Pela Liderança durante a 43ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Satisfação com a postura assumida ontem pela Câmara dos Deputados a respeito da votação da Lei da Copa. (como Líder)

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
ESPORTE, PROGRAMA DE GOVERNO.:
  • Satisfação com a postura assumida ontem pela Câmara dos Deputados a respeito da votação da Lei da Copa. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2012 - Página 8018
Assunto
Outros > ESPORTE, PROGRAMA DE GOVERNO.
Indexação
  • REGISTRO, PRESENÇA, PLENARIO, SENADO, FAMILIA, ORADOR.
  • COMENTARIO, ELOGIO, DECISÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, AUSENCIA, VIABILIDADE, VOTAÇÃO, LEI GERAL, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, RELAÇÃO, VENDA, BEBIDA ALCOOLICA, LOCAL, ESTADIO, ESPORTE, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE FUTEBOL ASSOCIATION (FIFA), REFERENCIA, AUTORIZAÇÃO, COMERCIO, BEBIDA, DURAÇÃO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA.

            O SR. MAGNO MALTA (PR - ES. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadora Ana Amélia; Srªs e Srs. Senadores; aqueles que nos veem e nos ouvem pelos meios de comunicação desta Casa, como a Rádio Senado e a TV Senado, eu gostaria de fazer um registro muito importante.

            Achei que a pessoa que estava no Cafezinho fosse entrar aqui junto comigo. Eu estava no Cafezinho com duas pessoas muito importantes. Se alguém puder chamá-las para mim, eu agradeço.

            Filho é dádiva de Deus. Criar filho é um privilégio. Tenho três lindas filhas, minha Presidente: Magda, Magna Karla e Jaslini, que é filha do coração. Sou pai adotivo. Depois de conhecer Deus, o maior de todos os privilégios é adotar. Essas crianças têm 30% a mais de açúcar do que qualquer outra criança. Quem adota pensando que fez o bem a uma criança se engana redondamente. Aqueles que adotam descobrem que a criança faz um grande bem a eles. As pessoas que adotaram, Senador Jorge Viana, são exatamente aquelas que descobriram que o coração tem útero. A adoção é a única chance que um homem tem de dar à luz.

            Está ali minha filha Magda, minha filha mais velha, a primogênita. Ela está sentada de frente para mim. É a minha primeira filha, de quem tenho muito orgulho por toda uma história de vida. Tive a oportunidade de lavar fralda, de ensinar a dar os primeiros passos, de ensinar a comer. Ela andava muito comigo. Ela aprendeu a falar muito cedo, com sete meses. Com um ano, ela ainda não tinha dentes, mas o seu vocabulário era completo. Eu podia conversar com uma criança de um ano, que assustava as pessoas aonde chegava, pois, sem ter um dente, falava tudo. E cresceu uma filha maravilhosa, amando a Deus. É o legado que posso deixar, no máximo, porque empreendemos a nossa vida de maneira a ajudar os outros. Ensinei à minha filha a amar a Deus e lhe dei estudo. Ela é absolutamente dedicada e inteligente e, ao longo da sua vida, já na vida adulta, tem se colocado à disposição de uma causa que a senhora gosta tanto também, que é a causa da recuperação dos drogados.

            Quando Magda nasceu, já havia drogados em minha casa, e ela vivia, pequenininha, nos braços dos drogados. Hoje, ela é uma das obreiras da instituição. Toda quarta-feira, é ela que faz, na nossa instituição, a reunião de tratamento de caráter, que chamamos de cura interior. Hoje, tem 27 anos de idade a minha primogênita, de quem tenho muito orgulho, muito orgulho mesmo.

            Abraçando minha filha, relembro a dor dessas famílias que têm filhos drogados, mas, abraçando minha filha, quero lembrar a essas pessoas que há esperança, que há saída, sim, e que basta tão somente confiar. Abraçando minha filha, quero estimular as pessoas neste País que nos ouvem a dedicar a vida em favor de outras pessoas, a abrir a porta da casa, a dividir o pão, a dividir o colchão de casa. Esse é o mais nobre de todos os gestos. Não basta somente buscar no Poder Público a resolução dos problemas, a saída para esse grande alastramento de drogas neste País. Que nós cumpramos o nosso papel!

            Então, como é um exercício a vida que nós fazemos, quero abraçá-la e dizer do orgulho muito grande que tenho, até porque ela se parece muito comigo. Quando ela chega a algum ambiente, antes que alguém pergunte alguma coisa, o sujeito já começa a identificá-la pela fisionomia. Assim, inverte para o meu lado, porque as pessoas normalmente falam comigo: “A sua filha é muito bonita e parece muito com você”. A mesma pessoa que diz que sou feio muda a frase depois.

