Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Agradecimentos a todos que participaram e, especialmente, ao Presidente José Sarney, pela realização, hoje, no Congresso Nacional, de solenidade para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down.

Autor
Lindbergh Farias (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Luiz Lindbergh Farias Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Agradecimentos a todos que participaram e, especialmente, ao Presidente José Sarney, pela realização, hoje, no Congresso Nacional, de solenidade para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down.
Aparteantes
Ana Amélia, Eduardo Suplicy, Jorge Viana, José Sarney, Magno Malta, Paulo Davim, Paulo Paim, Randolfe Rodrigues, Vital do Rêgo, Walter Pinheiro, Wellington Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 22/03/2012 - Página 7796
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, ORADOR, DESTINAÇÃO, SENADO, MOTIVO, REALIZAÇÃO, HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, DEFICIENTE MENTAL, ORIGEM, GENETICA, ENFASE, CRIAÇÃO, PROTOCOLO, ORIENTAÇÃO, PESSOAS, PROFISSÃO, SAUDE, OBJETIVO, SALVAMENTO.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Quero começar agradecendo a V. Exª, Presidente Sarney, pelo evento que fizemos hoje, dia 21 de março, Dia Internacional da Síndrome de Down. Agradecer porque este Senado Federal organizou um belíssimo evento no Salão Negro. O Presidente Sarney, inclusive, fez uma fala dando o seu testemunho pessoal: teve três tios com Síndrome de Down.

            Queria agradecer a presença de inúmeros Srs. Senadores e Srªs Senadoras nesse evento. Um evento que teve uma particularidade: era a comemoração do Dia Internacional da Síndrome de Down. Mas não era só comemoração. Foi um dia de muitas vitórias, muitos anúncios. A primeira vitória foi ter transformado o dia 21 de março no Dia Internacional da Síndrome de Down. Na verdade, foi uma articulação do Governo brasileiro. E, em novembro de 2011, a Assembleia Geral da ONU aprovou por unanimidade.

            Neste dia 21 de março, está acontecendo, em Nova York, uma conferência da ONU sobre o mesmo tema, com participação de muitos países. Então, essa é a primeira conquista que queria ressaltar, parabenizando a ação do Governo brasileiro em transformar o dia 21 de março no Dia Internacional da Síndrome de Down.

            As pessoas perguntam por que o dia 21 de março. É porque estamos falando na trissomia do 21º cromossomo. Mas há mais conquistas.

            Outra conquista que sempre foi a luta do movimento Down: criar um protocolo de saúde da Síndrome de Down, uma vez que, infelizmente, muitas crianças morrem porque os profissionais de saúde não sabem de todos os procedimentos que devem ser tomados. Por exemplo, no nascimento, 60%, Senador Paulo Davim, das crianças que nascem com Síndrome de Down têm problemas cardíacos e, nessa hora, tem que ser feito o ecocardiograma, Senador Vital do Rêgo, que é médico. Ao se fazer o ecocardiograma, vidas podem ser salvas ali.

            Essas informações não estão disponíveis. Não é só no nascimento os cuidados cardíacos, mas há uma série de questões específicas durante toda a vida da pessoa com Down. Existe uma caderneta de imunização especial, há hipotonia muscular, problemas auditivos. Mas hoje há especialistas no Brasil e no mundo que sabem, Senador Vital do Rêgo, o que deve ser feito no primeiro ano, no segundo ano, no terceiro ano, até a vida adulta.

            Infelizmente, essas informações não estavam concentradas, não existia um protocolo oficial que fosse disseminado para todos os profissionais de saúde.

            Então, quero dizer que o dia de hoje é uma vitória enorme e, para as pessoas com Síndrome de Down, uma grande transformação, porque, a partir de hoje, existe, de forma oficial, um protocolo que vai ser distribuído para todos os profissionais de saúde.

            Senador Vital do Rêgo.

