Discurso durante a 96ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Importância da solenidade de entrega dos prêmios do I TOP Etanol, realizada em São Paulo, que contou com a presença dos três pré-candidatos à Presidência da República.

Autor
Romeu Tuma (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/SP)
Nome completo: Romeu Tuma
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Importância da solenidade de entrega dos prêmios do I TOP Etanol, realizada em São Paulo, que contou com a presença dos três pré-candidatos à Presidência da República.
Aparteantes
Augusto Botelho.
Publicação
Publicação no DSF de 11/06/2010 - Página 28551
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • REGISTRO, ENTREGA, PREMIO, VALORIZAÇÃO, EMPENHO, ESTUDO, ALCOOL, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, INCENTIVO, PESQUISA, UTILIZAÇÃO, CANA DE AÇUCAR, PRESENÇA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, DEBATE, VOTAÇÃO, PROJETO DE LEI, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, RESERVATORIO, SAL, APREENSÃO, OCORRENCIA, SEMELHANÇA, SITUAÇÃO, POLUIÇÃO, MARINHA, OCEANO ATLANTICO, PREJUIZO, TERRITORIO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • REGISTRO, HISTORIA, UTILIZAÇÃO, CANA DE AÇUCAR, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, CRIAÇÃO, PROGRAMA NACIONAL DO ALCOOL (PROALCOOL), COMENTARIO, INICIO, FASE, ATUALIDADE, CRESCIMENTO, PRODUÇÃO, ENERGIA RENOVAVEL, EFEITO, ESFORÇO, AMBITO INTERNACIONAL, REDUÇÃO, POLUIÇÃO, CONTROLE, AUMENTO, TEMPERATURA, PLANETA TERRA.
  • REGISTRO, RECONHECIMENTO, AGENCIA, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), VIABILIDADE, UTILIZAÇÃO, ALCOOL, ORIGEM, CANA DE AÇUCAR, INFERIORIDADE, EMISSÃO, PRODUTO POLUENTE, COMPARAÇÃO, GASOLINA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Serei bem rápido, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.

            Venho aqui destacar a importância da solenidade realizada anteontem em São Paulo. Trata-se da entrega dos prêmios do 1º TOP Etanol, destinados a agraciar as personalidades que mais se destacaram nos estudos e na dedicação ao desenvolvimento da economia açucareira no País. O Senador Roberto é da Comissão de Reforma Agrária e Agricultura e deve lembrar que foi discutido o problema da cana-de-açúcar na última terça-feira. Tratou-se da marcação geográfica das localizações de plantio. Estavam presentes cerca de oitocentos empresários do setor, os três pré-candidatos à Presidência da República, além de várias autoridades que também compareceram, manifestaram suas ideias e programas para o futuro e falaram, principalmente, sobre a questão do álcool como alternativa mais viável para o futuro energético do mundo.

            Os três pré-candidatos, José Serra, Marina Silva e Dilma Rousseff, foram unânimes em reconhecer que o Brasil tem a obrigação de desenvolver políticas estáveis e coerentes que garantam o crescimento da participação de energias renováveis, como os produtos da cana-de-açúcar, no sistema energético brasileiro.

            O Presidente da União dos Plantadores de Cana-de-Açúcar (Unica), Dr. Marcos Sawaya Jang, fez pronunciamento ressaltando a importância do agronegócio açucareiro e do álcool no País e no mundo. Citou, especificamente, o desastre do vazamento de óleo no Golfo do México, que tanto sofrimento e angústia tem causado ao Presidente Obama, invadindo as praias americanas, chegando praticamente a Miami, e que, sem dúvida, vai determinar o encarecimento futuro da exploração em águas profundas, devido ao aumento do custo com seguros e com a prevenção de vazamentos. Isso, disse o Presidente da Unica, vai cada vez mais ressaltar a importância da energia alternativa, o álcool, que, ao contrário da energia proveniente das reservas fósseis, que é um bem finito e que está em extinção, é um bem infinito pelas suas características, principalmente, da fotossíntese com a energia solar.

            Lembro que, ontem, na votação do pré-sal, um dos oradores fez referência ao vazamento. O Senador Delcídio, a propósito, informou que a Petrobras tem uma tecnologia especial de perfuração em águas profundas, tem experiência em evitar grandes vazamentos como esse do Golfo do México. Esperamos que sim e rezamos para que algo semelhante não ocorra no País com a perfuração do pré-sal.

            Reconhecemos, Srªs e Srs. Senadores, que a nossa velha cana-de-açúcar converteu-se na planta cultivada mais extraordinária que se conhece hoje para produzir combustíveis e bioeletricidade de baixo carbono. Essa cana-de-energia nasceu nos anos 70 com o ousado Programa Nacional do Álcool (Proálcool), o qual impôs a mistura de etanol na gasolina, a ampla distribuição do produto nos postos de combustível e os veículos movidos a álcool puro. Contudo, nos anos 90, com a queda do preço do petróleo, o Proálcool quase morreu, mas renasceu em 2003, pelas mãos da indústria automobilística brasileira. Desde então, o Brasil converteu-se no maior laboratório de desenvolvimento de motores biocombustíveis do planeta. Assim é que, em 2010, atingiu-se a marca de dez milhões de veículos flex nas nossas ruas. No ano passado, o consumo de etanol superou o de gasolina.