            Então, fico muito feliz de minha filha estar ali, sentada ao lado de uma grande amiga, nossa amiga Gilmelândia, um nome da música do Brasil, a estrondosa Gilmelândia, esse vulcão em cima de um trio elétrico, a nossa Gil da Banda Beijo, que faz o Brasil balançar por onde passa. Tenho muito orgulho de tê-la aqui. Ela é uma amiga especial minha e das minhas filhas, é uma pessoa de Deus e respeita e ama pai e mãe. Gil, de maneira muito especial, cuida da sua mãe, que, hoje, está em cima de uma cama. Ela é uma filha zelosa e cuidadosa. Quem vê esse vulcão na televisão, em cima de um trio elétrico, não pode imaginar as coisas que eu estou falando aqui.

            Fico muito honrado, Gil, com sua presença aqui, hoje, à tarde, no Senado da República, e fico muito honrado por minha filha estar ao seu lado. Você é uma excelente companhia, pelo seu caráter, pela sua vida e pelo talento assombroso que você tem. Pouca gente, neste País, tem a sua voz, a sua competência e a sua energia. Quem faz um show de duas horas, de duas horas e meia, sem parar - e não estou falando de carnaval, em que são dez dias sem parar, não são horas -, realmente, é uma pessoa especial. Então, sinta-se abraçada em nome do Senado da República, em nome do povo do Brasil, por ser essa artista especial que você é.

            Minha filha Magda é artista gospel também. Eu queria lembrar isso. Ela começou a tocar pandeiro com sete anos de idade. Ela toca percussão e é produtora. Toca muito bem, é baterista. Tenho muito orgulho disso. Quando ela começou a tocar pandeiro, com sete anos, eu queria que ela aprendesse a tocar piano e violino, mas ela queria tocar pandeiro, surdo, atabaque. Ela queria batucar e batucar, e eu queria que ela gostasse de violino, mas essa não era a praia dela. Realmente, ela cresceu tocando percussão e, graças a Deus, sabe tudo e é uma pessoa absolutamente especial.

            Falando em violência, falando em drogas neste País, quero louvar a atitude da Câmara dos Deputados, ontem, quando inviabilizou a votação do Estatuto da Copa, do projeto que trata das questões envolvendo a Copa. Todos têm o mesmo discurso, o discurso coerente, para poder combater e enfrentar, Senadora Ana Amélia, o incoerente.

            Neste País, o SUS faz relatórios enormes. Maguinha e Gil, o relatório do SUS, do nosso querido Ministro Padilha, diz que milhares de pessoas - você vai ao Garibaldi, que é o Ministro da Previdência - estão encostadas, vilipendiadas, com cirrose ou com qualquer outro tipo de doença advinda do álcool. Benefícios são pagos a pessoas que estão encostadas ou aposentadas por conta do álcool. Pessoas internadas ocupam os leitos dos hospitais, que estão abarrotados no Brasil, por causa do álcool.

            Há violência no trânsito, e não se conseguiu estabilizar, definitivamente, a Lei Seca no Brasil. Nas blitze que são feitas, centenas de pessoas são vistoriadas, e, de cada dez, nove estão alcoolizadas. O Sarah Kubitscheck está lotado de pessoas, principalmente jovens, paraplégicas e tetraplégicas, aprendendo alguma coisa para ter qualidade de vida. A célula nervosa morta não se recompõe. Uma vez paraplégico, para sempre paraplégico; uma vez tetraplégico, para sempre tetraplégico. Quem sabe, daqui a alguns anos, com o advento das pesquisas sobre as células-troncos, essas pessoas estejam de pé, mas hoje isso não é possível! E a maioria absoluta, Senador Pedro Simon, é de acidente por causa de bebida alcoólica! Há crianças paraplégicas ou tetraplégicas pelo fato de terem sido atropeladas na porta da escola.

            Há mortes no trânsito, pessoas atirando no trânsito. Ontem mesmo, um caminhoneiro fazia uma curva, e, atrás dele, havia um policial em um carro menor. Simplesmente, o policial atravessou na frente do caminhão, ele foi explicar o porquê da curva sem violência e já levou um tiro na boca, porque um deles estava alcoolizado.

            Faz-se o teste do bafômetro. E, para nós, o ambiente é muito triste, porque até autoridade se recusa a fazer esse teste.

