Discurso durante a 27ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2011, cujo tema será Fraternidade e a Vida no Planeta.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
RELIGIÃO.:
  • Comemoração do lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2011, cujo tema será Fraternidade e a Vida no Planeta.
Publicação
Publicação no DSF de 16/03/2011 - Página 6802
Assunto
Outros > RELIGIÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, COMEMORAÇÃO, ABERTURA, SESSÃO LEGISLATIVA, SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, HOMENAGEM, LANÇAMENTO, CAMPANHA DA FRATERNIDADE, CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB), ASSUNTO, ATENÇÃO, SOCIEDADE CIVIL, RESPEITO, PRESERVAÇÃO, NATUREZA, MEIO AMBIENTE, PLANETA TERRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Quero cumprimentar aqui, com carinho especialíssimo, nossa Presidente, que preside hoje esta Mesa, a Exmª Srª Senadora Marta Suplicy; a Senadora Ana Rita, que propôs esta sessão; a Exmª Ministra do Meio Ambiente, Srª Izabella Teixeira - seja muito bem-vinda à nossa Casa -; o Bispo de São Luís do Maranhão, que representa aqui a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o Revmo Sr. Dom José Belisário da Silva; e o Sr. Padre Luiz Carlos Dias e o Sr. Padre Ernani Pinheiro, que estão aqui conosco nesta tarde. Agradeço muito a presença de todos os senhores aqui conosco.

            Qual foi o objetivo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB, em lançar o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta - A Criação Geme em Dores de Parto”?

            Preservação da natureza e do meio ambiente foi discutido em 1979, com o tema “Preserve o que é de Todos”; em 2004, “Água, Fonte de Vida”; e, em 2007, “Vida e Missão Neste Chão”, falando da Amazônia. Foram temas que a CNBB trabalhou e discutiu em todo o País.

            A Campanha da Fraternidade movimenta milhões de pessoas em todo o País. Os católicos, nas igrejas, e a população em geral, por meio dos comentários da mídia, de conferências e debates.

            O que representa hoje a Campanha da Fraternidade?

            Além da evangelização, desenvolvida sempre neste período, o período da Quaresma, tem o propósito de mobilizar toda a sociedade a praticar a fraternidade, a garantir não só a dignidade do homem como também seus direitos sociais, políticos e individuais.

            É discutir, denunciar, propor ações concretas para melhorar a vida da comunidade, diminuir a injustiça e garantir o equilíbrio entre o ser humano e a natureza.

            Em outras palavras é: educar para a vida em fraternidade, com base na justiça e no amor, que é o preceito central do Evangelho; e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja Católica, na evangelização e na promoção humana, com o objetivo de superar as injustiças sociais, garantir a cidadania e fortalecer a solidariedade.

            Estou convencida de que a Campanha da Fraternidade cria uma agenda positiva para o País, à medida que educa e conscientiza parcela representativa da nossa população. Os debates dos temas propostos levantam questões fundamentais para que possamos humanizar problemas que precisam urgentemente ser colocados na pauta do dia a dia do nosso País.

            Em 2011, a CNBB propõe uma avaliação dos impactos ambientais que estão acontecendo em várias partes do mundo e no Brasil, provocados pelo desmatamento incontrolável das reservas florestais, pelas queimadas ilegais e pelo lançamento constante de gases tóxicos na atmosfera, cujas emissões mais importantes são, sobretudo, originárias das nações mais industrializadas. Em consequência, as condições de vida em muitos países estão-se tornando cada vez mais difíceis. Temos assistido ao aumento do aquecimento global, a alterações climáticas que são responsáveis por longos períodos de secas e estiagens e a enchentes, chuvas torrenciais e deslizamentos de terra, que têm causado grandes catástrofes humanas e materiais.

