Discurso durante a 139ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comentários sobre entrevista concedida pelo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, publicada no portal da Folha de S.Paulo e da UOL. (como Líder)

Autor
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/SP)
Nome completo: Aloysio Nunes Ferreira Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários sobre entrevista concedida pelo Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, publicada no portal da Folha de S.Paulo e da UOL. (como Líder)
Aparteantes
Cyro Miranda, Eduardo Suplicy, Lindbergh Farias, Pedro Taques.
Publicação
Publicação no DSF de 18/08/2011 - Página 34182
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • ANALISE, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ENTREVISTA, PAULO BERNARDO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS COMUNICAÇÕES (MC), QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, AUSENCIA, CONFIANÇA, CAPACIDADE, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP. Pela Liderança. Com revisão do orador.)- Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, venho à tribuna para um comentário que, no meu entender, diz muito sobre o atual desarranjo político que o nosso País vive. Refiro-me a entrevista concedida pelo Ministro Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações, publicada no portal da Folha de S.Paulo e da UOL, que passou praticamente despercebida aos atores da política brasileira, o que, por si só, já denota um grave desmazelo no trato das questões institucionais.

            O Ministro Paulo Bernardo, na sua entrevista, discorre abundantemente sobre questões da sua pasta, do Ministério das Comunicações, mas, num determinado momento, no final da entrevista - in cauda venenum; tradução grosseira: o veneno está no rabo -, ele envereda por assuntos políticos e aí comete muito mais que uma indelicadeza com a Presidente da República. Eu diria que a sua afirmação, a sua resposta beira a deslealdade com quem o nomeou Ministro das Comunicações.

            Eu vou ler aos meus colegas Senadores a pergunta e a resposta.

            Pergunta o jornalista: “O senhor mencionou o presidente Lula. Ele continua muito ativo. Ele pode ser candidato em 2014?” Paulo Bernardo: “Pode. Pelo que eu saiba, ele não está com os seus direitos políticos cassados”.

            Resposta formal, acaciana. Podia se limitar a isso. Mas o jornalista insiste: “Candidato a Presidente?” Aí é que vem a gravidade. Aí é que o punhal penetra nas costas de quem o nomeou. “A Presidente [diz Paulo Bernardo], aí eu já não sei, né? Porque nós temos, você sabe, um instituto que foi criado, até contra o nosso voto, que é o instituto da reeleição. E eu vejo que, normalmente, quem está no cargo acaba sendo candidato natural. E eu estou dizendo, [a ênfase no “se” é minha] se a Presidente Dilma estiver bem... [notem, Srs. Senadores, é a palavra do Ministro das Comunicações, falando sobre a Presidente, que está há seis meses no cargo] Se a Presidente Dilma estiver bem e se tiver o desejo de concorrer, aí muito dificilmente ele [Lula] será postulante.”

            Então, nós temos aí o “se” e o “muito dificilmente”. E diz mais adiante: “Agora, eu não vejo essa questão sendo resolvida sem o diálogo entre os dois”, e aí termina essa parte da entrevista.

            Srs. Senadores, o tema da governabilidade tem sido tratado abundantemente no Senado da República nos últimos dias, e com razão. É um tema grave, preocupante. Governabilidade, todos nós sabemos, é a capacidade que tem o Presidente da República, no caso, de implementar suas decisões, levar adiante o cumprimento daquilo que foi combinado com o eleitorado na campanha eleitoral, manter a coesão política, definir claramente os campos situação/oposição, dirigir a administração, ter o alto comando da administração pública. Isso tudo é governabilidade. São atributos essenciais para que um país prospere, para que as instituições funcionem bem. Nós estamos vendo agora, nos Estados Unidos, problemas graves de governabilidade afetando a economia.

            O Senador Lindbergh, que já vejo aí...

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Senador, desculpe, é só um aparte. Mas qual o problema da constatação do Ministro Paulo Bernardo? Se ela está bem, ela é candidata.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Lindbergh, se V. Exª não vê problema...