            O problema do Brasil não é crack, não é cocaína; o problema do Brasil é bebida alcoólica. Aí estão os números. É uma sociedade absolutamente hipócrita, que se alcooliza; é uma sociedade de bêbados. Se há festa religiosa, há bebida alcoólica. Se uma criança faz um ano, na festa há bebida alcoólica. Na festa de quinze anos de uma menina debutante, há bebida alcoólica. Na inauguração de uma empresa, há bebida alcoólica. No final de ano nas empresas e nas festas familiares, há bebida alcoólica. No fim de ano, se há festa no Senado, há bebida alcoólica! E estamos trabalhando para resolvermos o problema do crack. Mamãe, acuda-me! É tudo brincadeira! É tudo brincadeira, porque falta autoridade moral nessa questão. “Faça o que mando, mas não faça o que faço”, não é por aí que vamos chegar a algum lugar!

            Aí se fazem grandes campanhas. Grandes montantes de dinheiro são investidos em campanhas publicitárias e são pagos a marqueteiros, para estes criarem campanhas contra o álcool, tratarem da Lei Seca, divulgarem a Lei Seca. Toda a Polícia Rodoviária Federal é mobilizada para pegar motoristas bêbados na estrada, mas vem a Fifa e dá uma ordem para o Brasil: “Nós queremos vender bebidas alcoólicas nos estádios”. Aí o Governo diz: “O Governo assumiu esse compromisso”. Esse é o mesmo Governo que paga pessoas aposentadas, encostadas, montantes da Previdência por causa de bebida alcoólica; é o mesmo Governo que investe em campanhas publicitárias, que gasta o dinheiro do contribuinte para tirar o bêbado das estradas e das ruas, para evitar os acidentes, as mortes; é o mesmo Governo que põe dinheiro no SUS para internar pessoas com problema de cirrose e com problemas cardíacos e neurológicos por conta da bebida alcoólica. São pessoas que têm coma alcoólico, que têm diabetes alcoólico. Essas pessoas, de uma forma ou de outra, ocupam espaço nos hospitais. Aí se reclama que falta dinheiro na saúde, e se põe dinheiro para tratar esse tipo de coisa. Mas o mesmo Governo, de forma contraditória, manda uma lei que envolve liberar bebida alcoólica nos estádios de futebol.

            Quem sabe essa seja uma coisa boa, para que possamos ver uma cena mais quente, porque nunca vimos na televisão do Brasil torcedor brigando. Nós nunca vimos isso aqui! Nunca vi torcedor batendo no outro, enfrentando a polícia. Nunca vi torcedor sendo enfrentado pela polícia, apanhando e batendo. Nunca vi torcedor morrer ao vivo. Tudo nós já vimos. E o Governo, agora, manda liberar bebida alcoólica, para contemplar os fabricantes, o mercado financeiro, os milionários que estão preocupados com seus helicópteros, com suas coberturas, não com o bem-estar das pessoas.

            O Governo, pior do que isso, curva-se à imposição da Fifa, que manda para cá um mal-educado que destrata o País, que desrespeita todos nós. Um boca suja vem aqui e diz que o Brasil precisa tomar um chute na bunda, e o Presidente da Fifa vem aqui e diz: “Não, quem vai continuar é ele”. E acabou. A diplomacia brasileira baixa a cabeça. Os Ministros baixam a cabeça. E aí se vê o Líder do Governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, por quem tenho muito respeito, dar uma entrevista e dizer: “Houve uma reunião agora, e a base do Governo decidiu que vai apoiar o projeto com a venda de bebida nos estádios”.

            Ô Arlindo Chinaglia, tudo o que falei aqui você nunca viu? Você não sabe de nenhuma criança que foi atingida por um motorista bêbado em algum lugar? Você conhece alguém que ficou viúvo ou alguém que é órfão porque o pai morreu por conta de álcool? Você não sabe nada das bebidas alcoólicas no Brasil? Você não sabe nada dos dados do SUS? Desculpe-me, mas você foi Presidente da Câmara. É um Deputado escolado, bem preparado, líder de governo. É só ligar para o seu amigo Padilha, do PT, que é Ministro, e perguntar a ele sobre os números. Ligue para o Garibaldi Alves e pergunte sobre os números, sobre o que a previdência gasta com pessoas encostadas, aposentadas, por conta de bebida alcoólica.

            Agora, vocês querem empurrar goela abaixo um projeto desses por imposição do Sr. Presidente da Fifa! Quem é o Sr. Presidente da Fifa, para que eu possa respeitá-lo ou para que uma Nação de 200 milhões de pessoas que pagam impostos e que nunca pediram um favor para esse cidadão tenha de se encolher e se afrouxar num momento como este?

