O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Acir.

            O motivo que me traz à tribuna é realmente muito especial, muito gratificante, já que é para noticiar que, mais uma vez, uma estudante gaúcha se destaca num concurso de âmbito nacional.

            No entanto, antes, eu gostaria de saudar aqui, no plenário desta Casa, a presença do Deputado Danrlei de Deus, o Danrlei dos gaúchos, do Grêmio, dos esportistas brasileiros. Ele se elegeu Deputado Federal pelo PTB gaúcho, recebendo quase 180 mil votos - com certeza, na sua maioria, gremistas, mas há muitos admiradores seus do Internacional. O Rio Grande do Sul se divide em dois, quando se fala em futebol: ou se é gremista ou se é colorado. Lá, não há chance de um time de outro Estado ter espaço, porque não sobra realmente. A torcida gaúcha é dividida entre esses dois grandes times que orgulham o Rio Grande do Sul. Para orgulho de nós, gremistas, temos aqui o nosso campeão do esporte, com uma belíssima história como esportista e como goleiro do nosso Grêmio, hoje um dos campeões de votos dos gaúchos e gaúchas, Danrlei, que assume como Deputado Federal. Bem-vindo, Danrlei! É bom tê-lo aqui conosco.

            Já começa a ter alguma experiência de Congresso Nacional, está conosco aqui no Senado, logo estará lá na Câmara, onde representará a Bancada gaúcha, juntamente com 30 colegas Deputados Federais, além dos três Senadores: a Senadora eleita Ana Amélia Lemos e os nossos já consagrados Paulo Paim e Pedro Simon, já que eu encerro o meu mandato em 31 de janeiro. Não concorri por pregar a renovação, a oxigenação da Casa, e acho que fiz bem, já que mantivemos os nossos dois colegas aqui: o Senador Simon, que tem mais quatro anos pela frente, e o Senador Paim, que se reelegeu pela sua belíssima história em defesa das classes menos favorecidas, dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente na luta pelos aposentados. Eu dizia lá e continuo dizendo que seria uma grande perda para o Rio Grande se o Paim não retornasse. Ele recebeu um grande apoio, foi o mais votado, assim como a Ana Amélia recebeu uma expressiva votação, e teremos uma belíssima representação a partir do ano que vem.

            Eu encerro em 31 de janeiro e o faço por opção, exatamente com o objetivo da coerência com meus compromissos. Quando fui eleito, em 2002, eu disse que estava eleito por um mandato. Estou cumprindo-o com a consciência de que as metas desenhadas estão sendo alcançadas, especialmente porque, nesses oito anos, votei fielmente com o Governo Lula, por reconhecer um Governo comprometido com a inclusão social. Concluo o meu mandato com a certeza de que os objetivos foram plenamente alcançados.

            Agora, a nossa Presidenta Dilma, com certeza, não concluirá a obra, porque a vida pública, a vida política não termina. Ela se aperfeiçoa à medida em que há mais inclusão social, há mais consciência crítica, há mais exigências. Cabe ao Governo atender a essas exigências.

            Caberá à Ministra Dilma dar sequência ao muito que o Presidente Lula fez pelo Brasil nesses últimos anos, e, tenho orgulho de dizer, com os meus votos fiéis. Durante oito anos, o Governo não recebeu nenhum voto contrário de minha parte, por convicção - não por exercitar cargos, porque em nenhum momento indiquei qualquer assessor para exercitar algum tipo de função no Executivo federal -, por acreditar na sensibilidade social do Presidente Lula e, agora, por confiar que a Presidenta Dilma vai dar sequência ao muito que o Presidente Lula fez.

            Esta manifestação é, também, para saudar, com muita alegria, com muito orgulho, essa belíssima notícia do destaque de uma menina gaúcha num concurso de âmbito nacional.

            O Senado Federal concluiu a sua 3ª edição do Concurso de Redação do Senado Federal, que teve a aluna Fernanda Rodrigues, da cidade de Estrela, Rio Grande do Sul, como vencedora. O tema da redação deste ano foi “Brasília, capital dos brasileiros”, nada mais oportuno para comemorar os 50 anos desta cidade, que foi e continua sendo símbolo de modernidade, liberdade, e que acolhe brasileiros e brasileiras dos mais diversos rincões deste País.