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - É porque, talvez, eu sinta sabe o quê? Uma angústia da oposição, e nós temos um reserva de luxo, que é o ex-Presidente Lula.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Não, não, não é isso.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Se ela tiver bem, ela é candidata. Se as circunstâncias não impuserem, pode ser o Presidente Lula sim. São várias as alternativas aqui para nós.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Meu querido amigo Lindbergh Farias, se o senhor fosse Presidente da República e ouvisse isso de um Ministro seu, eu não tenho dúvida de que o senhor não hesitaria em defenestrá-lo imediatamente, pois está tratando da sucessão da Presidente da República, a qual ele deve lealdade. Nos seis primeiros meses de governo, insinuando outra candidatura que possa tomar o lugar dela? Tendo dúvidas, manifestando publicamente dúvidas sobre a capacidade de a Presidente chegar bem ao final do seu primeiro mandado? Isso é coisa de um Ministro dizer do Presidente da República?

            Se V. Exª não vê nenhum mal, V. Exª que é um homem leal, correto, eu não sei mais onde estamos. Sinceramente não vejo.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Permite-me, Senador?

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Deixe-me apenas prosseguir um minuto, já ouço o aparte de V. Exª, com todo prazer, nobre Senador Pedro Taques.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - O meu também, só para explicar a V. Exª.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Então, governabilidade exige capacidade de implementar todas essas medidas, essas ações a que me referi.

            Se nós olharmos a Constituição da República, Senador Pedro Taques, nós veremos que o Presidente da República enfeixa, em suas mãos, um elenco enorme de poderes, poderes que são atribuídos pela Constituição - art. 84, nos seus 27 incisos e no seu parágrafo. Ele tem poder de nomear ministros, tem poder de conduzir a política externa, é o Chefe supremo das Forças Armadas, tem a pauta do Congresso Nacional, tem iniciativa privativa num sem número de matérias - e as mais relevantes-, tem medidas provisórias, tem urgência constitucional, pode vetar - poderes próprios de uma presidência forte. Mas, para a governabilidade, não basta ter poderes; precisa ter autoridade política. E muitas coisas, hoje, ameaçam, no horizonte, a autoridade política da Presidente.

            Ameaçam a autoridade política da Presidente as dissensões na sua base parlamentar. Ameaçam a autoridade política da Presidência as divergências por razões de fundo na sua base de sustentação sobre questões como, por exemplo, o Código Florestal. Ameaça a autoridade política da Presidente da República uma camisa de força, na qual está presa por um sistema político construído por seu antecessor com a participação dela; um sistema de alianças no qual ela está visivelmente inconfortável. Ameaça a autoridade política da Presidente da República algo que vem por aí, que são as consequências da crise internacional sobre o momento que vive a sociedade brasileira, que foi, em grande parte, responsável pelo seu sucesso eleitoral. O emprego, a renda, a atividade econômica, quando isso declinar, muitas aves de arribação que hoje estão aí dizendo amém, amém, amém serão os primeiros a cair fora.

            Então, isso, evidentemente, constitui motivo de preocupação da Presidente da República, de tal forma que ela mesma promoveu uma reunião com seus líderes políticos, líderes da sua base, para alertá-los: “Atenção! Cuidado com a despesa pública. Responsabilidade na hora de votar. As coisas poderão ficar difíceis”. Ela teve a virtude de não dizer, como disse o seu antecessor, que a crise era uma mera marolinha. Ela está chamando a atenção para a gravidade.

            E, exatamente neste momento, o seu Ministro das Comunicações, que, por acaso, é casado com a sua Chefe da Casa Civil, vem para dizer o seguinte: Olha, se ela não der conta do recado, se ela não for bem, tem aí o Presidente Lula. Quer dizer, ele está colocando dúvida sobre a capacidade que a Presidente tem de levar o País adiante durante esses próximos três anos e meio - isso em seis meses de governo. Se isso não é deslealdade, se isso não é facada nas costas, eu não sei mais o que é deslealdade, o que é facada nas costas. Isso é mais grave para a governabilidade do que dez, vinte CPIs que a base do Governo se obstina em abafar. Isso afeta mais gravemente a autoridade política da Presidente da República do que tudo aquilo que a oposição fez, falou e discursou nos últimos meses, porque é lá dentro da casa dela que estão lançando para sucedê-la alguém que foi o seu patrono e que começa a surgir no horizonte como o seu rival.