            Ao mesmo tempo, começamos a produzir eletricidade do bagaço e das palhadas da cana-de-açúcar. Trata-se de uma fabulosa energia de reserva limpa e renovável, disponível perto dos centros de consumo elétrico nacional. O mais interessante é que ela é altamente complementar às hidrelétricas, pois se encontra disponível nos meses de safra de abril a novembro, exatamente o período de menor pluviosidade, em que os rios e os reservatórios de água estão baixos.

            Hoje, estamos entrando na terceira fase da história do etanol, quando ele deixa de ser uma experiência isolada do Brasil e passa a ser adotado em mais de trinta países. Essa terceira fase nasce do esforço global de redução dos gases de efeito estufa, que causam o aquecimento do planeta.

            Recentemente, estive numa usina de álcool e de açúcar em que seu proprietário aumentou muito a produção da energia. Hoje, ele já vende para a cidade a energia do bagaço da cana com alta produtividade, que é uma energia, sem dúvida, bem longe dos outros produtos poluentes. É interessante como o bagaço da cana gera energia com uma substância bastante grande e com uma produtividade bem interessante. Passa a dar lucro à usina, talvez, em períodos mais difíceis, mais do que a própria produção do açúcar e do álcool. Ele vende para a cidade a energia que sobra da produção do seu objetivo principal, que é o açúcar e o álcool.

            O etanol de cana-de-açúcar, inclusive, é reconhecido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), que o classificou como “biocombustível avançado”, com 61% de redução comprovada nos gases de efeito estufa em relação à gasolina, um valor três vezes superior ao obtido pelo etanol de milho, que ficou com apenas 21% de redução.

            Dessa forma, quero aqui destacar o Prêmio 1º TOP Etanol, pela sua importância no desenvolvimento econômico brasileiro, porque estimula as pesquisas sobre o uso da cana-de-açúcar como fonte de energia sustentável e renovável.

            Muito obrigado, Sr. Presidente. Era o que tinha a expor.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Senador...

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Há um pedido de aparte.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - Pois não, Senador.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Quero apenas elogiá-lo pelo discurso e lembrar, já que V. Exª está falando sobre o bagaço da cana, que existem pesquisas que estão mais avançadas nos Estados Unidos para fazer o etanol a partir da celulose, que é um avanço que haverá na ciência. Penso que, no Brasil, devemos investir mais nessa área.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - É verdade.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - Temos muita celulose. Aqui, as árvores crescem mais rápido, pelo menos na minha região.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - É a fotossíntese, de que eles falam.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - A fotossíntese é muito intensa. A soja dá vinte dias antes, e alguns cultivares de arroz chegam a dar até trinta dias antes. Então, produzimos muita celulose e devemos fazer o álcool a partir da celulose. V. Exª falou da forma como eles estão fazendo: dentro das usinas termoelétricas, eles produzem energia para eles trabalharem e ainda vendem energia. A gente tem de evoluir nesse outro sentido. Por isso, penso que o programa do álcool tem de ser bem assistido, tem de ser bem explorado agora, porque a cana é o mais viável economicamente produtor de etanol que existe no mundo e, principalmente, no Brasil. Temos de explorar isso ao máximo, temos de usar mais o etanol. É preciso que haja mais usinas de etanol próximas dos centros consumidores. Essa medida que fizeram, que acho radical, de não produzir álcool na Amazônia, faz com que a gente tenha de comprar álcool. Em Roraima, o preço do litro de álcool é quase o mesmo do preço de um litro de gasolina: um litro de gasolina custa R$2,86; o do álcool, R$2,60. Então, não há vantagem.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - Tem de custar 70% menos. Não pode passar de 70% do preço da gasolina.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - E, em Roraima, há insolação, há quase cinco milhões de terras, que chamamos de lavrado, que equivalem ao cerrado de vocês. Mas é um cerrado com menos mato. A gente brinca que “um caimbé grita, e o pé de mirixi não ouve”, em alguns lugares, porque as árvores são distantes. Há lugar que se olha, e parece que se está vendo um mar só de capim. Será que tirar aquele capim para plantar cana vai ser prejudicial à humanidade? O capim capta muito menos carbono do que a cana por causa do seu tamanho; ele é pequeno. Então, temos de investir também em pesquisa de etanol a partir da celulose. É um passo que tem de ser dado. V. Exª está chamando a atenção para essa questão. O álcool é importante mesmo no Brasil. A gente só está falando em petróleo, em petróleo, mas o petróleo, com todo esse pré-sal e com o pré-sal que descobriram em outros lugares, vai acabar. Se não acabar em 2040, vai acabar em 2050. Vai acabar.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - É verdade. É um produto finito, e o álcool é infinito.

            O Sr. Augusto Botelho (Bloco/PT - RR) - É finito e muito mais poluente, cem vezes mais poluente do que o álcool. Os produtos do petróleo poluem não sei quantas vezes mais do que o álcool. Muito obrigado.

            O SR. ROMEU TUMA (PTB - SP) - Senador, muito obrigado por sua participação.

            Trouxe um mapa que mostra a geografia brasileira e os locais apropriados para o plantio de cana. Vou tirar uma cópia para V. Exª, para verificarmos se, nessa região, há alguma projeção para isso.

            Muito obrigado por sua atenção.

            Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/06/2010 - Página 28551