            O Sr. Vital do Rêgo (Bloco/PMDB - PB) - Gostaria de dividir com o Senador Lindbergh este momento tão importante que o mundo está vivendo, em especial nós, brasileiros, ao podermos olhar aqueles meninos e meninas tão especiais, tão carentes do nosso apoio, tão necessitados do apoio do Estado, homens e mulheres que não pediram para nascer e que receberam, na sua vida, uma dificuldade, jamais uma deficiência. No processo de socialização, pessoas como V. Exª e outros parlamentares estão trazendo para o Congresso Nacional uma discussão de saúde pública, uma discussão cristã. Quantas vezes eu me encontro, na condição de médico, ou recebo da minha irmã Raquel, que é pediatra neonatologista, que vive a todo instante tendo que recolher todas as suas emoções no trato com essas pessoas, que merecem de nós o nosso orgulho. Eu recebo apelos da minha irmã, apelos da comunidade científica, para que o nosso País esteja evoluído na forma de tratar os pacientes com Síndrome de Down. Há muito o que se fazer, Senador Lindbergh, porque hoje é uma síndrome talvez, entre todas elas, a mais estudada, a de melhores resultados, uma síndrome em que você aumentou em duas, três vezes, a expectativa de vida dessas pessoas. Essas pessoas hoje convivem normalmente na sociedade, trabalhando, casando, namorando, indo para a balada, fazendo tudo. Por quê? Porque houve uma evolução no processo científico.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Já são dezoito estudantes universitários.

            O Sr. Vital do Rêgo (Bloco/PMDB - PB) - Já são dezoito estudantes. Que coisa bela, fantástica! Então, são depoimentos como este de V. Exª a que todos nós devemos nos somar neste momento. Eu ia à tribuna, daqui a pouco, fazer a minha manifestação, mas prefiro incluí-la no seu pronunciamento e dizer que nós precisamos comemorar os resultados. Nós não podemos absolutamente sempre reclamar desses. Vamos comemorar os resultados. O ano internacional é já um resultado prático, mas precisamos cerrar fileiras para que avanços possam ser feitos nesta e em outras síndromes imunológicas e de deficiência cromossômica, que vêm junto com o nascimento dessas crianças. Parabéns a V. Exª! Acompanho a luta de V. Exª, como a luta de outros colegas parlamentares neste Senado e na Câmara, e sinto-me muito honrado de ser comandado, neste processo de discussão e debate, por V. Exª quando o assunto é a proteção e a justiça para essas pessoas, para esses brasileiros e brasileiras que têm Síndrome de Down.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Agradeço muito o aparte de V. Exª, meu conterrâneo, Senador Vital do Rêgo. Muito obrigado.

            Passo a palavra agora ao Senador Magno Malta.

            O Sr. Magno Malta (PR - ES) - Meu irmão, Senador Lindbergh, eu me sinto tio da sua princesa. Vemos o brilho dos seus olhos e o que irradia na sua face quando fala dela e mostra fotografias, exibindo para todo mundo. É de fato um ponto de equilíbrio na sua vida e na da sua família, do ponto de vista emocional, de felicidade, de alegria e de gratidão a Deus, por ter recebido essa criança tão especial para cuidar de vocês, para proporcionar alegria a vocês, para fazer o equilíbrio da família. Eu não gosto quando se diz que a reunião é para homenagear ou tratar-se de pessoas portadoras de deficiência, porque deficiente é quem não tem caráter. Deficiente é quem não tem vergonha, deficiente é quem vive para dar ninja nas pessoas. Mas essas pessoas especiais não são portadoras de deficiência coisa nenhuma. Elas vieram ao mundo do jeito que Deus as trouxe, dentro da sua realidade. E são potenciais a ser canalizados, porque as crianças com Síndrome de Down têm algumas facilidades, a musicalidade delas, por exemplo, é uma coisa impressionante. A queda delas para o esporte é uma coisa impressionante também. Na minha família, você tem um sobrinho chamado Guigui, que possivelmente está me vendo agora com o pai e vendo você, meu querido irmão Lindbergh. Ele tem quatro anos. Garanto a você que ele vai ser o primeiro lutador de MMA do mundo, esse sobrinho meu com Síndrome de Down. Tem quatro anos e assimila com enorme facilidade as artes marciais e vive metido na academia. Faz a festa e a alegria de todo mundo. Almoçamos com Romário hoje - eu, o Senador Vital do Rêgo, a mãe dele, o Senador Lauro, a Deputada Lauriete - e ouvimos o Romário falando da sua filha Ivy. O Romário ficou impressionado porque, quando nós fizemos o show, o evento dos royalties, quando o César Menotti e Fabiano foram ao palco, Gian e Giovani, artistas do funk, o Guigui, meu sobrinho de quatro anos, comandou a festa muito mais do que eles. Conhece os sons, conhece os instrumentos, sabe dançar. São potenciais demais! O que o Brasil está descobrindo agora é a maneira, sem preconceito, de canalizar esses potenciais, de abrir portas, de tratá-los como iguais, não mais que isso, porque eles não são diferentes. Eles só têm um rostinho igual entre eles e diferente dos nossos. Só isso os faz diferentes. Mas, como dizia Romário e V. Exª pela manhã, e o Senador Sarney no pronunciamento, são anjos de Deus a abrilhantar e alegrar nossas vidas. Se filho é dádiva de Deus, criança com Síndrome de Down é filho com açúcar, é anjo com açúcar. Por isso, homenageando a sua pequenininha, a pequenininha do Romário e o meu Guigui - que, certamente, está tentando repetir o meu pronunciamento, porque ele tenta repetir todo mundo na frente da televisão; ele luta até como Anderson Silva, faz até os trejeitos de Anderson, caminhando para cima, com os braços, tenta imitar todo mundo -, eu o abraço pelo pronunciamento, pela causa, e tenho uma certa inveja porque V. Exª é um privilegiado por ter aquela criança na sua vida. Dou-lhe forças para que continue a sua luta. E conte aqui com seu irmão, porque também sou encantado com esse canal novo, com essa nova visão de canalizar esses potenciais que são essas crianças.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Agradeço muito, meu irmão, amigo, Senador Magno, pelo carinho...

