Discurso durante a 135ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apelo no sentido de que o Senado Federal se manifeste em torno do apoio às ações da Presidente Dilma no combate à corrupção.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Apelo no sentido de que o Senado Federal se manifeste em torno do apoio às ações da Presidente Dilma no combate à corrupção.
Aparteantes
Ana Amélia, Cristovam Buarque, Marcelo Crivella, Mozarildo Cavalcanti, Randolfe Rodrigues.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2011 - Página 33029
Assunto
Outros > PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ELOGIO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, EMPENHO, COMBATE, CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, CONCLAMAÇÃO, POSIÇÃO, SENADO, APOIO, INICIATIVA.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Prezado Senador Paulo Paim, Presidente desta reunião, Srs. Senadores, meus amigos, muito importante e muito emocionante é o motivo que nos faz estarmos todos aqui, na reunião desta segunda-feira.

            Senadores como o Senador Cristovam vêm insistindo, muitas e muitas vezes, que é preciso fazer alguma coisa no Congresso, que é preciso vencer a rotina, que é possível e é necessário realizá-la. É o que estamos fazendo hoje.

            É emocionante como o movimento de praticamente todas as bancadas, de todos os Senadores da oposição, do Governo e independentes, se manifestou a favor do que vamos fazer aqui. Esta é uma reunião em que o Senado Federal quer marcar um verdadeiro início de uma caminhada em torno de alguns objetivos profundos e responsáveis.

            Há muito se fala que o Brasil é o País da impunidade. Há muito se fala que, no Brasil, se fala, se discute, se debate, que as manchetes aparecem, as denúncias são feitas, e não acontece nada. E a verdade é que razões existem para que o povo tenha uma profunda mágoa da política brasileira.

            Eis que a atual Presidente da República age, na Presidência, de uma maneira diferente daquela a que, até agora, estávamos acostumados. Despreocupada, com prestígio, com credibilidade, com aplauso, com simpatia, a Presidente toma algumas providências. E é interessante salientar - e é necessário que se saliente - que essas providências não foram tomadas pela Presidente. Não foi a Presidente quem iniciou o movimento no ministério A, no ministério B, para fazer com que as bruxas aparecessem, com que os equívocos aparecessem. Eles apareceram e, em alguns casos, apareceram até por manifestação de representantes integrados no próprio Governo.

            Todos nós sabemos que a Presidente tinha uma simpatia muito grande pelo então Chefe da Casa Civil, que não foi apenas um dos chamados “três porquinhos” que coordenaram campanha dela. Dentre os três - ele, Chefe da Casa Civil, o Ministro da Justiça e o então presidente do Partido -, ele era o que se identificava com ela e ele foi quem, em nome dela, coordenou a organização do seu governo, a montagem do seu governo. De repente, apareceu que ele, em 40 dias, acumulou uma fortuna de cerca de 40 milhões.

            Quem sou eu, um peladão que não tem nem casa própria, para dizer que ele não é um homem competente? Mas não é muito inteligente, porque pegar esse bolo de dinheiro e comprar, 15 dias antes de assumir a chefia da Casa da Civil, um apartamento de seis, sete milhões? Cá entre nós, então que botasse esses seis milhões junto com os outros 30. Mas a manchete apareceu.

            O ex-Presidente veio aqui e deu manifestação, e reuniu as lideranças para dizer que não se devia fazer nada: “Esquece.”

            Ela demitiu o homem da sua confiança, o braço direito dela, que ela tinha escolhido para ser seu Chefe da Casa Civil. Ela demitiu. Depois, apareceram fatos no Ministério dos Transportes: um, depois o outro, depois o outro, depois o outro e depois o outro. Ela demitiu.

            Depois, apareceram no Ministério da Agricultura. Inclusive, o irmão do Líder do Governo, diretor da Conab, disse que no Ministério havia gatos e lagartos, uma série de escândalos. Ela demitiu.

            Não tem jogo de cintura. Devia empurrar com a barriga?

            O Fernando Henrique, no seu governo, não demitiu ninguém. O Lula, no seu governo, não demitiu. Ela demitiu no início do governo, a começar pelo homem da sua maior confiança, o seu primeiro nome, alguém que se sabe que ela escolheu. Num Ministério em que parece que a maioria, quase que a imensidão foi indicada por outras pessoas, a começar pelo Lula, o Chefe da Casa Civil ela tinha escolhido. Ela demitiu.

