao dinheiro do povo, não tem por que nos calar. Aliás, Martin Luther King disse uma frase que resume muito bem a responsabilidade que tem o homem público perante esses casos. Ele disse: “O que mais me preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética; o que mais me preocupa é o silêncio dos bons”. Então, na verdade, nós não podemos contemporizar com os maus e aí colocar, por exemplo, como o Presidente Lula colocou, um apelido singelo para querer desviar o adjetivo apropriado, a denominação apropriada para quem cometeu o mal, de malfeitor, bandido ou ladrão, o nome de aloprado. Ora, aloprado está no dicionário; aloprado é um cara meio amalucado, muito inquieto, não tem nada a ver aloprado com ladrão nem com desonesto.

            Então, quero realmente acreditar que é preciso que nós tenhamos, digo nós, todos os brasileiros e brasileiras, nestas eleições de 2010, a responsabilidade de saber que o nosso voto é importante para nós, para os nossos filhos, para os nossos netos, para a Nação como um todo. Não pode haver, repito, como foi dito lá - aliás, aqui estou até copiando as palavras ditas principalmente pelo candidato José Serra - um Governo que governe para um partido, ou para um grupo de partidos; tem de haver um Governo que governe para a Nação. É óbvio que tem de ter articulação partidária, mas não fazendo dessa articulação um negócio apenas que favoreça grupos.

            Senador Romeu Tuma, tenho muito prazer em ouvir V. Exª.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador Mozarildo, eu queria, primeiro, cumprimentar V. Exª pela dedicação à Maçonaria brasileira. V. Exª, por várias vezes, usou da tribuna relatando fatos ligados ao seu trabalho junto à Maçonaria. Quem sabe, a Maçonaria de Brasília, num trabalho bastante profundo e com a seriedade que sempre teve, pudesse ajudar a salvar a dignidade do Distrito Federal, que vem sofrendo com todas essas denúncias que causam uma profunda amargura para todos os brasileiros, principalmente hoje, quando fizemos um ato especial para comemorar o aniversário da cidade, a morte de Tiradentes e de Tancredo Neves e, sem dúvida nenhuma, todos se manifestaram a respeito. E V. Exª, provavelmente, terá esta missão de lutar junto com seus irmãos, que são meus tios, para que realmente possam formar uma frente para recuperar a dignidade desta cidade, que nos deu um teto, um local de trabalho e que nos dá todos os meios para produzir algo em benefício do Brasil. Quero falar outra coisa, se V. Exª me permite. V. Exª tem sido um Parlamentar, um amigo, um irmão, solidário comigo, principalmente na possibilidade de uma nova candidatura ao Senado pelo Estado de São Paulo, que amo tanto. Sou brasileiro e amo o meu Estado. Lá nasci, cresci e fiz minha vida. Tenho de comunicar a V. Exª que no sábado, durante a reunião da Executiva, o Deputado Campos Machado, Presidente ilustre do Diretório Estadual, relatou a reunião que houve - e outras que lá ocorreram - na residência do Governador Geraldo Alckmin. Lá foi decidido, pelo PTB, que minha candidatura será irreversível. Não haverá coligação que possa alijar a minha candidatura. Falei com o Presidente, com V. Exª e com todos os Senadores, que têm dado todo apoio àquilo pelo qual, como pretensão, luto aqui. Quero agradecer-lhe. Tenho certeza que é o desejo não só do Presidente Campos Machado, que é um bom amigo e irmão. Os telefonemas que ele recebeu dos Senadores desta Casa devem ter tido um pouco de influência nessa decisão que me fará, provavelmente, um bom candidato a voltar a este Senado e gozar da companhia de V. Exª, do Mão Santa, do Flexa e de todos aqueles que com tanto carinho nos têm tratado nesta Casa. Parabéns, Senador, e agradeço profundamente todo o apoio que recebi de V. Exª.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Senador Romeu Tuma, quem está de parabéns é o PTB de São Paulo. Quero parabenizar aqui o Deputado Campos Machado, que é o Presidente do Diretório Regional, mas também todo o povo de São Paulo, que vai ter oportunidade mais uma vez de ter uma pessoa como V. Exª, íntegro, de ficha limpíssima, para poder disputar com galhardia e com muita honra mais um mandato de Senador da República pelo Estado de São Paulo. Eu tenho certeza que o povo paulista saberá aplaudir essa decisão do PTB de tê-lo como candidato, portanto, colocar essa opção ao povo paulista.

            E quero também ressaltar que, sendo V. Exª filho de um maçom e também, na prática, embora não seja iniciado, não tenha ainda ingressado na Maçonaria, a conduta de V. Exª é aquela conduta que nós pregamos para todos os maçons; que seja um homem livre e de bons costumes. Isso resume tudo. Livre é a pessoa não ser subjugada a nenhum tipo de ideologia, de pressão, de ações de corrupção, enfim, ser livre no sentido amplo; e de bons costumes é justamente ter uma vida limpa, uma vida decente. E isso V. Exª tem.

            Portanto V. Exª, embora não tenha ingressado ainda, é um maçom. E como V. Exª, há muitos brasileiros e brasileiras que têm esse perfil e eu espero que com essas pessoas nós possamos contar aqui nas próximas eleições, que possamos fazer de fato a eleição de pessoas de bem, tanto para as assembleias estaduais, como para a Câmara dos Deputados, para o Senado e, principalmente, para os Governos Estaduais e para a Presidência da República.

            Senador Mão Santa, encerro, reiterando o meu pedido de transcrição dos documentos a que aqui fiz referência.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e o § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- Carta de Brasília

- Martin Luther King


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2010 - Página 13993