            “Brasília, capital dos brasileiros, um povo que sonha, luta e realiza.” Com essa frase, a jovem Fernanda sintetiza todo esse sentimento em relação à nossa capital, que creio ser compartilhado por todos os brasileiros. De forma singela e com pitadas de História do Brasil, Fernanda consegue captar todos os principais momentos que antecederam a criação da nossa Capital Federal.

            Quero aproveitar este momento, Presidente Acir, e aproveitar a sua generosidade com o tempo, para ler, na íntegra, o texto curto, bonito e enxuto, vencedor do concurso, e até para solicitar à Presidência que faça o seu registro nos Anais da Casa.

            É assim que Fernanda interpreta o desafio desse concurso, que teve a participação de escolas de todo o Brasil. Escolas de todo o País participaram, estudantes de todo o Brasil participaram, e esse texto da Fernanda acabou vitorioso, de acordo com o julgamento dos especialistas que se encarregaram de examinar redação por redação.

            Escreve assim a Fernanda:

Brasília, capital dos brasileiros, um povo que sonha, luta e realiza. Planejada sob críticas e inaugurada com aplausos, é o avião brasileiro, que mostra o rumo certo, acolhe um pouco de cada cultura, de todas as pessoas, de cada canto do Brasil. Brasília é este lugar especial, curioso e admirado por todos que a conhecem, e também, por aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de visitá-la.

Desde o final do século XVIII, já se pensava nesta viagem, em transferir a capital do Brasil, do Rio de Janeiro, para o interior do país.

Mas, somente em 1960, o projeto do arquiteto e urbanista Lúcio Costa foi erguido pelo Presidente Juscelino Kubitscheck. Durante quarenta meses, trinta mil operários, na maioria nordestinos e cariocas, trabalharam em turnos ininterruptos e utilizaram cerca de quinze mil toneladas de aço, para construir um império cheio de quadras, entrequadras, monumentos, prédios, a fim de alçar o voo. Em princípio, a maior parte dos brasileiros se opôs, pois o Rio de Janeiro, sede da capital na época, perderia status e prestígio. Em 21 de abril de 1960, o avião brasileiro decolou nascendo a nova capital federal, no coração do país. Cidades “satélites” foram fundadas em função da aglomeração urbana no plano piloto. Brasília foi crescendo.

O avião segue, rumo ao novo, derrubando fronteiras. Brasília mantém sua riqueza, é uma cidade onde se pode encontrar o gaúcho, o nordestino e o mato-grossense dentro de uma mesma sala de aula; churrasco, mandioca e acarajé no mesmo restaurante; e descobrir que bergamota e mexerica é a mesma fruta. São as diferentes culturas de um mesmo país que se unem em um só lugar em busca de uma sociedade mais livre, justa, igualitária e solidária. Porém, alguns dos pilotos e co-pilotos do avião faltam com respeito e honestidade para com o cidadão brasileiro, por isso, infelizmente, somos vítimas e nos envergonhamos de inúmeros erros e escândalos políticos.

Não há como negar, estando no avião ou assistindo o que se passa nele, somos todos responsáveis, seja através do trabalho ou do nosso voto. Neste ano vamos escolher bem nossos representantes de poder, porque são eles que vão pilotar e (...) nos ajude a ultrapassar as nuvens, enfrentar as tempestades, e nos dê muitos dias de sol. Não importa a latitude ou a longitude, combustível não faltará. Ligamos juntos no avião brasileiro unindo forças, esperanças e objetivos nobres. Pois, para cada brasileiro, Brasília é a amada capital nacional.”

            Essa é a redação da Fernanda, vitoriosa entre as milhares de redações que o Senado recebeu, lidas por muitos especialistas. Com certeza, ela, nos seus 16 anos de idade, captou todos esses sentimentos ao comparar a bergamota lá do Rio Grande com a mexerica do Nordeste, que, no final, são a mesma fruta. É uma bela descoberta.

            Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me. Primeiro, eu agradeceria se pudesse dizer o nome completo da Fernanda e a sua idade.

            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Claro que sim. Trata-se da Fernanda Rodrigues. Ela estuda na Escola Estadual de Educação Básica Vidal de Negreiros, na cidade de Estrela, que fica no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, e tem 16 anos de idade. Está na 2ª série do Ensino Médio.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, ela está residindo, agora, no Rio Grande do Sul?

            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Ela é natural da cidade de Estrela e reside lá. Esse é um concurso nacional de redação que o Senado promove e essa foi a sua terceira edição. Eu, orgulhosamente, digo que, das três edições, o Rio Grande do Sul já levou duas.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - E a Fernanda também conhece Brasília?

            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Eu acredito que ela não conheça Brasília. Ela deve conhecer Brasília agora, neste final de semana, quando vier receber o prêmio.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me cumprimentar a Fernanda, que, se não conhece Brasília pessoalmente, sabe até o que se passa dentro das salas de aula de Brasília, das escolas de Brasília, e disse com muita propriedade das coisas bonitas que fazem com que os brasilienses se entusiasmem tanto. Inclusive, há aqueles que moram nas cidades satélites de Brasília, que ela também pôde descrever de maneira bela. Ela também soube dizer das coisas que entristecem os habitantes do Distrito Federal, dos problemas que aqui aconteceram, e soube dizer muito bem que todos, afinal, somos responsáveis, seja pelo trabalho, seja pelo voto, das coisas que acontecem neste belo avião em que está a cidade de Brasília e o Distrito Federal. Mais belo ainda ficou o texto dela, porque foi dito por um eminente radialista, o Senador Sérgio Zambiasi, que sabe usar muito bem o microfone para falar de forma muito bonita. Mais bela ainda ficou, portanto, a redação premiada. Quero também cumprimentar o Senado Federal por esse concurso que estimula os jovens brasileiros a escreverem tão bem quanto a Fernanda. Certamente, haverá outras redações de grande qualidade, mas essa redação da Fernanda sobre Brasília, sem dúvida, mereceu o prêmio. E a redação ficou ainda mais bonita na sua voz e na maneira como a leu, Senador. Quero dizer, prezado Senador Sérgio Zambiasi, que, há poucos dias, na imprensa, li que V. Exª havia tomado a decisão de dedicar-se, nos próximos anos, àquele que é seu outro talento, a vocação de radialista, e que estabeleceu até um contrato nesse sentido. Quero dizer que, por tudo o que V. Exª fez, nestes oito anos em que fomos Colegas, V. Exª, se candidato fosse, certamente seria um dos Senadores mais bem votados do Rio Grande do Sul. E olha que lá há candidatos de excelente qualidade que disputaram a eleição. Certamente, o Rio Grande do Sul está novamente bem representado, conforme V. Exª aqui mencionou. Parabéns também por ter contribuído, no Rio Grande do Sul, significativamente, para a vitória do Governador Tarso Genro, do Partido dos Trabalhadores, coligado com seu Partido, o PTB, e também para vitória da Presidenta Dilma Rousseff, com os votos que lá ela recebeu. Meus cumprimentos a V. Exª!

            O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS) - Obrigado, Senador Suplicy. Realmente, estou Senador e sou radialista. Sempre fiz questão de estabelecer - não vou dizer essa diferença - essa realidade. Vim aqui comprometido com o mandato de oito anos. Fiz a leitura dessa carta para tentar começar a retomar a prática. Interpretação de texto é fundamental para quem quer viver da comunicação. A Fernanda me proporcionou hoje esta oportunidade muito rica neste momento de transição que estou fazendo na minha vida, tentando retornar à velha forma.

            Senador Suplicy, agradeço-lhe sua manifestação.