            Estamos em meio a uma caminhada e a imprensa está-nos deixando numa posição, nós, Congresso, nós, classe política, numa situação muito triste.

            Os líderes dos partidos políticos estão a dizer que vão iniciar um movimento no sentido de acalmar a Dona Dilma. Ou ela para, ou vamos votar projetos como um dos seus, que não se discute se deva ser ou não deva ser aprovado, mas não aprovar como chantagem, no sentido de, de uma hora para outra, nós vamos aprovar para fazer mal para ti. E assim tem uma série de projetos: o aumento dos militares, dos policiais, que deve ser votado, e não estou nem discutindo, mas que querem votar, agora, como chantagem para comprometer a vida dela. Em compensação, alguns projetos que, inclusive, devem ser votados com urgência não seriam votados.

            Então, a imprensa noticia: “Congresso cruza os braços e não vai votar nada.”

            Por isso estamos aqui, pessoas com a dignidade da Ana Amélia, do Paim, do Cristovam, do nosso bravo Líder do Rio de Janeiro, do nosso bravo Líder da Amazônia, para falar ao povo brasileiro. Queremos, aqui, iniciar um movimento, em primeiro lugar, conclamando os nossos Líderes, para que estes entendam que não vai passar, e temos até a convicção de dizer que, ao contrário do que parece - que acordo de líder vale tudo, é mais forte do que ato institucional, que acordo de líder é mais do que emenda provisória -, se a maioria, e, aqui no Senado, parece que vai acontecer isso, não aceitar, não vai acontecer.

            Apelo ao meu partido, o MDB, para, depois de apelar para o meu partido, apelar para os outros partidos todos, para que paremos para meditar. Este talvez seja um daqueles momentos importantes de que o Cristovam fala. Vamos unir a instituição e analisar, nós, da instituição, como é que podemos sair disso. Eu acho que é um grande momento, é um grande momento, em que podemos transformar o limão em limonada. Podemos sentar em torno de uma mesa e podemos debater.

            Cá entre nós, a Presidente tem de ter um pouco mais de gentileza. O seu estilo, como diziam alguns, é meio de cima para baixo, no sentido de dar ordem, de determinar, mas ela tem de dialogar com a gente, ela tem de conversar, ela tem de encontrar fórmulas em conjunto com todos. Agora, vamos debater.

            Sei que temos de ter cuidado, Senador Cristovam, temos de ter cuidado, porque tem mil coisas erradas no Brasil, ao longo da história, e um dos males do Brasil, que não acontece em outros países, é que a gente apura o fato, a irregularidade, a vigarice, a sacanagem e põe na gaveta. O jornal põe na gaveta, a revista põe na gaveta, o Executivo põe na gaveta, o promotor põe na gaveta, o tribunal põe na gaveta, e fica lá. Quando querem, tiram. Agora, estão ameaçando, de uma hora para a outra, tirar tudo.

            Então, querem desestabilizar, tirar, de todos os Ministérios, tudo o que está lá, no fundo da gaveta, há seis ou sete anos, para fazer uma implosão, para ridicularizar-nos e à Presidente.

            Quer apurar? Então, apure. É claro que se, de repente, formos querer fazer, em um mês ou dois meses, aquilo que não se fez em 30 anos, a situação vai ficar difícil.

            Vamos ter responsabilidade, vamos ter credibilidade.

            Claro que não pode a Presidenta fazer apuração em cima do Partido Republicano, em cima do MDB, e não fazer no PT; fazer no PDT e não fazer no PT, até porque, lamentavelmente, com todo respeito, na composição do Governo, nosso amigo Lula exagerou. É muito PT e muito pouco de outros partidos. Muito PT e nenhuma apuração em cima do PT não têm lógica. Isso é mais do que evidente, mas nós podemos, nós devemos e temos condições de levar isso adiante. Temos condições de levar isso adiante.

            Se, neste momento, nesta segunda-feira, 15 de agosto, num mês histórico como é agosto, numa semana histórica, que invoca a renúncia do Jânio, a morte do Jango e a legalidade do Brizola, se, nesta hora, nós tivermos condições de fazer esse movimento, se o Presidente Sarney tiver a grandeza de ser Presidente do Congresso e os líderes tiverem um pouco mais de humildade, nós poderemos iniciar o movimento.

