Discurso durante a 22ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem às mulheres pelo transcurso, ontem, do Dia Internacional da Mulher.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. FEMINISMO.:
  • Homenagem às mulheres pelo transcurso, ontem, do Dia Internacional da Mulher.
Aparteantes
Ana Amélia, Gleisi Hoffmann.
Publicação
Publicação no DSF de 10/03/2011 - Página 6195
Assunto
Outros > HOMENAGEM. FEMINISMO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), SENADOR, JORNALISTA, FUNCIONARIO PUBLICO, SECRETARIO GERAL, MESA DIRETORA, SENADO, DIA INTERNACIONAL, MULHER.
  • RECONHECIMENTO, INFERIORIDADE, PARTICIPAÇÃO, MULHER, POLITICA, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RORAIMA (RR), COMENTARIO, PROVIDENCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB), SOLUÇÃO, PROBLEMA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Senador Pedro Taques.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, o Senado já fez uma sessão especial de homenagem às mulheres antecipadamente no dia 1º, justamente porque o Dia Internacional da Mulher, ontem, caiu em um dia feriado.

            Eu, infelizmente, não pude estar presente naquela sessão de homenagem, mas também não poderia deixar de registrar o dia da mulher, porque entendo que todo homem pode até adotar uma atitude que não seja muito verdadeira, mas, no fundo, no fundo, duvido muito do homem que não tenha um grande amor pelas mulheres, começando porque ele foi filho. Qual é o homem que não passou pela experiência de ser filho, de ser amamentando, de ser cuidado e de ser protegido pela figura da mãe?

            Então, eu quero começar estas homenagens pelas minhas mulheres: a minha mãe, que, aos 87 anos de idade, ainda se preocupa comigo; a minha esposa, com quem tenho a felicidade de viver há 42 anos, como marido e mulher; as minhas irmãs; as minhas filhas; e as minhas netas. Essas são as mulheres da minha vida, que me ensinaram, tanto a minha mãe, como a minha esposa, como as minhas filhas, como as minhas netas, a ver realmente a mulher com o olhar do amor, da reverência e, sobretudo, da gratidão.

            Eu tive outra felicidade na minha vida, Senador Presidente: na Medicina, escolhi ser ginecologista e obstetra. Então, aprendi mais ainda a admirar as mulheres, porque vi que a mulher tem uma alma que nós, homens, procuramos imitar. Na verdade, dizem que nós temos uma cara-metade, só que acho que a metade feminina é muito mais preponderante na vida do homem do que muitos imaginam.

            Eu gostaria de aqui até pedir o registro de uma matéria produzida pela jornalista Andressa Trajano, no meu Estado, sobre o Dia da Mulher, destacando justamente aquela lembrança histórica do porquê do 8 de março, do sacrifício daquelas operárias que morreram devido a um incêndio criminoso lá nos Estados Unidos. Há quem diga que a história é mais para trás um pouco, mas não importa se o dia foi no ano tal ou em outro. O importante é que precisávamos ter um dia para chamar a atenção para essa figura tão maravilhosa.

            Eu sempre digo: ora, se Deus, que é Deus, que podia, evidentemente, ter mandado o seu filho a Terra sem precisar da figura material de uma mulher, escolheu ter essa figura material, foi justamente para ensinar a nós, homens, que mesmo o filho d'Ele tinha que ter a figura material de uma mãe terrena.

            Eu sei que todas as mulheres brasileiras devem sentir hoje um grande orgulho de ver no cargo máximo do Poder Executivo, isto é, na Presidência da República, uma mulher, a Presidente Dilma, mas também vamos lembrar que, nos cargos máximos do Poder Judiciário, há duas mulheres: a Ministra Ellen Gracie e a Ministra Cármen Lúcia. Então, as mulheres também estão presentes no Poder Judiciário e, diga-se de passagem, julgando com muita sabedoria, com muita serenidade, como é próprio delas.

