Discurso durante a 131ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos economistas brasileiros pelo transcurso do Dia do Economista, em 13 de agosto; e outros assuntos.

Autor
João Vicente Claudino (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/PI)
Nome completo: João Vicente de Macêdo Claudino
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Homenagem aos economistas brasileiros pelo transcurso do Dia do Economista, em 13 de agosto; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2011 - Página 32462
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA DE TRANSPORTES. ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, ECONOMISTA, SUGESTÃO, CONSELHO FEDERAL, CATEGORIA, REVISÃO, SISTEMA, REPRESENTAÇÃO, ESTADOS.
  • QUESTIONAMENTO, DECISÃO, EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUARIA (INFRAERO), CANCELAMENTO, CONSTRUÇÃO, AEROPORTO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PIAUI (PI), CONTRADIÇÃO, SUPERIORIDADE, CRESCIMENTO, DEMANDA.
  • APOIO, CAMARA MUNICIPAL, MUNICIPIO, VALENCIA, ESTADO DO PIAUI (PI), CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, PUNIÇÃO, MOTORISTA, MOTOCICLETA, AUSENCIA, PRAZO, REGULARIZAÇÃO, SITUAÇÃO, VEICULO AUTOMOTOR.
  • COBRANÇA, INFORMAÇÃO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), PROJETO, AMPLIAÇÃO, RODOVIA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO PIAUI (PI).
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA (MME), DESCUMPRIMENTO, OBJETIVO, PROGRAMA DE GOVERNO, EXPANSÃO, ACESSO, ENERGIA ELETRICA, EFEITO, PREJUIZO, POPULAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI).

            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (PTB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, nesta noite, quero fazer uma homenagem a uma classe muito especial, da qual eu faço parte. Então, eu tenho a honra de ocupar esta tribuna, hoje, para falar do Dia do Economista. Eu também sou economista, vindo de uma família em que nós somos cinco irmãos, dos quais três são economistas.

            A data oficial é 13 de agosto e, apenas para esclarecer, a categoria dos economistas foi regulamentada no dia 13 de agosto de 1951, quando foram estabelecidas normas para a sua organização através do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Economistas, corolário da criação do primeiro curso de Ciências Econômicas no País, na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1945, e que, em seguida, passou a ser adotado em todo território nacional.

            Coube a Getúlio Vargas a assinatura desse diploma legal, que chega, agora, aos 60 anos. Com Vargas, tivemos, pela primeira vez em nossa história, iniciativas econômicas de largo alcance, que propiciaram ao nosso País trilhar outros rumos que o emancipariam da condição de área periférica da economia mundial. Foi um período marcado por forte intervencionismo estatal, que permitiu esboçar diretrizes de um plano econômico sistêmico, associado a fatos de imensa repercussão na vida econômica nacional, como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional, em 1941, seguida da Companhia Vale do Rio Doce, em 1942, e da Petrobras, em 1953.

            O contexto histórico da regulamentação da profissão de economista é sugestivo. Precisamente nesse momento de virada decisiva na história brasileira, reservou-se papel central para a profissão que nos brindou com gerações de grandes nomes da vida nacional, de tal forma que, no período recente da nossa redemocratização, o Brasil tem aparecido como referência no pensamento e na elaboração de políticas que nos permitiram conquistar um lugar ao sol no sistema econômico mundial.

            O ensino superior em Economia, no Brasil, é recente. Surgiu das aulas de comércio do século XIX. Naquele momento, contribuiu muito para que a economia adquirisse credibilidade a obra do Visconde de Cairu, Senador do Império e considerado por alguns como decano dos economistas brasileiros.

            Não podemos deixar de lembrar que o livro intitulado O Economista, de Nivalde José de Castro, editado pelo Conselho Federal de Economia, resgata que a origem do ensino de Economia e de sua regulamentação profissional no Brasil se deve a José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, autor, em 1804, da obra pioneira Princípios de Economia Política e que, para alguns estudiosos, foi o verdadeiro fundador do ensino de Economia no Brasil.