            Primeiro: Presidenta, apure o que tem de ser apurado. Não há nenhuma chantagem em cima da senhora para parar o que está fazendo. Continue. Com grandeza, com responsabilidade, com seriedade, com magnitude, com espírito republicano, mas continue.

            Meus amigos Líderes, vamos sentar com a Presidenta e vamos ver a fórmula e o método de levarmos adiante. Talvez a Presidenta entenda que, agora, é o momento do que ela não fez - e nem tinha condições de fazer - quando assumiu. Empolgada pela eleição, que foi uma vitória dela, mas, na verdade, uma consagração do Lula, o Ministério dela foi escolhido da maneira mais triste. Não vi seleção. Não vi reunir o PDT: “O PDT tem direito a um Ministério. Reúnam o PDT e escolham o melhor, quem for o mais capaz. O PMDB tem tantos Ministérios. Vamos ver, lá no MDB. Claro que é homem do Governo, claro que é ligado ao Sarney, ao Jader, mas o melhor e não o que aparece.”

            Então, é aquilo que a Presidente disse, mas não fez porque não teve condições. Agora, deve ter.

            Os partidos podem indicar. O partido indica, mas tem de ter biografia de honestidade e capacidade política para realizar o cargo, capacidade técnica para realizar o cargo. Nisso, a Presidente está certa. O cargo é do MDB, o MDB que indique. Amigo do Sarney, do Jader, seja de quem for: amigo, mas competente, capaz e com biografia ética. Ela disse que se o partido não fizer isso, cabe a ela não aceitar.

            Leve firme essa sua decisão adiante, Presidente. Leve firme essa decisão adiante.

            Eu tenho um projeto andando por aí, dizendo que, nas convenções do partido, o partido tinha de escolher, apresentar um nome. A convenção decidiria a favor ou não. Se fosse contra, daria os motivos pelos quais era contra. O cidadão se defenderia e a convenção decidiria.

            Como não acontece isso, como não se vê nenhum partido preocupado com a biografia, com a ficha do candidato, cabe à Presidente, cabe a ela fazer a parte dela: “Ninguém pode me impor. Este não serve por causa disso, por causa disso e por causa disso”. É o que ela deve fazer daqui por diante, na hora de tirar os Ministros. Cá entre nós, foi o que ela fez na hora de escolher o Chefe da Casa Civil. Escolheu uma ilustre Senadora, da maior competência, da maior responsabilidade, da maior credibilidade.

            Vamos iniciar esse movimento. Eu acho, meus irmãos, que podíamos dar um passo adiante. Eu já anunciei desta tribuna e sei que se está fazendo uma mobilização no País, pela OAB, pelas Igrejas, por entidades intelectuais e até por entidades de classe, contra a corrupção. Eu até acho que seria interessante.

V. Exª, que é chefe de uma comissão que está fazendo um movimento extraordinário praticamente todas as semanas, e o Senador Cristovam, que é desse mesmo movimento, marcarem uma reunião em uma comissão dessas e chamarem essas entidades, a OAB, a CNBB, as Igrejas cristãs. A UNE que venha dizer, embora hoje esteja tão longe. Mas que abra um espaço na campanha que está fazendo na questão do homossexualismo e da construção da sua sede e venha discutir. Vamos reunir essas entidades que estão fazendo e vamos oferecer a elas uma chance para terem a nossa colaboração.

            Está aprovado. Nunca me passou pela cabeça que iríamos aprovar o Ficha Limpa - ou o Ficha Suja, como queiram. Nunca eu imaginava que passaria aquele projeto. Passou por causa do povo na rua; passou porque a OAB, a CNBB, as Igrejas apresentaram aqui, no início, 1,4 milhão de assinaturas e, depois, mais dois milhões. E, com aquele movimento que a sociedade aceitou - muita gente até a contragosto -, a Câmara aprovou com uma imensa maioria, e o Senado aprovou por unanimidade. Por unanimidade! Porque era iniciativa popular; porque o povo queria e nós aceitamos.

