Discurso durante a 85ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o setor primário em Rondônia, destacando a necessidade de mais investimento na cadeia produtiva de alguns setores, em especial, o da cafeicultura.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Considerações sobre o setor primário em Rondônia, destacando a necessidade de mais investimento na cadeia produtiva de alguns setores, em especial, o da cafeicultura.
Publicação
Publicação no DSF de 28/05/2010 - Página 24781
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, AGRICULTURA, CAFE, DESENVOLVIMENTO, ESTADO DE RONDONIA (RO), NECESSIDADE, AUMENTO, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, PRIORIDADE, CONSTRUÇÃO, ARMAZEM, ESTOCAGEM, PROXIMIDADE, LOCAL, PRODUÇÃO, SOLICITAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), AGILIZAÇÃO, OBRAS, GARANTIA, AQUISIÇÃO, TOTAL, SAFRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ACIR GURGACZ (PDT - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho destacado por diversas vezes nesta tribuna o potencial da agricultura familiar e do agronegócio em Rondônia. Hoje, mais uma vez, quero fazer algumas considerações sobre o setor primário em meu Estado e destacar a necessidade de mais investimento na cadeia produtiva de alguns setores, em especial o da cafeicultura, que responde atualmente por 4% do PIB de Rondônia.

            A área plantada de café em nosso Estado é superior a 200 mil hectares, o equivalente a quase 200 mil campos de futebol. O Estado é o quinto produtor de café do país, com produção superior a 2 milhões de sacas beneficiadas todos os anos. Essa produção se encontra concentrada principalmente nos municípios de Cacoal, Alvorada do Oeste, Ji-Paraná e Ariquemes.

            Somente em Cacoal, município conhecido como a Capital Rondoniense do Café, existem hoje mais de 1.800 produtores que se dedicam a essa cultura. E só no ano passado, 250 toneladas do grão saíram das lavouras do município direto para o mercado nacional.

            E é lá em Cacoal, na linha 12, que vive um agricultor chamado Arnor Martins, um grande batalhador, que com a boa técnica repassada pela Emater está conquistando bons resultados na produção de café, conforme relata matéria publicada na imprensa rondoniense, em edição impressa no último dia 8 de maio.

            Esse agricultor iniciou-se na lavoura há quatro anos, sem muito conhecimento técnico, e quase desistiu de trabalhar duro na terra após os fracassos nas primeiras safras. Mas com orientação dos órgãos de fomento à agricultura passou a fazer a devida correção do solo, a adubação necessária para o desenvolvimento da planta, bem como a poda e todo o sistema correto para condução da lavoura.

            Em pouco tempo, o seu Arnor Martins conseguiu ampliar a produtividade de 5 para 50 sacas de café por hectare. Um resultado invejável e que revela a capacidade de desenvolvimento da agricultura no Norte do país e lá na nossa Rondônia.

            Eu sempre digo para os nossos agricultores que basta investimento em tecnologia e a aplicação correta dos tratos no cultivo exigidos para que Rondônia se torne uma potência agrícola, pois as condições do solo e do clima são muito favoráveis em nossa região. Aliás, senhores senadores, é importante dizer que a produtividade da cafeicultura em meu Estado não aumentou apenas na lavoura de Arnor. Em Rondônia já são mais de 12 mil famílias de agricultores produzindo café com técnicas cada vez mais modernas, alcançando alta produtividade com baixo impacto ambiental.

            Graças à aplicação do manejo adequado do solo e da aplicação de tecnologias modernas, agricultores como o senhor Arnor Martins mudaram não apenas o panorama de suas lavouras, das suas produções, mas também puderam fazer novos investimentos e melhorar as condições de vida de suas famílias. E isso também teve reflexos positivos na comunidade. O retorno financeiro obtido com o trabalho duro deu condições a esses produtores agrícolas para comprar equipamentos novos, como motosserras de poda, tratores, roçadeiras, assim como vem possibilitando montagem de sistemas de irrigação, que fará com que a produtividade aumente sempre. No caso do senhor Arnor Martins, no próximo ano, sua produtividade aumentará para 60 sacas por hectare, um incremento de 20%.

