Discurso durante a 143ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com os incêndios que ocorrem em toda a Amazônia, solicitando ao Governo Federal auxílio para que seja reequipado o Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia. Alerta às autoridades do Tribunal Regional Eleitoral, denunciando que pessoas no Estado de Rondônia estariam fazendo pressão e ameaças sobre os empresários e os servidores públicos, para que acompanhem os candidatos do Governo Estadual.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. ELEIÇÕES.:
  • Preocupação com os incêndios que ocorrem em toda a Amazônia, solicitando ao Governo Federal auxílio para que seja reequipado o Corpo de Bombeiros do Estado de Rondônia. Alerta às autoridades do Tribunal Regional Eleitoral, denunciando que pessoas no Estado de Rondônia estariam fazendo pressão e ameaças sobre os empresários e os servidores públicos, para que acompanhem os candidatos do Governo Estadual.
Publicação
Publicação no DSF de 19/08/2010 - Página 42480
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. ELEIÇÕES.
Indexação
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, INCENDIO, FLORESTA AMAZONICA, ESTADO DE RONDONIA (RO), MOTIVO, SUPERIORIDADE, SECA, ALTERAÇÃO, CLIMA, DESTRUIÇÃO, TRABALHO, COMBATE, QUEIMADA, EFEITO, PREJUIZO, SAUDE, AUMENTO, ACIDENTE DE TRANSITO, COMPROMETIMENTO, ATIVIDADE, AEROPORTO, CRITICA, ORADOR, NEGLIGENCIA, CIDADÃO, TABAGISMO, OMISSÃO, GOVERNO ESTADUAL, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, FORNECIMENTO, EQUIPAMENTOS, CORPO DE BOMBEIROS.
  • NECESSIDADE, CONSCIENTIZAÇÃO, ELEITOR, INVESTIGAÇÃO, VIDA PUBLICA, CANDIDATO, IMPORTANCIA, RESPONSABILIDADE, ESCOLHA, REPRESENTANTE.
  • SOLICITAÇÃO, ATENÇÃO, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE), IRREGULARIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, DENUNCIA, CANDIDATO, VINCULAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE RONDONIA (RO), INTIMIDAÇÃO, EMPRESARIO, SERVIDOR, OBJETIVO, OBTENÇÃO, VOTO.

            O SR. ACIR GURGACZ (PDT - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Boa tarde, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, colegas que nos assistem pela TV Senado!

            Hoje, trago um assunto muito importante não só para nós, da Amazônia, mas para o País inteiro, para o mundo inteiro, que é a floresta amazônica. Muito combatemos as queimadas na Amazônia, em Rondônia. Estamos atravessando um problema muito sério agora, que são exatamente os incêndios nas matas de Rondônia. Não falo das queimadas ocorridas em função das derrubadas que houve no passado, em função das derrubadas feitas por agricultores. Hoje, enfrentamos um grave problema, que são os incêndios provenientes da seca forte que acontece na Região Norte e em toda a Amazônia. Lembro que uma cidade no Mato Grosso foi totalmente devastada pelo fogo e teve de ser totalmente evacuada, para que as pessoas não se ferissem, para que algumas delas não perdessem sua vida.

            Neste mês, Rondônia entrou em uma época do ano marcada por muitos problemas de saúde. São afetadas principalmente as vias respiratórias de crianças e de idosos. É uma época marcada também pelo aumento do número de acidentes nas rodovias do Estado. Isso tudo, Sr. Presidente, é causado pela fumaça que vem de focos de incêndio espalhados por todo canto no Estado, mas, principalmente, na nossa Capital, Porto Velho. Até alguns anos atrás, sabíamos que essa fumaça vinha de queimadas irregulares, feitas por agricultores que insistiam em métodos arcaicos de preparo do solo. Graças ao trabalho constante das entidades ambientais e das entidades de fomento das atividades agrícolas e à conscientização dos próprios agricultores de Rondônia, foi possível reduzir bastante essas ocorrências. Esse trabalho educacional vem contribuindo, e muito, até mesmo com a produtividade desses agricultores, desses produtores rurais de Rondônia.

            No entanto, o problema continua, e isso ocorre por vários motivos. Um deles, fácil de prever, é a forma como a vegetação fica seca nesta época do ano. Rondônia é um Estado muito quente e úmido, mas, no meio do ano, sofre com o efeito da friagem, que resseca bastante a vegetação com a queda da umidade que afeta não somente a Região Norte, mas também o Centro-Oeste, como todo mundo em Brasília percebe muito bem.