            No Parlamento, ouço aqui e acolá as mulheres dizerem que ainda há pouca participação feminina. É verdade. Eu sou Presidente do meu Partido no Estado de Roraima e tenho dificuldades, Senador Pedro Taques, de preencher aquele mínimo que a lei exige de representantes do outro sexo. É verdade que a lei diz o seguinte... Suponhamos que, eventualmente, um partido tivesse candidatas só mulheres. Não poderia. Precisaria ter 30% destinado aos homens. Então, a lei é bem equilibrada. Na realidade, o que acontece é que as mulheres se interessam pouco pela política. Por quê? Eu não sei dizer. Poderão dizer que é porque as mulheres têm os seus afazeres domésticos, trabalham fora; sendo assim, como é que vão ainda se dedicar a uma campanha política? Pode ser que essa seja uma explicação. Mas o certo é que nós, inclusive, lá em Roraima, constituímos o PTB Mulher, fazemos uma mobilização permanente para que as mulheres entendam que é preciso elas participarem. É preciso que elas se motivem e até provoquem mesmo para que esse percentual seja preenchido.

            Nesse particular, quero homenagear todas as mulheres parlamentares. Aqui, estão duas Senadoras: Senadora Gleisi Hoffmann e Senadora Ana Amelia. E queria também homenagear o trabalho da Senadora do meu Estado, Senadora Angela Portela. No meu Estado, também no Poder Judiciário, a Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, hoje, é uma desembargadora, natural de Roraima, a desembargadora Tânia Vasconcelos.

            Então, na verdade, as mulheres estão, sim, ocupando espaços. Pode-se até dizer que ainda num caminhar lento, mas, quando a gente se lembra que foi só com Getúlio Vargas que as mulheres passaram a ter direito a voto, só da época de Getúlio Vargas para cá, pois as mulheres sequer votavam, então, acho que já houve um avanço significativo. Mas é evidente que as mulheres não devem se conformar só com isso.

            Eu quero também homenagear aqui todas as jornalistas do meu Estado na figura das jornalistas Shirley Rodrigues, Andressa Trajano, Élissan Paula e outras. Quero que todas se sintam homenageadas.

            Eu sei que qualquer palavra que eu pudesse aqui dizer, até mesmo se lesse alguma poesia, não diria tudo que realmente me vai na alma, no sentimento neste momento.

            Como eu disse, eu tenho ainda a felicidade de ter uma mãe viva, lúcida. Quando ligo para ela, ela procura sempre saber como eu estou. Antes mesmo que eu pergunte como ela está, ela já pergunta como é que eu estou. E procura acompanhar a minha luta política e se preocupar até com determinadas atitudes que tomo, quando denuncio, por exemplo, os descalabros que acontecem no meu Estado. Ela se preocupa com a minha integridade, como dizem os adolescentes, como se eu ainda fosse criança. Mas, para uma mãe, o filho é sempre uma criança. E eu tenho certeza disso. Por isso mesmo, esse sentimento dela sempre me deixa muito feliz.

            Senadora Gleisi, tenho o maior prazer em ouvi-la.