            Ouço o aparte de V. Exª, Deputado Pedro Taques.

            Desculpe. Eu sou habituado a longos anos na Câmara, Senador Pedro Taques. Em seguida, Senador Cyro Miranda.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Senador Aloysio, V. Exª toca num tema que eu reputo muito importante na democracia, que é a governabilidade e o papel de um ex-presidente. Qual é o papel de um ex-presidente nas sociedades mais civilizadas, digamos assim, usando um eufemismo? O papel do ex-presidente é ser uma instituição. Vamos dar o exemplo do presidente americano Carter, que, a partir daí, desenvolveu toda uma teoria sobre direitos humanos, citar o exemplo do Al Gore, nos Estados Unidos, que, a partir daí, desenvolveu toda uma teoria a respeito de mudanças climáticas. Este, penso, seja o papel de um ex-presidente. Nos Estados Unidos isso já foi debatido muito na década de 50. Até 1951, nos Estados Unidos, apesar de a constituição americana não estabelecer a reeleição, ela era permitida quantas vezes quisesse o presidente. Em 1951, depois do mandato do Roosevelt, foi apresentada e aprovada a Emenda 22, que veda ao presidente disputar o terceiro mandato. Não é isso que estou a defender aqui. Só estou trazendo uma contribuição humilde ao pronunciamento de V. Exª.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Agradeço a V. Exª. Contribuição muito oportuna.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Ex-presidente tem que ser instituição. Aqui no Senado, nós tínhamos três ex-Presidentes: o Senador Itamar, que Deus o tenha em bom lugar, o Senador Sarney e o Senador Collor. Se um ex-presidente entender de se candidatar, ele está sujeito a críticas, porque desce para a raia miúda da política. Ele deixa de ser uma instituição e passa a ser um ator, um jogador do sistema político. Eu quero elogiar o governo do Presidente Lula, ressaltar a importância histórica do Presidente Lula. Agora, a Constituição estabelece a governabilidade, eu penso, exatamente no art. 84, porque o Presidente exerce função de chefe de Estado. Eu não estou a julgar este fato, esta declaração do Ministro Paulo Bernardo. Eu li esta declaração. Mas, no Brasil, nós temos o vezo, com o respeito à expressão que vou utilizar, respeitando os ex-presidentes. Muitos ex-presidentes ficam quase que como uma alma penada, parece que não desencarnam do corpo de Presidente. Isso é bom para a democracia? Isso é interessante para o processo democrático? Ex-presidente tem que ser uma instituição. Não estou aqui tratando especificamente desse caso, mas, a partir de agora, em um minuto, vou tratar especificamente desse caso, se V. Exª me permitir, em menos de um minuto.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Por favor.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - Penso que declarações como essa em que V. Exª fez a leitura; penso que ações do ex-presidente Lula, com todo o respeito à história dele, enfraquece a governabilidade da Presidente da República, que está há menos de oito meses exercendo a magistratura mais alta da República. Com todo o respeito, ele é presidente de honra de um partido importante. Ele é um servidor público que exerceu com decência a Presidência da República. Não estou falando de futuro. Estou falando de presente. Cumprimento V. Exª por sua fala: governabilidade. As Constituições foram criadas para se postar acima dos reis. Todos estão abaixo da Constituição.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - É verdade.

            O Sr. Pedro Taques (Bloco/PDT - MT) - E a nossa Constituição de 1891, ao estabelecer o presidencialismo como regime, quando Rui Barbosa foi copiar da Constituição americana, ele pensou exatamente nisso que V. Exª está a dizer. Existe trabalho sobre governabilidade de um pernambucano chamado Amaro Cavalcanti, grande constitucionalista brasileiro.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Agradeço imensamente o aparte de V. Exª, nobre Senador Pedro Taques, que só vem ilustrar o meu pronunciamento, reforçar com argumentos ainda mais sólidos que os meus.

