Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da inclusão do etanol, pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, na lista de biocombustíveis renováveis de baixo carbono.

Autor
Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
Nome completo: Gerson Camata
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Registro da inclusão do etanol, pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, na lista de biocombustíveis renováveis de baixo carbono.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2010 - Página 29955
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO, AGENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INCLUSÃO, ALCOOL, CANA DE AÇUCAR, RELAÇÃO, COMBUSTIVEL, ENERGIA RENOVAVEL, INFERIORIDADE, EMISSÃO, GAS CARBONICO, AVALIAÇÃO, IMPORTANCIA, RECONHECIMENTO, PREVISÃO, AMPLIAÇÃO, MERCADO EXTERNO, PRODUTO NACIONAL, ESTIMATIVA, EXPORTAÇÃO, VANTAGENS, SUBSTITUIÇÃO, COMBUSTIVEL ALTERNATIVO, ORIGEM, MILHO.
  • REGISTRO, SUPLANTAÇÃO, PROBLEMA, IMPRENSA, AMBITO INTERNACIONAL, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, ACUSAÇÃO, PREJUIZO, ALCOOL, BRASIL, MEIO AMBIENTE, FOME, MUNDO, SAUDAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO, PRODUÇÃO, PESQUISA, Biodiesel, PARCERIA, EMPRESA NACIONAL, EMPRESA ESTRANGEIRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, demorou, mas aconteceu o que era inevitável. Disse há tempos que tínhamos uma lição a dar ao mundo em matéria de produção de combustíveis renováveis, especialmente de etanol. Pois agora, depois de uma ofensiva sem precedentes contra o derivado da cana-de-açúcar, que só faltou responsabilizá-lo por todos os males do mundo, eis que a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, EPA na sigla em inglês, incluiu nosso etanol na lista de biocombustíveis renováveis de baixo carbono.

            De acordo com a avaliação da EPA, o álcool emite 61 por cento menos carbono do que a gasolina, incluindo todo o ciclo de produção, do plantio à distribuição. A redução nas emissões de carbono proporcionada pelo etanol de cana-de-açúcar nem pode ser comparada à do etanol de milho produzido nos Estados Unidos, que é de apenas 21 por cento.

            A decisão da agência americana significa a concessão de um passaporte mundial para o etanol como componente imprescindível para a redução dos gases do efeito estufa. É o reconhecimento de que o etanol que sai da cana é o mais eficiente, o que mais reduz emissões e, por enquanto, o único viável comercialmente.

            Esse reconhecimento abre caminho para a conquista do mercado americano, que não deverá ocorrer sem dificuldades, devido ao lobby do milho, que faz uso de um discurso nacionalista, alegando que o país não pode depender de um “combustível estrangeiro”.

            O mercado americano consumirá 75 bilhões de litros de etanol em 2022. Desses 75 bilhões, calcula-se que seriam importados de 15 a 18 bilhões de litros. Segundo determinação do Departamento de Energia, a gasolina deve conter uma mistura de combustíveis renováveis, de fontes que poluem menos. O problema é que o cultivo do milho para a produção de etanol está tomando o lugar das áreas em que antes eram produzidos alimentos. Os resultados têm sido a elevação do preço do grão, uma série de problemas ambientais e a necessidade de subsídios governamentais.

            O etanol obtido a partir do milho exige muito dos produtores, e mais ainda do governo. Em primeiro lugar, precisa de muita água, e também do uso intensivo de nitrogênio como fertilizante, o que coloca sob risco de contaminação o lençol freático e os rios. A água usada para abastecer uma usina que produz 100 milhões de galões de combustível por ano poderia abastecer uma cidade de 5 mil habitantes. Além disso, o subsídio governamental concedido à indústria do etanol de milho chega a astronômicos 4 bilhões e 100 milhões de dólares anuais.

            Não custa lembrar que, nos últimos 2 anos, o Brasil foi alvo de um bombardeio de ambientalistas, autores de uma campanha que pretendia transformar o etanol em principal responsável pelo aquecimento global e, como se não bastasse, pela fome no mundo. Passamos a ser apontados como um dos responsáveis pela crise mundial de alimentos, já que, ao plantar cana-de-açúcar, estávamos roubando espaço ao cultivo de grãos - embora a superfície ocupada pelas lavouras de cana corresponda a apenas 2 por cento da usada pela agropecuária, e a expansão da área canavieira ocorra, em 99 por cento dos casos, pela conversão de pastagens.

            Chegou-se ao cúmulo do absurdo quando o então relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, o suíço Jean Ziegler, felizmente substituído no cargo, qualificou a produção de biocombustíveis de “crime contra a humanidade”.

            Argumentos racionais de pouco valem diante de campanhas orquestradas, destinadas a criar um clima de histeria. Cerca de 15 por cento das áreas em que existem canaviais são renovadas com outras lavouras, entre as quais feijão e soja. Entre um dos possíveis efeitos da cultura da cana, portanto, está o crescimento da oferta de alimentos, e não a sua redução.

            O retorno da racionalidade está produzindo efeitos, como a associação entre empresas brasileiras e estrangeiras para o aperfeiçoamento da produção de etanol e a criação de novos biocombustíveis no Brasil.

             Uma empresa de biotecnologia americana procura parcerias com o setor sucroalcooleiro para produzir óleo diesel a partir de cana no Brasil. Um método de baixo custo permitiria transformar a celulose contida na biomassa em combustíveis renováveis, usando microorganismos para fermentar a celulose. Do processo resultariam um diesel renovável, para substituir o mineral, biodiesel, combustível para aviões e produtos químicos.

            Enfim, a batalha começa a ser vencida. A incredulidade desaparece, as campanhas orquestradas perderam quase totalmente sua força. O etanol brasileiro está destinado a abastecer o mundo. O Brasil, que foi pioneiro e escolheu o caminho certo, tem como destino a liderança na pesquisa e no fornecimento de combustíveis renováveis.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2010 - Página 29955