            O Sr. Paulo Davim (Bloco/PV - RN) - Senador, permite um aparte?

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Claro, Paulo Davim.

            Só quero agradecer - viu, Magno? - muito. Depois, quero falar disso porque, às vezes, quem vê de fora acha que ter uma filha com Síndrome de Down é um problema. Não é problema nenhum, é uma alegria, é uma maravilha, é a melhor coisa do mundo. Não troco minha filha por nada, entendeu? Então, quero dizer que as pessoas têm isso, olham e veem como se fossem... Nada. Estamos avançando tanto, e vamos conseguir avançar cada vez mais. Antes de passar a palavra para os Senadores, eu queria falar sobre isso, mas vou continuar depois.

            Vou passar a palavra para o Senador Wellington Dias, Senador Eduardo Suplicy e Senador Paulo Davim.

            Agradeço todos os apartes. Muito obrigado, Senador.

            Senador Wellington Dias, que é pai da Daniele. E dia 2 de abril vai ser o Dia do Autismo.

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - É verdade. Primeiro, quero dizer do meu orgulho de partilhar com V. Exª, na Subcomissão que trabalhamos nessa área da pessoa com deficiência, as vitórias que colhemos em tão pouco tempo. Basta ver o Programa Nacional e os avanços que tivemos na área de surdos. E não só pelo ato de hoje. Quero comemorar porque foi um ato onde tivemos não só a presença, não só esse lado do festejo, da comemoração, mas que passamos a ter os procedimentos, o protocolo para que se possa cuidar melhor, para que, em todo o Brasil, se tenham procedimentos comuns. Nasceu? Têm que se fazer os exames. Tem características de Síndrome de Down? Faz-se o exame de coração, os exames que são necessários. E, a partir daí, ter-se a prevenção, para podermos ter o portal. V. Exª mesmo é testemunha, como pai da nossa Beatriz, do que significa esse sistema com um conjunto de informações. E quero aqui ressaltar, neste instante, a minha alegria em ver a presença de Senadores como V. Exª com a filha, a Beatriz, Deputados como Romário, com a Ivy, a presença do nosso querido Marcelo Déda, com o Mateus, que vi uma semana após o nascimento, e o Déda com aquele choque de primeiro momento. Eu estive lá em Sergipe agora, com o povo sergipano, e ele me dizendo: “Wellington, é como você me disse: é a melhor coisa que aconteceu em minha vida.” Eu seria um Wellington... Eu tenho buscado me aperfeiçoar e minha professora é a Daniele. Tenho certeza de que essas crianças e esses adolescentes... Vi ali o show de cavaquinho, dado hoje ali...

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Do Dudu do Cavaco...

