Discurso durante a 229ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento, hoje, do economista André Urani; e outro assunto.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Voto de pesar pelo falecimento, hoje, do economista André Urani; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 15/12/2011 - Página 54029
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • REGISTRO, VOTO DE PESAR, MORTE, ECONOMISTA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, CORRESPONDENCIA, AUTORIA, ORADOR, REMESSA, SUBCOMISSÃO, POLITICA SOCIAL, ASSUNTO, DEPENDENCIA QUIMICA, ALCOOL, CRACK, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), MINISTERIO DA SAUDE (MS), RELAÇÃO, PLANO NACIONAL, COMBATE, DROGA.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Marta Suplicy, gostaria de assinalar a visita, na nossa tribuna de honra, do Prefeito de Jaú, Osvaldo Franceschi, que está em Brasília hoje para fazer algumas visitas aos ministros responsáveis em função de Jaú ter sofrido com os danos de fortes chuvas recentemente. Está acompanhado pelo Vereador Ademar Pereira da Silva e do ex-Prefeito de Catanduva, Félix Sahão. Sejam bem-vindos!

            Gostaria, Srª Presidenta, de aqui fazer um requerimento para inserção em ata de voto de pesar pelo falecimento do economista André Urani, hoje, na cidade do Rio de Janeiro, bem como apresentação de condolências a seus filhos Tomaz Urani, Francisco Urani e Pedro Urani.

            Pesquisador dedicado e apaixonado pela economia do Rio de Janeiro, André Urani era Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, desde 1992, e Presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), no Rio de Janeiro.

            Era Doutor em Economia pelo Delta (Paris - França) e Mestre em Economia pela PUC-RJ. Nesse período, foi colega de Ana Cecília Lobato, economista e assessora do Senador Aloysio Nunes. Recentemente, organizou, com José Guilherme Reis e Fábio Giambiagi, o livro Reformas no Brasil: Balanço e Agenda, da Editora Nova Fronteira. Foi também membro do conselho de administração de algumas empresas, como Brasil Telecom (BrT) e Planet Finance Brasil. Entre 1995 e 1997, foi presidente da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (Abet) e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), onde permaneceu entre 1992 e 1996. Foi assistente de Pesquisa no Insead (Institut Européen des Affaires de Fontainebleau - França), no final dos anos 80.

            Entre os anos de 1997 e 2000, foi Secretário Municipal do Trabalho da Cidade do Rio de Janeiro. Nesse mesmo período, foi presidente do Conselho de Administração do Fundo de Desenvolvimento Econômico e de Trabalho do Rio de Janeiro.

            Urani atuou ainda como consultor de diversos organismos internacionais como Banco Mundial, BID, OIT, FMI, Pnud, OCDE, Cepal e Unctad, além órgãos nacionais, como BNDES, Ministério do Trabalho, Governos Estaduais e Municipais, Sebrae, Firjan, entre outros.

            A paixão pelo Rio de Janeiro motivou o Professor André Urani e o economista Fábio Giambiagi a lançarem, em meados deste ano, o livro Rio: a hora da virada, publicado pela Elsevier Editora, uma coletânea de 19 artigos de 32 autores, entre acadêmicos e integrantes dos governos, que discute como a cidade pode tirar proveito dos grandes eventos que irá abrigar independentemente dos ciclos eleitorais.

            Tive a oportunidade de muito interagir com André Urani nos estudos a respeito da garantia de uma renda para todos os brasileiros. Algumas de suas contribuições estão presentes em seu artigo “Renda Mínima: Uma Avaliação das Propostas em Debate”, que consta do livro organizado por sua amiga Ana Lúcia Lobato, de 1998, Garantia de Renda Mínima: Ensaios e Propostas, publicado pelo Ipea, em Brasília.

            Pesquisador sério e competente, especialmente criativo, nos fará muita falta.

            Mas eu gostaria, Srª Presidenta, de registrar o ofício que hoje encaminhei ao Presidente Wellington Dias e à Senadora Ana Amélia, da Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outros, bem como aos Ministros da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, e da Saúde, Alexandre Padilha, responsáveis pelo Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas.

Parabéns pelo empenho de Vossas Excelências pelo produtivo trabalho realizado durante 2011, no qual a Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outros ouviu dezenas de pessoas no Brasil. Esse trabalho muito contribuiu para estudar e enfrentar o problema das drogas. Seu relatório apresenta numerosas sugestões relevantes. Também cumprimento o Governo Dilma Rousseff pelo Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, o qual enfatiza, sobretudo, a educação e a prevenção. Assim como, é relevante a preocupação solidária à dor de tantas mães e pais de jovens que, hoje, no Brasil têm sido levados ao uso de drogas e que precisam descobrir caminhos mais saudáveis em suas vidas.

