Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade à luta do Senador Paulo Paim em prol dos aposentados, afirmando que votará favoravelmente ao reajuste das aposentadorias e ao fim do fator previdenciário. Registro de entrevista publicada no jornal Diário de Cuiabá, concedida pelo pecuarista Carlos Reiners, do Mato Grosso, que completará 103 anos, sugerindo que seja feito um levantamento cultural e biológico da população idosa brasileira. (como Líder)

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA SOCIAL. HOMENAGEM.:
  • Solidariedade à luta do Senador Paulo Paim em prol dos aposentados, afirmando que votará favoravelmente ao reajuste das aposentadorias e ao fim do fator previdenciário. Registro de entrevista publicada no jornal Diário de Cuiabá, concedida pelo pecuarista Carlos Reiners, do Mato Grosso, que completará 103 anos, sugerindo que seja feito um levantamento cultural e biológico da população idosa brasileira. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2010 - Página 20348
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA SOCIAL. HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, LUTA, PAULO PAIM, SENADOR, DEFESA, INTERESSE, APOSENTADO, MANIFESTAÇÃO, ORADOR, EXPECTATIVA, VOTAÇÃO, PROPOSIÇÃO, CONFIRMAÇÃO, POSIÇÃO, BANCADA, DEMOCRATAS (DEM), PARECER FAVORAVEL, REAJUSTE, APOSENTADORIA, EXTINÇÃO, FATOR, PREVIDENCIA SOCIAL.
  • HOMENAGEM, IDOSO, PECUARISTA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), ENTREVISTA, JORNAL, DIARIO DE CUIABA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
  • SUGESTÃO, ELABORAÇÃO, LEVANTAMENTO, SITUAÇÃO, IDOSO, BRASIL, OBJETIVO, CONHECIMENTO, EVOLUÇÃO, HISTORIA, PENSAMENTO, PESQUISA, PROCESSO, GENETICA, VELHICE, RESPONSABILIDADE, EXECUÇÃO, PROJETO, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, PARCERIA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), MINISTERIO DA CULTURA (MINC), IMPORTANCIA, VALORIZAÇÃO, SETOR, REFERENCIA, ESTUDO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), AUMENTO, POPULAÇÃO, BRASILEIROS, CATEGORIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Mão Santa, por suas palavras generosas e bondosas.

            Senadores e Senadoras, quero iniciar minha fala dizendo da luta desse valoroso Senador Paulo Paim. Creio que a Presidência desta Casa devia até fazer uma homenagem a V. Exª diante da sua luta e, que, se possível, aprovássemos, hoje ou amanhã na parte da manhã, essa matéria relevante, com a qual, indiscutivelmente, nós vamos resgatar uma dívida com os nossos aposentados. Talvez só os mais abastados, os poderosos deste País não saibam que R$30, R$40 no bolso do aposentado representam muito.

            Todavia, eu quero aqui, nesta oportunidade, cumprimentar o Senador Paulo Paim por sua insistência, por sua perseverança. A matéria já se encontra na Casa. E eu espero que, na próxima terça-feira, nós possamos votá-la, na medida em que, dentro da Bancada dos Democratas, está muito bem definido que não abriremos mão, em hipótese alguma, da votação do primeiro item da pauta dentre as medidas provisórias que hoje se encontram aqui no Senado Federal.

         Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com o passar dos anos, o ser humano adquire sabedoria e torna-se irmão do tempo, fazendo refletir em sua própria existência as lembranças do passado e as promessas do futuro. O ontem e o hoje são peças que se encaixam perfeitamente como uma trilha a pavimentar os caminhos do amanhã. Aqueles que compreendem o que passou convertem-se em fachos de luz a iluminar de esperança os passos das novas gerações.

            Ao ler, no último domingo, uma entrevista publicada no jornal Diário de Cuiabá, concedida ao ilustre intelectual e jurista Evaldo de Barros, pelo centenário pecuarista Carlos Reiners, entendi, eu mesmo, que a maturidade traz, além da sapiência, o compromisso inarredável com a prudência e com a verdade.

            Prestes a completar 103 anos, o criador, lúcido e corajoso, falou da sua vida com a destreza dos vaqueiros tangendo a boiada nas tardes do Pantanal. Contou histórias de seus antepassados, rememorou sua infância, lembrou dos pais e dos amigos.

            Ao lado da sua esposa, Dona Didi, Carlos Reiners constitui-se em um dos pilares mais firmes das tradições do povo mato-grossense. Sua família é um exemplo de união e prosperidade. Seus 14 filhos, 40 netos e 25 bisnetos sorveram da fonte de cristalina dos mais puros ensinamentos de temor a Deus, respeito ao próximo e devoção à Pátria.

