Discurso durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do jornalista Elpídio Reali Júnior, no dia 9 do corrente.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Apresentação de requerimento de voto de pesar pelo falecimento do jornalista Elpídio Reali Júnior, no dia 9 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2011 - Página 11057
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JORNALISTA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, eu encaminhei à Mesa um requerimento para que seja inserido em ata um voto de pesar pelo falecimento do jornalista Elpídio Reali Júnior, aos 71 anos, no dia 9 de abril último, bem como a apresentação de condolências à esposa, Amélia, às quatro filhas, Luciana, Adriana, Cristiana e Mariana, e aos cinco netos.

            Se me permite encaminhar e justificar, eu gostaria de dizer que Reali Júnior, que nasceu em Bauru, iniciou muito cedo - aos 17 anos - sua atividade como jornalista esportivo. Ele, inclusive, conviveu com Pelé em Bauru e em Santos.

(Interrupção do som.)

           O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Tornou-se um jornalista e, adolescente, ele costumava entrar no gramado para entrevistar os jogadores de futebol.

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Um minuto, Senador, para ler o requerimento, por favor. Já estamos na Ordem do Dia.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Com um enorme gravador nas mãos, ganhou o apelido de “repórter canarinho”, que logo lhe deu projeção Brasil afora.

            Reali era repórter de rádio, mas trabalhou também em jornais e participou de programas de televisão. Seu primeiro jornal foi o carioca Correio da Manhã, sucursal de São Paulo. Depois, foi para O Globo e escreveu para os Diários Associados, sem nunca abandonar a Jovem Pan.

            Conforme tão bem relata o seu colega, José Maria Mayrink, no Estado de S. Paulo, Reali foi procurar trabalho aos 16 anos, pois queria se casar com Amélia, com quem começou a namorar, ele com 14, ela com 13.

            Na madrugada de...

(Interrupção do som.)

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Dois minutos para conclusão do requerimento, Senador.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Pois bem; ao lado do Governador Ademar de Barros, no Palácio dos Campos Elíseos, foi um dos poucos repórteres que reportou o que ali aconteceu.

            Ele acompanhou todos os fatos políticos do País e do exterior, cobrindo todos os assuntos, mas, sobretudo, ele também foi um homem preocupado com a democracia, com a liberdade, com o respeito aos direitos humanos. E ali, em Paris, onde por mais de trinta anos foi correspondente de O Estado de S. Paulo e da Jovem Pan, ele cobriu os mais diversos assuntos, entrevistou as mais altas autoridades francesas e realizou reportagens de enorme repercussão aqui no Brasil.

            Então, queremos homenageá-lo e transmitir à sua família os nossos sentimentos de pesar.

            Solicito, Srª Presidente, que seja dada como lida na íntegra a minha justificativa.

            Muito obrigado.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY.

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            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Meu pai sempre disse a seus filhos - éramos onze - que não tinha e que nunca quis ter armas em casa. Ele nos ensinou a respeitar e a evitar brigar com as pessoas, por mais difícil que fosse a situação. Ainda hoje tenho comigo esses ensinamentos. Sou firme na defesa de minhas opiniões, mas sou inteiramente contra a violência, seja ela verbal, física ou psicológica e nunca senti necessidade de ter uma arma de fogo.

            Todos os dias, a mídia nos informa à exaustão dos inúmeros casos de vítimas de violência: violência doméstica, violência no trabalho, violência nas ruas, violência nas escolas. Muitos desses casos terminam em mortes e, em sua grande maioria, isso acontece porque as pessoas tinham uma arma ao alcance da mão. Acredito que se não estivessem armadas, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas.

            Aqueles que me conhecem sabem que sou um admirador dos homens e mulheres que transformaram a sociedade utilizando-se de meios não-violentos. Aprendi a admirar as teses e os exemplos de Mahatma Gandhi, Madre Teresa de Calcutá e de Martin Luther King Jr., de que devemos lutar pelo que acreditamos com toda a nossa força, sem nos conformar com a lentidão das transformações, mas sempre procurando enfrentar a força física com a força das ideias.

            O Estatuto do Desarmamento assegurou ao Poder Executivo os meios de controlar o comércio e o uso de armas de fogo. Além disso, também estimulou a população a entregar suas armas. De acordo com dados do Ministério da Justiça, de 2004 a 2008 foram recolhidas 500 mil armas e 1,5 milhão foram regularizadas. Apesar de o Brasil continuar a registrar um elevado número de mortes por armas de fogo, ainda de acordo com o Ministério da Justiça, entre 2004 e 2010 a taxa de mortalidade por armas de fogo caiu 8%.

            É uma questão, pois, de bom-senso. Basta lembrar quantas vezes observamos desavenças banais que, certamente, poderiam ser resolvidas por meio do diálogo e da negociação, mas transformarem-se em tragédias irreversíveis. Diariamente, no trânsito pesado das cidades, por exemplo, muitos motoristas perdem a cabeça e, por pouco, não chegando a brigas físicas, que às vezes acontecem de fato. Se um deles tiver uma arma, a probabilidade de tragédia é altíssima. Para viver num Brasil mais seguro, teremos de fazer muito mais para que a nossa sociedade se torne mais justa e, em consequência, resulte na paz social.

            Nos dias atuais é imprescindível tomarmos consciência que a paz é irreversível.

            As armas nunca foram instrumento de vida. Devemos optar pela vida, o que significa optar pelo amor, optar pelo caminho da alegria e felicidade. Armas não trazem a paz!

            Nesse sentido, avalio como positiva a reunião dos líderes partidários, na qual o presidente do Senado, José Sarney, apresentou proposta da realização de um plebiscito nacional a fim de que a população responda à seguinte pergunta: "O comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?". Entendo que o povo, após receber informações mais claras sobre a questão, saberá optar pela proibição do comércio de armas em nosso país.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2011 - Página 11057