Discurso durante a 133ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do lançamento, pelo Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, do Programa Bolsa Futuro; e outros assuntos.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Registro do lançamento, pelo Governador do Estado de Goiás, Marconi Perillo, do Programa Bolsa Futuro; e outros assuntos.
Aparteantes
Cristovam Buarque.
Publicação
Publicação no DSF de 13/08/2011 - Página 32764
Assunto
Outros > ESTADO DE GOIAS (GO), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • CONGRATULAÇÕES, MARCONI PERILLO, GOVERNADOR, ESTADO DE GOIAS (GO), LANÇAMENTO, PROGRAMA DE GOVERNO, BOLSA DE FUTURO, OBJETIVO, QUALIFICAÇÃO, TRABALHADOR, INGRESSO, MERCADO DE TRABALHO.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Acir Gurgacz, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, o Senador Mozarildo tocou, neste momento, num dos assuntos que nos deixa com a liberdade e a necessidade de explorarmos e não perdermos esse momento, como disse o Presidente desta sessão, Senador Acir. Não podemos perder esse momento de passar este País a limpo. Temos uma Presidente que está imbuída, neste momento, de fazer uma verdadeira faxina, faxina de não varrer para baixo do tapete.

            Agora, quando o Senador Mozarildo comentou do eleitor Ficha Limpa, nós lembramos que quando há corrupto há também corruptor. Então, isso tem de ser combatido dos dois lados. Precisamos mostrar para a sociedade que há uma coisa muito maior do que uma troca de favores. Isso, Sr. Presidente, está enraizado há muitos anos.

            Agora, o que nos deixa muito triste é que a ética neste País ficou atrasada em mais de 50 anos.

            Os últimos acontecimentos têm banalizado totalmente as falcatruas. Hoje, quando se diz que alguém desviou R$50 mil ou R$100 mil, o pessoal acha que isso não tem de ser levado a sério, como se o roubo de R$1,00 ou de R$1 bilhão tivesse diferença no seu conteúdo.

            Então, Sr. Presidente, este é um assunto sobre o qual temos de ficar vigilantes neste momento: apoiarmos a Presidente, doa a quem doer. Não tem importância se isso demorar dois ou três meses em todas as áreas, em todos os Estados, como disse V. Exª, nos Municípios. Mas é a oportunidade de nós passarmos este País a limpo e deixarmos outra mentalidade.

            Agora também eu gostaria de focar um assunto que nos preocupa sobremaneira, que é essa crise econômica mundial, crise começou já em 2008. Foi o primeiro sinal, e, lá, lembro direitinho que disseram: “Não são só os Estados Unidos; a Europa vai começar a entrar também”. E assim veio. Hoje, nós temos os Estados Unidos como um modelo que não funcionou e que nos preocupa.

            O Brasil não é uma ilha, mas também temos as oportunidades. Todas as vezes que temos desvantagens, há as oportunidades. O dinheiro roda, a economia gira, e o que eu sinto, Excelência, é que nós não nos preparamos para receber. O senhor veja que o Bric é composto pela China, Índia, Rússia e Brasil, sendo o Brasil o que o está em pior situação para receber esses investimentos. Por quê? Nós temos problemas burocráticos, nós precisamos resolver a burocracia neste País, que é um entrave para nós e para quem vem de fora. Nós temos problemas estruturais com a nossa infraestrutura - portos, ferrovias; os nossos rios são tremendamente navegáveis, mas temos muito pouca utilização das bacias fluviais.

            Então, eu percebo que podemos estar, neste momento, perdendo uma oportunidade, porque, embora tenhamos um potencial imenso, há gargalos. E nós temos de acelerar isso ao mesmo tempo. O País, enquanto faz essa faxina, também não pode parar. O País tem de ter o discernimento e a celeridade de não perder essas oportunidades.

            Mas, em contrapartida, também temos as notícias boas nos Estados e nos Municípios. Enquanto existem os desmandos dos Dnits, também existem governadores, prefeitos muito sérios. E, neste momento, gostaria de registrar, nesta tribuna, o lançamento, pelo Governador Marconi Perillo, do Programa Bolsa Futuro, cujo objetivo é a qualificação para formar 500 mil trabalhadores até 2014.