            Por que não fazer isso agora? Está aí um projeto do Presidente do Supremo Tribunal Federal. O Presidente do Supremo Tribunal Federal enviou a esta Casa um projeto que termina com a impunidade no Brasil. É uma espécie de cópia do Ficha Suja. Se o cidadão é processado, é processado; se é condenado pelo juiz, é condenado pelo juiz. Recorre. Se é condenado num tribunal, é condenado. Pode recorrer seis vezes como antes, mas, aí, ele vai recorrer na cadeia. Ou, se é político, ele vai recorrer perdendo a chance de ser. Muda tudo. É que nem nos Estados Unidos, que nem na Alemanha, que nem na Itália. Lá, como aqui também... Não se diga: “No Brasil, tem vários recursos: um, dois, três, quatro, cinco, e nunca acaba”. Lá também tem um, dois, três, quatro, cinco. A diferença é que, aqui, não acontece nada com o cidadão enquanto não terminar o último recurso.

E o último recurso não termina nunca. Prescreve primeiro.

            No projeto do Presidente do Supremo, em vez de eu, Pedro Simon, pegar um advogado... Ninguém hoje, político ou empresário rico, pega advogado competente para absolver. Não. Pega advogado competente para empurrar com a barriga, para não ser julgado até a prescrição. Ninguém pensa em ser absolvido. Ele pensa em não ser julgado. Temos aí o ex-Governador de São Paulo, condenado cinquenta vezes, mas nunca em definitivo. Antes de estar em definitivo, prescreve.

            Esse é um assunto que esta comissão da sociedade pode levar adiante. Assim como levou o Ficha Limpa - ou Ficha Suja, como quiserem -, leve adiante esse projeto do Presidente do Supremo. Isso pode ser feito no fulcro do movimento que estamos debatendo. Esta é a hora. Esta é a hora!

            Por isso este que parece um dia tão comum, mais uma segunda-feira, mais uma sessão, aberta por V. Exª, como tantas outras, é uma sessão diferente. E posso dizer para vocês: quando iniciamos o movimento pelas Diretas Já, nós não éramos mais do que meia dúzia numa sala de comissão, na Câmara dos Deputados, o que era uma piada. De repente, meia dúzia estava se reunindo para fazer a campanha contra uma ditadura enorme sem nenhuma chance. Mas cresceu e cresceu. Hoje, não. Hoje, a sociedade não é como naquela época, em que a Igreja estava do lado da ditadura, os militares estavam do lado da ditadura, a imprensa estava do lado da ditadura, os empresários estavam do lado da ditadura. Hoje, não. Hoje, a sociedade toda quer justiça, quer ética e quer dignidade.

            Não sei se dou aparte. Acho que não vou dar aparte, porque vocês vão vir para a tribuna.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Senador...

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Sr. Senador...

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Eu gostaria de ter o aparte de V. Exª.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Todos vocês virão à tribuna. Eu acho que não devo dar o aparte.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Mas o senhor vai ter tempo.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Eu dou o aparte se V. Exª me prometer que vem para a tribuna.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Sim, depois iremos.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Iremos.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Então, eu dou.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Depois para mim, Senador.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - O Senador Mozarildo tem preferência.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Vem para a tribuna?

