Discurso durante a 41ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo ao Governo para que socorra o plano de saúde dos funcionários da Rede Ferroviária Federal - Sesef, que teria sido liquidado pela Agência Nacional de Saúde - ANS, prejudicando milhares de idosos.

Autor
Marcelo Crivella (PRB - REPUBLICANOS/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Apelo ao Governo para que socorra o plano de saúde dos funcionários da Rede Ferroviária Federal - Sesef, que teria sido liquidado pela Agência Nacional de Saúde - ANS, prejudicando milhares de idosos.
Publicação
Publicação no DSF de 05/04/2011 - Página 9350
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PROVIDENCIA, RELAÇÃO, INICIATIVA, AGENCIA NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR (ANS), LIQUIDAÇÃO, PLANO, SAUDE, TRABALHADOR, REDE FERROVIARIA, APREENSÃO, PREJUIZO, IDOSO, APRESENTAÇÃO, SOLIDARIEDADE.
  • SUGESTÃO, ORADOR, REALIZAÇÃO, AUDIENCIA PUBLICA, PRESIDENTE, AGENCIA NACIONAL DE SAUDE SUPLEMENTAR (ANS).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB - RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senadora Presidenta, que ocupa essa tribuna de maneira deslumbrante, Ana Amelia; Ciro, companheiro querido, estou aqui apenas para fazer uma notificação ao povo brasileiro e um apelo à Presidente Dilma.

            Recebi o pessoal da Mútua Ferroviária. Todos nós sabemos do problema dos funcionários da antiga e gloriosa Rede Ferroviária Federal.

            Quero saudar também os ilustres visitantes do plenário, os senhores telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado.

            Nós todos vimos como a Rede Ferroviária Federal, que já foi a Petrobras do Brasil, carregando passageiros, cargas, documentos, correio, essa grande empresa foi se dilapidando, num país que precisa de trem, num país que deveria ser o maior produtor de locomotivas e vagões. Pois bem, ela foi sendo dilapidada ao longo do tempo, dos governos, mas sobrou o Sesef, que era o plano de saúde dos nossos idosos.

            Presidenta Dilma, esses idosos, que hoje ainda têm o Sesef, são treze mil, alguns com 80, 90, até 100 anos. Vejam a fotografia deste senhor que aparece aqui: Ferroviário Manoel Henrique, de Araguari, Minas Gerais, 102 anos. Ele é beneficiário do Plansfer, o plano de saúde dos ferroviários. Ele conta aqui a história toda. Eles tinham o fundo deles bem administrado, com títulos da dívida pública, e teriam hoje R$82 milhões. De 2003 a 2008, foi determinado um administrador, por decreto. O Governo determinou o administrador. Pois bem, o administrador foi infeliz nas aplicações financeiras e dilapidou o patrimônio de tal maneira que a ANS, a Agência Nacional de Saúde, verificando o rombo daquilo, mandou liquidar o plano de saúde desses funcionários.

            E eles ficam pensando o seguinte: “como é que eu vou migrar para a Amil, como é que eu vou migrar para a Golden Cross, como é que eu vou migrar para qualquer outro grande plano de saúde, se eu tenho setenta anos, se eu tenho oitenta anos, noventa anos? Eles vão me cobrar o que eu não vou poder pagar! E eu estou na fase mais difícil da minha vida! Como é que eu vou arcar, com o salário que eu recebo, com o meu tratamento?”.

            A Agência Nacional de Saúde vê o problema que estão sofrendo agora esses humildes brasileiros que deram a sua vida inteira pelo País. É de partir o coração. Eles estão no Brasil inteiro se unindo. Ferroviários unidos de Norte a Sul. Lá do nosso Rio Grande do Sul até o Amapá. Eles são poucos, é verdade. No total, eles são treze mil; com os familiares, talvez trinta, quarenta mil. Agora, não é por serem poucos que não serão ouvidos.

