Discurso durante a 187ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração o 2011 - Ano Mundial da Medicina Veterinária.

Autor
Antonio Russo (PR - Partido Liberal/MS)
Nome completo: Antonio Russo Netto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração o 2011 - Ano Mundial da Medicina Veterinária.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2011 - Página 42567
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANO INTERNACIONAL, MEDICINA, VETERINARIA, REGISTRO, IMPORTANCIA, VETERINARIO, SEGURANÇA, NATUREZA ALIMENTAR, AUMENTO, PRODUÇÃO, EXPORTAÇÃO, CARNE, CONTROLE, DOENÇA ANIMAL, PECUARIA, PAIS.

            O SR. ANTONIO RUSSO (PR - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador) - Exmo Presidente da sessão, Senador Geovani Borges; primeira signatária da presente sessão, nossa ícone aqui, no Senado, Senadora Ana Amélia, um exemplo para todos nós; Presidente da Associação Brasileira de Medicina Veterinária, Sr. Josélio de Andrade Moura; Presidente do Conselho Federal de Medicina Veterinária, Sr. Benedito Fortes de Arruda; representando a Federação Nacional de Medicina Veterinária, Sr. René de Dubois; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Alagoas, Sr. José Heriberto de Albuquerque; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Amazonas, Sr. Paulo Alex Machado Carneiro; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso, Sr. Verton Silva Marques; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul, Srª Sibele Luzia de Souza Cação; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Rondônia, Sr. Rodrigo Bruno Loyo Cadette; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, Sr. Francisco Cavalcanti de Almeida; Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Tocantins, Sr. Marcelo Aguiar Inocente; representando o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Exmo Sr. José Carlos Vaz; o Secretário da Secretaria da Defesa Agropecuária, Sr. Francisco Sérgio Ferreira Jardim; representante do Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná, Eliel de Freitas, o Secretário-Geral Juliano Leônidas Hoffmann; demais convidados; senhoras e senhores; o Brasil vive, atualmente, uma das melhores fases da sua história econômica recente. Indicadores testemunham o excelente momento pelo qual passa o País. Tal quadro impressiona, quando observamos a conjuntura econômica mundial adversa, caracterizada pelo repique da crise financeira de 2008. Segundo vários economistas, a crise atual sugere efeitos mais severos e permanentes, o que torna o desempenho brasileiro algo mais surpreendente.

            A vida econômica do País transformou-se para melhor em termos estatísticos, mas também em indicadores qualitativos. O grande feito da política econômica brasileira, no período de 2004 aos dias atuais, diz respeito à diminuição da desigualdade social, cristalizada pela inserção de aproximadamente 50 milhões de pessoas - mais que uma Espanha - ao mercado consumidor, com a sua incorporação às classes A, B e C.

            Temos a oportunidade única de mudar de condição no sistema internacional de Estados, experiência que alterou a representação do País no mundo. De subdesenvolvidos, passamos à condição de emergentes. Isso não é pouca coisa, quando olhamos os anos 80, com a permanência de um longo surto de pessimismo que dizia que o Brasil estava fadado eternamente ao fracasso.

            As mudanças vieram. Um fator importante foram as alterações na estrutura populacional do País. Qualifica a presente tomada de posição o chamado bônus demográfico. Trata-se de um período no qual a população economicamente ativa supera largamente a de dependentes, composta por idosos e crianças. Isso ajuda enormemente o nosso crescimento e nos coloca no ranking das principais potências econômicas mundiais. Em 2010, a proporção de adultos entre 15 e 60 anos era de 32% para 67% de crianças e idosos. O auge do bônus demográfico deve ocorrer por volta de 2020, quando a proporção de adultos supostamente alcançará 70% de toda a população e isso se constituirá num impulso notável para a decolagem do desenvolvimento.

            Qual é o carro-chefe dessas transformações, senhoras e senhores? Primeiro, a produção de commodities, produtos primários de exportação em grande escala para o mercado mundial. Os produtos agropecuários destacam-se entre as commodities brasileiras, com destaque para as exportações de carne. A bovinocultura de corte representa a maior fatia do agronegócio brasileiro, gerando faturamento de mais de 5 bilhões de dólares anuais e oferecendo aproximadamente 7,5 milhões de empregos.

            Os produtos brasileiros de origem animal não poderiam chegar a este nível de aceitação no mercado mundial, se não cumprissem as elevadas exigências dos países importadores no que diz respeito à saúde, a condições de criação, à qualidade e à procedência dos rebanhos e criatórios nacionais.

            Nesse percurso de afirmação sustentável do setor agropecuário na pauta de exportações brasileiras, a contribuição do profissional da medicina veterinária foi fundamental. A disciplina foi inovadora ao incorporar e desenvolver tecnologias de melhoramento genético de animais, tornando possíveis ganhos de produtividade inéditos. Atualmente, nosso País é referência internacional nesse domínio, com o estabelecimento de reconhecidos centros de desenvolvimento tecnológico de ponta. Ao mesmo tempo, a medicina veterinária tem dado suporte à introdução de técnicas e procedimentos de criação intensiva de rebanhos.

            Mesmo assim, é preciso apontar os problemas. Em meu Estado, Mato Grosso do Sul, o retrato das grandes propriedades de terra, baseadas economicamente na pecuária extensiva, de baixíssima produtividade, está em agonia. Trata-se de uma situação complexa que precisamos olhar atentamente, para corrigir rumos.

            Senhoras e senhores, o Brasil instituiu marcos jurídicos sólidos e bem estabelecidos que propiciaram as melhores práticas por parte dos órgãos a quem cabe as atividades de fiscalização e certificação das condições sanitárias, de saúde, de qualidade, de procedência e de criação de animais, outra área de atuação destacada do médico veterinário.

            No campo da vigilância sanitária, a atuação dos órgãos de fiscalização e controle tem sido determinante para atalhar a disseminação de zoonoses por parte de países vizinhos, como atesta o programa de erradicação da febre aftosa do rebanho bovino brasileiro, que, em crises recentes, evitou pesados prejuízos econômicos, inclusive o comprometimento do produto nacional nos mercados consumidores estrangeiros mais importantes. Alguns países interromperam temporariamente a importação da carne brasileira, mas a seriedade e o profissionalismo das autoridades e dos especialistas brasileiros convenceram os inspetores estrangeiros a rever as penalizações.

            O médico veterinário tem atuado fortemente, em nosso País, na logística e na estrutura de processamento e comercialização de carne, inclusive nos mercados internacionais. Isso tem permitido que todas as cadeias de produção da carne permaneçam em mãos brasileiras, o que não ocorre, por exemplo, com a produção de grãos.

            No plano das políticas públicas de preservação do meio ambiente, cabe destacar a atuação da medicina veterinária na pesquisa e proteção de animais silvestres, sobretudo as espécies que se encontram em extinção no Brasil. Mais uma vez, a área tem explorado as oportunidades que nossa terra oferece.

            Em conclusão, nas comemorações do Ano Internacional da Medicina Veterinária, cabe demarcar a grande revolução que a disciplina vive. O médico veterinário não se resume ao especialista que cuida de nossos gatos e cachorros, dos pequenos animais, como comumente se pensa. Ele soube reinventar a profissão, agregando novos campos de atuação, incorporando a inovação tecnológica como alavanca da produção econômica e marcando presença definitiva no estágio de desenvolvimento econômico e social em que o Brasil se encontra.

            Deixo aqui as minhas homenagens a esses grandes profissionais que ajudam o Brasil a se tornar um grande país.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2011 - Página 42567