            E, vejam bem, senhores senadores, este agricultor pode até mesmo comprar um carro zero quilômetro para rodar com sua família lá em Cacoal e ter mais agilidade em seus negócios. Essa é a história que faz parte do círculo virtuoso da economia quando as coisas são feitas da maneira correta.

            Entretanto, senhores senadores, o esforço dos produtores de café de nosso Estado está encontrando algumas limitações de infraestutura que acabam freando o crescimento da produção, e, portanto, a geração de riquezas e a melhoria da qualidade de vida de nossa gente. A principal limitação que os produtores de café encontram hoje em Rondônia é a falta de armazéns para estocar a produção.

            Hoje, a produtividade de nossos cafeicultores chega à marca de mais de 900 mil sacas/ano. A capacidade máxima de armazenamento em Rondônia, no entanto, é de apenas 500 mil sacas.

            Este problema é muito sério, pois cria um gargalo perigoso para o produtor, pois além de desestimular o trabalho no campo pode ser ainda o causador de grandes prejuízos.

            Como se bastasse o déficit na capacidade de armazenamento, outro fator prejudica diretamente os produtores de café é a localização desses armazéns, situados nos municípios de Cabixi, Cacoal e Porto Velho, enquanto a maior produtividade está na Zona da Mata e na região Central do Estado. Isso acarreta a necessidade de transporte, num verdadeiro descompasso com as necessidades da produção cafeeira de Rondônia.

            A baixa capacidade de armazenamento de café, desta forma, tem refreado o crescimento da produção em nosso Estado. Para que os nossos agricultores possam vender toda a safra, e ainda estocar uma parte do produto para comercialização na entressafra, se faz necessário a construção de novos armazéns nas regiões produtoras. Um exemplo disso, senhor presidente, é que a Companhia Nacional de Abastecimento, a CONAB, iniciou a aquisição da produção de café da safra de 2010, ficando garantido a compra de apenas 500 mil sacas. Esta aquisição reduzida da produção de café se dá justamente em virtude de o Estado de Rondônia não ter armazéns suficientes para estocagem de sua produção agrícola em sua totalidade.

            Ante ao exposto, em nome dos produtores de café de Rondônia, venho solicitar ao chefe do poder Executivo Estadual e ao Ministério da Agricultura e Abastecimento que seja agilizada a construção de armazéns nas regiões mais produtivas do Estado de Rondônia afim de garantir a aquisição total da safra de 2011.

            Rondônia precisa de reforço em sua infraestrutura de sustentação para a sua produção agroindustrial. Somos, por vocação e por resultados, um potencial celeiro agrícola do Brasil e do mundo.

            No ano passado, mesmo, um programa da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Regularização Fundiária (Seagri) adquiriu três mil quilos de sementes de café robusta (“cultivar conilon”) e 1,6 milhão de mudas da mesma espécie, com a possibilidade de implantar 4.500 hectares. Tudo com a proposta de renovar e aumentar a produtividade nos cafezais por meio do melhoramento genético e sistema de condução do cafeeiro. O resultado desse trabalho, no entanto, senhor presidente, esbarra, como disse, na capacidade de armazenamento do Estado. Ou seja, estamos investindo cada vez mais em tecnologia na produção do café em Rondônia, aumentando nossa capacidade de gerar mais grãos por hectare, somando a isso um aumento na qualidade. Nossos produtores agroindustriais fazem seu trabalho de casa com competência e perseverança, mas acaba sendo limitado pelo que é mais simples, pelo que exige menos de sua capacidade de inovação tecnológica, que é a disponibilidade de locais para acondicionamento dos grãos. É uma situação paradoxal que pode e deve ser resolvida o mais rápido possível em nome do desenvolvimento de Rondônia e da agroindústria brasileira.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, era isso que eu gostaria de destacar sobre a cafeicultura em nosso Estado.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/05/2010 - Página 24781