            Ele mesmo, filho de um engenheiro alemão, deixou os estudos na adolescência para se dedicar à atividade pecuária. Trabalhou de sol a sol. Domou o gado e as intempéries para dar escolaridade aos descendentes. Tem orgulho de ter formado todos os filhos em cursos superiores. Por isso fala da vida com gratidão e carinho. Bendiz o passado e se alegra com a chegada do futuro.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago a história deste amigo de meus familiares, deste velho militante do PSD, homem que aprendi a admirar e respeitar desde a minha infância, para lembrar que o País possuía em 2007, segundo o censo daquele período, realizado em 97% dos Municípios brasileiros, 11.422 idosos com mais 100 anos; sendo 7.950 mulheres e 3.472 homens.

           Embora representassem, à época, menos de 0,1% da população nacional, eles guardam em suas vidas a memória da cultura e das histórias de nossa gente. Mais do que isso, trazem uma carga genética que pode explicar o processo de longevidade tão desejado por todos. Esses cidadãos são arquivos biológicos expressivos para que se estude a própria natureza da sociedade brasileira.

           Nesse sentido, Srªs e Srs. Senadores, proponho a elaboração de um levantamento das condições sociais e econômicas dessa população. Tal investigação servirá de base para os estudos que compreendam os hábitos e o modo de vida dessas pessoas que alcançaram uma idade avançada.

           O País precisa preparar políticas de apoio e auxílio a essa gente, ao mesmo tempo em que resgatará o modo de vida e a evolução biológica dessa clientela. Esse documento, feito caso a caso, possibilitará o conhecimento da trajetória da mentalidade nacional ao longo desse último século.

           Assim, a Nação poderá articular um grande programa de amparo social e revitalização histórica desses brasileiros que são um verdadeiro retrato genético do século XX. Se, de um modo, a documentação de suas biografias lançará novas luzes sobre nosso cotidiano, por outro, permitirá a criação de um mapeamento para melhor entendimento da própria formação biológica de nossa gente.

            A responsabilidade pela execução deste plano ficará a cargo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, em parceria com os Ministérios da Saúde e da Cultura. Digo isso, porque, além do levantamento de dados censitários, o setor de saúde poderia preparar um diagnóstico dos aspectos genéticos dessa longevidade, enquanto a área de cultura resgataria o valor histórico dessas vidas.

            Esse programa, Sr. Presidente, poderia singelamente ser batizado de “Brasil 100”, uma homenagem aos nossos compatriotas que conseguiram transpor a ponte da longevidade num País onde o idoso é vítima permanente da perda de contato com a força de trabalho, da desvalorização de seus vencimentos e pensões, e da pobreza generalizada.

            É relevante relembrar que recentes estudos da Organização das Nações Unidas apontam um crescimento vigoroso no número de idosos em nosso País. Segundo essas mesmas projeções, em 2025, Senador Mário Couto, o Brasil terá a sexta maior população mundial de idosos.

            De tal forma, quando vejo aqui o Senador Paulo Paim lutar por uma causa justa porque ainda há a ameaça, por parte do Poder Executivo, de vetar o fator previdenciário, imagino que há um descompromisso total com os mais idosos, com aqueles que construíram a grandeza do País, hoje uma das maiores economias do mundo.

            Não acredito, em hipótese alguma, que o Presidente Lula, que sempre defendeu os trabalhadores brasileiros, venha, desta feita, vetar esse projeto, tendo a oportunidade ímpar também de ser o Presidente dos aposentados e trabalhadores, que certamente tem o compromisso com aqueles que construíram a grandeza do nosso Brasil.

            Mas não tenho dúvida, se eventualmente ele vetar esse projeto, Senador Mário Couto, de que o veto será derrubado no plenário da Casa. Não tenho dúvida alguma de que, por mais governista que seja, um Senador terá a coragem de votar em favor de um veto escarnecedor como esse contra nossos aposentados neste imenso Brasil.

            Mas, em reconhecimento à coragem desses brasileiros, renovo aqui meu compromisso de lutar pela recomposição das aposentadorias de nossos idosos com o fim do fator previdenciário e a reposição de perdas, que vêm achatando anualmente os vencimentos dos aposentados e pensionistas.

            Para finalizar, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de requerer à Mesa desta Casa que seja consignado voto de aplauso ao Sr. Carlos Reiners pela beleza da sua trajetória e pelos ensinamentos que emanam de sua vida exemplar e também ao Dr. Evaldo Duarte de Barros, que, semanalmente, nas páginas do jornal semanal Diário de Cuiabá, faz um minucioso resgate da vida de cuiabanos e mato-grossenses, que muito contribuem com os valores éticos e a tradição da nossa gente.

            Nosso País só alcançará o patamar de nossa sociedade plenamente desenvolvida quando reservar aos idosos uma posição de destaque nos grandes debates nacionais, recebendo deles sabedoria, conhecimento e conselhos.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2010 - Página 20348