            A causa deles é nobre, há um decreto da Presidenta, um decreto do Governo dizendo que não entrará recurso público para prover, para recompor fundos e para trazer subsídios de espécie alguma. O Governo apenas permitiria que houvesse subsídios tirados do salário deles. Eles não têm mais que contribuir.

            É a mesma coisa que fazermos campanha de doação de sangue na UTI de um hospital, na CTI de um pronto-socorro. Quem está na UTI não pode doar sangue. Quem tem essa idade, ganhando o salário que eles ganham, não pode ter desconto. Não é plausível.

            Então, eu venho aqui, em nome da solidariedade, em nome do espírito público, em nome do amor ao direito, em nome da nossa vocação democrática, da solidariedade que nos faz uma Nação. O povo brasileiro só é uma nação, nós todos nos sentimos brasileiros, no Amapá, no Rio Grande do Sul, no Planalto Central, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Nordeste, porque tem que haver uma solidariedade entre nós, tem que haver um princípio colaborativo.

            Nós não podemos viver simplesmente sob o rigor da lei. E cabe a nós... Sabe, Senadora Ana Amelia, nós, políticos, somos muitas vezes menosprezados, muitas vezes até ridicularizados, desprezados, mas cabe a nós, e sempre caberá, o grito, o bravo clamor diante das exorbitâncias do poder, em nome do nosso povo. E é isso que eu vim fazer aqui hoje.

            Eu vim fazer um apelo ao Governo, ao qual pertenço - tenho a honra de ter ajudado a eleger a Ministra.

            O Ministro da Saúde... Alô, Sr. Ministro da Saúde, meu querido amigo Padilha! Alô, Presidente da ANS! Alô, Sr. Ministro da Justiça! Alô, Mantega! Mantega, você não estaria aí, meu amigo, se não fossem os nossos votos, meu, da Ana Amelia e de toda esta turma que está aqui, Deputados Federais. Você é um Ministro competente, mas, sem os nossos votos, você não estaria aí não, meu companheiro. Então, vocês têm que nos ouvir quando vimos aqui pedir por esses idosos, pedir pelo Sesef.

            O Presidente Sarney sabe disso. Já fez reunião, já recebeu os idosos aqui, já mandou ofício. Eu também. Agora, vocês não respondem, não sabemos o que dizer para essas pessoas.

            Nós não podemos liquidar esse plano. Isso aqui nós temos que olhar com carinho; são pessoas, são brasileiros, idosos, que vão se agoniar nos últimos dias de vida. E Deus vai nos cobrar isso! Isso é uma coisa séria, a que nós precisamos prestar atenção.

            Então, faço este alerta aqui e peço humildemente, mas também com veemência, às autoridades, ao Presidente da Agência Nacional de Saúde. Vou até propor aqui uma audiência pública, vou trazer essas pessoas, tentar sensibilizar, para não liquidarmos o Sesef.

            Isso não é de hoje. Nós estamos lutando, estamos pedindo, estamos fazendo apelo. Esses velhinhos, esses idosos, no Brasil inteiro, estão se reunindo. É em São Paulo, é no Rio, fazem as faixas deles, com dificuldade, aqui não sei se a televisão consegue mostrar, mas é o Brasil inteiro. Eles, com suas famílias, nas cidades do interior, eles estão apavorados. Apavorados por quê? Porque eles vão perder o plano de saúde com a idade avançada. Não vai ter remédio, não vai ter exame, e as pessoas vão agonizar com dores, com inflamações. Vai ser um triste e melancólico crepúsculo de uma vida. Mas não podia ser assim. Nós, brasileiros, não podemos aceitar isso. Então, no meu Rio de Janeiro, são mais ou menos uns quinhentos, uns mil. Não estou aqui como político, nem estou pensando em voto. Para eleger um Senador é tanto voto... E são poucos. Mas é questão de consciência, de princípio cristão, é questão de brasilidade.

            Desculpe, Presidente, obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/04/2011 - Página 9350