            Este ano, sofremos uma friagem um pouco maior. Aqui, o frio não foi tão acentuado, Senadora Selma, como o percebido em seu Estado, em Santa Catarina. Mas, em Rondônia, no mês de julho, o frio foi muito forte para nós. Em certos momentos do mês, a temperatura chegou a 5°C ou 6°C, o que para nós é um frio muito intenso. Após esse frio, veio um sol escaldante, um sol muito forte, o que aumentou a seca do nosso Estado, provocando vários acidentes de incêndio, que geraram a perda de vários pontos da floresta em nosso Estado, provocando uma fumaça intensa em praticamente todo o Estado, principalmente na nossa capital, Porto Velho.

            Com a vegetação tão seca, pequenos focos de incêndio acidentais ganham proporções assustadoras. Pude perceber pessoalmente isso, no final da semana passada, viajando pelo Estado com o Presidente Lula. Vimos o fogo se alastrando, queimando por baixo da vegetação. Era um fogo difícil de combater ainda mais pelos bombeiros do meu Estado, que não são equipados para esse tipo de trabalho.

            Esses incêndios, Sr. Presidente, mudam completamente o cenário de Rondônia. Um Estado no meio da Amazônia, cercado por verde, com o céu quase sempre azul, como é dito até mesmo no nosso Hino, fica, durante quase dois meses, imerso em fumaça, cercado por fumaça, que deixa tudo cinza, que diminui a visibilidade, que impede que as pessoas vejam até mesmo o final das ruas em que estão andando. É um fenômeno realmente impressionante, no pior sentido. A visibilidade cai tanto, que aumenta o número de acidentes nas nossas rodovias. Segundo o que a imprensa local afirmou ontem, o número de acidentes relativos à queda da visibilidade cresceu cerca de 20% em relação ao ano passado. E, na maioria das vezes, essa fumaça que cerca as rodovias é resultado de pequenos atos cometidos até mesmo pelos motoristas. Segundo relato de um inspetor da Polícia Rodoviária Federal, é comum que pontas de cigarro acabem provocando focos de incêndio às margens das rodovias, que acabam se tornando incontroláveis. Até mesmo garrafas de vidro jogadas às margens das estradas acabam se transformando em uma espécie de lente que amplia a temperatura dos raios solares e causa a queima da vegetação já ressecada.

            Por incrível que pareça, isso vem acontecendo quase diariamente em Rondônia e vem causando acidentes e graves problemas sérios de saúde à população.

            Essa insegurança nos meios de transporte não é vista apenas nas rodovias. Hoje, o Aeroporto de Porto Velho, nossa capital, permaneceu fechado durante toda a manhã por falta de visibilidade. Ficou fechado para pouso e para decolagem, em função da grande quantidade de fumaça que cerca Porto Velho, nossa capital, sobretudo nosso aeroporto.

            Isso tudo, senhoras e senhores, ocorre não somente por que nossos bombeiros não são devidamente equipados. Há um problema cultural, que acaba resultando no descaso de algumas pessoas, que, como eu disse, acabam jogando na vegetação materiais que podem provocar fogo.

            Outra questão que agrava ainda mais o problema é que o Governo do Estado não trabalha com planejamento. Apesar de o Governo saber que não temos os equipamentos necessários para enfrentar esses incêndios acidentais, nada é feito. Sabemos exatamente a época do ano em que há mais risco de haver esses incêndios no Estado, e simplesmente nada é feito. É como se fosse novidade todo ano Rondônia ficar coberta por fumaça.

            Srªs e Srs. Senadores, o que ocorre, então? A Amazônia está sendo queimada à revelia, de forma acidental, sem que nada possa ser feito. Solicito ao Governo Federal uma atenção especial ao Estado de Rondônia, no sentido de reequipar o nosso Corpo de Bombeiros, para que possamos enfrentar ocorrências não somente dentro das cidades, mas também em áreas mais isoladas, nos campos, principalmente em casos de fogo na mata, o que dificulta extremamente o trabalho dos soldados.

            É inaceitável que, depois de termos conseguido controlar mais de 90% das queimadas irregulares, ainda estejamos sofrendo com a fumaça resultante de incêndios acidentais em Rondônia. Os custos são caros em todos os sentidos: no transporte, em acidentes, em atendimentos ambulatoriais principalmente de crianças e de idosos com graves crises no aparelho respiratório. Além disso, há prejuízos irreparáveis para a fauna e a flora da região. Peço, então, ao Governo Federal atenção especial com relação a esse assunto no nosso Estado de Rondônia.