            O programa já começa sendo reconhecido como o mais abrangente do Brasil e reforça o espírito pioneiro e modernizador do Governo de Goiás.

            Vejam que Goiás, assim como outros Estados da Federação e o Brasil, corre o risco de sofrer um verdadeiro apagão de mão de obra. Assim, o Governador Marconi Perillo sai na frente com o Programa Bolsa Futuro, que qualifica - repito -500 mil trabalhadores até 2014.

            Isso justifica os investimentos do setor público na qualificação profissional, que serão de cerca de R$600 milhões nos próximos três anos e meio.

            Sem dúvida, Sr. Presidente, o Programa revela-se como importante mecanismo de inclusão social. De um lado, prepara mão de obra para ingressar no mercado de trabalho da sociedade do conhecimento e se torna mecanismo gerador de emprego e renda.

            De outro, evita os nefastos desdobramentos da exclusão social que gera a violência e a criminalidade, dois dos maiores problemas a serem superados pelo Brasil no caminho para o desenvolvimento sustentável.

            Como afirma o Secretário de Ciência e Tecnologia de Goiás, Mauro Fayad, “A preocupação não é só qualificar, mas inserir essas pessoas no mercado de trabalho”. Daí a importância, Senador Cristovam, de a formação técnica estar orientada pela demanda da iniciativa privada e pelo aproveitamento da vocação econômica de cada região do Estado.

            No Município de Catalão, está instalada uma fábrica da Mitsubishi e há um polo de mineração, privilegia-se a formação nas áreas metal-mecânica e química.

            Em destinos turísticos como Caldas Novas e a cidade histórica de Goiás, os cursos são preferencialmente no segmento de gastronomia e hotelaria, o que é lógico, a vocação de cada região.

            Srªs e Srs. Senadores, o Estado de Goiás tem hoje, aproximadamente, seis milhões de habitantes e apresenta-se como a nona economia do Brasil.

            Justifica-se, portanto, a criação de um programa como o Bolsa Futuro, que, em última instância, promove ações para evitar cenários negativos de mão de obra abundante, mas desqualificada.

            Até o fim do seu mandato, o Governador Marconi Perillo promete graduar cerca de 8% da população do Estado, Senador Cristovam, mais um exemplo do espírito público que sempre tem marcado suas ações à frente do Palácio das Esmeraldas.

            A proposta de Bolsa Futuro inclui cursos como o de operador de máquinas agrícolas, técnicas de reprodução animal e destilador de etanol. É resultado da parceria com a Fundace, vinculada à USP de Ribeirão Preto, com o Instituto de Ensino de Pesquisa de Administração, Inepad.