            Também temos modelos diferentes de ex-presidente. O Presidente Itamar veio aqui, disputou eleição, ficava sentado ali na bancada do seu Estado, vigilante, atuante. O Presidente José Sarney dirige o Senado com equanimidade. Acabou de dar uma grande contribuição à vida da Instituição que preside, ao capitanear a emenda que muda o regime de tramitação das medidas provisórias. Convivemos com o Presidente Collor, como Presidente da nossa Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, que conduz também com muito zelo, com muita grandeza essa Comissão.

            E temos presidentes que são ex-presidentes, mas que nem por isso são mudos. O Presidente Jimmy Carter não é mudo. O Presidente Clinton não é mudo. O Presidente Fernando Henrique não é mudo.

            Eu fui um crítico do governo do presidente Lula, mas quero dizer aos meus colegas que um grande momento da vida do presidente Lula foi decidir ser ex-presidente. Porque se ele tivesse querido pleitear um terceiro mandato, não tenho dúvida que ele conseguiria. No bojo de uma enorme popularidade, sucesso na vida econômica, em grande parte, evidentemente, fruto do trabalho de seus antecessores, mas que ele soube manter e conduzir, ele poderia ter sido reeleito. Ninguém tem dúvida quanto a isso. O presidente Lula resolveu ser ex-presidente. Foi um grande momento da vida desse homem. Agora, o que ele vai fazer depois é problema dele, é problema do partido dele. A minha preocupação, falo aqui como Senador, como brasileiro, como homem que se preocupa com a vida das instituições, é quando eu vejo um ex-presidente, praticamente, digamos assim, sendo insinuado como candidato à sucessão da Presidente, ex-Ministra dele, indicada por ele, eleita pelo partido dele, por um ministro dessa Presidente. Isso me dá a ideia de uma bagunça, de uma “casa da mãe Joana”, algo incompatível com a saúde das instituições. Esse é o meu problema, esse é o foco da minha questão.

            Ouço o aparte do Senador Cyro Miranda, antes de ceder o aparte ao Senador Lindbergh, que quer fazer um post scriptum ao seu primeiro aparte.

            O Sr. Cyro Miranda (Bloco/PSDB - GO) - Senador Aloysio Nunes, o senhor está sendo extremante feliz. Mas voltando um pouquinho a falar da alma penada em questão, que estávamos conversando aqui. A Presidente que tem um ministro como esse, que dá essa declaração, não precisa de inimigos e muito menos de Oposição. Ela já tem dentro de casa. Eu defenestraria no mesmo momento. Isso é uma falta de respeito. Mas nada me parece mais do que um jogo. O senhor está notando que ele está se descolando da Presidente nos escândalos que estão acontecendo? Da qual fica uma pergunta sem resposta até hoje, que não pode calar, que a Presidente tem que responder quem colocou toda essa corja que está sendo denunciada? Quem loteou este País à custa de apoio político? Ela tem que responder. Então ele está se descolando. Como sempre aconteceu: - “Eu não o vi, eu não ouvi”. Pela primeira vez, na história deste País, nós tivemos um presidente surdo e mudo. Nada viu, nada ouviu. Então isso é uma jogada, isso é uma jogada, Senador Aloysio. E a pobre da nossa Presidente está refém. Ela está desamparada, mal assessorada, porque se o principal ministro, casado com a principal conselheira da Presidente, usa esse argumento, pelo amor de Deus! Mas nós estamos preocupados com o que V. Exª falou, com a governabilidade. Então fica aqui que isso é um teatro e nós não gostaríamos de ter um estoque de pessoas como essa. Realmente, o ex-presidente Lula teve várias partes boas. Mas ele foi um presidente que não tinha uma postura e não tem agora. Agora ele está solto. Antes ainda estava amarrado, tinha uma assessoria que falava: Presidente, o senhor não pode falar isso, o senhor não pode beber em público, o senhor não pode fumar charuto, o senhor não pode fazer isso. Agora, não tem ninguém. Então ele começa a falar as bobagens que pensa. Infelizmente existem presidentes e presidentes. Nós tivemos já estadistas. E tivemos presidentes. Obrigado.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Obrigado, Senador Cyro Miranda. V. Exª resume, em um minuto e meio, um discurso de muita substância que fez no horário do expediente hoje à tarde, que coincide exatamente com o meu ponto de vista. Eu apenas suponho que o presidente Lula, desta vez, tenha alguns assessores e conselheiros que digam: Vá em frente, presidente, vá lá. O senhor vai voltar! E às vezes as pessoas se sentem tentadas por esse canto de sereia.

