Pela Liderança durante a 116ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questionamento de decisão do Mercosul sobre o ingresso da Venezuela no referido bloco, na ausência do Paraguai.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).:
  • Questionamento de decisão do Mercosul sobre o ingresso da Venezuela no referido bloco, na ausência do Paraguai.
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/2012 - Página 30070
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).
Indexação
  • CRITICA, ATUAÇÃO, POLITICA EXTERNA, BRASIL, MOTIVO, SUSPENSÃO, RELAÇÕES DIPLOMATICAS, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), PARAGUAI, ORIGEM, IMPEACHMENT, PRESIDENTE, CRIAÇÃO, RESULTADO, INGRESSO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, GRUPO ECONOMICO, AMERICA DO SUL.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, ontem, fiz desta tribuna pronunciamento relatando a visita que realizei ao Paraguai, para contato com lideranças políticas e populares sobre os acontecimentos que decorreram do impeachment do Presidente Fernando Lugo.

            “A mão que afaga é a mesma que apedreja.” Este trecho de um poema de Augusto dos Anjos retrata com fidelidade a postura dúbia da política externa brasileira nos últimos anos. Enquanto afaga ditadores mundo afora, apedreja o vizinho paraguaio.

            Vamos a uma seleção de autoridades do mundo que receberam manifestações de apoio e de amizade do Governo brasileiro nos últimos anos.

            Evo Morales - o presidente boliviano ocupou militarmente instalações da Petrobras e recebeu repetidos afagos ao longo dos últimos anos. O financiamento pelo BNDES de uma polêmica estrada é um dos afagos mais controvertidos. A Bolívia legaliza os automóveis roubados em nosso País e produz a maior parte da cocaína que circula em território nacional. Destruição de jovens brasileiros, patrocinada pelo governo da Bolívia.

            Rafael Correa - qualificado por Lula como um grande presidente, protagoniza inúmeras violações aos direitos humanos e, no seu estilo autoritário, é réplica diminuta do colega venezuelano; atenta contra os princípios democráticos, chegando a determinar ao exército intervenção na expulsão de uma empresa brasileira. Suas políticas transformam o Equador em um dos países mais restritivos à liberdade de imprensa em todo o hemisfério. E afagos maiores feitos pelo Governo brasileiro são traduzidos em empréstimos privilegiados do BNDES para obras naquele país.

            Hugo Chávez - o tratamento afetuoso recebido pelo mandatário venezuelano é uma das marcas de atuação da política externa brasileira. Os superpoderes de Chávez, governar por decreto e outras aberrações concedidas ao executivo local, jamais foram criticados pelo Governo brasileiro. O apoio é ostensivo e irrestrito, culminando, agora, com o ingresso da Venezuela no Mercosul. O Ministro Patriota virá à Comissão de Relações Exteriores, brevemente, e será questionado sobre a conveniência e a legalidade dessa inserção da Venezuela no Mercosul sem a aprovação do Parlamento paraguaio. O Paraguai foi afastado temporariamente, não foi excluído do Mercosul. Portanto, é questionável essa decisão do bloco de promover o ingresso da Venezuela na ausência do Paraguai. Justamente Hugo Chávez, que invade emissoras de televisão, calando a imprensa que o critica, e patrocina outras arbitrariedades à frente do governo venezuelano.

            Irmãos Castro - O ex-presidente Lula visita Castro e não aceita conversar com um preso politico que vai à morte. Os laços e o apoio ao governo castrista foram consolidados nos últimos anos. Durante os jogos panamericanos no Rio de Janeiro, o governo brasileiro participou de uma nebulosa operação envolvendo dois boxeadores cubanos “devolvidos” ao país em aeronave venezuelana.

            Kadafi - o falecido ditador era tratado de forma especial: “Meu amigo, meu irmão e líder”, dizia Lula. Em nenhum contexto o governo brasileiro censurou a ditadura de Kadafi.

            Ahmadinejad - o Brasil se tornou integrante da vanguarda de apoio ao regime iraniano. O então presidente Lula defendeu o controvertido programa nuclear do Irá, país que obstrui e dificulta...

(Interrupção do som.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - ...as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU.

            Em oito anos, o Brasil estreitou laços com pelo menos 15 ditaduras no mundo, entre elas Angola, Arábia Saudita, Burkina Faso, Cazaquistão, China, Congo-Brazzaville, Cuba, Egito, Gabão, Guiné Equatorial, Irã, Líbia, Síria, Qatar e Vietnã. E, enquanto isso, apedreja um país vizinho, o Paraguai que, com base em sua Constituição, decidiu sobre o seu próprio destino. Só cabe ao Paraguai e seu povo decidir o próprio destino.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/2012 - Página 30070