Discurso durante a 97ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do centenário das Igrejas Evangélicas da Assembleia de Deus no Brasil.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do centenário das Igrejas Evangélicas da Assembleia de Deus no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2011 - Página 23245
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, IGREJA EVANGELICA, BRASIL, COMENTARIO, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, ASSISTENCIA SOCIAL, EDUCAÇÃO, POPULAÇÃO, PROTEÇÃO, DESENVOLVIMENTO, JUVENTUDE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Em primeiro lugar, boa tarde a cada uma das senhoras e a cada um dos senhores.

            Em segundo lugar, quero cumprimentar alguns que estão aqui presentes: primeiro, o nosso Governador Agnelo Queiroz; o Exmº Sr. Senador Marcelo Crivella e o Senador Flexa Ribeiro; o Revmº Sr. Bispo Manoel Ferreira, que honra esta Casa ao estar aqui; o Revmº Sr. Pastor Samuel Câmara; o Deputado Distrital e amigo nosso, Exmº Sr. Benedito Domingos; o representante da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, Pastor Ronaldo Fonseca, que também é um dos amigos nossos; demais autoridades, que não sei se estão realmente ainda presentes, como o Deputado Federal Silas Câmara, Deputada Antônia Lúcia Câmara, Deputada Mara Lima, o Pastor Ival Teodoro da Silva, todos os senhores pastores que aqui estão.

            Quero também cumprimentar, como presentes nesta solenidade, os dois jovens, Gunnar Vingren e Daniel Berg. Quero cumprimentar, como presentes aqui, Celina Albuquerque e Maria Nazaré, Henrique de Albuquerque, José Plácido, Piedade e Prazeres da Costa, Manoel Maria Rodrigues, Jerusa Rodrigues, Emília Dias Rodrigues, Manoel Dias Rodrigues, João Domingues, Joaquim Silva, Benvindo Silva, Teresa Silva de Jesus, Isabel Silva, José Batista de Carvalho, Maria José de Carvalho, Antonio Mendes Garcia, que fizeram parte da primeira congregação, em Belém do Pará, e que aqui estão também conosco.

            Eu não vou falar da história da Assembleia de Deus nesses cem anos, até porque vocês provavelmente a conhecem muito mais do que eu. Eu quero falar do papel das igrejas da Assembleia de Deus neste momento de nossa história. Eu considero que o processo de evangelização que houve no Brasil - e a Assembleia de Deus aí dentro - funciona hoje como uma espécie de rede e escada, uma rede de proteção e uma escada de ascensão. Uma rede de proteção para todos aqueles que, no Brasil, hoje, vivem como se estivessem caminhando numa corda bamba, e ali encontram, nas igrejas, uma rede que lhes protegem. E aqueles que já caíram recebem das igrejas uma forma de encontrar o rumo, o caminho e ascenderem outra vez a um papel social. Eu quero é agradecer esse papel e agradecer especialmente por esse papel junto aos jovens, que são as maiores vítimas da corda bamba onde caminhamos hoje no Brasil.

            No Brasil, uma criança, até mesmo antes de nascer, já está numa corda bamba, porque pode nascer ou não nascer. E eu não falo nascer ou não nascer por razões naturais, eu falo nascer ou não nascer por vontade de pessoas vivas. Alguns nascem, outros não...

            Os jovens estão na corda bamba, porque, ao nascer, vão ter alimentos, carinho ou não vão ter. E, os que não tiverem isso, caem dessa corda bamba, dificilmente se recuperam. Estão na corda bamba, hoje, as crianças já no período maternal, quando, se não receberem os diversos incentivos pedagógicos e de alimentação, poderão ter consequências irreversíveis para sua educação futura. Estão na corda bamba, porque, dependendo da escola onde entrem, eles vão ter um futuro e vão chegar ao final ou vão cair e se perder. Estão na corda bamba aqueles que caíram no alcoolismo e as famílias se desfizeram.