            Ouço o aparte do nobre Senador Lindbergh Farias, com muito prazer.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Senador Aloysio, V. Exª sabe da minha admiração pelo senhor.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - E é recíproca, Senador.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Eu sei disso.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Admiração e amizade.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - E amizade. Além do Senador mais votado de todo o Brasil, é um os melhores Senadores, atuante. Mas eu fico olhando e fico vendo, porque, de fato, há um grande incômodo na Oposição: a existência do presidente Lula, com 65 anos, com futuro pela frente. E é importante registrar a diferença, ouviu, Senador Aloysio Nunes, de outros Presidentes da República, que não foram candidatos em outros momentos, porque não saíram como o presidente Lula, com 85% de aprovação popular. E aqui ninguém vai intrigar o Lula com a Dilma, ninguém vai intrigar o Lula com a Presidenta Dilma. E digo o contrário. Não tem nada mais que seja fiador da governabilidade do que a existência do presidente Lula. Sei que tentativas de desestabilização da Presidenta Dilma não vão acontecer no seu Governo por ter justamente um presidente como o presidente Lula. Agora, não venham nos pedir a aposentadoria desse presidente, que colocou 40 milhões de pessoas na classe média. Olhe, eu não sei quando o presidente Lula vai ser candidato. Quem vai decidir isso é o Lula, é a Dilma, é o nosso partido. A gente aceita sugestões do PSDB, mas quem vai decidir somos nós. E não vejo nada de mais alguém dizer se... O Lula, lá no Rio de Janeiro, falou, respondeu, dizendo o seguinte: “é a Dilma quem vai decidir”. E, digo mais, digo mais, Senador Aloysio Nunes, tenho certeza de uma coisa. Acabo de dizer uma coisa aqui: o Lula vai ser novamente candidato a Presidência da República, um dia. Tem 65 anos, não sei quando vai ser. Acho que o cenário mais provável ao Lula é ser candidato novamente à Presidência da República em 2018.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Eu tenho 66. Ele vai disputar comigo.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Mas, o que passa para todos nós um pouco é essa angústia da Oposição em saber que tem a Presidenta Dilma, mas nós temos o Lula pairando, rondando com toda essa popularidade. Desculpe-me pelo tempo que tomei, mas para nós que somos do PT é muito bom ter Lulinha aí fora, nosso presidente.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Pois não.

            Senador Lindbergh, V. Exª sabe, não é preciso que eu rasgue sedas ao senhor. Sabe do meu apreço, da minha amizade, da minha admiração pelo seu trabalho. Agora, eu quero dizer que fico mais uma vez incomodado quando o senhor diz, um Senador da sua importância diz que o fiador da governabilidade é o presidente Lula. Eu preferia que o fiador da governabilidade fosse a Presidente da República. A Presidente Dilma. Sinceramente, ela foi eleita para isso. Um ex-presidente não tem que ser fiador de governabilidade nenhuma. O ex-presidente Lula tem todo o direito de fazer política, de viver segundo o seu temperamento lhe dita. Ele chegou a dar conselhos ao ex-presidente Fernando Henrique: “Vá cuidar dos seus netos, fique em casa, ponha pijama, seja um ex-presidente”, foi o que ele disse. “O papel do ex-presidente é ficar em casa cuidando dos netos”, foi o que o ex-presidente Lula disse, quando era Presidente, ao ex-presidente Fernando Henrique.

            Agora, ele está cada vez mais desabrido, falando pelos cotovelos e, quando diz a V. Exª, em uma conversa no Rio de Janeiro: “Olha, em 2014, quem vai decidir é a Dilma”. Então, o homem é candidatíssimo a Presidente da República e não é em 2018.