            Apenas no período republicano apareceria um curso superior com formação específica na área, estabelecido na Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro, em 1909, porém sem reconhecimento oficial. O estatuto de “Ciências Econômicas” foi adquirido somente com a criação da Faculdade Nacional de Ciências Econômicas, na Universidade do Brasil, que, em 1946, criou o primeiro curso de economia integrado à estrutura universitária.

            Volvendo no tempo, é importante destacar que o filósofo e economista escocês Adam Smith é considerado o Pai da Economia Moderna ao publicar a obra A Riqueza das Nações, na Inglaterra, em 1776, em que buscou diferenciar a economia política da ciência política, da ética e da jurisprudência. Porém, a teoria principal defendida por Adam Smith foi a de que o desenvolvimento e o bem-estar de uma nação advêm do crescimento econômico e da divisão do trabalho. Defendeu também a livre concorrência econômica e a acumulação de capital como fonte para o desenvolvimento econômico.

            Assim, em plena época do Iluminismo, Adam Smith tornou-se um dos principais teóricos do liberalismo econômico. A base da sua teoria está na ideia de que deveria haver total liberdade econômica para que a iniciativa privada pudesse se desenvolver sem a intervenção do Estado. A livre concorrência entre os empresários regularia o mercado, provocando a queda de preços e as inovações tecnológicas necessárias para melhorar a qualidade dos produtos e aumentar o ritmo de produção.

            Parafraseando o brasilianista John Russell-Wood, nesses 60 anos que transcorreram da regulamentação da profissão de economista, assistimos a um mundo em movimento. A população brasileira passou de predominantemente rural a majoritariamente urbana. De País subdesenvolvido da periferia do Terceiro Mundo, dependente de produtos com baixo valor agregado, para atender às demandas de matérias primas e de alimentos do Primeiro Mundo, o Brasil passou à condição de Nação emergente a atrair as atenções mundiais, em razão do seu potencial econômico e das perspectivas de futuro. O desenvolvimento econômico e tecnológico implicou mudanças radicais no mercado de trabalho, com fortes impactos nas áreas de atuação dos economistas, profissão que tanto colaborou para que nossa economia alcançasse o estágio atual.

            No Brasil, ressalte-se, que a criação do curso de Economia da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, foi um laboratório de profissionais da magnitude de Octávio Gouvêa de Bulhões, Eugênio Gudin, Roberto Campos e Mário Henrique Simonsen, mais diretamente ligados ao ensino da Economia, aos organismos estatais e à política econômica, tendo, assim, atividades mais próprias de economistas, já que, no Brasil daquela época, a profissão de economista ainda estava nascendo, possuindo, inclusive, alguns dos mestres referenciados, a formação de engenheiro ou advogado.

            Na atualidade, o economista está longe de ter um perfil único ou mesmo dominante, a profissão está disseminada em vários setores de atividade, como industrial, bancário, contábil, comércio, de serviços e mesmo agrário, público e privado, em atividades de gestão, de planejamento, de fiscalização, enfim, a profissão alcançou níveis satisfatórios de excelência, profissionalismo e reconhecimento, inclusive internacional.

            Como área do conhecimento, a economia dedica-se ao estudo da produção e da produtividade intelectual, através do uso de recursos naturais e de relações sociais, e à distribuição desta produção na sociedade. Assim, a economia preocupa-se com um conjunto de conhecimentos como uma forma de pensar e com certo instrumental metodológico para compreender e fazer frente a muitos problemas da sociedade atual, tais como escassez de recursos naturais, crescimento, inflação, desemprego, distribuição de renda e monopólio.

            No momento, o mundo ainda está temeroso de uma crise econômica global, em que a maior potência econômica do Planeta, os Estados Unidos, ainda não encontraram uma saída para estabilizar a sua economia depois da crise imobiliária que quebrou o Banco Lehman Brothers, em 2008, e que ainda hoje os seus efeitos desestabilizadores repercutem na sua economia doméstica, visto que o governo americano, recentemente, ameaçou o mundo de um calote da sua dívida caso o congresso do seu país não aprovasse o aumento do teto da sua dívida pública.