            Pois não, cedo, com muito prazer, um aparte.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Senador Cyro, é apenas para dizer que há tempo acompanho o trabalho do governador e sei que, além da Bolsa Futuro, ele foi o primeiro, creio, governador do Brasil a criar a Bolsa Universitária, que depois se espalhou por aí. E vamos falar, porque, de certa maneira, o ProUni vem um pouco disso. O programa Bolsa Universitária que o Governador Arruda criou aqui - ele também prestou um grande serviço - também foi inspirado no trabalho do Governador Marconi Perillo no primeiro tempo do governo dele, no governo anterior dele. E agora fico feliz de ver essa preocupação dele com o apagão de mão de obra que nós temos. Não é só Goiás; o Brasil inteiro vive isso. Eu sou candango, representante de Brasília, mas nasci em Pernambuco, mantenho minhas relações - já saí de lá adulto - e vejo Pernambuco, hoje, padecendo desse problema. Há um crescimento econômico do ponto de vista da vontade de investir, mas, hoje, diversos grandes projetos que ocorrem em Pernambuco estão caminhando para inviabilizarem-se por falta de mão de obra, a não ser que importem mão de obra de fora. E uma das áreas é o turismo, porque as pessoas pensam que o turismo é mão de obra sem necessária qualificação. Até que tem uma parte com qualificação menor, como quem cuida dos quartos, por exemplo, mas não há como substituí-la por máquina ainda, pois não inventaram robô para forrar cama. Saindo disso, hoje já é uma atividade que exige computador. Os cozinheiros, hoje, já não são mais como aqueles de quando éramos jovens e que podiam até cozinhar pelo simples instinto, sem saber ler. Hoje, cozinheiro tem curso universitário. Eu, um dia desses, estava num restaurante de Brasília, gostei da comida, pedi para visitar a cozinha - eu até gosto de fazer isso - e perguntei a uma jovem que estava lá: “Com quem você aprendeu?” Eu não tinha o direito de fazer essa pergunta, sendo uma pessoa da educação. E ela disse: “Em tal faculdade aqui de Brasília” - não quero fazer propaganda. Pois bem, o turismo exige e até termina eliminando mão de obra não qualificada. Vou dar um exemplo: antigamente, em frente aos hotéis em Porto de Galinhas, uma praia perto de Recife, em Ipojuca, passavam pessoas vendendo sorvetes na praia, mas hoje quase não vendem. Sabem por quê? Porque os hóspedes recebem uma carteirinha para poder comprar o sorvete dentro do próprio hotel. Então, as crianças já não compram mais na frente do hotel; elas compram ali mesmo, no hotel, e o pai paga no fim da estada. Por outro lado, com o clima de violência que está aí, hoje, os hotéis ficam fechados e não entram neles os vendedores ambulantes que antes entravam, porque a segurança exige. A qualificação é necessária. Pernambuco, Goiás, São Paulo, todos os Estados estão vendo isso. Insisto - e sei que está fazendo isto o Marconi, como a gente o chama pela convivência aqui - que, sem uma boa educação de base, a gente não vai resolver o problema do apagão. Antigamente, a gente colocava uma escola para técnico de turismo de Ensino Médio e, aí, a gente ensinava. Hoje, já não entra num curso de técnico de turismo quem não souber um pouco de computador. Não entra mais para fazer um curso de torneiro mecânico - nem existe mais esse termo - ou um curso para trabalhar com as máquinas inteligentes quem não falar a língua das máquinas, e a língua das máquinas está na ponta dos dedos; não está mais na habilidade das mãos. Até o conceito “mão de obra” vai ter de ser abolido. Não se trabalha mais com as mãos, trabalha-se com a ponta dos dedos nos terminais dos computadores. Quem tiver medo de inglês já não consegue fazer um curso de nível médio, porque tem que entender pelo menos as palavras, embora possa não falar. Então, sem uma boa educação de base, não vamos resolver o problema do apagão intelectual, mesmo que façamos um grande esforço no nível médio ou até no nível superior. Isso não quer dizer que a gente deva diminuir o esforço no nível superior, e o Governador está fazendo esse esforço agora, mas é preciso lembrar que ele foi pioneiro nesse assunto no Brasil inteiro. Eu comecei, sim, a Bolsa Escola - orgulho-me de ter sido o seu criador -, mas o criador da Bolsa Universitária foi o Perillo.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB - GO) - Muito obrigado, Senador. Como sempre, o senhor enriquece nosso pronunciamento, com a propriedade de sempre de quem conhece essa área sobejamente.

            Neste País, talvez a origem... Uma vez tive até a oportunidade de conversar com V. Exª... Acho que nós começamos um pouquinho de forma errada.

            Eu tenho um fato concreto, Senador Cristovam. Estudava no Recife, no Colégio Marista, onde fiz do primário até o terceiro ano colegial em uma época em que se dividia o curso entre o colegial e o clássico. Quem queria fazer Direito ia para o clássico; a outra turma... Houve anos em que tínhamos 11 matérias, como espanhol e latim.

            Se acontecesse alguma coisa com a família de um rapaz que tivesse 17 ou 18 anos, ele era obrigado a ir ao mercado de trabalho, por ter perdido pai ou por ser arrimo de família ou por qualquer motivo. Ele tinha estudado por onze anos de sua vida - na nossa época, não sabia nem bater à máquina de datilografia -, mas não tinha qualificação depois de onze anos de estudos. Ele sabia de todas as capitais dos países europeus, o nome das ilhas gregas, mas isso não servia na prática.