            O Sr. Lindbergh Farias (Bloco/PT - RJ) - Ele não falou para mim, não. Eu li nos jornais. Não me coloque essa responsabilidade.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Então, leu nos jornais. Desculpe-me, pois ouvi mal.

            Então, quando ele diz isso, é para 2014. E quando o Paulo Bernardo, foi um dos que ele deixou lá, vai para um blog muito lido por todo o mundo político brasileiro e fala isto: “Se a Presidente Dilma estiver bem, dificilmente o Lula...”. Aí, há duas condições: primeiro ela tem que estar bem e, segundo, ainda que ela esteja bem, dificilmente o presidente Lula será candidato. Se isso não é uma facada nas costas, não sei o que significa “facada nas costas”.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Perdoe-me Senador Eduardo Suplicy. Não vi que V. Exª me havia pedido um aparte. Penitencio-me com V. Exª.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Prezado Senador Aloysio Nunes Ferreira, às vezes, aqui podemos ter divergências - e elas existem -, na ênfase pela qual ambos colocamos os nossos pontos de vista - o PSDB e o PT -, mas há momentos em que trabalhamos juntos por objetivos comuns.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PT - SP) - Como hoje à tarde.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Como hoje à tarde, ali no Ministério da Agricultura, onde o Ministro Wagner Rossi, ao receber os bananicultores de Santa Catarina, de São Paulo, especialmente do Vale do Ribeira, anunciou, atendendo a um apelo de todos aqueles das associações e dos prefeitos das regiões, que não haverá mais a importação de bananas do Equador, tal como se chegou a ventilar, porque isso prejudicaria grandemente mais de 500 mil pessoas que trabalham na cultura da banana. Mas, tendo em conta o seu pronunciamento, eu gostaria de falar sobre mais um fato importante em que V. Exª, eu e nossos governos, estaremos dando passos comuns. Refiro-me a um encontro que haverá amanhã, no Palácio dos Bandeirantes, quando o Governador Geraldo Alckmin receberá a Presidenta Dilma Rousseff, a Ministra Tereza Campello; lá estará o Secretário de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, com o qual estive em audiência há duas semanas - aliás, falamos a respeito do que vai acontecer amanhã -, junto à Secretaria do Governo Municipal e ao próprio Prefeito Gilberto Kassab; a Srª Ana Fonseca, Secretária Extraordinária do Programa de Erradicação da Pobreza Extrema, que se anuncia, que me parece extremamente importante, qual seja, como que é a fusão dos programas (Sr. Presidente fez soar a campainha) de transferência de renda do Governo da União com o Governo Estadual. Haverá um entendimento para que haja um cadastro único e haverá o objetivo já expresso nesses dias, pelo Governador Geraldo Alckmin, consoante o objetivo da Presidente Dilma Rousseff, de realização da busca ativa com a parceria do Governo da União, do Estado e dos Municípios de nosso Estado e de toda a Região Sudeste, segundo o qual o Governo irá verificar se qualquer família, seja no nosso Município de São Paulo, seja em qualquer dos mais de 400 Municípios do Estado, que, por ventura, tendo as condições...

(Interrupção do som.)

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Por favor, Senador, o meu tempo está se esgotando e vejo que V. Exª quer se inscrever para fazer um discurso. Inscreva-se, por favor, não é exatamente um aparte.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Está bem. Se houver qualquer pessoa com o direito aos programas da União ou estaduais ela será buscada e atendida. Quero aqui dizer que considero esse passo comum, do Governo da União e do Governo do Estado de São Paulo e dos Municípios, como algo muito positivo.

            O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/PSDB - SP) - Senador Suplicy, embora sem nenhuma conexão com o tema que estou tratando, o seu aparte é sempre bem-vindo. Exatamente por se tratar de algo muito positivo, que é esse encontro que vai acontecer amanhã, se eu não tivesse compromisso com a Comissão de Relações Exteriores, eu estaria lá também.

            V. Exª falou em bananas na reunião que tivemos hoje à tarde. Sinto ter abordado no meu discurso um enorme abacaxi, um abacaxi que cabe à Presidente Dilma descascar, que é a incontinência verbal e a deslealdade do seu Ministro das Comunicações.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/08/2011 - Página 34182