Discurso durante a 51ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do Dia do Índio.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDIGENISTA.:
  • Comemoração do Dia do Índio.
Publicação
Publicação no DSF de 19/04/2011 - Página 11698
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM, DIA, INDIO, DEFESA, PROTEÇÃO, RESERVA INDIGENA, IMPORTANCIA, PRESERVAÇÃO, CULTURA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WILSON SANTIAGO (Bloco/PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Meu caro Senador Vicentinho Alves, autor do requerimento que resultou nesta grandiosa e, digo até, Senador Paulo Paim, justa sessão em favor dos povos indígenas brasileiros.

            Senador Paulo Paim, V. Exª não só preside uma das Comissões importantes da Casa, mas tem carregado em sua consciência e também em suas ações aquilo que representa de melhor em favor das classes menos favorecidas deste País. Parabéns a V. Exª pela atitude e também pelo comportamento que tem, com certeza, dignificado não só o Senado Federal, através da sua pessoa, como também o mandato que exerce em favor do povo brasileiro e, em especial, do Rio Grande do Sul.

            Meu caro Professor Marcos Terena, V. Sª com dignidade representa os povos indígenas por onde passa, com cadeira cativa até mesmo na ONU, tem feito aquilo que merecem os povos indígenas e, com certeza, continuará lutando muito mais, dando exemplo aos demais para que ingressem nessa luta em favor dos povos indígenas de todo o Brasil.

            Caro Vice-Governador do Tocantins, João Oliveira, que conheço de perto desde quando era seu companheiro como Deputado Federal na Câmara dos Deputados. Sempre acompanhei o trabalho de V. Exª, que, graças a Deus, sempre honrou a confiança do povo do Tocantins no que se refere aos mandatos para os quais foi eleito e agora, para a honra de todos nós, é Vice-Governador do Estado e aqui representa o Governador Siqueira Campos.

            Antonio Alves, Secretário Especial de Saúde Indígena, que aqui representa a estrutura pública da saúde indígena nacional, o Ministério da Saúde, V. Exª dá uma demonstração de que, mesmo não estando aqui os representantes maiores, levará o pensamento dos povos indígenas e o pensamento do Senado Federal no que se refere às necessidades e ao apoio aos pleitos desse grandioso povo que foi a nossa origem e, além de tudo, nos ensinou a chegar até onde estamos.

            Meus caros vereadores representantes do povo indígena, aqui estão representantes do Tocantins e também de Mato Grosso. Veja bem, Senador Paim, como estão se ampliando os direitos e a consciência do povo indígena no que se refere até ao voto popular, já estão elegendo vereadores! Com certeza, teremos prefeitos, deputados e ocupantes de outros cargos, para representar melhor essa categoria, essa classe de trabalhadores brasileiros que, com certeza, conhece muito mais a real situação do povo indígena do que nós que não tivemos essa origem. O Sr. Davi Yanomami e o cacique Celestino Xavante, entre tantos outros, são representantes dos povos indígenas aqui presentes.

            Sr. Presidente Vicentinho Alves, em atenção ao requerimento de V. Exª, firmado também por vários outros Senadores, a exemplo do Senador Paim, esta presente sessão especial do Senado Federal destina-se a homenagear a passagem do Dia do Índio.

            Nós ouvíamos anteriormente o professor Marcos Terena, que registrou e fez uma lembrança muito justa a esta Casa, o Senado Federal, quando ela decidiu abrir as portas para ouvir os reclamos dos povos indígenas nacionais. Nós devemos isso ao Presidente da Casa, Senador José Sarney. Temos que agradecer a ele a sua liberdade, a sua vontade de fazer com que todo o povo brasileiro tenha de fato acesso aos seus direitos. Tive uma demonstração deste porte por parte do Senador Sarney quando ainda jovem, Senador Paim, na época da conhecida redemocratização do Brasil - e V. Exª lutou muito nesse tempo -, quando ele, por um gesto nobre, determinou a liberdade do Partido Comunista do Brasil. Então, só isso demonstra a intenção do Presidente Sarney de fazer com que não só esta Casa represente o pensamento da classe trabalhadora brasileira, mas também tenha uma integração com todos os povos que, de fato, merecem o respeito e a atenção de todos os representantes do Congresso Nacional na pessoa do Presidente José Sarney.