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - Dudu do Cavaco... Eu quero aqui dizer que em qualquer um de nós que tenha alguém próximo, não precisa nem ser filho ou filha, cresce a sensibilidade. Parabéns! Fiquei muito feliz pelo dia de hoje.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Muito obrigado, Senador Wellington. Agora, dia 2 de abril, Dia do Autismo, vamos...

            Senador Eduardo Suplicy, muito obrigado.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Lindbergh Farias, a sua presença comovente como a de Romário e a de tantos pais, mães, avós e avôs - que ali estiveram com suas crianças - fizeram com que todos nós pudéssemos compreender a importância desta iniciativa e desta comemoração e lembrança pelo Dia Internacional da Síndrome de Down. Acho que fez muito bem o Presidente José Sarney ao dar toda a relevância ao ato ali no Salão Negro. Foi um ato especial! Percebi que, talvez pelas circunstâncias, ali não se pôde ouvir com toda a atenção todas as falas, porque havia como que um murmúrio incessante de entusiasmo e alegria. As pessoas vinham a V. Exª, bem como ao Romário. As crianças quiseram tirar fotografias ao lado dos pais que ali estavam, com que dizendo o quão importante é ter a alegria de proporcionar boas oportunidades a nossos filhos e filhas que, porventura, tenham algum problema como a Síndrome de Down. Então, meus parabéns a V. Exª e a todos os que tiveram a iniciativa, inclusive a de nos convidar para compartilhar daquele momento tão especial.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Quero agradecer muito ao Senador Eduardo Suplicy, em especial pela presença, pela contribuição a esta causa. Muito obrigado.

            Senador Paulo Davim.

            O Sr. Paulo Davim (Bloco/PV - RN) - Senador, obrigado pelo aparte. Não tomarei muito de seu tempo. Eu quero parabenizá-lo pelo oportuno pronunciamento. São pessoas como V. Exª que conseguiram mudar a visão da sociedade e o conceito da sociedade sobre os pequeninos que nascem com alteração cromossomial (cromossomo 21) e que levam a vida irradiando felicidades, trazendo felicidade para a sua família, mas que também são plenamente felizes, têm uma ampla condição de uma vida feliz se lhes dermos o acolhimento adequado, se tivermos uma visão comprometida com a profilaxia de problemas ainda em tenra idade, precocemente, logo ao nascer, como V. Exª bem expôs. Então, quero parabenizá-lo pela luta, pela dedicação a essa causa, a V. Exª e a tantos outros companheiros nossos, pessoas que conseguiram construir no Brasil uma visão diferente sobre esse problema, que é muito frequente. A incidência é de 1 para cada 800 a 1.000 nascimentos. Uma incidência dessas já é razão suficiente para que todos nós tenhamos um olhar diferente, um olhar acolhedor, um olhar de naturalidade sobre esse tipo de alteração genética. Portanto, vai aqui o meu abraço e o meu incentivo para que V. Exª continue dedicado a essa causa tão humanitária. Parabéns!

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Senador Paulo Davim, muito obrigado, suas palavras nos comovem. Não fosse essa luta... Agradecendo a V. Exª, passo o aparte, primeiro, ao Senador Paulo Paim, depois à Senadora Ana Amélia e, em seguida, ao Senador Randolfe.

            Quero dizer, Senadora Ana Amélia, que o Senador Paulo Paim e o ex-Senador Flávio Arns, hoje Vice-Governador do Paraná, travam uma luta, já há muito tempo, pela aposentadoria especial da pessoa com deficiência. Ontem, conseguimos aprovar na Comissão de Assuntos Econômicos, depois de um ano de negociação com o Governo, um projeto que prevê a regulamentação de uma Emenda Constitucional de 2005. Nós vamos ter aposentadoria de pessoas com deficiência aos 20, 25 anos de idade. É uma grande vitória! E eu não poderia deixar de fazer menção ao Senador Paulo Paim e ao ex-Senador Flávio Arns, agradecendo novamente, Senador Paulo Paim, o que o Presidente Sarney fez no dia de hoje, ao organizar aquela sessão hoje no Salão Negro e fazer uma intervenção bonita como fez, inclusive contando passagens de sua vida pessoal. O Presidente José Sarney teve três tios com Síndrome de Down e hoje fez uma belíssima, emocionante fala na abertura deste Dia Internacional da Síndrome de Down.

