Discurso durante a 196ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do recebimento do Relatório Anual da Confederação Nacional da Indústria/2010.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Registro do recebimento do Relatório Anual da Confederação Nacional da Indústria/2010.
Publicação
Publicação no DSF de 28/10/2011 - Página 44776
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DADOS, RELATORIO, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), SITUAÇÃO, DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, PAIS, ECONOMIA NACIONAL, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CONTENÇÃO, DIFICULDADE, RELAÇÃO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, DEFESA, POLITICA INDUSTRIAL, MELHORIA, CAPACIDADE, CONCORRENCIA, INDUSTRIA NACIONAL, MERCADO INTERNACIONAL.

            O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna acusar o recebimento do Relatório Anual da Confederação Nacional da Indústria, relativo ao ano de 2010. Trata-se de um minucioso apanhado da situação da indústria, em particular, e da economia brasileira, de um modo geral, com foco nos desafios a serem enfrentados em um futuro próximo.

            O ano de 2010 foi especialmente produtivo para a indústria brasileira, com o registro do maior índice de crescimento de toda a década, com uma expansão de 10,1%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Foi, ao cabo, o setor da economia que mais cresceu.

            Todavia, Senhor Presidente, os dados macroeconômicos sobejamente positivos obliteram a percepção de alguns senões. O primeiro deles refere-se ao ano de comparação desse crescimento, 2009, marcado pela forte crise financeira internacional. Vale lembrar que naquele ano a economia brasileira sofreu um revés de - 0,6% no comparativo com 2008.

            Em segundo lugar, o aumento do PIB foi fortemente influenciado pelo consumo das famílias, via melhoria da renda e dos indicadores de emprego, mas, sobretudo, por intermédio dos mecanismos de crédito. Uma equação que já mostrou sinais de exaustão, devido, principalmente, ao sobre-endividamento familiar.

            Há ainda a considerar a rápida involução das expectativas referentes às trocas internacionais, com o desencadeamento da crise da dívida dos países da zona do euro e a lenta e incerta recuperação das economias japonesa e norte-americana. Em paralelo, permanece o desacerto de nosso câmbio. É certo que medidas de curto prazo foram tomadas pelo Banco Central, mas elas serviram apenas para conter um pouco a apreciação do real frente ao dólar, sem, contudo, reverter a tendência.

            Em linha correlata, intensificou-se a concorrência predatória dos produtos importados asiáticos, sobretudo chineses. De acordo com o Relatório Anual da CNI, “a indústria acabou por ser prejudicada duplamente com essa situação: menor rentabilidade da atividade exportadora e maior competitividade dos produtos importados”.

            A soma desses fatores tem acarretado enormes problemas para a indústria nacional, já sempre às voltas com o excesso de impostos, os entraves burocráticos, a falta de estímulos e os gargalos infraestruturais.

            Felizmente, Senhoras e Senhores Senadores, o Governo da Presidenta Dilma Rousseff mostrou-se atento e empenhado em contribuir para resolver a presente situação. Em princípio de agosto, a Presidenta e o Ministro da Fazenda Guido Mantega anunciaram um pacote de medidas com o objetivo de estimular e defender a indústria nacional, em cumprimento, aliás, de compromisso assumido durante a fase da campanha presidencial, em evento realizado em 25 de maio de 2010 na capital do País, contando com a presença de mais de 600 líderes industriais.

            A nova política industrial, denominada “Brasil Maior”, centra-se no estímulo à competitividade da indústria nacional, em consonância com o que vem defendendo a CNI, como expresso no documento intitulado A indústria e o Brasil - uma agenda para crescer mais e melhor, resultado de um amplo consenso do setor produtivo. Nele, defende-se a retomada das reformas estruturais, a melhoria da qualidade na educação e políticas pró-inovação.

            Senhoras e Senhores Senadores, a nova política inclui a desoneração da folha de pagamento para setores intensivos em mão de obra, redução do imposto sobre produtos industrializados para bens de capital, linhas de financiamento especiais para novos investimentos e para a inovação tecnológica, além de mais recursos para a educação técnica, entre outras medidas de combate a preços subfaturados de produtos importados.

            É possível afirmar que se trata de um bom começo, mas há ainda enormes problemas que permanecem inatacados. A Confederação Nacional da Indústria continua em permanente diálogo com os Poderes constituídos, incluindo uma presença atuante na agenda do Legislativo, visando a defesa de seus interesses que, no limite, se confundem com os objetivos maiores do País - de crescimento econômico, desenvolvimento social e distribuição mais justa dos frutos daí advindos.

            Agradeço aos representantes da CNI pelo envio do mencionado Relatório Anual 2010, fazendo votos que a nova diretoria da entidade, encabeçada pelo Presidente Robson Braga de Andrade, possa alcançar os resultados que o setor industrial brasileiro tanto almeja e merece.

            Era o que eu tinha a dizer!

            Muito obrigado, Sr. Presidente!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 28/10/2011 - Página 44776