Discurso durante a 229ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da escolha do ano de 2012, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Ano Internacional das Cooperativas.

Autor
Ana Rita (PT - Partido dos Trabalhadores/ES)
Nome completo: Ana Rita Esgario
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COOPERATIVISMO.:
  • Registro da escolha do ano de 2012, pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Ano Internacional das Cooperativas.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2011 - Página 54026
Assunto
Outros > COOPERATIVISMO.
Indexação
  • REGISTRO, ESCOLHA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ANO INTERNACIONAL, COOPERATIVA, COMENTARIO, CRESCIMENTO, SETOR, PAIS, OBJETIVO, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, SUSTENTABILIDADE.

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, público na tribuna de honra, espectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, ocupo hoje esta tribuna para registrar a escolha da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas. Como sou integrante da Frente Parlamentar pelo Cooperativismo, acho o tema de extrema relevância. O meu Estado, o Espírito Santo, é um dos entes federados que possuem inúmeras cooperativas e está se destacando neste setor.

            Faço questão de fazer aqui um registro: recentemente, nestes últimos meses, participei de dois importantes eventos. Um de mulheres cooperativistas, que envolveu mais de 300 mulheres de, praticamente, quase todos os Municípios do Estado do Espírito Santo. Foi um evento bastante positivo, uma discussão profunda.

            O outro evento envolveu jovens, homens e mulheres, também cooperativistas, que estão desenhando para suas vidas outro modelo de sobrevivência, que é por meio do sistema de cooperativas.

            Nós sabemos que o sistema cooperativista está fundamentado na reunião de pessoas, e não no capital, visando às necessidades do grupo e não o lucro, ou seja, prosperidade conjunta de cooperação, e não individual. Essas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça social e, por isso, é considerado como a terceira onda do desenvolvimento, tornando-se uma das formas de organização da sociedade mais eficientes no Brasil e no mundo, pois a união de pessoas é o seu maior capital.

            O crescimento das cooperativas está extremamente ligado à evolução da sociedade, ou seja, as pessoas precisam desenvolver mais a cultura da organização social. Esse é um processo que vai refletir, Srs. Senadores, em melhores negócios e, logicamente, melhores cooperativas.

            Para acelerar essa trajetória, precisamos trabalhar com mais ênfase na conscientização sobre o setor, visando à disseminação dos conceitos e dos princípios do cooperativismo a todos os brasileiros e brasileiras. A intenção é promover o desenvolvimento local, regional, com sustentabilidade. O cooperativismo, na verdade, é uma cultura da paz por valorizar o ser humano com igualdade de condições, quando acontece a autogestão na cooperativa. Temos participado de debates e eventos ligados ao cooperativismo, principalmente no Estado do Espírito Santo. Dessa forma, entendemos que o cooperativismo vai se tornando mais popular.

            Segundo dados da Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB, atualmente, são 6.652 cooperativas, que atuam em treze ramos de atividades econômicas, correspondendo a, aproximadamente, 6% do Produto Interno Bruto Brasileiro.

            Para termos ideia do crescimento do setor somente no Espírito Santo, nos últimos três anos, a participação das cooperativas no PIB capixaba triplicou e representa hoje, de acordo com a nossa Organização Estadual (OCB/ES), 9% do Produto Interno Bruto do Estado. Com relação ao número de empregos gerados, de 2005 até agora, passamos de 3.092 empregos para 6.322. O número de cooperados também cresceu consideravelmente, passando de 87 mil, em 2005, para, aproximadamente, Srs. Senadores, 160 mil, em 2011, em 148 cooperativas em nove ramos de atividades. Quanto aos impostos e às contribuições, as cooperativas recolheram cerca de R$38 milhões em impostos federais, R$19 milhões em impostos estaduais e R$12 milhões em impostos municipais. Houve aporte de receitas, ou seja, de ingressos nas cooperativas de, aproximadamente, R$2 bilhões.

            Cito também, no ramo do cooperativismo, a economia solidária, de que participo ativamente por meio da União Nacional de Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária, a Unicafes.

            Recentemente, estive no segundo congresso estadual da entidade no Espírito Santo e tivemos uma importante participação no evento, observando e ouvindo reclamações, bem como sugestões.