            Quero voltar a tocar em outro tema que abordei ontem aqui, no plenário. Falei sobre a chance que os eleitores têm, nessas eleições, de corrigir sérias distorções no cenário político, expulsando os políticos que têm ficha suja. Perguntaram para mim se não era muito trabalho o eleitor ter de acompanhar a propaganda eleitoral e pesquisar a vida dos candidatos na Internet, até mesmo porque muitos eleitores não têm computador em casa. Eu diria ainda mais: muita gente ainda não está totalmente familiarizada com a Internet e não conhece as ferramentas que existem para pesquisar a vida dos políticos. Mas, respondendo ao comentário, afirmo que acompanhar a propaganda política, o horário eleitoral gratuito na tevê e nas rádios, não dá muito trabalho. Dá muito mais trabalho para o eleitor tirar o mandato de um político ficha suja do que impedir que ele assuma o mandato. O Brasil está cansado de saber disso. Daí me perguntaram: “Mas de que adianta acompanhar a propaganda política se o político pode falar um monte de mentiras e, depois, não fazer o que prometeu?”. O cidadão pode averiguar se o político está falando a verdade. Ele ouve as propostas e pode ver se o político cumpre o que diz e se ele cumpriu o que prometeu em outros mandatos. Precisamos avaliar o passado desses políticos, para saber se o que fala no presente ele pode executar no futuro. Nada melhor do que analisarmos seu passado, para podermos avaliar em quem devemos depositar nossa confiança e a quem devemos confiar nosso voto.

            O eleitor pode até mesmo conferir na Internet aquela tradicional troca de acusações que vemos muito nas campanhas políticas, pode averiguar se as acusações são verdadeiras. Isso é muito importante e é possível de se fazer. O momento é de grande seriedade, e o eleitor não tem mais desculpa para votar em candidato ficha suja. O eleitor deve ter a responsabilidade de pesquisar antes de votar. A imprensa local, a imprensa nacional e a sociedade organizada do Brasil inteiro estão divulgando, realmente, quem tem ficha limpa e quem tem ficha suja, fazendo uma separação entre quem deve receber nosso apoio e nosso voto e quem não merece a confiança de todos nós.

            Afinal de contas, a gente não pesquisa antes de comprar alguma coisa, quando vamos ao supermercado? Antes de comprar um quilo de feijão, a gente pesquisa o preço, olha a data de validade e onde é produzido. E, se comprou antes aquela mercadoria, a gente lembra se o feijão era macio ou tinha gosto ruim. Se para comprar feijão a gente pesquisa, como é que não vai pesquisar antes de votar? Por que não pesquisar? Só para reclamar depois, quando acompanhar no telejornal que o político foi acusado de corrupção, foi preso, comprou voto? Nada disso! A gente não se pode arrepender do voto. É um momento importante na nossa vida. Precisamos, realmente, pensar muito bem antes de depositar nossa confiança em alguém.

            Por isso, afirmei ontem, neste plenário, que o eleitor deve ter a responsabilidade de votar bem, independentemente das ações das autoridades eleitorais, que estão sobrecarregadas, e é o que afirmo de novo. Vamos construir, neste ano, o Brasil do futuro, e isso requer responsabilidade, responsabilidade social, responsabilidade política e responsabilidade com a população em geral.

            Quero aproveitar para fazer mais um alerta às nossas autoridades do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pois, Sr. Presidente, estamos vendo vários candidatos, várias pessoas no Estado de Rondônia fazendo pressão sobre os empresários, ameaçando os empresários e os servidores públicos se não acompanharem os candidatos do Governo Estadual.

            Vivemos num País totalmente democrático. Temos o dever e a obrigação de nos pronunciar, de dar nosso voto com a maior tranquilidade, de acordo com nossa consciência, de acordo com a vontade de cada um. Só pedimos que votem conscientemente, votem de acordo com seu desejo, sem pressões, não vendendo seu voto, não aceitando essa pressão de pessoas que estão exercendo cargos, que querem forçar o eleitor a seguir seu pensamento. Vamos exercer nossa democracia, para consolidar o crescimento e o desenvolvimento do nosso Estado e do nosso Brasil!

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/08/2010 - Página 42480