Gostaria de encaminhar a Vossas Excelências as mensagens que recebi do ator Licurgo Espínola, um dos protagonistas da telenovela “Amor e Revolução”, em exibição no SBT, o qual vem realizando profícuo trabalho de interação com milhares de jovens, através de peças de teatro e outras manifestações artísticas, com vistas à conscientização dos mesmos para os riscos e males da utilização de drogas.

            Assim como a do dramaturgo Asdrúbal Serrano, discípulo dos ensinamentos de Bertold Brecht, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, César Vieira, que é o nome do dramaturgo Idibal Piveta, e outros que criaram o Teatro do Oprimido, o qual tem apresentado peças, nos bairros populares da cidade de São Paulo, como Guaianazes, Cidade Tiradentes, e do interior do Estado, como Caconde e outras, dedicadas, sobretudo, à temática das drogas, especificamente do crack, e às formas dos jovens delas se libertarem.

            No momento em que está para ser concluído o relatório da Senadora Ana Amélia e no qual o Governo Dilma Rousseff convida a sociedade brasileira para se mobilizar no sentido de encontrarmos caminhos alternativos às drogas, considerei importante que possam conhecer as contribuições de Licurgo Espínola e Asdrúbal Serrano que me foram encaminhadas recentemente. Foi a Professora Maria Inácia Machado, que em Brasília dá aulas para pessoas com necessidades especiais, a qual me recomendou o trabalho de Licurgo Espínola, que atualmente o desenvolve em Alagoas. Esse tem objetivos semelhantes ao de Asdrúbal Serrano, que conheci em São Paulo. Creio que ambos poderão colaborar com o Plano de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas.

            Escreveu-me Licurgo Espínola:

Prezado Senador Eduardo Matarazzo Suplicy,

Meu nome é Licurgo, sou ator e diretor artístico, tenho uma carreira de mais de 21 anos de trabalhos diversos em teatro, cinema e televisão, essa última me trouxe uma boa projeção nacional.

Sou o criador e realizador da oficina do "Teatro Identidade", uma oficina que tem como objetivo dispor aos participantes um espaço de expressão onde as idéias e opiniões são transformadas em uma peça de teatro.

Essa oficina tem obtido ótimos resultados com dependentes químicos que estão em tratamento. Realizei esse trabalho em Maceió, em três casas de acolhimento e conseguimos ótimos resultados. Nesse trabalho criamos a peça "sem fissura," que foi apresentada a mais de cinco mil jovens na capital alagoana, no pequeno período de três meses, em escolas, clubes, igrejas, templos e outras instituições. Após apresentação da peça, era realizado um bate papo com a plateia, basicamente formada por adolescentes, onde as dúvidas e curiosidades em relação ao consumo de crack eram respondidas pelos próprios "atores" ex-usuários. Um bate papo franco e direto e por isso mesmo produtivo e impactante.

Acredito na prevenção como maior fator para reduzir essa marcha epidêmica do crack; acredito na arte como uma grande aliada no combate às drogas; acredito nos ótimos resultados conseguidos através da oficina do Teatro Identidade como resgate de cidadania e dignidade dos dependentes químicos, mas principalmente nas inúmeras possibilidades de informação e orientação aos jovens em relação ao crack e outras drogas lícitas ou não.

O material conseguido nas oficinas é riquíssimo, depoimentos e evidências registradas em vídeos e fotos que podem ser transformados em material de discussão em salas de aula. As peças criadas em oficinas podem dar origem a livros, filmes e documentários que seriam distribuídos pela sociedade. Assim poderemos criar uma campanha de esclarecimento e discussão em relação às drogas, levar esse sistema para dentro das escolas, clubes e outras instituições.

O Brasil não pode mais fingir que nada está acontecendo. Sabemos que mais de 90% das cidades brasileiras já têm contato com essa droga. Estive perto desses jovens, ri, dancei, conversei e criei com eles peças de teatros e pude aprender o quanto essa droga é devastadora e o quanto a nossa juventude está ameaçada pela falta de esclarecimento e informações.

            Quero cumprimentar tanto Licurgo Espínola Araújo como Asdrúbal Serrano por suas iniciativas.

            Solicito, Srª Presidenta, sejam transcritas na íntegra as correspondências.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I, §2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- Carta do Senador Eduardo Suplicy

- Carta do ator Licurgo Espinola Araújo

- E-mail de Asdrúbal Serrano


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/12/2011 - Página 54029