            Para honra minha, estou no exercício da Presidência da Casa em decorrência da viagem do Presidente Sarney e da Vice-Presidente Marta. Como 2º Vice-Presidente da Casa, assumi a Presidência interinamente e tenho a obrigação e o dever de reconhecer o trabalho digno e a dedicação, que todo o Brasil conhece, do Presidente Sarney em relação aos movimentos sociais e aos direitos de toda a sociedade e de todo o povo brasileiro.

            Os índios, primeiros habitantes destas terras, formam o nosso DNA original, a fonte primária de nossa civilização. São um retrato vivo de nossas raízes, as quais temos o dever cívico e indelegável de resguardar e proteger.

            Nesse caldeirão de raças e etnias que gestou e modelou a nossa Nação, a pátria indígena se destaca como inspiradora direta de significativa parte de nossa culinária, de nossa língua e de hábitos e costumes assimilados. Temos todos um pedaço da cultura indígena ao comer um prato de mandioca, beber guaraná, tomar banho de cuia, enfim, praticar todos os atos e até todos os verbos de sonoridade tão expressiva que herdamos de sua cultura, a cultura indígena.

            Zelar pela manutenção e sobrevivência de todo esse patrimônio, Sr. Presidente, Srs. Senadores, demais público presente, é mais do que uma obrigação moral. Trata-se, em verdade, da preservação de nossa própria identidade, do culto ao que fomos, ao que somos e ao que pretendemos ser como uma única e diversa nação.

            Como pilares da nossa política indigenista, não podemos deixar de citar aqui os grandes vultos históricos que lutaram por esse intento maior: Marechal Rondon, os irmãos Villas-Bôas, Darcy Ribeiro, entre tantos outros, embora em momentos e circunstâncias diversas, representaram o ideal da descoberta, da valorização e da proteção aos ritos e costumes dos primeiros habitantes do Brasil.

            No ano em que celebramos o cinquentenário de criação do Parque Nacional do Xingu - monumento maior da luta pela preservação das comunidades indígenas de nosso País -, nada mais apropriado do que aproveitarmos o ensejo para enaltecermos a importância do seu legado e a relevância da política de salvaguarda dos direitos de sobrevivência dessas aldeias.

            É no Xingu, Sr. Presidente, e também nos potiguaras lá do meu Estado, a Paraíba, enfim, em todas as comunidades indígenas brasileiras, que nos deparamos com o verdadeiro Brasil profundo, com o interior de nossa gênese como nação. Lá, os índios puderam encontrar a guarida necessária que os preparassem para o choque inevitável com a nossa sociedade.

            Mantendo-os em suas terras e permitindo-lhes a vivência em sua organização social e cultural, o Parque consubstanciou a política indigenista tal qual conceberam nossos grandes e históricos defensores da causa, cuja memória inspira e fortalece o movimento de proteção aos povos indígenas em todo o Brasil.

            Só isso, Sr. Presidente, além de tudo aquilo que, de fato, foi relatado por tantos outros companheiros que me antecederam, a exemplo do Senador Paim, a exemplo do Senador Vicentinho Alves, autor da proposta, a exemplo do Professor Antonio e, além de tudo, do Secretário Nacional de Saúde Indígena, todos nós aqui testemunhamos a real necessidade de nos unirmos em favor de uma causa justa, em favor de objetivos que atendam não só os interesses da classe indígena brasileira, como também de uma sociedade que tanto clama por justiça, por respeito aos direitos e também por soberania de um povo.

            Todos nós sabemos que os povos indígenas, além de preservarem a natureza, Senador Paim, de preservarem as riquezas nacionais, a exemplo dos minérios, a exemplo da preservação do meio ambiente, a exemplo, enfim, de tantas outras ações que, na verdade, preservam nossas riquezas culturais e também nossas riquezas naturais, nós temos, sim, o dever e a obrigação de nos posicionarmos e nos unirmos em favor dessas causas e desses direitos, que representam o pensamento e o desejo da grande maioria do povo brasileiro.

            É com o exemplo e a força dos índios do Xingu, tão representativos de todas as comunidades originárias do nosso Brasil, que reafirmo a absoluta necessidade de defendermos, de maneira incansável, a preservação da autonomia e da identidade de todos os povos indígenas do Brasil, para que juntos tenhamos condições de fazer aquilo que não só a classe indígena, como também todo o povo brasileiro, espera de cada um de nós, representantes do Congresso Nacional e, enfim, representantes do País e dos Estados.

            Vida longa aos índios brasileiros, especialmente proclamando e fazendo com que seus direitos sejam respeitados e suas conquistas, com certeza, sejam preservadas.

            Muito obrigado a todos. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/04/2011 - Página 11698