            O curso profissionalizante, o curso técnico chama a atenção de poucos anos para cá. Então, o que nós percebemos em nosso Estado? Que nós não poderíamos continuar crescendo, com novas indústrias ou comércio especializado, se não tivéssemos mão de obra qualificada. Não adianta o senhor ter toda infraestrutura e, na hora “h”, não ter a mão de obra.

            Então, isso está acontecendo no País. O “apagão” é iminente, de fato. Mas se tomarmos providências... Isso tem de ser planejado porque leva um tempo. O senhor falou do turismo e viaja bastante, como todos nós aqui. Em qualquer lugar no mundo a que o senhor chegar encontra alguém falando inglês: na França, na Bélgica, onde for. Coitado do turista que vem ao Brasil. Ele entra em um shopping... Não vou falar em um shopping de cidade pequena, mas de uma cidade como São Paulo, que tem 3% das lojas que podem oferecer alguém falando inglês. Isso é muito pouco! A gente se afasta disso também... O turista tem essa dificuldade, e a gente tem essa imensidão.

            Da minha parte, não tenho dúvida de que essa iniciativa deverá promover uma verdadeira revolução no Estado de Goiás, que deseja figurar entre as cinco maiores economias do Brasil nos anos vindouros.

            Serão 200 mil vagas para a população de baixa renda, que terá a oportunidade de criar uma nova perspectiva ao final dos cursos com duração máxima de seis meses.

            De acordo com nosso Secretário, quem está inscrito no Bolsa Família ou na Renda Cidadã - o programa estadual de distribuição de renda - deverá receber benefício adicional de R$75,00 em espécie, além do valor do curso.

            O pessoal de baixa renda terá um “ciclo comum” de formação, destinado a uniformizar o conhecimento “muito heterogêneo”, reforça nosso Secretário de Ciência e Tecnologia.

            Todos nós sabemos como a habilidade de leitura e expressão escrita é de fundamental importância para o acesso ao conhecimento e retenção de conteúdo. Por isso, fazem parte desse pacote cursos de português e matemática básicos, além de redação.

            O desejo do nosso Governador é incentivar os estudantes de baixa renda com um mês a mais de benefícios financeiros para quem tiver a frequência mínima de 75% e nota igual ou superior a oito.

            O objetivo do programa é garantir a posição do Estado de Goiás, que, segundo estatísticas do Ministério do Trabalho, é a unidade da Federação com o maior aumento na contratação de mão de obra com carteira assinada no primeiro semestre.

            Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam crescimento de 7,53% das vagas formais entre o fim do ano passado e junho de 2011. Esse quadro promissor demonstra que o ritmo de expansão é o dobro da média nacional.

            Pensando na possível dificuldade do trabalhador em frequentar as aulas, apenas quatro das 12 horas-aula semanais serão presenciais. Para viabilizar o restante da carga horária, o Governo de Goiás vai impulsionar o uso de banda larga no Estado.

            Esse programa, Sr. Presidente, é de alcance inestimável do ponto de vista social e econômico, com desdobramentos que contribuirão sobremaneira para o desenvolvimento humano de nosso povo.

            O Bolsa Futuro é, assim, o resultado de importantes parcerias fechadas com entidades empresariais, como a Federação das Indústrias e associações comerciais, para facilitar a oferta de vagas.

            Srªs e Srs. Senadores, quero parabenizar o Governador Marconi Perillo, que, mais uma vez, sai na frente para resolver um dos maiores problemas da economia brasileira: a qualificação da mão de obra.

            Se todos os governadores seguirem o mesmo caminho, haverá uma mudança significativa da realidade social e econômica do Brasil, e, com certeza, garantiremos não apenas o crescimento do PIB, mas também a promoção do desenvolvimento de cada cidadão.

            Parabéns ao Governo Marconi Perillo e ao seu secretariado por mais uma ação que engrandece o nosso Estado.

            Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/08/2011 - Página 32764