            Estamos acompanhando também, com bastante apreensão, o desenrolar da crise econômica que vem atravessando os países da Zona do Euro, que já quebrou a Grécia, estão passando por graves dificuldades financeiras a Irlanda e Portugal, e se encontram ameaçadas as economias da Espanha e da Itália, que, no caso de ocorrer o pior, levarão de roldão a economia européia, com consequências drásticas para a economia mundial.

            Mas, para isso, a equipe econômica do Governo Dilma Rousseff está adotando as providências necessárias, através de medidas macroprudenciais, para que o Brasil continue na sua escalada desenvolvimentista como um dos países emergentes de maior credibilidade no mercado internacional, aplicando as doses certas para conduzir a inflação ao centro da meta, recompor o padrão de superávit primário para manter o controle da política fiscal e controlar os fatores que influenciam os movimentos da política cambial, tendo em vista manter a economia brasileira estabilizada, para suportar os solavancos ameaçadores das economias desenvolvidas.

            E quero destacar outras questões de relevo, tocar, aqui, de maneira especial, na estrutura de representação da classe dos economistas do Brasil. Gostaria de registrar que o Conselho Federal de Economia, Cofecon, deveria rever o seu sistema de representatividade. O Brasil, hoje, exercita, sem nenhuma dúvida, a democracia plena, por imperativo do Estado Democrático de Direito. No Cofecon, lamentavelmente, ainda não se goza desse direito, uma vez que a sua política de representatividade nega frontalmente o princípio democrático da federalização que fundamenta os principais conselhos de categorias profissionais do Brasil. A este propósito, registro, aqui, nesta tribuna, o teor da correspondência que me foi enviada pelo economista Pedro Andrade de Oliveira, presidente do Corecon do meu Estado, o Piauí, que nos indica que no Cofecon, há 27 (vinte e sete) Conselheiros, de apenas nove Conselhos Regionais de Economia, Corecons, não havendo, portanto, representante de cada um dos Conselhos Regionais.

            Tal representatividade no Cofecon se dá da seguinte forma: Corecon/São Paulo, cinco conselheiros; Corecon/Rio de Janeiro, quatro conselheiros; Corecons/Rio Grande do Sul/ Paraná/ Minas Gerais/ Distrito Federal e Bahia, três conselheiros para cada regional; Corecon/Santa Catarina, dois conselheiros; e Corecon/Rio Grande do Norte, um conselheiro.

            Ficam, portanto, sem qualquer representatividade no Conselho Federal o restante das 18 regionais, caracterizando-se uma aparente discriminação aos Conselhos Regionais de Economia dos 18 Estados-membros da Federação, que são impedidos de apresentar conselheiros no Cofecon, demonstrando, em tal situação, a necessidade de revisão para representatividade equitativa, na qual cada Corecon corresponda a um conselheiro no Cofecon, pois, da forma como está constituído, se configura em modelo arcaico e flagrantemente antidemocrático.

            Por fim, a profissão de economista está completando 60 anos no Brasil. Nesse ínterim, o Brasil mudou muito. Saiu de um País pastoril, agroindustrial, para se transformar numa Nação desenvolvida industrial e tecnologicamente. E hoje detém um dos maiores Produtos Internos Brutos do mundo. E ainda conta com grande potencial de recursos naturais e humanos para logo chegar entre as cinco maiores economia do globo.

            Adam Smith uma vez disse que a ambição universal do homem é colher o que nunca plantou. Este é o momento de plantar. Ainda mais agora que enfrentamos mais uma nova crise econômica mundial. Temos que dar maior importância para essa classe que, carinhosamente, Presidente Paim, chamo de “sociólogos do mercado”, porque não podemos olvidar que toda a evolução ocorrida no Brasil vem acontecendo concomitantemente à evolução das Ciências Econômicas no País, portanto, sendo inegável o papel desempenhado pelos economistas nesse processo de desenvolvimento nacional.

            Por isso, quero, aqui, de viva voz, parabenizar todos os economistas brasileiros pela sua importância nesse ciclo de crescimento, desenvolvimento, de geração de riquezas e, apesar de algumas disfunções persistentes, também da distribuição social que o Brasil está vivenciando nessa geração.

