Discurso durante a 236ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações a respeito da pesquisa de opinião pública realizada pelo Ibope sobre o desempenho do Governo Federal, veiculada pela imprensa no último final de semana; e outro assunto.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações a respeito da pesquisa de opinião pública realizada pelo Ibope sobre o desempenho do Governo Federal, veiculada pela imprensa no último final de semana; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2012 - Página 72616
Assunto
Outros > CORRUPÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SENADO, INVESTIGAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, PESSOAS, EXERCICIO, TRABALHO, INSTITUIÇÃO PUBLICA, MOTIVO, VENDA, PARECER FAVORAVEL, OBJETIVO, LUCRO, EMPRESA PRIVADA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, REGISTRO, ELABORAÇÃO, REQUERIMENTO, ASSUNTO.
  • COMENTARIO, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, ASSUNTO, AVALIAÇÃO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, REGISTRO, CONTESTAÇÃO.

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, antes do tema proposto para hoje, gostaria de destacar repercussões do final de semana ainda em torno da Operação Porto Seguro, que desmontou uma quadrilha que operava na Administração Federal.

            O Sr. Paulo Vieira, considerado pela Polícia Federal o chefe dessa quadrilha, concedeu entrevista e acusou, denunciou mais uma ministra que estaria também envolvida nesse esquema de corrupção.

            Para resumir, Sr. Presidente, por que o Congresso Nacional não muda sua postura e se abre para ouvir os integrantes dessa quadrilha, especialmente instalando uma comissão parlamentar de inquérito para dar profundidade às investigações? É responsabilidade do Congresso propor transparência para que a sociedade possa saber o que realmente aconteceu e acontece na esfera da Administração Federal.

            É por essa razão que faço questão de ler os nomes dos Srs. Senadores que subscreveram o requerimento que pretende a instalação de uma CPI, para registrar nos anais do Senado Federal e, evidentemente, convocar os demais a assinarem, em nome da responsabilidade que nos é exigida ao integrarmos uma instituição como o Senado Federal. Senadores que já assinaram: Flexa Ribeiro, Aécio Neves, Cássio Cunha Lima, Paulo Bauer, Aloysio Nunes Ferreira, Lúcia Vânia, Mário Couto, Jarbas Vasconcelos, José Agripino, Jayme Campos, Cyro Miranda, Ana Amélia, Pedro Simon, Cícero Lucena, Randolfe Rodrigues, Cristovam Buarque e Pedro Taques.

            São, portanto, 18 Senadores - 19 com a nossa assinatura - que pretendem a instalação dessa comissão parlamentar de inquérito. Certamente, outros Senadores haverão de assinar. Tenho certeza de que o próprio Senador Requião, que não deixa de assinar comissão parlamentar de inquérito, também assinará essa CPI.

            Portanto, colocamos à disposição de todos os Srs. Senadores este requerimento para as suas assinaturas.

            De outro lado, estamos aguardando a confirmação da data pelo Sr. Rubens Vieira, que teve requerimento aprovado, para que fale à Comissão de Infraestrutura do Senado Federal. Encaminhou à Presidente Lúcia Vânia ofício, aceitando o convite. No entanto, até este momento, não marcou data para o seu comparecimento. Esperamos que compareça e traga, também, o seu irmão Paulo Vieira para prestar depoimento à Comissão de Infraestrutura do Senado Federal.

            Sr. Presidente, gostaríamos de fazer uma rápida abordagem sobre a pesquisa de opinião pública realizada pelo Ibope sobre o desempenho do Governo, veiculada pela imprensa no último final de semana.

            As pesquisas de opinião pública foram contestadas ao final da última campanha eleitoral. Aliás, vêm sendo contestadas ao longo do tempo, mas, nas eleições municipais deste ano, tivemos equívocos mais significativos, em alguns Municípios com erros que chegaram a 18%, comprometendo, inclusive, o resultado final da eleição, com uma influência inescapável, já que, divulgadas às vésperas, as pesquisas de opinião pública acabam orientando o voto de milhares de pessoas indiscutivelmente.

            Portanto, existem razões de sobra para a contestação de pesquisas de opinião pública. A pergunta que se faz: elas orientam ou desorientam? Mostram a realidade ou escondem a realidade, distorcem a realidade?

            A indagação em relação a essa pergunta: como pode o governante receber a consagração popular de 72% dos pesquisados se, nos setores vitais, como saúde, educação, impostos, juros, inflação, infraestrutura, corrupção, o Governo é condenado veementemente. Onde está a lógica da conclusão de uma pesquisa como esta? Governante premiado com avaliação extremamente positiva, e o Governo condenado com uma apreciação veementemente negativa.

            Não posso subestimar a inteligência dos brasileiros, especialmente dos mais lúcidos. Seria uma ofensa aos brasileiros admitir que aceitam a incompetência, a ausência de governo ou o desgoverno, a corrupção, a ineficácia administrativa como requisitos fundamentais para aprovação e popularidade de quem governa. Pois é isso que está ocorrendo.

            Portanto, temos que ler e analisar pesquisas. Não basta a leitura superficial dos números que são apresentados euforicamente para louvar quem governa.

            Verificamos nesta pesquisa que, enquanto a aprovação do Governo se mantém no patamar de 62% dos eleitores entrevistados, o Governo é pessimamente avaliado em várias áreas que são vitais para a aferição da qualidade governamental. Por exemplo, a desaprovação das políticas na área de educação subiu de 51% para 56%. Portanto, há desaprovação. Na área de saúde, que é fundamental, a desaprovação é de 74%; ou seja, três em cada quatro pessoas reprovam a ação do Governo na área de saúde pública. A saúde é um caos, e esses números refletem essa realidade.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - Em segurança pública, a desaprovação subiu de 57% para 68%. Portanto, também, praticamente de cada quatro pessoas, três reprovam a ação do Governo em matéria de segurança pública. Tributos, de 57% subiu para 65%. A reprovação do Governo, portanto, em áreas vitais é monumental.

            Metade dos entrevistados não são favoráveis à política de combate à inflação adotada pelo Governo. E a mesma rejeição se dá em relação à política de juros.

            A indagação, portanto, é a seguinte: como justificar uma avaliação positiva do Governo se temos tantos índices negativos em questões tão relevantes para a população do País?

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - Nós não queremos questionar a lisura dos institutos de pesquisa, mas estamos questionando a interpretação que se dá aos números recolhidos em pesquisas muitas vezes direcionadas.

            Numa analogia ao espetáculo de balé a que a Presidente assistiu no Teatro Bolshoi, em Moscou, em sua recente visita à Rússia, podemos indagar até quando as pesquisas serão capazes de isolar o cisne negro que singra os mares da avaliação governamental. Até quando?

(Interrupção do som.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB - PR) - Muito obrigado, Presidente.

(Soa a campainha.)

            O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PMDB - PR) - Eu encerro porque chegamos ao limite da Ordem do Dia.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2012 - Página 72616