            A Srª Gleisi Hoffmann (Bloco/PT - PR) - Senador Mozarildo, quero saudá-lo pelo seu pronunciamento. São muito bonitas as suas palavras de elogio às mulheres, a sua sensibilidade, saudando as mulheres da sua vida e também fazendo o reconhecimento às mulheres profissionais que trabalham como jornalistas, que trabalham na área política, enfim, que se destacam no cotidiano. Quero dizer que a nossa luta de representação política não é porque nós nos consideramos melhores do que os homens. Aliás, as mulheres não são nem melhores nem piores. Somos diferentes na forma de ver o mundo. Somos diferentes na forma de interpretar as coisas, de nos relacionarmos com as pessoas e com os fatos da vida. Por isso, nós sempre insistimos muito pela participação da mulher na política e nos órgãos de decisão, porque acreditamos que essa visão de metade da sociedade - porque somos pouco mais da metade, inclusive somos maioria como eleitoras - vai poder ajudar muito as decisões públicas do nosso País. Elogio seu esforço, por meio do seu partido, para que realmente as cotas possam ser preenchidas. Mas nós vamos ter uma oportunidade única, Senador Mozarildo, por intermédio da Comissão de Reforma Política, da reforma eleitoral, de debater o tema da representatividade parlamentar. Aí, acho que teremos que nos debruçar sobre o fato da representação das mulheres. Talvez as cotas não tenham que ser na época da eleição, mas tenham que ser referentes às cadeiras do Parlamento. Ou talvez tenha que haver uma lista intercalada ou um número reservado às mulheres, porque é muito difícil nós avançarmos pelo tempo todo em que fomos discriminadas. Como bem lembrou V. Exª, começamos a votar da década de 30. Não éramos sujeitas de direito. Éramos consideradas cidadãs de segunda categoria. Não tínhamos condições sequer de externar nossa opinião. Então, a política nunca se importou conosco, com o que pensávamos. Nunca teve para nós sequer o objetivo de passar mensagem. Então, o esforço desta Casa e o fato de termos homens com a sua sensibilidade, com essa visão que o senhor externou agora da tribuna tenho certeza de que vão nos ajudar muito. Então, queria parabenizá-lo e pedir que se some a essa nossa luta. Tenho certeza de que, se desta Casa sair uma proposta de reforma política, do Congresso Nacional, de reforma eleitoral, tenho certeza de que as mulheres vão ter outro espaço de participação.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Agradeço muito a V. Exª o aparte, Senadora Gleisi, porque, verdadeiramente, como eu disse, no meu caso, no PTB - de que sou Presidente lá em Roraima -, nós constituímos o PTB Mulher, e, vamos dizer assim, eu dei toda a força. Até o PTB Jovem reclamava de que eu estava dando prioridade ao PTB Mulher. E eu dizia para eles: “Vocês são jovens! Então, lutem para que mulheres jovens se candidatem também”. O importante é que haja um movimento que fortaleça efetivamente a participação política da mulher.

            Se a mulher, eventualmente, não quer exercer esse ou aquele cargo, não quer disputar, que ela seja atuante na política; que ela lute pelo menos para que haja realmente uma representação equilibrada, mais equilibrada, tanto na Câmara quanto no Senado. Eu até diria que o Senado tem avançado de maneira não vou dizer surpreendente, mas agradavelmente positiva.

            Portanto, quero também ter o prazer de conceder um aparte a mais uma Senadora, à Senadora Ana Amelia, do Rio Grande do Sul.