            Concluindo meu pronunciamento, faço um apelo para que o Senado Federal finalize o debate e amadurecimento do PLS nº 658, de 2007, de forma que, nas próximas comemorações do Dia do Economista, esta Casa tenha um motivo especial para homenagear esta profissão, à qual tanto devo por me preparar adequadamente para os grandes desafios da vida empresarial e política.

            Queria também, Presidente Paim, pedir que fosse dado como lido um outro discurso que faria acerca de problema que está em discussão na nossa capital, Teresina. Refiro-me à discussão da criação de um novo aeroporto. Portanto, quero deixar registrado esse pronunciamento, pedindo que seja dado como lido, na íntegra - repito -. Antes, porém, quero destacar dois pontos: recebi e tenho conhecimento que foi encaminhado requerimento à Mesa do Senado, ainda em 2003, e o presidente, à época, da Infraero, o ex-Senador Carlos Wilson Campos, o respondeu, dando dados interessantíssimos para se ter a dimensão do planejamento. Hoje, discutimos a crise dos aeroportos, o planejamento que se tinha e que se tem de dados e de se mensurar determinadas expectativas e demandas de mercado.

            Ele dizia, neste documento, o seguinte:

“O aeroporto de Teresina, cuja área patrimonial é limitada [essas são palavras do relatório], está localizado praticamente no centro da capital piauiense. A região do seu entorno apresenta forte adensamento populacional, portanto dificultando qualquer ampliação da sua área patrimonial que garanta um crescimento a longo prazo.”

Para se permitir o adequado desenvolvimento do planejamento urbano da cidade de Teresina e se garantir uma implantação do equipamento urbano “Aeroporto” em melhores condições de atender as potencialidades da região, é aconselhável que se inicie o processo para escolha de um novo sítio aeroportuário, e a elaboração de leis que regulamentem a ocupação do seu entorno, incorporando a legislação aeroportuária ao uso do solo, garantindo plena operacionalidade do aeroporto.

            Então, a Infraero dizia isso em 2003. Hoje, a Infraero diz que não precisa de novo aeroporto. Em 2003, ela apresenta um relatório que estimava a demanda de passageiros em Teresina, para 2025, de 533 mil passageiros.

            Senador Paim, em 2010, passaram pelo aeroporto de Teresina 794 mil passageiros. Aqui a Infraero estimava que, em 2025, passariam 533 mil passageiros. É uma discussão que algumas pessoas às vezes levam para o campo político, mas não é, é de preocupação com vidas humanas, com melhor qualidade de serviço àqueles que procuram o aeroporto de Teresina, que não atende apenas Teresina, mas atende boa parte de cidades do Maranhão.

            Também recebi aqui um requerimento, que quero registrar, Senador Paulo Paim, de vereadores da Câmara do Município de Valença, informando que o Governo do Estado do Piauí tem feito várias blitzes e tem apreendido muitas motos. Sei que de um lado tem a preocupação, aqui mesmo eu vi o Senador Wilson Santiago levando um projeto, de sua autoria, para uma questão de segurança de quem usa moto que está sendo utilizada em assaltos, em crimes.

            Não sei no Rio Grande do Sul ou no interior do Rio de Janeiro do Senador Lindbergh, mas temos encontrado trafegando nas estradas do Piauí, Senador Paim, aquele vaqueiro que substituiu o cavalo por uma moto, e é de grande importância. E, em vez de o governo - eu vi uma informação pela Internet - encaminhar à Assembleia - porque o Piauí paga as taxas de registro de veículos e de motos mais caras do Nordeste - um Refis ou um projeto para que haja um tempo para que os proprietários de motos, de veículos, principalmente de motos, se regularizem, o Detran do Estado vai ao interior e faz uma apreensão, em um dia (pouco menos de um dia), só nessa cidade de Valença, em torno de 20 mil habitantes, duzentas motos.

            Então, é uma preocupação que a Câmara dos Vereadores de Valença... Aqui está o requerimento do Vereador Joaquim Filho. Quero cumprimentar a todos os nove vereadores da Câmara de Valença pela preocupação e não podemos deixar de registrar esse requerimento da câmara de vereadores.

