Pela Liderança durante a 236ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações ao Governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, pela entrevista dada ao jornal Valor Econômico.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
Outros:
  • Congratulações ao Governador do Estado de Pernambuco, Eduardo Campos, pela entrevista dada ao jornal Valor Econômico.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2012 - Página 72646

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, o que me provocou vir aqui, hoje, Senador, falar em nome da Liderança do PDT, é uma entrevista que eu li ontem, do Governador Eduardo Campos, no Valor Econômico. Não é do meu Partido, mas eu me sinto, aqui, quase que obrigado a fazer alguns comentários extremamente favoráveis ao que disse o Governador Eduardo Campos. É a primeira vez que vejo um Líder do nível do Senador Eduardo Campos, muito provavelmente candidato a Presidente da República, afirmar em alto e bom tom nos jornais que o Governo baixou juros, desvalorizou a taxa de câmbio, aumentou o gasto público, adotou medidas para diminuir o custo de produção, reduziu impostos, abriu a concessão dos serviços públicos ao setor privado, fez intervenções em alguns setores e, mesmo assim, a economia brasileira não reagiu.

            Ele vai adiante e diz que é preciso uma mudança que vá além desses pequenos ajustes, Senador Simon. Ele defende, indiretamente, com uma pergunta que acho muito positiva. O fato é que estamos no século XXI com a pauta do século XX, metidos em uma grande crise e tentando sair dela. E eu diria: tentando sair dela com pequenos passos, mas nós precisamos dar passos gigantes. Mais do que dar passos, precisamos fazer uma inflexão, precisamos mudar de rumo. O rumo que estamos seguindo há vinte anos, com os quatro governos do mesmo quilate, do mesmo tipo, com as mesmas qualidades, incapaz, entretanto, de imaginarem um rumo diferente, está precisando de uma proposta como o Senador Eduardo Campos começa a acenar.

            Ele diz na sua fala que é preciso construir um novo consenso e convida a Presidenta Dilma a reunir as lideranças nacionais inclusive da oposição, através de um diálogo nacional sereno, objetivo, colaborativo na essência, para ganharmos, no ano 2013, um diálogo em que todos devemos ter um papel importante porque o diálogo é a ferramenta para encontrar uma ajuda que possa fazer a grande aposta no futuro.

            Eu, pessoalmente, acho que o consenso não vai ser resultado das conversas entre nós políticos. O consenso virá do eleitor, do povo, escolhendo um candidato que traga as bandeiras de que o Brasil precisa para o século XXI porque estamos prisioneiros, como diz o Governador Eduardo Campos, estamos prisioneiros do século XX. Os quatro pilares que começam a afundar, uma democracia incompleta, e o Senador Pedro Simon é um dos que mais críticas faz aqui à incompletude da democracia, uma estabilidade monetária ameaçada, e o Governador faz questão de dizer que este é um compromisso que está acima de todos os governos: o combate à inflação crônica.

            A nossa estabilidade monetária está ameaçada. Ela só não saiu dos limites de 6,5% este ano, na média, porque para o consumo dos pobres foi a 7,7%, só não saiu por artificialidades, como o controle do preço dos combustíveis, sacrificando a Petrobras; controle das tarifas elétricas, sacrificando a Eletrobrás; isenção de impostos para automóveis, sacrificando o Tesouro. Esse pilar está ameaçado.

            E o outro - é onde quero chamar mais a atenção para a fala do Governador, e que vem com a autoridade de ser Governador do Estado de Pernambuco -, onde ele diz, mostrando a necessidade de mudar de linha, que é preciso emancipar as famílias pobres brasileiras da necessidade de Bolsa Família.

            Enquanto uma família precisar de Bolsa, nós temos que ter a generosidade de atender. Mas, Senador Aloysio, o futuro não está em bolsas, está na emancipação dessas famílias. E isto eu fico feliz de ver: candidato a Presidente da República, com a importância do Governador Eduardo Campos, defendendo, e de um Estado como Pernambuco, que é um dos maiores dependentes e dos que mais necessitam de Bolsa Família. Inclusive, eleitoralmente, essa é uma frase corajosa, porque alguns entenderão, ou serão manipulados para entender, que ele estaria dizendo que não deve haver Bolsa Família. Não! O que ele está dizendo é que tem que ter enquanto for preciso.

            Mas o papel de um presidente, Senadora Lúcia Vânia, não é comemorar o aumento no número de famílias que recebem Bolsa Família. O papel de um presidente é comemorar a diminuição do número das famílias que precisam de Bolsa Família.

            E ele vai longe na economia, deixando claro que o crescimento pelo consumo não está levando o Brasil na direção que precisamos. Não podemos, ele diz, relegar o consumo, mas é preciso dar atenção especial à capacidade de poupança e à capacidade de investimento deste País. Poupamos menos do que o Peru, muito menos do que a China, somos um dos países que menos poupam, por essa adoração que temos pelo imediato, pelo consumo, e esse pavor que nós temos, essa alergia ao futuro, ao investimento.

            E ele defende que o Governo brasileiro precisa dar atenção ao aumento da poupança, tanto privada quanto pública, e também conseguir orientar bem os investimentos.

            E aí entra mais um ponto: não haverá grandes alternativas de investimentos se não for através de setores de alta tecnologia. Não podemos continuar achando que o futuro do Brasil está em investimentos no minério de ferro. Essa é uma obrigação, mas que não leva ao progresso de que precisamos, que está na indústria mecânica, inclusive, de automóveis. Não é esse o progresso de que se precisa para o século XXI. O progresso para o século XXI são investimentos em alta tecnologia, são investimentos nas linhas dos produtos cuja demanda surge quando o produto aparece, como o celular; e não soja, cuja demanda não aparece quando o produto aparece. Pois bem, o Governador vai além, Senador Rodrigo Rollemberg, e diz algo que eu quero dizer que fiquei muito satisfeito em ver nas palavras de uma personalidade como ele. Ele diz que o Bolsa Família do século XXI é educação de qualidade igual para todos.

(Soa a campainha.)

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF) - Que o que a gente precisa é de mais creche, mais educação infantil, mais educação de base e mais investimentos nas áreas de ciência e tecnologia. Por isso, Senador, eu fiz questão de vir aqui registrar a minha satisfação de ver que o debate que eu temia seria entre iguais, como o PSDB e o PT têm sido nos últimos anos, apesar da diferença de comportamentos, da diferença de prioridades aqui e ali, mas uma mesma concepção de progresso atrasada, mesma concepção de progresso da metal-mecânica, da concentração com generosidades, e ele traz uma nova visão. Eu fico feliz porque, sendo ele candidato, nós começamos a prever um bom debate. Um debate entre continuar o mesmo ou um debate entre fazer uma inflexão em direção a um novo rumo, como ele mesmo diz, para superar a quebra do ciclo.

(Soa a campainha.)

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF) - Ele deixa claro que o ciclo está se esgotando, e que nós precisamos de um novo ciclo. E este novo ciclo exige uma inflexão, exige uma proposta nova, e ele acena para isso.

            Parabenizo o PSB, parabenizo o Governador, e creio que esse consenso que ele propõe dificilmente vai sai daqui. É nas urnas que a gente vai ter uma opção. E até lá, sim, vamos fazer um consenso para escolher um candidato que traga uma proposta alternativa, de inflexão no rumo que o Brasil vem seguindo e que está se esgotando.

            Era isso, Sr. Presidente, o que eu tinha para colocar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2012 - Página 72646