Discurso durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para o impacto orçamentário e para a intervenção na Sudeco causados pela Medida Provisória nº 581, de 2012; e outro assunto.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MEDIDA PROVISORIA (MPV). DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Alerta para o impacto orçamentário e para a intervenção na Sudeco causados pela Medida Provisória nº 581, de 2012; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2012 - Página 64831
Assunto
Outros > MEDIDA PROVISORIA (MPV). DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • CRITICA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), INTERFERENCIA, CONSELHO DELIBERATIVO, SUPERINTENDENCIA DO DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CENTRO OESTE (SUDECO), AUTORIZAÇÃO, LIBERAÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, FUNDO DE DESENVOLVIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE, OBJETIVO, FINANCIAMENTO, INFRAESTRUTURA, RESULTADO, AUMENTO, DESPESA, TESOURO NACIONAL, CENTRALIZAÇÃO, GESTÃO, EXPECTATIVA, ANALISE, CONGRESSO NACIONAL, PROJETO DE LEI DE CONVERSÃO (PLV).
  • REGISTRO, AUDIENCIA, ORADOR, VICE-PRESIDENTE, BANCO DO BRASIL, DEBATE, ISENÇÃO, IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI), PREJUIZO, FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO CENTRO-OESTE (FCO), ESTADOS, EXPECTATIVA, SOLUÇÃO.

            A SRª LÚCIA VÂNIA (Bloco/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero me associar, Sr. Presidente, às palavras de V. Exª e cumprimentar a Embrapa por mais esta conquista. Todos nós respeitamos profundamente a Embrapa como uma instituição que tem feito muito pelo País.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dias atrás subi a esta tribuna falar sobre a Medida Provisória nº 581, que dispõe sobre políticas públicas de financiamento de projetos de investimento em infraestrutura, como o funcionamento do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste - o FDCO. Hoje, senhores, volto a discutir a matéria que está sendo analisada por uma comissão mista, da qual faço parte como Vice-Presidente.

            Sabe-se que a Medida Provisória nº 581 autoriza a União a injetar R$21 bilhões em créditos na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil. No entanto, chamo a atenção dos senhores: a medida provisória não faz referência ao impacto financeiro e orçamentário da proposta, nem à previsão da fonte dos recursos a serem empregados, para financiar as despesas aprovadas, mesmo sabendo que a execução da medida provisória implicará aumento de despesa para o Tesouro Nacional.

            Diante do exposto, Srªs e Srs. Senadores, fica claro que a Medida Provisória nº 581 não obedece à Lei de Responsabilidade Fiscal.

            Espero, então, que o Congresso Nacional não seja coautor de uma medida que contraria o mecanismo de maior controle das contas públicas, sem antes propor as alterações necessárias.

            Também me preocupa o fato de a medida provisória transformar o fundo num ativo financeiro de seu agente operador, com o agravante de que a Sudeco não tem um banco regional, a exemplo da Sudene e da Sudam.

            Permitam-me mais algumas considerações. Os senhores lembram que, no último dia 13, foi instalado o Condel - Conselho Deliberativo do Centro-Oeste. Como sabem, o Conselho é formado por ministros, governadores da região, prefeitos, pelo diretor superintendente da Sudeco e por representantes da sociedade civil e do banco gestor do fundo.

            Diz a Lei Complementar nº 129, de 2009, que regulamentou a nova Sudeco, que o Conselho Deliberativo deverá conduzir as discussões sobre as prioridades de ação e investimentos no desenvolvimento do Centro-Oeste; terá, entre outras ações, que definir os critérios de aplicação dos recursos do FDCO e do FCO.

            Pois bem, segundo a lei, o Conselho é essa instância máxima de planejamento estratégico do Centro-Oeste. Só que, de acordo com a Medida Provisória nº 581, o Conselho passa a ser um grupo praticamente inoperante, porque o texto da medida provisória tira do Conselho o controle sobre o FDCO e põe esse controle nas mãos do Poder Executivo.

            Então, pergunto: para que vai servir o Condel? Para ser um conselho meramente ilustrativo?

            O que a Medida Provisória nº 581 está fazendo é impor uma forma centralizadora de gestão pública, e não podemos aceitar isso.

            Apelo aos Senadores da Região Centro-Oeste - e aqui aproveito a presença do nosso Presidente - para que juntos não aceitemos que enfraqueçam o Conselho Deliberativo da Sudeco. Faço esse apelo não só em nome do povo de Goiás, mas em nome de todos os cidadãos da Região Centro-Oeste.

            O Conselho existe para promover um modelo de gestão que prima pela descentralização regional. É um espaço público de composição plural e o principal canal de participação popular por meio de seus representantes.

            Por fim, da forma como chegou ao Congresso Nacional, a Medida Provisória nº 581 não pode ser aprovada. Ela exige uma profunda análise das duas Casas Legislativas.

            Portanto, espero que todos nós, principalmente os Parlamentares do Centro-Oeste que integram a comissão mista que analisa a matéria, nos debrucemos sobre a Medida Provisória nº 581, porque dela também depende o desenvolvimento e crescimento do País.

            Quero aqui, nesta oportunidade, Sr. Presidente, também registrar uma audiência que tivemos hoje com o Vice-Presidente do Banco do Brasil, o ex-Senador César Borges. Estava acompanhado do Secretário de Indústria e Comércio do Estado de Goiás, e os diversos diretores daquela instituição participaram desse debate. Foi uma reunião extremamente produtiva, onde pudemos colocar essa dificuldade que estamos encontrando na Medida 581, bem como informar ao Vice-Presidente e os seus diretores do Banco do Brasil a nossa preocupação em relação ao FCO.

            O FCO tem hoje no meu Estado, Goiás, uma demanda acima de R$1 bilhão, além daqueles que já foram destinados neste ano.

            É preciso que façamos uma reflexão sobre o FCO. Primeiro, com as isenções do IPI, os Estados ficaram extremamente prejudicados com a redução da arrecadação desse imposto, que compõe o Fundo de Participação dos Estados e também os fundos constitucionais.

            Essa reposição aos fundos constitucionais precisa ser discutida. E quero aqui dizer que, quanto ao FCO, que hoje já completa os seus 23 anos, é preciso que se repense uma forma de ampliar esses recursos, uma vez que a realidade dos nossos Estados não é aquela encontrada por ocasião da Constituinte.

           Portanto, levamos todas essas preocupações ao Vice-Presidente, que é encarregado de gerir os fundos constitucionais. Fiquei muito satisfeita com a reunião, uma vez que o ex-Senador César Borges, Vice-Presidente daquela instituição, se comprometeu a encaminhar os técnicos daquele departamento ao Senado, para discutirmos juntos uma solução para o FCO e para o FDCO.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2012 - Página 64831