            Estamos encaminhando ao Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, um requerimento à Mesa do Senado, cobrando informações de um projeto que é o de duplicação da saída de Teresina, da BR 316, como também um elevado que tem num balão e que concentra, confluem três BRs: a BR-343, a BR-222 e a BR -316, que hoje é um problema crucial na área urbana de Teresina, para que sejam dadas informações.

            Como também estamos encaminhando à Mesa do Senado um requerimento ao Ministro das Minas e Energia Edson Lobão, relativo à cobrança que temos recebido de comunidades, de cidadãos e cidadãs piauienses, sobre o Luz para Todos no Piauí, que é o mais atrasado do Brasil. Havia um compromisso - e sabemos do desejo do Presidente Lula - de que até final de seu governo estaria universalizado. Não se atingiu isso.

            Nós estamos cobrando para que tenhamos a real situação de como está o planejamento desse programa no nosso estado.

            Era o que eu tinha a registrar nessa noite.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR JOÃO VICENTE CLAUDINO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- Requerimento do Vereador Joaquim Filho.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR JOÃO VICENTE CLAUDINO

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            O SR. JOÃO VICENTE CLAUDINO (PTB - PI. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, mais uma vez volto a esta Tribuna para falar sobre aeroportos. E justamente no dia em que aprovamos o Projeto de Lei de Conversão 17, oriundo da Medida Provisória 527, de 2011, que institui o Regime Diferenciado de Contratações Públicas, o tão falado RDC, além de diversas outras medidas relacionadas ao plano do Governo para execução das obras da Copa do Mundo 2014.

            O Deputado Federal Romário de Souza, o eterno baixinho, que tantas alegrias trouxe para o povo brasileiro, disse que está preocupado com o andamento das obras da Copa e que somente um milagre salvaria a organização do evento. Este é o tipo de afirmação que nos deixa alertas porque o Deputado Romário é um craque do futebol, campeão mundial de 1994 e, como atuou por diversos clubes no exterior, conhece a infraestrutura necessária para a realização de uma Copa do Mundo.

            Romário, não acredito que o Brasil precisa de um milagre, até porque Deus é brasileiro; o que precisamos é empenhar todos os nossos esforços no cumprimento das metas propostas pelo Governo. E são matérias como essa que aprovamos na tarde de hoje, que darão a oportunidade ao nosso País de realizar o maior, e o melhor evento desportivo do mundo.

            Sr. Presidente, citei o Deputado Romário em meu pronunciamento porque não temos como dissociar a realização de uma Copa do Mundo no Brasil com a necessidade de modernização dos aeroportos brasileiros. E este pode ser um entrave a ser enfrentado pela Presidente Dilma.

            Mas, Sr. Presidente, não são somente os aeroportos das cidades sedes dos jogos da Copa que precisam de reformas. Todos os aeroportos brasileiros serão muito demandados, especialmente no período da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, por passageiros se deslocando de suas cidades, de todos os estados brasileiros, para as cidades sedes de ambos os eventos. É para este público, especial e essencialmente que devemos trabalhar, o nosso contribuinte, nosso turista interno, pagador das contas do Brasil e para quem o Brasil deve ainda muito em qualidade de seus serviços e de sua infra estrutura de modo geral.

            Afirmo isso, Sr. Presidente, porque já tive oportunidade de me manifestar aqui, em fevereiro deste ano, sobre a situação crítica em que se encontra o Aeroporto Senador Petrônio Portela em Teresina/PI e de 2003, quando começou-se a tratar do assunto até agora, nada mudou.

            O Aeroporto de Teresina foi inaugurado em 30 de setembro de 1967 e tinha uma previsão de demanda estimada para 2025 de 533 mil passageiros. Mas, já em 2010, o número de passageiros que passaram por nosso aeroporto foi superior a 798 mil. Ou seja, o aeroporto de Teresina não consegue mais atender as necessidades de seus usuários.

            Sr. Presidente, a situação no aeroporto de Teresina é tão crítica que eu acredito que a melhor solução para o problema seria a construção de um novo aeroporto para atender a capital de nosso Estado.