            Senador Paulo Paim.

            O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Lindbergh, estou inscrito para falar e o tema é exatamente este, mas muito para elogiar V. Exª que, ainda ontem, na reunião da bancada, procurou-me e disse: “Paim, tem de ir lá comigo tal hora, o Presidente Sarney está ajudando muito, estamos fazendo um grande evento para este dia da Síndrome de Down”. Não pude estar presente porque estava na Comissão de Assuntos Sociais, tinha, entre relatoria e autoria, quatro projetos e tive de ficar lá para votar. Mas a minha assessoria esteve lá, o Luciano - V. Exª o conhece -, que é cego, acompanhou tudo. Os melhores elogios que esse evento poderia ter ele, que não vê, conseguiu me traduzir. E falou muito de V. Exª. Estou aqui com uma fala sua que ele ouviu lá e me passou: “O Senador Lindbergh lembrou que o dia internacional para os portadores de Down é uma conquista do Governo brasileiro na ONU”. Veja bem que ele, embora cego, teve consciência, tomou nota. E elogiou V. Exª também, Presidente José Sarney. Relatou-me que esteve presente lá a Ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário. Falou, naturalmente, do Lindbergh, do Romero Jucá, do Deputado Federal Romário e de muitos outros. Eu só quero cumprimentá-lo. V. Exª fez bem de lembrar aqui o Senador Flávio Arns, que não está mais conosco no Senado, mas é Vice-Governador do Paraná. Com certeza, ele sabe que V. Exª aqui ocupou esse espaço com muita competência. Então, as pessoas com deficiência, todas as pessoas com deficiência do Brasil podem saber que V. Exª nos lidera nessa causa. Eu tenho a alegria de dizer que participei de parte dessa caminhada e, sob a sua liderança, sinto-me contemplado. Sou seu soldado nessa caminhada. Parabéns, Senador Lindbergh.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Agradeço, Senador Paim, mas devo dizer que V. Exª não é soldado, mas nosso líder. Tem uma bagagem, um acúmulo nessa área de anos e anos. Agradeço demais e quero dizer que vamos trilhar várias outras batalhas dessa causa.

            Passo a palavra para um aparte a esta mulher de fibra: Senadora Ana Amélia.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - Caro Senador Lindbergh, além de ressaltar a importância do que aconteceu em relação ao PLC 40, queria também, como os demais Senadores, salientar o papel decisivo e relevante do Senador José Sarney, que preside esta Casa e tem tanta preocupação com temas sociais como este, que trata de uma aposentadoria para os portadores de deficiência, quanto da discussão do tema crucial para o Senado da República, que diz respeito ao pacto federativo. Queria cumprimentar o Presidente José Sarney por estar envolvido pessoalmente nas suas prerrogativas de auxiliar essas demandas que são da sociedade brasileira. Eu queria dizer, Senador Lindbergh, que, no ano passado, eu tomei a iniciativa de pedir urgência para a votação do PLC 40 nesta Casa e o Ministro da Previdência, Garibaldi Alves, telefonou-me, dizendo que a matéria estava sendo articulada, negociada, com entendimentos e articulações entre o Governo e os autores da matéria, que, embora o autor já não estivesse mais na Câmara, a negociação da matéria estava sendo liderada por V. Exª e por outros Parlamentares, inclusive o Deputado Romário, que fazia estreia nesta Casa. Eu, então, retirei, a pedido dele, a urgência que eu havia requerido e que havia sido aprovada, para facilitar esse entendimento. Então, fico feliz por ter, modestamente, colaborado para que essa iniciativa tenha tido esse desfecho. Agora, tanto quanto fizemos ontem com a PEC 5, vamos trabalhar. Tenha-me como aliada nessa causa...

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Muito obrigado, Senadora.