            E eu quero falar aqui para milhares, centenas de milhares de pessoas e brasileiros que, ao longo destes cem anos, receberam de vocês uma escada e receberam de vocês o apoio para se recuperarem. As famílias que foram mantidas unidas, aqueles que saíram das drogas e que, graças a vocês, puderam ter uma proteção e puderam se recuperar.

            E é pensando nisso que eu venho aqui, pensando mais no futuro do que mesmo nos cem anos de história. Uma entidade que viveu e atravessou todas as dificuldades ao longo de cem anos é claro que vai ter muitos séculos adiante, para sempre.

            Mas eu quero pensar nesse primeiro momento dos próximos anos, quando nós vamos enfrentar, continuar enfrentando as dificuldades que o Brasil oferece, as dificuldades que pesam, sobretudo, sobre nossas crianças, sobre nossos adolescentes, sobre nossos jovens: o risco das drogas; o risco de não entrarem em uma boa escola; o risco de, na escola, não aprenderem um ofício; o risco do desemprego; o risco de tudo o que a gente vê, todos os dias, ao redor, puxando para baixo dessa corda bamba onde caminham nossos jovens.

            Eu venho aqui falar da esperança e de que, nos próximos cem anos, vocês continuem exercendo essa tarefa fundamental de rede e de escada, de rede de proteção e de escada de ascensão, ascensão espiritual, moral, social, inclusive ascensão econômica. O Brasil precisa do papel de vocês. Cada um nós tem a sua religião, cada um de nós tem até visões diferentes sobre diversos problemas da sociedade, mas mesmo aqueles que divergem de alguns dos credos, de alguns dos princípios que vocês têm, mesmo eles, não podem deixar de reconhecer o papel que tem tido, no Brasil que vive nessa dificuldade toda que o mundo moderno apresenta, nenhum pode deixar de reconhecer o papel da evangelização e, dentro disso, o papel da Assembleia de Deus.

            Não posso deixar de falar, pela minha mania, no respeito que eu tenho a vocês, na minha mania de educação. O mundo deve a Lutero o primeiro gesto de educação de massas no mundo. Foi a tradução da Bíblia para a linguagem do povo que permitiu que a educação deixasse de ser uma coisa apenas da elite e passasse a ser também um assunto das grandes massas. E foi a persistência dele e dos que o seguiram nas diversas denominações que fez com que a leitura da Bíblia, sendo necessária à alfabetização, passasse a ser algo absolutamente necessário.

            A alfabetização em escala universal deve muito a Lutero e a todos aqueles que seguiram as igrejas evangélicas, onde a leitura da Bíblia não é assunto apenas do líder religioso, mas de cada um dos fiéis, cada um dos irmãos.

            Falo isso como quem tem como bandeira de vida a educação. Por isso, falo aqui para agradecer e para pedir que ajudem. Como Ministro da Educação que eu fui, senti o papel das igrejas evangélicas na campanha para a educação. O Senador Crivella e o Deputado Manoel Bispo foram parceiros nessa campanha para a erradicação do analfabetismo, que lamentavelmente não continuou, e nós continuamos hoje com 14,1 milhões analfabetos.

            Essa é uma tarefa para a qual vamos precisar muito de vocês. Mas nós não vamos precisar muito de vocês do ponto de vista do lado educativo, pedagógico, mas também do lado espiritual. Por isso, quero citar alguns que não citei, porque são aqui de Brasília e deixei para o final. Quero citar a presença do Pastor Sóstenes, do Pastor João Adair, do Pastor Egmar Tavares, do Pastor Lourival Dias e pedir a cada um de vocês que aqui estão que orem para que o Brasil estique tanto essa corda por onde caminham os jovens, que ela deixe de ser uma corda bamba e passe a ser uma plataforma para o futuro.

            Peço, por isso, que orem, sobretudo pela nossa Presidenta, pelo nosso Governador e por cada um de nós, pobres Senadores.

            Um grande abraço para cada uma e para cada um de vocês. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2011 - Página 23245