            E essa solução não é recente. Tive acesso a expediente do Presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - INFRAERO, à época o Sr. Carlos Wilson Campos, datada de 29 de abril de 2003, onde apresentava o Relatório do Potencial de Desenvolvimento do Aeroporto de Teresina, e que encaminho à Mesa para incorporação ao meu pronunciamento.

            Diz o relatório em sua conclusão:

O Aeroporto de Teresina, cuja área patrimonial é limitada, está localizado praticamente no centro da capital piauiense. A região do seu entorno apresenta forte adensamento populacional, portanto dificultando qualquer ampliação da sua área patrimonial que garanta um crescimento a longo prazo.

 

            E finaliza: “para se permitir o adequado desenvolvimento do planejamento urbano da cidade de Teresina, e se garantir uma implantação do equipamento urbano “Aeroporto” em melhores condições de atender as potencialidades da região é aconselhável que se inicie o processo para escolha de um novo sítio aeroportuário, e a elaboração de leis que regulamentem a ocupação do seu entorno, incorporando a legislação aeroportuária ao uso do solo, garantindo plena operacionalidade do Aeroporto.”

            Neste ponto, Sr. Presidente, gostaria de lembrar o nosso Governador Wilson Martins de sua promessa feita. O Governador prometeu ao povo piauiense a doação de um terreno para a instalação do novo aeroporto de Teresina. Acredito que se esta área já tivesse sido destinada, não estaríamos perdendo tempo tratando de reformas para o Aeroporto Petrônio Portella; reformas que não irão demandar tempo e recursos, e que não atenderão a contento as reais necessidades dos usuários daquele aeroporto.

            Veja Sr. Presidente, a reforma do aeroporto, que não é solução nem a médio, nem a longo, prazo, é ainda a pedra no caminho de 1.126 famílias que vivem em áreas ameaçadas de desapropriação. Essas famílias estão estabelecidas em suas residências há mais de 50 anos, mas são ameaçadas de desapropriação sempre que o assunto de uma reforma no aeroporto de Teresina vem à tona. Estamos falando aqui, Sr. Presidente, de vidas, de famílias construídas e constituídas nessas áreas, com vínculos firmados na vizinhança, seja do ponto de vista afetivo ou profissional,e cujas necessidades não estão sendo tratadas devidamente.

            Não se pode tratar de desapropriação apenas do ponto de vista do valor do imóvel, que é relativamente reparado, porque não são calculados os demais aspectos das vidas dessas pessoas e isso não pode ser desprezado.

            Neste sentido, estou encaminhando a Mesa Requerimento de Informação a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República solicitando que sejam esclarecidos os seguintes pontos:

a) O que contempla o projeto de reforma do aeroporto de Teresina;

b) Quais serão os critérios de indenização pela expropriação do direito de posse ou domínio útil dos imóveis localizados nas áreas que serão desapropriadas;

c) Quais são os recursos orçamentários destinados a custear a indenização em dinheiro dos imóveis a serem desapropriados;

d) Qual é a previsão para o início e conclusão das obras no aeroporto de Teresina;

e) Qual a previsão do aumento de capacidade máxima do aeroporto de Teresina;

f) Qual a estimativa para a demanda no aeroporto de Teresina no ano de 2025, sendo que a previsão anterior da INFRAERO, para o ano de 2010, era de apenas 330 mil passageiros, e o número total de usuários foi superior a 798 mil;

g) Existe projeto para ampliação da pista de pousos e decolagens para o aeroporto de Teresina;

h) Existe projeto para modernização dos sistemas de aproximação e pouso, com instalação de radar para aproximação na área do terminal de Teresina, o que daria a certeza da eficiência nas operações de pouso e decolagem, e, se possível, a instalação do Sistema ILS, uma tecnologia de ponta adotada nos aeroportos atualmente.

            Esta reforma, da maneira como está sendo apresentada, açodada e paliativa, atenderá os usuários do aeroporto de Teresina nos próximos anos. Mas, como já tive oportunidade de dizer aqui, em um curto espaço de tempo, a demanda de passageiros exigirá novas reformas e ampliações, e o Aeroporto Petrônio Portella não poderá mais se expandir.

            Era o que eu tinha a dizer.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2011 - Página 32462