Discurso durante a 197ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do início da distribuição do primeiro hemoderivado produzido pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, SAUDE.:
  • Registro do início da distribuição do primeiro hemoderivado produzido pela Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás).
Publicação
Publicação no DSF de 25/10/2012 - Página 56315
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, SAUDE.
Indexação
  • REGISTRO, ATIVIDADE, EMPRESA NACIONAL, VINCULAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), DISTRIBUIÇÃO, PROCESSAMENTO, ESTOCAGEM, DERIVADOS, SANGUE, IMPORTANCIA, INICIATIVA, SAUDE, BRASIL, REFERENCIA, RELEVANCIA, INSTALAÇÃO, EMPRESA, ESTADO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), MOTIVO, ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, SETOR, INDUSTRIA FARMACEUTICA, BIOTECNOLOGIA, UTILIZAÇÃO, GENETICA, REGIÃO, RESULTADO, AUTO SUFICIENCIA, PAIS, POSSIBILIDADE, EXPORTAÇÃO, PRODUÇÃO, FARMACIA, ATENDIMENTO, DEMANDA, HOSPITAL, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quem quer que seja, Srªs e Srs. Senadores, caros ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, gostaria de registrar, no dia de hoje, o primeiro resultado de um grande investimento que temos o orgulho de ver sendo erguido no Estado de Pernambuco pelo Governo Federal. A Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), vinculada ao Ministério da Saúde, começa a distribuir nesta semana a cola de fibrina, primeiro hemoderivado produzido pela estatal.

            Trata-se de um selante biológico produzido a partir do plasma humano, um dos componentes do sangue. A cola de fibrina serve para controlar hemorragias em cirurgias cardiovasculares, ortopédicas e neurocirurgias, em plásticas de alta complexidade, em cirurgias dentárias nos pacientes com coagulopatias e nos tratamentos de hemorragias digestivas altas, dentre outras situações. A cola não possui contraindicação nem apresenta risco de rejeição. Além de ser um vedador, ajuda na cicatrização, na regeneração de ossos e tecidos e na formação de novos vasos, mas não chega a substituir os pontos dados nas cirurgias. 

            A produção da cola de fibrina representa um marco importante para a saúde do País. Tenho orgulho e felicidade de fazer parte dessa história. Foi no período em que estive como Ministro da Saúde do Governo Lula que criei a Hemobrás, que hoje tem sua sede em Pernambuco.

            Àquela época, havia iniciativas do então Governo de Pernambuco e de empresas multinacionais no sentido de implantarem uma fábrica de hemoderivados naquele Estado. No entanto, a legislação brasileira que trata do uso e da comercialização de sangue impedia qualquer tipo de participação privada para o atendimento às demandas de sangue e de hemoderivados no Brasil. Assim, com a anuência do Presidente Lula, iniciamos o processo de construção da Hemobrás, uma empresa estatal que vem hoje já dando importantes resultados para o País e que segue no seu processo de construção no Estado de Pernambuco.

            Inclusive, é relevante dizer que foi a implantação da Hemobrás na cidade de Goiana, na região norte do Estado de Pernambuco, litoral norte, que permitiu a atração de outros investimentos importantes na área de farmoquímica, com o planejamento da implantação de fábricas de vacinas, de medicamentos, de produção de produtos biotecnológicos, a produção de produtos a partir da engenharia genética, enfim, o que fará com que aquela região seja, num futuro muito próximo, um grande polo farmoquímico de biotecnologia e de engenharia genética no Nordeste.

            Como disse o Presidente da estatal, Romulo Maciel Filho, a produção da cola de fibrina é o prenúncio da construção da autossuficiência brasileira em hemoderivados. É importante dizer que o Brasil gasta centenas de milhões de dólares por ano para importar elementos derivados do sangue que são utilizados para várias doenças. A implantação e o funcionamento pleno da Hemobrás não só vão significar a autossuficiência do Brasil na produção de hemoderivados para o SUS, como também a sua capacidade, seja de vender esses produtos, seja de doar a outros países, num trabalho de solidariedade entre países irmãos na América Latina e países africanos também.

            A cola de fibrina, até então, era obtida exclusivamente por importação. Em virtude do alto custo do produto no exterior e da sua baixa oferta, era então um recurso disponível, basicamente, na rede privada. São utilizados, atualmente, algo em torno de 5 litros de cola de fibrina ao ano em todo o País. Os usuários do Sistema Único de Saúde, o SUS, não tinham acesso a esse produto, mas agora passarão a ter.

            Neste primeiro momento, a cola será fornecida a quatro hospitais públicos de Pernambuco, sem custo algum para essas entidades. Em um ano, o Hospital da Restauração, o Hospital de Câncer de Pernambuco, o Hospital Oswaldo Cruz e o Pronto-Socorro Cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape) receberão 3,5 litros de cola, o suficiente para 680 cirurgias. A partir do próximo ano, a perspectiva é expandir esse fornecimento para todo o País, conforme orientação do Ministério da Saúde. A previsão da Hemobrás é a produção de 13 litros da cola em 2013, 14 litros em 2014 e 16 litros em 2015.

            Os hospitais públicos beneficiados serão aqueles que obedecerem a alguns pré-requisitos. A cola deverá ser fornecida aos hospitais que realizam procedimentos em que sua aplicação é recomendada. Além disso, o Ministério da Saúde selecionará as unidades que tenham estrutura para o correto armazenamento do produto e profissionais que saibam manuseá-lo, mas a intenção é atender a todos os usuários do SUS no País.

            A cola de fibrina está sendo produzida com financiamento do Ministério da Saúde no laboratório da Hemobrás, inaugurado em dezembro do ano passado em área cedida pela Fundação Hemope - laboratório do Governo do Estado de Pernambuco -, mas a intenção é transferir essa produção, posteriormente, para a planta da Hemobrás que está sendo construída no Município de Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, a 63 quilômetros do Recife.

            Além da cola de fibrina, a fábrica da Hemobrás produzirá albumina, usada no tratamento de queimados, pessoas com cirrose, em terapia intensiva e outras situações. Também o Complexo Protrombínico e os Fatores 8 e 9, que são coagulantes usados no tratamento da hemofilia estão no rol dos produtos da Hemobrás. E a imunoglobulina, para pessoas com Aids e outras doenças imunológicas, também ali será produzida.

            Nessa lista de produtos está, ainda, o fator de Von Willebrand, uma proteína de coagulação usada no tratamento da doença de Von Willebrand, patologia relacionada à dificuldade de coagular o sangue.

            Caros colegas, a Hemobrás tem uma grande importância para todo o País, pois será a maior fábrica de hemoderivados da América Latina e tornará o Brasil autossuficiente em hemoderivados. Hoje, o plasma brasileiro é enviado ao exterior para retornar ao País na forma de medicamentos.

            Para Pernambuco, especificamente, a Hemobrás representa também mais desenvolvimento, emprego e renda. Graças ao nosso trabalho junto ao Ministério da Saúde e ao empenho do ex-Presidente Lula, a fábrica será uma das âncoras do polo farmacoquímico - ou farmoquímico - que está sendo construído no Estado.

            O início das atividades da Hemobrás, cujos primeiros resultados vemos agora com a cola de fibrina, é um marco importante para o Sistema Único de Saúde e para todos nós brasileiros e brasileiras.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/10/2012 - Página 56315