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Depois irei.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Então, eu dou.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Mas quero, evidentemente, aproveitar o brilhante pronunciamento de V. Exª para dizer que acho que é o momento de lançarmos - na sexta-feira, fiz um pronunciamento sobre esse tema - aqui um movimento, uma frente suprapartidária de combate à corrupção e à impunidade. Portanto, apoiando a Presidente Dilma nas ações que vem tomando e dando a ela, digamos, tranquilidade, para que, pelo menos aqui, no Senado, não seja vítima de qualquer movimento no sentido de criar qualquer tipo de dificuldade para que as ações de combate à corrupção e à impunidade não prossigam. Era isso o que eu queria dizer, porque, realmente, acho importante o pronunciamento que V. Exª faz, que é um verdadeiro chamamento, a que nós, aqui, no Senado, temos a obrigação de responder.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Muito obrigado. No mais, V. Exª dirá da tribuna.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Caro Senador Pedro Simon, sinceramente, primeiro, queria cumprimentar V. Exª e o Senador Cristovam Buarque, porque, ao longo dessas últimas semanas, vêm trabalhando intensamente para que esse momento tivesse acontecido. Queria dizer-lhe que, para mim, esta não é uma segunda-feira comum. É uma sessão sem caráter deliberativo, mas com um caráter político-histórico relevante. Afinal, é uma Presidenta eleita pelo voto direto e uma Presidenta que, já nos primeiros meses de Governo, está enfrentando sérias dificuldades no enfrentamento de um dos piores males do País, que é exatamente a impunidade e a corrupção. Na ação que acontece agora aqui, porque me sinto à vontade, embora o meu Partido esteja na base do Governo, tenho agido aqui de forma absolutamente independente, mas tenho a consciência e a responsabilidade de corresponder à expectativa da sociedade brasileira, que está cansada, Senador. Muito cansada. E nós, aqui, temos que observar esse cansaço com atenção para evitar que isso se reflita sobre uma queda da credibilidade da instituição chamada Congresso Nacional. Então, esta sessão é muito importante. Como disse o Senador Mozarildo, eu estou, sim, disposta a participar desse esforço político de formação de uma frente parlamentar. Não é um alinhamento automático às ações do Governo Dilma Rousseff. É, pontualmente, um apoio político para que ela não fique refém de outras forças que não queiram o que estamos pretendendo aqui: moralidade, gestão, qualidade, profissionalização do serviço público. É apenas isso. Estamos aqui para dar a ela o apoio necessário do ponto de vista político, para que ela continue nessa ação. Eu queria cumprimentá-lo pelo pronunciamento, Senador Pedro Simon, nesta segunda-feira, que, para mim, é uma segunda-feira histórica.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Estou bem, Paim. Paim, estamos bem! Não é só uma bela Senadora, mas uma Senadora excepcional. V. Exª colocou, realmente, as coisas nos seus devidos espaços. Não estamos aqui dando apoio incondicional. Estamos aqui apenas dizendo que, nessa questão, estamos juntos.

            Meus cumprimentos.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Senador Pedro Simon, agradeço a V. Exª o aparte. Serei breve. Tenho uma palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro...

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Mas V. Exª falará logo depois de mim.

            O Sr. Marcelo Crivella (Bloco/PRB - RJ) - Mas V. Exª sabe que, na sexta-feira, estive aí para prestar solidariedade e dizer que nós, nesta causa, estamos juntos. Nós, sobretudo, da base do Governo, temos que repensar qualquer atitude de represália à Presidenta Dilma, que foi escolhida por nós todos. Sabíamos da sua doença, e não é justo que, nesse momento, com pesar - é bom que se diga... Não há sadismo, não há caça às bruxas, não há uma mulher vaidosa pautada pela imprensa. Há alguém que representa a alma nacional e que tem que tomar providências muitas vezes contra o seu companheiro mais próximo. V. Exª disse isso. É dessa coisa inevitável, que é imperativa nas nossas contingências de evolução econômica, social, política, que não podemos fugir. E não podemos supliciá-la porque sabemos muito bem das lutas pessoais que ela tem com a doença que a acometeu. Estou ao lado de V. Exª, estou ao lado das Igrejas, estou ao lado dos movimentos sociais, do povo brasileiro e não espero que haja em nós aquela pólvora que normalmente a gente vê na imprensa apenas querendo - não digo em todos, mas em muitos - que o circo pegue fogo e que as coisas aconteçam apenas para vender jornal. Quero aqui hipotecar, como V. Exª, o meu modesto, mas sincero apoio, a minha desvaliosa, mas desinteressada contribuição. Nesse aspecto, estamos juntos, e ela terá desta Casa a nossa vigilância mais solene e mais sagrada em defesa dos seus objetivos, dos seus ideais, dos quais todos comungamos. Vamos fazer o que está na Bíblia: “Maldito aquele que condena o inocente e que inocenta o culpado.” Vamos fazer justiça.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Muito obrigado a V. Exª.