            Destaco que a Unicafes tem hoje 12 cooperativas associadas no ramo de agricultura familiar e de crédito no Estado do Espírito Santo. Esta federação de cooperativas é importante para o desenvolvimento rural sustentável. A Unicafes foi fundada em junho de 2005, na cidade de Luziânia, Goiás, e a sede funciona aqui, em Brasília. O objetivo da entidade é ser um instrumento para os agricultores e agricultoras familiares, visando ao desenvolvimento sustentável nas ações de apoio para os associados. A Unicafes é uma pessoa jurídica de direito privado e não possui fins econômicos.

            Uma das propostas é a inclusão social dos cooperados, articulando iniciativas econômicas que ampliem as oportunidades de trabalho, de distribuição de renda, de produção de alimentos, das melhorias de qualidade de vida, da preservação da biodiversidade e da diminuição das desigualdades. Uma luz para um povo tão sofrido que luta para colocar comida na mesa do brasileiro.

            É importante fortalecer a agricultura familiar, Senador Aloysio Nunes, pois é dela que vêm 70% de nossa alimentação.

            A declaração da ONU confirma a contribuição efetiva do movimento cooperativista mundial para a redução da pobreza, a partir da geração de trabalho e de renda. É um reconhecimento internacional do importante papel que tem o setor para a promoção do desenvolvimento sustentável. O cooperativismo realmente desperta nas pessoas o espírito empreendedor e as inclui social e economicamente. Tanto é, Srª Presidenta, que hoje ele mobiliza direta e indiretamente cerca de um bilhão de cidadãos em todo o mundo, segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional. No Brasil, especificamente, esse número chega a 30 milhões de pessoas.

            A iniciativa das Nações Unidas nos abre também novas oportunidades, especialmente porque, durante o ano de 2012, os olhares de todo o mundo estarão voltados para os nossos empreendimentos. Sendo assim, será uma oportunidade ímpar de consolidarmos o cooperativismo como alternativa socioeconômica sustentável, como caminho para o crescimento de várias nações.

            Nosso objetivo é fazer com que a população reconheça no seu dia a dia a presença e a importância das cooperativas. Para isso, estamos desenvolvendo atividades nesse sentido. Queremos mostrar que o alimento que chega às suas mesas e aos serviços financeiros ou de transporte podem vir de uma organização cooperativa. Da mesma maneira, temos como exemplo o atendimento prestado por um profissional de saúde, entre tantos outros setores que abrangem o cooperativismo. Enfim, a ideia é mostrar como as cooperativas trabalham, sensibilizando e convidando as pessoas a fazerem parte desse movimento.

            O Ano Internacional do Cooperativismo será marcado por muitas comemorações em todos os Estados brasileiros, com a participação das organizações do sistema OCB e de suas cooperativas. Para tanto, foi inaugurada, no início de dezembro, o Ano das Cooperativas na sede da OCB, em Brasília. Foram convidados todos os nobres colegas Senadores e Senadoras e várias outras autoridades e líderes cooperativistas de todo o País.

            Para a conquista desse espaço, visando ao crescimento constante do setor, destaco aqui a OCB, que trabalha há 41 anos em defesa das causas cooperativistas. No Congresso Nacional, a instituição conta com o comprometimento da Frente Parlamentar do Cooperativismo, da qual, como eu disse, faço parte. Nesta Legislatura, a Frente de Cooperativistas, como é conhecida, já dispõe da participação de 224 Deputados Federais e 31 Senadores, com representatividade em todos os Estados e na maioria dos partidos políticos.

            Para finalizar, Srª Presidente, desde 1986, a Frente tem participação significativa no debate com os três Poderes da República, colaborando na discussão das proposições de interesse do setor e do País.

            Eu, como integrante da Frencoop...

(Interrupção do som.)

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª ANA RITA (Bloco/PT - ES) - ... juntamente com os demais pares do Senado e da Câmara dos Deputados, testemunhamos, ao longo deste ano, o Sistema Cooperativista Brasileiro firmando-se com posição de destaque na economia do País e na construção de uma sociedade mais justa.

            Sendo assim, reforço aqui a minha homenagem ao cooperativismo, sistema de organização econômica que tem como grande diferencial a valorização das pessoas. Vamos fazer de 2012 um ano de festa para o cooperativismo do nosso País!

            Era isso, Srª Presidenta.

            Muito obrigada. Obrigada também pela tolerância com relação ao tempo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2011 - Página 54026