            A Srª Ana Amélia (Bloco/PP - RS) - ... para apressar a votação dessa matéria aqui, porque ela é da maior relevância. E parabéns a V. Exª por ser pai de uma criança que precisa de tanto afeto e de uma educação que lhe dê, digamos, condições para uma vida muito bonita e aos outros pais que estão aqui, como V. Exª, envolvidos nessa campanha tão bonita que a sociedade brasileira, certamente, está aplaudindo, por esse compromisso que V. Exª tem. Cumprimentos, meu caro amigo, Senador Lindbergh.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Senadora Ana Amélia, muito obrigado. Eu não tenho o que falar, porque V. Exª é uma Senadora de muita fibra, de muita luta e de muita sensibilidade social. Essa é a marca da atuação de V. Exª e agradeço a generosidade e a gentileza de V. Exª.

            Concedo o aparte ao meu amigo, Senador Randolfe, esse jovem, o mais jovem Senador desta Casa.

            O Sr. Randolfe Rodrigues (PSOL - AP) - Querido Lindbergh, eu quero só destacar que, no final de semana, eu estive em Macapá, no I Congresso Amapaense sobre Síndrome de Down, inclusive com a presença de alguns dos protagonistas que V. Exª convidou para hoje de manhã. Lamentavelmente, conflitaram, na manhã, a reunião da Comissão de Constituição e Justiça e a reunião sobre o Plano Nacional de Banda Larga para a Amazônia, e não consegui estar a tempo para o belíssimo evento que V. Exª conduziu. Foi um evento que, no meu entender, afirma o princípio de igualdade que está no art. 5º da nossa Constituição. O princípio da igualdade, muitas vezes, não é interpretado na sua alma, que diz: construir a igualdade na desigualdade, com os desiguais, na medida em que se desigualam, ou seja, construir a igualdade em uma sociedade de diversidade, numa sociedade de diferentes. A diferença, e me parece que essa é a grande proclamação que V. Exª e tantos outros fizeram hoje de manhã, é a causa que V. Exª muito bem impõe, aqui, a todos nós, é baseada no princípio da construção da cidadania para essa parcela da sociedade que é amplamente discriminada e rejeitada das políticas públicas. Quero lhe cumprimentar. Siga em frente, porque essa é uma causa não só do Congresso Nacional, essa é uma causa não só da sociedade brasileira. V. Exª está empunhando a bandeira que constitui uma causa humanitária.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Muito obrigado, Senador Randolfe. Agradeço muito a V. Exª.

            Cedo o aparte ao Senador Jorge Viana, agradecendo a tolerância do Presidente José Sarney para com a minha fala. Depois vou tentar concluir brevemente.

            O Sr. Jorge Viana (Bloco/PT - AC) - Meu caro colega, confesso que serei breve. Como ouvi muitos discursos de pessoas que nos deram uma lição de vida hoje contando histórias de suas famílias, pessoas que carregam uma vida especial com a síndrome de Down, que fizeram discursos curtíssimos, falas bonitas, eu queria só cumprimentá-lo. Graças a Deus deu tempo de chegar a uma das atividades mais interessantes, mais emocionantes que eu vi desde que cheguei aqui no Senado, porque ela vem do coração das famílias, de pessoas simples, de pessoas de diferentes camadas sociais. Ali, contamos com pessoas que doam sua vida para ajudar uma família que, às vezes, tem dificuldade de lidar com uma criança que requer necessidades especiais, e, na figura deste amigo, que é o Lindbergh, Senador, que já me faz ser tão seu admirador, vi uma atitude muito concreta. Uma coisa é termos as leis, uma coisa é estabelecermos regramentos, mas, para lidarmos com esse desafio, que aprendi também que não é um problema - e não é mesmo -, é um desafio, o bom mesmo é tomarmos atitudes. E essa atividade hoje aqui nos animou a todos para que tomemos essa atitude. Quero também registrar - foram tantas as pessoas importantes - a vinda do João Roberto Marinho. A Rede Globo também está tomando uma atitude, promovendo mudanças quando, em programas de grande audiência pela população, mostra o cotidiano de muitas famílias, como é o caso da sua e da de outros colegas, como o Deputado Romário. Imagine: um Senador compartilha a alegria de ter um desafio na sua família de uma criança com Síndrome de Down. Isso ajuda os outros a resolverem o que entendem ser um problema, para aquilo deixar de ser um problema e passar a ser uma possibilidade de ter mais e mais amor dentro da própria família. Parabéns. Que Deus o ajude para que outras atividades como essa, que nos ensinam a ser mais gente, sigam acontecendo aqui no Senado.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Obrigado, meu amigo, irmão, companheiro Jorge Viana. Muito obrigado pela presença no evento hoje pela manhã e por estas palavras.

