Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização, a partir de amanhã até o dia 4 de março próximo, na cidade de Caxias do Sul-RS, da 28ª edição da Festa da Uva; e outro assunto.

Autor
Ana Amélia (PP - Progressistas/RS)
Nome completo: Ana Amélia de Lemos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Registro da realização, a partir de amanhã até o dia 4 de março próximo, na cidade de Caxias do Sul-RS, da 28ª edição da Festa da Uva; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 16/02/2012 - Página 2728
Assunto
Outros > HOMENAGEM, SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, COMEMORAÇÃO, FESTA NACIONAL, UVA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • APREENSÃO, ORADOR, RELAÇÃO, PERIGO, CONSUMO, BEBIDA ALCOOLICA, DROGA, DURAÇÃO, COMEMORAÇÃO, FESTA NACIONAL, UVA, CARNAVAL, FATO, AMPLIAÇÃO, MORTE, ACIDENTES, POPULAÇÃO, BRASIL.

            A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Caro Presidente Valdir Raupp, que comanda a sessão desta tarde; Srs. Senadores e Srªs Senadoras; nossos telespectadores da TV Senado e ouvintes da Rádio Senado, enquanto a maior parte do nosso País estará envolvida com o Carnaval, que é muito o retrato e a fisionomia deste País multicolorido, com desfiles de escolas de samba, bailes e trios elétricos, um pedaço do Brasil estará realizando uma festa diferente, Senador Benedito de Lira, que preside a nossa Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo. É uma festa diferente, mas tão bela e tão importante do ponto de vista econômico quanto o próprio Carnaval.

            A partir de amanhã, dia 16 de fevereiro, até o dia 4 de março, a cidade de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, realizará a 28ª edição da Festa Nacional da Uva, que se realiza desde 1931 e é o principal evento do calendário nacional de festas dedicadas a valorizar a produção - no caso vitivinícola - agrícola e industrial do nosso Estado do Rio Grande do Sul.

            A Festa da Uva é a celebração do progresso e do desenvolvimento conquistados pelos imigrantes italianos, que chegaram àquela região na segunda metade do séc. XIX, fugidos da guerra de unificação italiana e atraídos pelas promessas do Império brasileiro, à época, que decidiu colonizar o sul do nosso País com cidadãos de origem europeia.

            Os primeiros habitantes do alto dos morros da Colônia de Caxias, em 1875, encontraram, nas terras desabitadas e íngremes, características muito parecidas com as de sua terra natal. Trouxeram consigo da Itália apenas algumas ferramentas, o dialeto vêneto, os valores religiosos e a cultura do trabalho e do empreendedorismo rural e familiar, de modo particular.

            Após meses de viagem em navios superlotados, onde as mortes por doenças e más condições gerais eram comuns, as famílias de imigrantes se dedicaram a abrir picadas em meio à mata virgem para cultivar os primeiros parreirais. Enquanto aguardavam pela colheita da uva, preparavam o pão e a polenta, que fornecia a força necessária para lavrar a terra e construir as primeiras pipas e as primeiras moradias; aquelas pipas para abrigar o vinho produzido artesanalmente.

            Com coragem e fé, nos finais de semana, as comunidades se reuniam para rezar e construir pequenas igrejas, que até hoje são o ponto de encontro das famílias dos descendentes de imigrantes, os colonos italianos.

            Não demorou muito para a região mostrar a sua pujança econômica. Já no final do século XIX, a região de Caxias era a maior produtora nacional de uva e de vinho, e começaram a aparecer algumas casas de secos e molhados para comercializar os excedentes da produção local. Também surgiram pequenas fábricas como funilarias, carpintarias, marcenarias, olarias, ferrarias e moinhos.

            No século XX, essas pequenas fábricas, algumas delas nascidas em fundos de quintal, eram dedicadas principalmente à fabricação das ferramentas necessárias ao cultivo da terra e se transformaram em grandes indústrias, algumas delas multinacionais, como a Marcopolo e a Randon, que estão em vários países.

            Hoje, a serra gaúcha possui um parque industrial moderníssimo e diversificado, onde se produz desde um simples parafuso até modernos e avançados e vanguardistas e confortáveis ônibus e caminhões.

            O dinamismo econômico facilitou o desenvolvimento educacional, e as diversas faculdades abrigam centros de referência em tecnologia e design. Os produtos da região podem ser encontrados em todas as partes do mundo.

            Os turistas que forem a Caxias do Sul participar da Festa da Uva terão a oportunidade de assistir, nas ruas da cidade, ao tradicional desfile de carros alegóricos que ilustra essa história de trabalho e determinação. Neste ano, a festa comemora os 40 anos da primeira transmissão colorida da televisão brasileira, que aconteceu em 1972, durante o desfile.

            Naquele dia, eu estava lá como repórter, recém-iniciando na minha atividade.

            Nos "Pavilhões da Festa da Uva", o visitante poderá degustar a uva e o vinho, conhecer mais sobre a produção local e aprender sobre a cultura e história da imigração italiana. Tudo isso, com o apoio de uma hospitaleira rede hoteleira e de uma gastronomia elogiada, farta e típica.