            Esse é um reconhecimento, uma iniciativa muito bonita do Senado. A redação tem de ser de próprio punho. Tem de se escrever a redação. Nada de se colocar o texto em um computador! Esse é um exercício extremamente importante para que o jovem possa realmente fazer suas reflexões e deixá-las no papel, como deve ser, já que todas as ferramentas deste fantástico e admirável mundo novo em que estamos vivendo, muitas vezes, afastam um pouco o jovem da prática da escrita de próprio punho. Uma redação nos leva a esses exercícios, a essas reflexões. A redação é extremamente importante em qualquer sala de aula, exatamente porque provoca o aluno, faz o aluno pensar, faz-nos pensar, faz-nos refletir, faz-nos errar e repetir, até acertar novamente.

            Essa bonita redação da Fernanda deu-me a oportunidade de estar aqui, neste momento, no plenário também. E, para complementar, Sr. Presidente Acir, digo que é a segunda vez consecutiva que tenho o orgulho de vir a esta tribuna para felicitar uma estudante gaúcha.

            Vejam só: uma mulher é a Presidenta do Brasil, nossa querida Dilma Rousseff, que fez toda a sua vida profissional e política lá no Rio Grande do Sul, e as duas redações vencedoras, lá do Estado do Rio Grande do Sul, a do ano passado e a deste ano, foram de duas jovens, duas garotas, duas meninas. E eu, como pai de quatro meninas e avô de uma neta, torço muito para que as mulheres realmente, definitivamente, consagrem e conquistem, cada vez mais, postos em nível de comando neste nosso País.

            Pois mais uma vez uma menina ganha esse concurso, que, apesar do pouco tempo de existência, atrai milhares de jovens pelo Brasil. Isso, sem dúvida nenhuma, mostra que o Senado Federal goza de um belíssimo prestígio e de muita respeitabilidade, posições invejáveis perante a nossa sociedade.

            No ano passado, a estudante Simone Maria Gatto, de Casca, também no Rio Grande do Sul, venceu a segunda edição do concurso, que tinha como tema: “Muito prazer, sou cidadão brasileiro”. E, neste ano, Fernanda Rodrigues nos dá essa alegria. Fernanda, como falei, estuda na Escola Estadual de Educação Básica Vidal de Negreiros, na cidade de Estrela, onde tive o privilégio de trabalhar, de exercer a minha atividade profissional como radialista, um degrau da minha escada profissional até chegar a Porto Alegre.

            Então, quero saudar todos os alunos, pais, professores, todo o corpo docente e discente da escola lá de Estrela. Ela tem 16 anos de idade e cursa a 2ª série do Ensino Médio. A sua redação foi escolhida entre 27 finalistas, uma de cada Estado brasileiro, o que demonstra a grande competitividade do concurso.

            A premiação do referido concurso ocorrerá no próximo dia 19 de novembro, nesta semana, sexta-feira, no Salão Branco do Congresso Nacional, por ocasião também das comemorações do Dia da Bandeira. As escolas dos três primeiros lugares serão premiadas com computadores, livros e DVDs para o acervo da sua instituição, e seus alunos vencedores receberão um troféu. Além disso, os 27 finalistas, um de cada Estado da Federação, receberão um microcomputador portátil e o certificado de participação honrosa.

            Concluo, Presidente Acir, parabenizando esta Casa, mais uma vez, pela realização desse concurso que, como já disse, já se tornou referência entre os nossos estudantes. É apenas a terceira edição.

            E, outra vez, parabenizo a Escola Estadual de Educação Básica Vidal de Negreiros, que, aliás, neste ano, completou 90 anos de existência, lá em Estrela, na pessoa, então, da sua Diretora Marlei Teresinha Steffens Heiermann.

            E, por fim, parabenizo, de forma especial, a jovem Fernanda por essa conquista pessoal e que, sem dúvida, vai refletir e servir de exemplo e de dedicação a todos os seus colegas, para que continuem se empenhando nos estudos, na busca do conhecimento, que é o que forja o caráter dos grandes homens e mulheres do nosso Brasil.

            Muito obrigado, Presidente Acir.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR SÉRGIO ZAMBIASI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Brasília, capital dos brasileiros”

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