            Meu Líder Senador Walter Pinheiro.

            O Sr. Walter Pinheiro (Bloco/PT - BA) - Senador Lindbergh, eu quero aqui, inclusive - já que, no Brasil inteiro, diversas pessoas nos ouvem -, dar o testemunho da sua alegria permanentemente não com essa causa, mas com essa vida. Até porque nós conversamos muito nos finais de semana, por telefone, e todas as vezes em que ligo sou testemunha de que você está ao lado da sua filhinha. Em todas as vezes, você me diz: “Pinheiro, eu estou aqui em casa. Eu me acostumei agora a outra prática. Não tem como eu não ficar em casa um período”. Por diversas vezes, ela está com você quando estou do outro lado da linha e você diz: “Espere aí que eu vou passar para a Maria Antônia, porque ela está aqui comigo. Este é o amor da minha vida”. Então, isso se espalha e se estende e você forma uma família bonita. Você tem o seu mais velho, portanto, um garoto. Sei agora que já há um terceiro a caminho, ou uma terceira.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Terceira.

            O Sr. Walter Pinheiro (Bloco/PT - BA) - Terceira. Portanto, completa esse círculo familiar. O testemunho que você dá aqui hoje é muito legal. Todos nós ficamos muito emocionados com o que assistimos ali. Isso demonstra que, com amor, com carinho, com esse apreço familiar, nada do que as pessoas apresentam como dificuldade, para essa gente, pode ser obstáculo. Então, fica mais do que provado que o amor tudo suporta, com amor tudo se supera, e que o amor tudo pode. Parabéns, meu irmão.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Eu agradeço muito, Senador Walter. Eu quero agradecer a tolerância da Mesa, Senador Walter, só para encerrar.

            Eu falava aqui que o importante é que, mais do que uma celebração, nós estamos conseguindo vitórias. Tivemos vitória este ano. No próximo dia 21, nós temos que ter mais vitórias.

            A vitória deste ano eu resumiria em três: Dia Internacional, uma realidade aprovada pela ONU; protocolo de saúde, que vai salvar muitas vidas; e o lançamento hoje de um site do Movimento Down, que vai ser fundamental. Tem participação da Maria Antônia, que é minha esposa, mas é uma batalhadora da política e da causa muito mais do que eu. Mas não é só dela. É de um grupo que conseguiu fazer esse site, que vai ser o ponto de encontro, porque, quando minha filha nasceu, eu tive que ir atrás de informações e não as achava; outros pais, a mesma coisa. Nesse site, Senador Paulo Paim, Senador Anibal, vamos ter os maiores especialistas do País em educação, saúde, vários tipos de estimulações, fisioterapia, fonoaudiologia, mas também vai ser um lugar do encontro, da troca de impressões das famílias e também o espaço para o jovem, o adulto Down. É um site acessível. Então, veja como isso é importante.

            Foi um dia de realizações concretas. Teve apartes - peço só mais dois minutos para encerrar -, que foram as homenagens, porque tem as conquistas concretas, mas temos que homenagear quem nos ajuda a vencer os preconceitos, a lutar pela inclusão, a lutar contra a discriminação. Muita gente fala tanto em preconceito, e acho que teve algumas coisas muito importantes nesse caminho. Fizemos homenagem ao MetaSocial, Helena Werneck, quando vocês observam algumas propagandas que dizem “Ser diferente é normal” e há uma garota Down, que é a Paula. Aquilo foi muito importante. Na novela Páginas da Vida, do Manoel Carlos, da Rede Globo, a personagem Clara foi muitíssimo importante. Nós hoje homenageamos o Dr. João Roberto Marinho, Senador Paulo Paim, por um motivo muito claro, não só pela novela: toda vez que vamos à Rede Globo para discutir propagandas específicas com pessoas com deficiência, a gente tem uma grande aceitação, e sempre surgem materiais muito inovadores. São grandes aliados. Eu agradeço muito ao Dr. João Roberto por ter vindo aqui. Homenageamos vários jovens e adultos que passaram no vestibular.

            Essa luta contra o preconceito é permanente; contra a discriminação é uma luta permanente; a luta pela tolerância.