            Vocês, jovens, têm que estar dos dois lados: aqui e com a mocidade lá, para botar a mocidade na rua. Com o brilhantismo da sua palavra, tenho certeza de que será um grande líder nesse trabalho.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - Meu querido Senador Pedro Simon, V. Exª é inspiração para mim e para tantos outros brasileiros. Estamos aqui convocados pelo senhor; estamos convocados para essa jornada de pronunciamentos nesta tribuna, nesta que quero chamar de segunda-feira cívica contra a corrupção. E a ideia aqui, neste momento, é dizer primeiramente à Presidente da República que ela conte com uma base parlamentar de defesa não do seu Governo, mas de defesa do Brasil. Enquanto houver corrupção no Brasil, qualquer governo não terá sucesso. Então, a base parlamentar que deve ser constituída nesta Casa é uma base parlamentar de defesa do Brasil. Quantas vezes a Presidente da República tomar a iniciativa de apoiar a Controladoria-Geral da União, de apoiar o Ministério da Justiça e a sua Polícia Federal, de apoiar todos os mecanismos do Estado democrático de Direito, de combate à corrupção; todas as vezes que ela tomar as iniciativas de apoiar essas instituições, de tirar o pior tipo de ladrão - porque o pior tipo de ladrão não é o que rouba galinha, não; o pior tipo de ladrão é o que rouba dinheiro público, que cassa o sonho de gerações que virão; toda vez que a Presidente tiver essa iniciativa, ela terá de nós integral apoio. Estamos constituindo, nesta segunda-feira cívica, Senador Simon, convocada pelo senhor, convocada pelo Senador Cristovam, uma base de defesa do Brasil, de defesa do Estado de direito. A corrupção é um mal que ameaça o Estado de direito. E eu queria, continuando e só completando este aparte, ir à tribuna, atendendo à sua convocação, onde faço questão de ler e destacar uma nota de esclarecimento dos delegados da Polícia Federal deste País sobre a atuação da Polícia Federal no Brasil.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Deixa para ler no seu discurso. O senhor vai para a tribuna. Não vai ficar neste aparte.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - Então, pronto.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Leia da tribuna.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - Então, na tribuna, faço questão de ler esta nota, que é uma nota pela cidadania e, no meu entender, é uma nota que deve ser assimilada por todos nós e deve ser objeto de solidariedade de todos os Senadores deste plenário e não somente dos que vieram no dia de hoje. A Associação dos Delegados da Polícia Federal do Brasil merece todo o nosso aplauso.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Não quer deixar para o discurso, Senador?

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Não. Senador Simon. Fazer um aparte, creio que é bom para mim. Ter um pedacinho no seu discurso...

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - V. Exª sabe da admiração e do carinho que tenho por V. Exª.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Sei disso e vice-versa.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Às vezes, fico pensando se V. Exª não é um filósofo, um sonhador, e que sonha. V. Exª já disse da tribuna uma vez uma frase que todos conhecemos: “Se todos nós sonharmos juntos, o sonho pode dar certo”. Nós estamos no caminho que V. Exª vem pregando ao longo da sua caminhada nesta Casa.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Muito obrigado, Senador. Quero dizer que essa ideia de sonhador aqui tem que dar para uma parcela importante do eleitorado que vota em mim, com o meu discurso de sonhador. Mas, Senador, se não fosse a sua iniciativa, nós não estaríamos aqui hoje. E quero aqui elogiar a sua combatividade constante, permanente, e a sua vida, que é a base dessa luta. Como vou falar depois, posso guardar o conjunto do que eu quero falar sobre o assunto, mas há algo que o Senador Randolfe trouxe que eu quero aqui enfatizar. Ele disse que é o País em primeiro lugar, algo que a Senadora Ana Amélia também reafirmou pouco antes. Isso é importante para que ninguém pense que isso aqui - e a Senadora Ana Amélia o disse - é alinhamento com o Governo. Isso é importante, e é isso que faz grande a posição do Senador Randolfe: ele não vai abrir mão de sua posição oposicionista, nem ele nem seu partido, até porque, se abrirem, já vai cair muito o valor do que o senhor está falando, defendendo aqui. Então, era só para lembrar isto: eu quero sublinhar, Senador Randolfe - não é um aparte, é um sublinhar embaixo -, a sua fala e a da Senadora Ana Amélia.

            O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB - RS) - Muito obrigado.

            Sr. Presidente, eu podia continuar, mas encerro; encerro porque todo mundo tem que falar.

            Agradeço. Acho que está valendo a pena; e acho, realmente, que esta sessão de 15 de agosto será o início de uma nova caminhada, que é singela, mas, talvez, tão ou mais importante do que as outras. Foram importantes as Diretas, foi importante a anistia, foi importante a Constituinte, mas, se Deus quiser, terminar com a impunidade também é importante.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2011 - Página 33029