            Quando acompanho os crescentes problemas do excesso de chuvas no País e as estranhas alterações que, ano a ano, vêm ocorrendo no nosso clima, percebo que estamos passando por um processo de mudanças altamente danoso, com resultados muitas vezes trágicos. Não há quem não tenha ficado sensibilizado com a tragédia das enchentes que estão ocorrendo em escala cada vez pior, nos últimos anos.

            Estamos impactados com a tragédia no Japão, na última sexta-feira. Aqui no Brasil, a natureza também se tem revoltado.

            Os acontecimentos no Nordeste, nas regiões serranas do Rio de Janeiro, como disse aqui a Senadora Ana Rita, nos Estados do Sul e no Centro-Oeste dão o que pensar. Está claro e evidente que as alterações climáticas que vem ocorrendo em escala planetária estão alterando significativamente o regime de chuvas em todo o mundo.

            Em Mato Grosso do Sul, meu Estado, depois de mais de 20 anos, estamos assistindo a enchentes catastróficas em dezenas de municípios, inclusive na capital, Campo Grande. Pessoas estão desabrigadas, as cidades estão esburacadas, as estradas vicinais estão intransitáveis, as perdas na agricultura vão ultrapassar 40% da colheita de soja, os pequenos municípios estão desabastecidos, há escassez de alimentos básicos, começa-se a sentir o peso da carestia, enfim, os problemas são muitos, e os recursos sempre são poucos.

            Coloco ainda que, diante de tudo isso, acredito que a Campanha da Fraternidade deste ano será importante, porque ajudará a levantar, de maneira ampla, os temas ambientais, fazendo um apelo, para que todos se preocupem com o que estamos fazendo com nosso planeta.

            Medidas urgentes e graduais devem ser adotadas. Uma nova mentalidade deve ser discutida, como disse a Senadora Ana Rita. Uma nova educação deve ser pensada. Uma nova ética deve ser elaborada, no sentido de dar um basta aos valores do consumismo. Temos de relativizar, cada vez mais, nosso modelo de desenvolvimento. Não podemos aceitar que o critério econômico se sobreponha aos valores espirituais.

            O nosso tempo nos coloca este dilema: como valorizar a vida e recuperar o meio ambiente, para que possamos viver com qualidade, de maneira equilibrada e em harmonia com a natureza? Essa é a grande utopia do século XXI. E a campanha da fraternidade preserva essa agenda.

            Dessa maneira, a Igreja Católica procura mostrar que está totalmente engajada na luta por um mundo melhor. Ela prega o desenvolvimento sustentável, o crescimento econômico com solidariedade e justiça e defende o cuidado com a criação e com a valorização da vida, que representa, para ela, o bem mais valioso.

            A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa que tem como objetivo fortalecer os laços de solidariedade de todos os fieis católicos e de todas as classes sociais, criar uma maior consciência entre os indivíduos para os problemas da atualidade e ganhar mais força na luta pela superação de determinadas situações que afetam a vida de grande parte da nossa sociedade.

            Não podemos pensar em progredir em desarmonia com a natureza. A ideia de progresso humano deve, acima de tudo, estar em consonância com a idéia de evolução espiritual. O nosso maior bem é a revelação do amor cristão em todas as suas dimensões: a generosidade, a tolerância, a fraternidade, a dedicação e o amor ao próximo.

            Assim sendo, quero cumprimentar todos aqueles que estão trabalhando pela Campanha da Fraternidade em todo o País, em todas as Dioceses e, principalmente, o nosso Bispo, da minha Região, do meu Estado. D. Vitório Pavanello, que deixa, agora, este mês, de ser Bispo da nossa Diocese. Tenho certeza de que ele vai com a sensação do dever cumprido, de ter, durante todos os anos em que passou em Mato Grosso do Sul, colocado seu rebanho sempre no melhor caminho, na melhor senda.

            Ficamos todos sensibilizados com a sua partida, mas ele termina o seu tempo conosco, lançando esta Campanha da Fraternidade, que, tenho certeza, vai mobilizar todos aqueles que habitam em Mato Grosso do Sul.

            Muito obrigada.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/03/2011 - Página 6802