Discurso durante a 126ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem a passagem do 25º aniversário de falecimento do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo.

Autor
Geovani Borges (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: Geovani Pinheiro Borges
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem a passagem do 25º aniversário de falecimento do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2011 - Página 31209
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SENADO, HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, INTELECTUAL, ESCRITOR, JORNALISTA, ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN).

            O SR. GEOVANI BORGES (Bloco/PMDB - AP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Senador Paulo Davim, primeiro signatário da presente sessão; Exmº Sr. Ministro da Previdência Social, nosso querido Senador Garibaldi Alves Filho; nossa querida Senadora Governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini; senhor representante da família do Luís da Câmara Cascudo, meu colega na época Deputado Federal constituinte, Senador da República, Sr. João Faustino; Segundo Secretário da Academia Brasileira de Letras, Sr. Murilo Melo Filho, que nos honra aqui com a sua presença; Srª Prefeita do Município de Natal, Exmª Srª Micarla de Sousa; Sr. Presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Sr. Diógenes Cunha Lima; Sr. Ministro José Delgado, respeitosamente aqui os nossos cumprimentos pela sua presença.

            O nosso Senador Agripino Maia me perguntou: Senador Geovani, o senhor conheceu o Sr. Luís da Câmara Cascudo? Naturalmente, pela mídia. Nunca tive contato pessoal. Por que essa homenagem? Eu resolvi tomar essa decisão com a permissão da bancada aqui do Rio Grande do Norte, os conterrâneos, os familiares e a iniciativa do nosso querido Senador Paulo Davim. Eu, conversando com a nossa Senadora Rosalba, à época, disse para ela que os meus pais, os meus avós, os meus tios, Senador Agripino, todos são do Rio Grande do Norte, lá daquela querida cidade de Vera Cruz.

            Eu já nasci no interior do Amapá, na cidade de Mazagão, aonde só se chegava por água. E, em homenagem ao requerimento, à iniciativa do Senador Paulo Davim, eu resolvi pedir permissão a V. Exªs, Senador Garibaldi, para que eu pudesse me juntar a essa homenagem.

            Estudei um pouco a biografia do nosso Luís da Câmara Cascudo. Então, vou fazer aqui a minha participação, porque no último dia 2 de agosto o meu pai estaria completando 90 anos de idade. Faço uma homenagem à memória dele, que é um homem que me disse que sempre pisou em escola só para dar recado. Então, vou homenagear esse grande escritor, grande jornalista, com muita satisfação.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o nobre Senador Paulo Davim - que eu aprendi a respeitar e a admirar nesta Casa -, por meio do Requerimento nº 241, deste ano, teve a belíssima iniciativa de propor a presente sessão especial, na qual registramos os 25 anos de falecimento de Luís da Câmara Cascudo.

            Estou certo de que os Senadores e as Senadoras que hoje se pronunciarem não se esquecerão de mencionar que Câmara Cascudo foi, antes de tudo, um homem múltiplo. Com isso quero dizer que, nadando contra a corrente moderna, que valoriza a especialização exagerada e o conhecimento burocraticamente compartimentado, Câmara Cascudo perseguiu uma ampla variedade de interesses. Sua curiosidade ímpar levou-o ao estudo das mais diversas manifestações da cultura, com especial ênfase nos traços determinantes da cultura popular de nosso País, o Brasil.

            A amplitude de seus interesses, contudo, não se traduzia em conhecimento superficial e em diletantismo bem intencionado, como seria de se esperar. Câmara Cascudo era um daqueles casos especiais, um daqueles eruditos que reunia em si uma curiosidade infinita, uma vasta gama de interesses e um conhecimento enciclopédico sobre todos os temas a que se dedicasse.

            Nascido na capital do Rio Grande do Norte, Natal - cidade de que foi fiel habitante durante toda a sua vida -, Câmara Cascudo chegou a estudar medicina e a formar-se em direito, mas foi no campo da história, da etnografia e da educação que deixou sua marca e reservou seu lugar entre os grandes pensadores da cultura popular brasileira.

            É difícil classificar esse ilustre potiguar. Ele próprio rejeitava a classificação mais óbvia, a de folclorista, não obstante tenha sido o autor do clássico Dicionário do Folclore Brasileiro e outras tantas obras sobre as tradições populares nacionais.

            O título de historiador também parece insuficiente para rotulá-lo. É certo que estudou os fatos do passado e os compreendeu como poucos, mas seu olhar também se concentrava no presente e visava o futuro, sendo evidências dessa postura seu trabalho jornalístico e seu envolvimento político em Natal, especialmente na gestão do Prefeito Djalma Maranhão.

            O título que Câmara Cascudo mais valorizava e pelo qual gostaria de ser lembrado era o de professor. Sua generosidade intelectual se revela nos anos dedicados ao magistério e nas dezenas de livros que publicou, sem mencionar as centenas de artigos e os milhares de cartas que compõem seu acervo.

            Talvez, de fato, classificá-lo como educador seja adequado, mas suspeito que Câmara Cascudo não foi nem educador, nem historiador, nem etnógrafo, nem folclorista. Ele foi tudo isso junto. Ele era na verdade mais do isso, pois a soma de todas essas atividades, todas elas executadas com a habilidade de um mestre, compôs um todo muito superior à mera soma das partes.

            Poucos brasileiros foram ao mesmo tempo tão populares e tão respeitados pela academia. Poucos souberam transpor com tanta competência esse abismo que ainda hoje verificamos no Brasil entre o povo e os centros acadêmicos. Poucos brasileiros alcançaram a grandeza de Câmara Cascudo. E é, portanto, com muita alegria que me junto àqueles que hoje louvam a memória desse que é um dos nossos maiores vultos históricos.

            Então, fica aqui, Senador Paulo Davim, a homenagem de um filho de um nordestino, lá do Amapá. Tive o cuidado de avisar à minha mãe, que nasceu na cidade de Vera Cruz, que recomendou que votasse na nossa querida Governadora Rosalba, lá. A Dona Cícera, ela está nos assistindo neste momento.

            Fica, portanto, a homenagem desse filho de nordestinos, mas que mora e que nasceu no meu querido Estado do Amapá.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2011 - Página 31209