            Eu devo dizer, para concluir, que são muitos os casos de discriminação, mas eu, Senador Paulo Paim, confesso, tenho que falar do outro lado também: a quantidade de gente que aparece para ajudar, querendo estar ali, dar as mãos. Eu, na minha história, digo que isso tem sido uma presença constante. Tem muita coisa boa; tem muitos bons gestos surgindo; tem muita gente querendo estimular.

            Eu termino, agradecendo essa homenagem das Srªs Senadoras e dos Srs. Senadores com todos esses apartes e dizendo que essa não foi uma causa que escolhi. Existem causas que a gente escolhe e existem outras que a gente ganha na vida. Essa causa, Senador Casildo, acabou virando uma causa com uma força gigantesca na minha vida.

            Eu falava, Senador Casildo, com Ives Gandra Martins, e encerro, dizendo isto: ele passou um e-mail. Ele tem a Daniela, que tem Síndrome de Down e que nasceu no dia 5 de junho. Eu falei isso hoje, na sessão.

            A Beatriz nasceu no dia 19, uma diferença pequena, de dias de idade. E eu dizia a Ives Gandra: “A Beatriz, a Ivy, que é filha do Romário, o Mateus, que é filho do Governador Marcelo Déda, e a Daniela, Ives Gandra, são figuras que são luzes, porque estão ajudando outras crianças”. Nós estamos abrindo um caminho. Elas estão fazendo isto: abrindo um caminho... Desculpem-me. Desculpem-me a emoção. Elas estão abrindo um caminho para que outras crianças possam trilhar um caminho com saúde, com segurança, com educação.

            Eu sempre... Agradeço novamente ao Presidente Sarney. Às vezes não gosto de comover-me, mas é difícil, porque não é tristeza, é um amor tão profundo que nós temos.

            Os senhores podem estar certos: a casa de qualquer família em que há uma criança, um jovem ou um adulto com Síndrome de Down é uma casa que tem muita alegria, que não tem tristeza. Não são problemas, é uma vivência diferente, mas com tantos ensinamentos.

            Então, queria dizer que esta emoção minha não é emoção nem de longe de tristeza, mas a emoção do amor do pai e também da certeza dessas vitórias, não é, Cássio. Às vezes trabalhamos tanto, Senador Casildo, e temos poucas vitórias. É tão bom quando as coisas estão acontecendo. Nós estamos empurrando. Nós estamos empurrando. Por isso, essas meninas, de fato, todas, sei que têm este papel: vão acabar ajudando a vida de muita gente.

            Presidente Sarney, novamente, muito obrigado a V. Exª pelo dia de hoje. Muito obrigado. Já falei, aqui, por duas vezes e vou falar pela terceira, inclusive pelo seu testemunho pessoal. Três tios. Não é comum isso.

            O Presidente Sarney teve três tios com Síndrome de Down. Fez um pronunciamento bonito hoje, contando uma parte da vida que muito poucos conhecem.

            V. Exª abriu esta Casa para a realização dessa grande sessão solene, Presidente Sarney. Vou ficar - digo aqui - eternamente agradecido a V. Exª pelo que fez no dia de hoje. E o fez por essa causa, das pessoas com deficiência...

            O Sr. José Sarney (Bloco/PMDB - AP) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Claro. É uma honra.

            O Sr. José Sarney (Bloco/PMDB - AP) - Eu quero dizer que hoje foi um grande dia para o Senado Federal pelo que ele representou de humanidade, de carinho, de compreensão com as pessoas. Mas esse dia não seria realizado se não tivesse a liderança de V. Exª à frente dessa grande causa, que eu conheço tão profundamente, que me comove até ao falar e, ao mesmo tempo, ao presenciar as pessoas que também comungam dessa alegria e desse carinho. Porque hoje já se sabe que essas pessoas portadoras de Síndrome de Down têm desenvolvido o sentimento da afetividade, que é muito maior que o das pessoas comuns. Então, eu me lembro da minha infância e do carinho que eu tinha pelos meus tios e do carinho que meus tios tinham conosco. Muito obrigado.

            O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco/PT - RJ) - Eu é que agradeço, Presidente.

            Encerro assim; não vou falar mais nada.

            Muito obrigado, Presidente Sarney. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/03/2012 - Página 7796