            A Srª Ana Amelia (Bloco/PP - RS) - Senador Mozarildo, em primeiro lugar, cumprimento V. Exª pela sua dedicação sacerdotal a este mandato. Fico impressionada com o seu cuidado, com a presença, com a atenção, com o zelo pelo Regimento Interno. Inclusive, já me ensinou algumas coisas relacionadas à observância disso. Eu, que estou estreando aqui no Senado, agradeço não só ao senhor, mas a todos quantos, aqui nesta Casa, têm me auxiliado muito neste aprendizado diário da convivência política, da convivência harmoniosa, respeitando as diferenças ideológicas de cada um dos 81 Senadores e Senadoras. O senhor tem razão: em 2011, nesta Legislatura que começa, há 15% de mulheres, as doze, dos 81 Senadores que compõem esta Casa da República. E é muito importante. Nós vamos ter agora também um desafio, a partir de 2012, nas eleições municipais. Eu tenho percebido, Senador Mozarildo Cavalcanti, que as mulheres são estimuladas por exemplos, são estimuladas por ações, por gestos. E, como o senhor conviveu muito na prática da Medicina com as mulheres, com a natureza da mulher muito sensível e muito intuitiva, sabe que ela tem uma preocupação muito grande com a seriedade, com a responsabilidade. Eu fico particularmente triste, infeliz até e decepcionada quando os casos de corrupção na área política envolvem mulheres, Senador Mozarildo. É uma dor no coração muito grande, porque uma das características muito destacada também é que a mulher tem um rigor ético muito grande, uma disciplina exemplar quando se aplica aos ofícios aos quais ela se dedicou ou escolheu. Então, seja no casamento, seja... Por exemplo, a dona de casa faz um trabalho diário, cansativo e exaustivo e nem sempre reconhecido, mas esse é realmente o valor da mulher. Hoje as mulheres não conseguem corresponder às expectativas que a lei determinou para participação percentual dos nomes que os partidos políticos precisam incluir de mulheres nas listagem de candidatas às eleições, sejam municipais, sejam estaduais, sejam eleições federais. Mas a partir da convivência e da consciência de que é preciso mudar, porque na política não há espaço vazio, entre as pessoas de bem, as mulheres de bem que hoje compõem o Senado - modestamente, me incluo entre elas -, nós vamos ter outras figuras não tão bem intencionadas fazendo e ocupando esse espaço. Hoje 53% da mão de obra no setor público são mulheres, Senador Mozarildo Cavalcanti. Hoje as mulheres são a maioria no domínio e chefia do comando familiar, na área rural igualmente. Então, para essas mulheres bravas e guerreiras que enfrentam a rotina do dia a dia, como dona de casa, como profissionais liberais ou como políticas, há muito o que comemorar, mas ainda há muito por fazer. Ganhamos uma Lei Maria da Penha, que foi fundamental para combater um dos males, uma das doenças piores que nós temos, que é a violência doméstica contra a mulher. Felizmente, os juízes têm sido mais ágeis na interpretação - falo pelo geral, não pela exceção. Já tivemos uma exceção dramática em relação ao Judiciário, relativamente à Lei Maria da Penha. Mas vamos falar daqueles que entenderam o espírito da lei para proteger esse ser que, como os homens, têm as suas fragilidades, as suas necessidades, mas têm também um compromisso muito grande com o interesse público. Agradeço-lhe muito este interesse e este tema que traz exatamente por se tratar de um médico e de um Senador exemplar aqui. Muito obrigada, Senador Mozarildo Cavalcanti.

            O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB - RR) - Obrigado, Senadora Ana Amelia, fico feliz com o aparte de V. Exª.

            Fico triste quando assisto a uma entrevista na televisão, e o entrevistador pergunta: você trabalha onde? Aí, a mulher diz: não, eu não trabalho, sou dona de casa. Ora, ser dona de casa é dirigir um hotel, é dirigir um restaurante, é dirigir um hospital. Enfim, não vejo profissão mais complexa do que ser uma boa dona de casa. Agora, isso não quer dizer mais que as mulheres se conformem em ser só donas de casa, até por que uma servidora pública, como disse V. Exª, que hoje é a maioria do serviço público, não deixa de ser dona de casa. Mesmo que ela delegue tarefas que antes fazia, ela é sempre a dirigente da casa, do lar.

            Eu quero encerrar, Senador Randolfe - que agora preside a sessão -, homenageando as mulheres aqui do Senado. Já homenageei as Senadoras, mas quero homenagear a nossa querida Claudia, Secretária-Geral da Mesa, as secretárias, começando pela minha conterrânea Zilá, as taquígrafas, as jornalistas, que fazem o dia a dia deste Senado. São pessoas que passam anonimamente. A televisão as mostra por acaso, porque, logicamente, focaliza o trabalho do Parlamentar, seja aqui na tribuna, seja nas Comissões.

            Encerro, portanto, parabenizando todas as mulheres do Brasil e especialmente as do meu querido Estado de Roraima.

            Muito obrigado.

            Peço a V. Exª que autorize a transcrição de alguns documentos que aqui li.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

Coluna Social (Folha Web. Folha de Boa Vista.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/03/2011 - Página 6195