            Peço a Deus que haja lucidez e sensibilidade da parte dos Deputados Federais deste País, para que saiam da situação de dizer “não, nós precisamos votar, porque somos base do Governo”. Quando o cara é base do Governo, pressupõe-se dizer que ele é cego, surdo e doido. Tudo que vem de lá ele tem de fazer. É por isso que, com esta base aqui, com os sete Senadores do Senado, quando você se afasta da base, você começa a dizer assim: “Abri meus olhos, abri meus ouvidos”. Eu não falo em oposição por ser oposição, até porque é indigno fazer biquinho porque não ganhou presente. Isso é indigno. É preciso ser crítico. O que é bom é bom. O que não presta não presta. Pronto! É preciso ficar de olhos e ouvidos abertos! E, quando você deixa a base, você diz: “Deixei de ser cego, deixei de ser surdo, deixei de ser burro”.

            Se esse projeto passar na Câmara, Senadora Ana Amélia, aqui, no Senado, ele não terá futuro, porque aqui estamos mobilizados.

            Ana Amélia, Senadora do Rio Grande do Sul, jornalista laureada, estou falando tudo isso aqui, e a senhora está olhando para mim. E, para mim, a sua cabeça está viajando. Há gente com cadeira de roda e sem cadeira de roda atingida por um bêbado; há gente que morreu no trânsito por causa de álcool. Quantos casos desses a senhora já cobriu? Tenho a certeza de que voto como o meu e o seu eles não terão, porque aí estaremos nos respeitando e respeitando o povo do nosso País.

            Parabéns à Câmara, pelo ocorrido de ontem! “Não, a base se rebelou.” É dito isso como se fosse um filho que bateu no pai e espancou a mãe. É dito isso com sentimento de dor, Pedro Simon. Eles se rebelaram? Não! Tiveram um momento de lucidez, raciocinaram e fizeram a mesma leitura. Eu não inventei a roda, não! Esta minha leitura todo mundo faz. E não votaram. E que continuem esticando, não votando, até que esse artigo infame seja retirado do texto e que, nos estádios de futebol, só se beba água.

            Quem não sabe para onde vai o teor alcoólico? Uma lata de cerveja tem que teor alcoólico? Duas latas quanto têm de teor alcoólico? E três latas? O teor alcoólico de três latas de cerveja é de meio copo de cachaça. Quando o cara bebe três latas de cerveja é como se tivesse bebido meio copo de cachaça. E esse teor alcoólico vai para o sistema nervoso central, desestabilizando, emocional e psicologicamente, um indivíduo que está com a adrenalina alterada por conta do ambiente do jogo de futebol. Ele é capaz de agredir, de quebrar, de matar e de morrer sem ver. Nós vamos permitir isso num País altamente violento? Não, não vamos permitir isso.

            Por isso, quero parabenizar a Câmara, quero parabenizar os Deputados. Não é coisa de confissão religiosa, não. Como tentam polarizar sempre com os evangélicos, quero dizer que isso não é coisa de crente, não. É coisa de espírita, de budista, de hinduísta, de ateu, de católico. É coisa de quem ama a vida e sabe o que são as drogas no Brasil. E bebida alcoólica é droga. É droga cigarro, nicotina, alcatrão. Bebida alcoólica é droga! Igualmente, é droga a cocaína, o crack. Umas estão na legalidade, outras estão na ilegalidade. Sabemos que as drogas no Brasil constituem o adubo da violência. E, para que possamos reduzir a violência, precisamos tomar providência com as drogas, as chamadas legais e as chamadas ilegais, porque ninguém vai para a droga ilegal antes de ter conhecido as drogas que estão na legalidade.

            Por isso, parabenizo a Câmara. Ajudei, trabalhei, conscientizei muita gente. Vou continuar trabalhando. Peço às pessoas que me veem e que têm Internet em casa que mandem e-mail aos Srs. Deputados. Peço àqueles que estão nas redes sociais, no Facebook, no Orkut, no Twitter, que mandem mensagem, que façam uma grande rede contra a bebida alcoólica nos estádios, que entrem no Twitter da Presidente, do Ministério da Saúde, do Ministério da Justiça.

            Uma coisa boa - não sei se foi a Fifa ou a CBF que proporcionou isto ou se foi por autodeliberação - foi a saída de Ricardo Teixeira. Vai ser um mal a menos na Copa. Seriam dois grandes males: ele no comando da CBF e bebida alcoólica. Se um foi tirado, vamos tirar o outro. Isso não vai resolver, mas vai minimizar o problema.

            Obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2012 - Página 8018