            Por isso, quero cumprimentar a todos os caxienses pela realização da Festa da Uva e agradecer o convite do Prefeito José Ivo Sartori, do PMDB, que não tem economizado esforço na realização desse grande evento, que terá, amanhã, a presença da Presidente Dilma Rousseff e do Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e que, além de ser festivo - esse evento da Festa da Uva -, possui uma importância cultural e econômica muito grande.

            Caxias do Sul tem dois filhos ilustres aqui nesta Casa e orgulho-me da companhia deles como meus colegas Senadores: Pedro Simon, do PMDB, ex-Governador, ex-Ministro da Agricultura; e o Senador Paulo Paim, do Partido dos Trabalhadores, muito voltado às questões sociais e dos interesses dos aposentados e também dos trabalhadores.

            O Senador Paulo Paim, aliás, agora também será homenageado pela Imperadores do Samba, no Carnaval de Porto Alegre, e teve a delicadeza de me convidar para integrar, no carro alegórico, como participante do grupo de amigos do Paulo Paim. Eu lhe desejei boa sorte. O Senador Paulo Paim será homenageado na terça-feira de Carnaval, às cinco horas da manhã, pela Imperadores do Samba. “Paulo Paim, um leão na luta que faz o bem sem olhar a quem”, é a mensagem que a escola de samba dá e presta ao nosso querido Paulo Paim, a quem eu desejo muito sucesso. Só não estarei lá porque já havia antecipado um compromisso na região sul do Estado.

            Srªs e Srs. Senadores, como estarei amanhã nessa Festa da Uva, quero fazer hoje, neste plenário, um apelo a todos os brasileiros, para que aproveitem o Carnaval e a Festa da Uva de forma saudável, segura e responsável.

            O nosso Carnaval é o maior do mundo. Somos reconhecidos internacionalmente por essa festa, que mobiliza todo o País e atrai turistas de todo o mundo.

            Mas nós, brasileiros, sabemos quantas vidas o Carnaval nos custa. Essas vidas são perdidas principalmente nos acidentes nas estradas e nas mortes ocasionadas pelo abuso de álcool e drogas, que propiciam o surgimento de brigas e confrontos entre foliões.

            No ano de 2011, a Polícia Rodoviária Federal registrou números alarmantes no Carnaval: 4.165 acidentes de trânsito, 28,7% a mais do que em 2010; 2.441 feridos, 27,4% a mais do que no mesmo período anterior; 213 mortos, um acréscimo de 50% em relação ao Carnaval de 2010. Isso apenas nas estradas federais de todo o Brasil. Não temos dados consolidados sobre os acidentes e os mortos nas estradas estaduais e nas ruas das cidades, mas sabemos que há milhares de famílias que iniciam esse período em ritmo de festa e terminam de luto. Por isso, faço este alerta aqui, da tribuna do Senado, para pedir mais responsabilidade no trânsito, mais cuidado. É preciso cuidar dos limites, dos limites que temos todos, não abusar da bebida, ter tranquilidade e fazer dessa festa uma festa da alegria e não da tristeza, enterrando pessoas de nossas famílias.

            Também não dispomos de números sobre a quantidade de mortos e acidentados em brigas que acontecem em bailes, desfiles, blocos e trios elétricos, mas basta abrir os jornais ou assistir ao noticiário para tomarmos conhecimento desses absurdos que começam a acontecer antes mesmo do início das festividades, como foi o caso do atropelamento seguido de explosão que matou duas pessoas e feriu outras trinta e oito durante o ensaio da escola de samba Portela, no Rio de Janeiro, no último final de semana. Sâo milhares e milhares de mortes que acontecem em todo Carnaval, por motivos banais, e que poderiam ser evitadas. Tudo isso sem falar nas mortes silenciosas que acontecem pela disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, causada pela prática do sexo sem proteção.

            Srªs e Srs. Senadores, cidadãos de todo o Brasil, os problemas gerados pelos abusos cometidos durante o Carnaval são motivo de tristeza para milhares de famílias, todos os anos. Além disso, essas mortes são o motivo de grandes perdas para a economia brasileira. São milhares de mortos e feridos que deixam de produzir, bilhões de reais gastos com o atendimento dessas pessoas nos hospitais, postos de saúde e na Previdência Social, Sr. Presidente Waldemir Moka.

            Ademais, colaboram para piorar a imagem do nosso País no exterior. Se hoje recebemos milhares de turistas, imaginem quantos mais não viriam investir em turismo no Brasil se tivessem a certeza de que aproveitar o Carnaval é um programa seguro para suas famílias!

            De nada adianta termos desenvolvimento econômico, sermos a 6ª economia do mundo, realizarmos Copa do Mundo e Olimpíadas se continuarmos a ser um País onde a insegurança é uma característica intrínseca, causada não apenas pela ausência do Estado, mas principalmente pelo comportamento irresponsável de alguns brasileiros! É por isso que faço um apelo muito sincero a todas as senhoras e senhores cidadãos, pais de família, motoristas, foliões, enfim, um apelo a todos os brasileiros, para que cuidem de si e do seu semelhante; para que não se excedam e não abusem do álcool ou das drogas; evitem as drogas! Dirijam com segurança e, se beberem, não dirijam. E por fim, se forem transar, usem camisinha.

            Muito obrigada, um feliz, bom e tranquilo Carnaval a todos os brasileiros!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/02/2012 - Página 2728